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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Céu inferno_058_2ª parte cap. V - Suicidas - O suicida de Samaritana

Céu inferno_058_2ª parte cap. V - Suicidas - O suicida de Samaritana

TEXTO PARA ESTUDO

No dia 7 de abril de 1858, pelas sete horas da noite, um homem de uns cinquenta anos, e convenientemente vestido, apresentou-se no estabelecimento da Samaritana, em Paris, e mandou preparar um banho. O garçom em serviço, depois de um intervalo de duas horas, admirado de que esse indivíduo não o chamava, decidiu entrar em seu gabinete para ver se estava indisposto. Foi então testemunha de um horrendo espetáculo: o infeliz tinha cortado a garganta com uma navalha, e todo o seu sangue estava misturado à água da banheira. Não podendo ser estabelecida a identidade, transportou-se o cadáver para o necrotério.

O Espírito desse homem, evocado na Sociedade de Paris, seis dias depois de sua morte, deu as respostas seguintes:

1. Evocação. (Resposta do guia do médium) Espere... ele está aí.

2. Onde estais agora?

R.: Eu não sei... Dizei-me, onde estou.

3. Estais numa assembleia de pessoas que se ocupam de estudos espíritas e que são benevolentes convosco.

R.: Dizei-me se vivo... Eu sufoco no caixão.

Sua alma, embora separada do corpo, está ainda completamente mergulhada no que se poderia chamar de turbilhão da matéria corpórea; as ideias terrestres estão ainda vivazes; ele não se crê morto.

4. Quem vos empenhou para vir a nós?

R.: Senti-me aliviado.

5. Que motivo vos levou a suicidar-se?

R.: Estou eu morto? ... Não, eu habito o meu corpo... Não sabeis o quanto sofro! ... Eu me sufoco... Que mão complacente procure me matar!

6. Por que não deixastes nenhum traço que pudesse vos fazer reconhecer?

R.: Eu estou abandonado; fugi do sofrimento para encontrar a tortura.

7. Tendes agora os mesmos motivos para permanecer desconhecido?

R.: Sim; não coloqueis um ferro em brasa na ferida que sangra.

8. Quereis nos dizer o vosso nome, a vossa idade, a vossa profissão, o vosso domicílio?

R.: Não... a tudo não.

9. Tínheis uma família, uma mulher, filhos?

R.: Estava abandonado, nenhum ser me amava.

10. Que fizestes para não ser amado por ninguém?

R.: Quantos o são como eu! ... Um homem pode estar abandonado no meio de sua família, quando nenhum coração o ama.

11. No momento de concretizar o vosso suicídio, não sentistes nenhuma hesitação?

R.: Eu tinha sede da morte... Esperava o repouso.

12. Como o pensamento do futuro não vos fez renunciar ao vosso projeto?

R.: Não acreditava mais nele; estava sem esperança; o futuro é a esperança.

13. Que reflexões tivestes no momento em que sentistes a vida extinguir em vós?

R.: Eu não refleti, eu senti... Mas a minha vida não está extinta... Minha alma está ligada ao meu corpo... Sinto os vermes que me roem.

14. Que sentimentos tivestes no momento em que a morte se completou?

R.: Ela o está?

15. O momento em que a vida se extinguia em vós foi doloroso?

R.: Menos doloroso que depois. Só o corpo sofreu.

16. (Ao Espírito São Luís). Que entende o Espírito ao dizer que o momento da morte foi menos doloroso que depois?

R.: O Espírito se descarregava de um fardo que o acabrunhava; sentia a volúpia da dor.

17. Esse estado é sempre a consequência do suicídio?

R.: Sim, o Espírito do suicida está ligado ao seu corpo até o termo de sua vida; a morte natural é a libertação da vida; o suicida a quebra inteiramente.

18. Esse estado é o mesmo em toda morte acidental, independente da vontade, e que abrevia a duração natural da vida?

R.: Não... Que entendeis por suicídio? O Espírito não é culpado senão de suas obras.

Esta dúvida da morte é muito comum nas pessoas falecidas há pouco, e sobretudo naquelas que, durante a sua vida, não elevaram sua alma acima da matéria. É um fenômeno bizarro à primeira vista, mas que se explica muito naturalmente. Se a um indivíduo, posto em sonambulismo pela primeira vez, pergunta-se se dorme, ele responde, quase sempre, não, e a sua resposta é lógica: o interrogador foi quem colocou mal a questão servindo-se de um termo impróprio. A ideia do sono, na nossa língua usual, está ligada à suspensão de todas as faculdades sensitivas; ora, o sonâmbulo que pensa, que vê, que sente, que tem a consciência de sua liberdade moral, não pensa dormir, e com efeito não dorme, na acepção vulgar da palavra. Por isso ele responde não até que esteja familiarizado com essa maneira de entender a coisa. Ocorre o mesmo no homem que acaba de morrer; para ele, a morte é o aniquilamento do ser; ora, como o sonâmbulo, ele vê, sente e fala; portanto, para ele, não está morto, e o diz até o momento em que adquire a intuição de seu novo estado. Essa ilusão é sempre mais ou menos penosa, porque nunca é completa e deixa o Espírito numa certa ansiedade. No exemplo acima, ela é um verdadeiro suplício pela sensação de vermes que roem o corpo, e pela sua duração, que deve ser a que teria a vida desse homem se não fosse abreviada. Este estado é frequente entre os suicidas, mas não se apresenta sempre em condições idênticas; varia sobretudo em duração e intensidade segundo as circunstancias agravantes ou atenuantes da falta. A sensação dos vermes e da decomposição do corpo não é mais especial nos suicidas; ela é frequente naqueles que viveram mais da vida material que da vida espiritual. Em princípio, não há falta impune mas não há regra uniforme e absoluta nos meios de punição.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1. Por que, mesmo desencarnado, o Espírito se sente sufocado no caixão, vivo?

2. O que o Espírito entende ao dizer que o momento da morte foi menos doloroso que depois?

3. O estado no qual esse Espírito se encontra é sempre a consequência do suicídio?

4. Esse sentir os vermes roendo o corpo e a duração do seu sofrimento é frequente entre os suicidas?

5. Essa sensação é especial somente a eles ou abrange mais pessoas?

Conclusão:

1. Um homem que tinha na Terra a prova da miséria, mas o desgosto a roubou; faltou-lhe a coragem, e o infortunado, em lugar de olhar para o alto, como deveria fazê-lo, deu-se à bebedeira; desceu aos últimos limites do desespero, e pôs termo à sua triste prova lançando-se da torre de François I, em 22 de julho de 1857.

2. Ao orar, mostra-se que há piedade sobre a pessoa e, nesse caso, mesmo que sua alma não seja avançada, tem bastante conhecimento da vida futura para sofrer e desejar uma nova prova. Além de fazer bem ao Espírito que sofre.

3. Ninguém sabe ao certo, e essa incerteza aumenta as angústias de Simon.


4. Esses sofrimentos não são inventados e não é o inferno: são aqueles mesmos que os sofreram que vêm descrevê-los, como outros descrevem suas alegrias.

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