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terça-feira, 19 de abril de 2016

EVANGELHO ESSENCIAL 6g #5 - BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

EVANGELHO ESSENCIAL 6g
Eulaide Lins
Luiz Scalzitti

5 - BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

Provas voluntárias. O verdadeiro cilício

Espíritos Um Anjo da Guarda, Bernardim (Espírito Protetor), São Luís Alguns perguntam se é permitido ao homem suavizar suas próprias provas? Essa questão corresponde a esta outra: É permitido àquele que se afoga cuidar de salvar-se? Aquele em quem um espinho entrou, retirá-lo? Ao que está doente, chamar o médico?
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As provas têm por fim exercitar a inteligência, a paciência e a resignação. Pode acontecer que um homem nasça em posição humilde e difícil, precisamente para se ver obrigado a procurar os meios de vencer as dificuldades.
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O mérito consiste em sofrer sem murmurar as consequências dos males que não lhe seja possível evitar, em perseverar na luta, em não se desesperar, se não é bem-sucedido; nunca por negligência, que seria mais preguiça do que virtude.
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Há grande mérito nos sofrimentos voluntários quando tais sofrimentos e as privações pessoais objetivam o bem do próximo, porque é a caridade pelo sacrifício; e não, quando os sofrimentos e as privações somente objetivam favorecer a si mesmo, porque aí só há egoísmo vaidoso e por fanatismo.
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Há uma grande distinção a fazer: contentem-se com as provas que Deus lhes manda e não aumentem o seu volume, já de si por vezes tão pesado; aceitá-las sem queixumes e com fé, eis tudo o que Ele exige.
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Não enfraqueçam os seus corpos com privações inúteis e mortificações sem objetivo, pois que necessitam de todas as suas forças para cumprirem a missão de trabalhar na Terra.
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Torturar e martirizar voluntariamente o próprio corpo é infringir a lei de Deus, que lhes dá meios de o sustentar e fortalecer. Enfraquecê-lo sem necessidade é um verdadeiro suicídio.
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Muito diferente é o que ocorre, quando o homem impõe a si próprio sofrimentos para o alívio do seu próximo. Se suportas o frio e a fome para aquecer e alimentar alguém que precise ser aquecido e alimentado e se o seu corpo disso se ressente, faz-se um sacrifício que Deus abençoa.
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Por fim, vocês que despendem a sua saúde na prática das boas obras, tenham em tudo isso o seu cilício, verdadeiro e abençoado sacrifício, visto que as alegrias do mundo não lhe secaram o coração, que não adormeceram no seio dos prazeres ilusórios da riqueza, antes se constituíram anjos consoladores dos pobres deserdados.
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Aqueles que se retiram do mundo para evitar as seduções e viver no isolamento, que utilidade tem na Terra? Onde está a coragem nas provações, uma vez que foge-se à luta e deserta-se do combate? Se queres um cilício, aplica-o às suas almas e não aos seus corpos; mortifique o seu Espírito e não a sua carne; castigue o seu orgulho, recebe sem murmurar as humilhações; machuca o amor-próprio; insensibilize-se contra a dor da injúria e da calúnia, mais torturante do que a dor física.
Dever-se-á pôr fim às provas do próximo, quando se pode, ou devemos, por respeito aos desígnios de Deus, deixá-las seguir o seu curso?
Estas nessa Terra de expiação para concluir as tuas provas e tudo que te acontece é consequência das tuas existências anteriores, são os juros da dívida que tens de pagar.
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Pensam alguns que, estando-se na Terra para expiar, é necessário que as provas sigam seu curso. Outros há que vão até ao ponto de julgar que, não só nada devem fazer para as atenuar, mas que, ao contrário, devem contribuir para que elas sejam mais proveitosas, agravando-as.
Grande erro.
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Não digas quando veres atingido um dos seus irmãos: "É a justiça de Deus, importa que siga o seu curso. Digas antes: "Vejamos que meios o Pai Misericordioso me concedeu para suavizar o sofrimento do meu irmão. Vejamos se as minhas consolações morais, o meu amparo material ou meus conselhos poderão ajudá-lo a vencer essa prova com mais energia, paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer que cesse esse sofrimento; se não deu a mim, também como prova, como expiação talvez, deter o mal e substituí-lo pela paz."
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Ajudem-se, mutuamente, nas suas respectivas provações e nunca se considerem instrumentos de tortura. Contra essa ideia deve revoltar-se todo homem de coração, principalmente todo espírita, porque este, melhor do que qualquer outro, deve compreender a extensão infinita da bondade de Deus.
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Deve o espírita estar compenetrado de que a sua vida toda tem de ser um ato de amor e de devotamento; que por mais que se faça para contrariar às decisões do Senhor, estas se cumprirão. Ele pode sem temor, empregar todos os esforços para aliviar o amargor de uma expiação, sabedor entretanto que somente a Deus cabe detê-la ou prolongá-la, conforme julgar conveniente.
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Considera-te sempre como um instrumento escolhido para fazer cessar uma expiação.
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Resumindo: todos estão na Terra para expiar; mas, todos, sem exceção, devem esforçar-se por suavizar a expiação dos seus semelhantes de acordo com a lei de amor e caridade. - Bernardino, Espírito protetor.
Será permitido abreviar a vida de um doente que sofra sem esperança de cura?
Quem lhes dá o direito de prejulgar os planos de Deus? Não pode ele conduzir o homem até à beira da sepultura, para daí o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar ideias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe tenha soado a hora final. A Ciência não terá se enganado nunca em suas previsões?
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O materialista, que apenas vê o corpo e nenhuma consideração tem com a alma, não pode compreender essas coisas; o espírita que já sabe o que se passa no além-túmulo, conhece o valor de um último pensamento. Alivie os últimos sofrimentos, quanto o puder; mas, guarde-se de abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto pode evitar muitas lágrimas no futuro. - S. Luís.

Em estando desgostoso da vida, e não querendo se suicidar, será culpado se procurar a morte num campo de guerra, com finalidade de tornar útil sua morte?

Que o homem se mate ou faça que outros o matem, seu objetivo é sempre cortar o fio da existência: há, por conseguinte, suicídio intencional, se não de fato. Se ele desejasse seriamente servir ao seu país, cuidaria de viver para defendê-lo; não procuraria morrer, por que, morto, de nada mais lhe serviria.
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O verdadeiro devotamento consiste em não temer a morte, quando se trata de ser útil, em enfrentar o perigo e oferecer o sacrifício da vida, antecipadamente e sem pesar, se isto for necessário. Entretanto, procurar a morte com premeditada intenção, expondo-se a um perigo, ainda que para prestar serviço, anula o mérito da ação. - S. Luís. (Paris, 1860)

Os que aceitam resignados os sofrimentos, por submissão á vontade de Deus e com vistas à felicidade futura, não trabalham apenas para eles mesmos? Podem tornar seus sofrimentos proveitosos para outros?

Podem esses sofrimentos ser de proveito para outros, material e moralmente: materialmente se, pelo trabalho, pelas privações e pelos sacrifícios que tais criaturas se imponham, contribuem para o bem-estar material de seus semelhantes; moralmente, pelo exemplo que elas oferecem de sua submissão à vontade de Deus. Esse exemplo do poder da fé espírita pode induzir os infelizes à resignação e salvá-los do desespero e de suas consequências funestas para o futuro. - S. Luís.
(Paris,)

COMENTÁRIO

BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

A justiça das aflições é mais facilmente aceita e compreensível pela certeza da vida futura. Sendo-nos ainda muito difícil aceitar em sua totalidade pelo nosso imediatismo, e considerando mesmo um contra-senso que Jesus tivesse dito uma mentira. Todas as dificuldades da vida nos fazem céticos e mesmo descrentes com o futuro. Ainda mais esta distribuição nos parece mesmo injusta pela extrema desigualdade com que nos deparamos. Entretanto, admitindo-se a existência de Deus, e considerando os seus atributos, não podemos entendê-lo diante destas diferenças socioeconômicas que vivenciamos. Então só podemos compreender que de fato há razões que desconhecemos, fugindo-nos ao senso comum. Só nos resta acreditar que sendo Deus justo por excelência, todas as dificuldades da vida devem ter uma causa justa.

Não há nenhum sofrimento na vida sem a participação nossa nesta ou em outras vidas, muitas vezes de forma desastrosa, ocorre que não nos lembramos, e assim o nosso orgulho não permite nos enxergarmos como o causador de nossa própria infelicidade. Deus possibilitou-nos uma parcela de compreensão através de Jesus e agora complementa-a os Espíritos, através do Espiritismo, uma vez que, agora, nós podemos ser considerados maduros o suficiente para compreender melhor as Suas leis Universais. Imagina Jesus à sua época trazer uma comunicação mediúnica ostensiva dizendo aos judeus que deveriam se submeter aos caprichos dos imperadores de Roma e se prestar ao seu império, para que assim se libertassem, seria desacreditado não é verdade? Então tudo tem a época certa e agora estamos vivendo algumas dificuldades de compreensão própria do nosso tempo e avanço intelecto-moral. As nossa aflições podem ser devido a atitudes e comportamentos atuais, na vida presente, que na próxima encarnação serão os das vidas passadas. Assim considerando, todas as causas são de origem do Espírito desequilibrado e orgulhoso, que não se ateve ao entendimento de sentimentos e sim de sensações materiais. Muitos dos males que conhecemos tem origem na conduta orgulhosa e imprudente do Homem. Um câncer por exemplo, pode vir da atitude colérica, do caráter orgulhoso, da imprevidência em relação aos alcoólicos, drogas “socialmente” aceitáveis, enfim do desregramento material. Basta que se observe estatísticas dos centros cardíacos para poder observar que, se não foi um cardiopata de evidências da vida passada, o será por incúria das atitudes e usos atuais, seja do cigarro, das noites de boemia, do abuso do sexo, da gula, etc. Evidente que não se pode acusar a Deus por todas estas causas, pois Ele não criou nada disto, o homem que teve sua tendência dirigida para estas maneiras que não estão de acordo com a natureza.

Precisamos refletir para não cairmos no lugar comum de ficarmos nos defendendo dizendo que Deus nos esqueceu!


Paulo diz não vos preocupeis com o dia de amanhã pois as aflições de hoje nos bastam, e ainda tudo é lícito ao Espírito encarnado, porém nem tudo lhe convém. Refletir sobre todos os nossos prazeres e usar a medida do bom senso em tudo. O Espírita, acima de tudo, o ser humano está no mundo, mas não deve entrar em desequilíbrio com as coisas do mundo.

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