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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

A Andragogia Espiritual


Dalmo Duque dos Santos

Andragogia é a prática educativa iniciática que, desde remotíssimos tempos, vem sendo utilizada em núcleos filosófico-religiosos. Ela visa, sobretudo, a formação de agentes multiplicadores (discípulos) de uma determinada  doutrina.

A iniciação, como técnica didática, é idêntica no que diz respeito à sua essência educativa e varia somente nas suas aplicações culturais, sendo comum tanto nas mais simples práticas primitivas tribais até as mais sofisticadas instituições sacerdotais. O pagé indígena, o feiticeiro ou curandeiro tribal, o padre católico, o pastor protestante, o xamã, o bruxo, o mago, o gurú, o pai-de-santo, a rezadeira ou benzedeira, todos são iniciados em suas respectivas áreas de conhecimento, obedecendo princípios e regras educativas necessárias ao exercício de suas funções ou papéis.

Nas civilizações teocráticas da Antiguidade oriental esse tipo de prática educativa foi predominante porque a camada sacerdotal tinha grande influência social e política. O sacerdócio era um status diferenciado e altamente prestigiado nessas sociedades.

A introdução da educação iniciática oriental no mundo ocidental se deu através do contato da civilização greco-romanos com as culturas do Egito, da índia e da China. Sábios gregos como Heródoto, Platão e Pitágoras freqüentaram núcleos iniciáticos orientais. Mas a própria metodologia de ensino de Sócrates (a maiêutica e a ironia) funciona como um processo de iniciação no qual o discípulo tinha que romper barreiras e obstáculos para vencer etapas de aprendizagem. De todos esses sábios do Ocidente, Pitágoras foi o que mais se destacou nesse setor , criando uma escola iniciática de grande prestígio na qual se ensinava ao mesmo tempo o conhecimento racional , o fenomenal exterior (exotérico) e o fenomenal interior ou emocional (esotérico). A Matemática pitagórica tanto abrange o aspecto racional do universo (geometria) como o aspecto místico, como a teoria da perfeição numérica centenária.

Na Idade Média, em plena Era Metafísica, a educação iniciática, voltou a ser praticada nos círculos de elite, como contestação e alternativa ao monopólio cultural teológico da Igreja (ordens religiosas em mosteiros e conventos).

Nessas sociedades secretas ocultistas os homens cultos e inquietos se reuniam para aprender e desenvolver conhecimentos proibidos. A Maçonaria é um exemplo desses núcleos, cuja origem foi a corporação de ofício dos pedreiros ou construtores ( do francês “masson” ou fazedor de massa).

Na Renascença essas sociedades secretas se propagaram em função do relativo clima de liberdade estabelecidos em cidades comerciais e pelas revoltas contra os abusos de poder do clero católico (Reformas). Nomes famosos como Galileu, Leonardo Da Vinci, Rafael, Miguelangelo foram iniciados nos mistérios metafísicos dessas escolas esotéricas e deixaram transparecer em suas obras os reflexos desses conhecimentos.

Com o advento do iluminismo e das Revoluções Liberais as escolas iniciáticas perderam muito da sua influência por causa do estabelecimento das liberdades civis. Mesmo assim, sabe-se que muitos desses movimentos foram pensados e tramados em núcleos iniciáticos ou pelos seus ex-alunos.

No mundo contemporâneo, com as crises existenciais geradas pelo clima de incerteza, a escolas iniciáticas ainda sobrevivem e em determinados setores avançam como alternativa educacional da chamada Nova Era, do III Milênio.

Características mais comuns da educação iniciática:

Ocultismo, misticismo, mistérios, enigmatismo e simbolismo;

Busca do conhecimento das relações e inter-relações entre o Homem,

Divindades e a Natureza;

Diferenciação entre o conhecimento Exotérico e o conhecimento Esotérico;

Relação de confiança entre mestre e discípulo;

Regras disciplinares e de conduta (silêncio, jejum, meditação, olhar,
etc.);
Progressão gradual dialética em etapas (graus hierárquicos);

Instrumentos rigorosos de avaliação probatória;

Diferenciação metodológica entre a pedagogia e a andragogia.

Fazendo uma comparação teórica , enquanto a Pedagogia está voltada para a educação existencial das crianças a Andragogia volta-se para o aperfeiçoamento consciencial dos adultos. Para tanto, esta última lança mão de métodos diferenciados da educação infantil, capazes de amadurecer o indivíduo biologicamente já desenvolvido, porém emocionalmente imaturo, através do processo de despertamento. Essa metodologia consiste basicamente na reversão do conhecimento e do aprofundamento de experiências, do plano exotérico para a dimensão esotérica. O conhecimento esotérico está inserido no rol dos principais tipos de conhecimentos manifestados na experiência humana, a saber: o mágico, o empírico, revelado, lógico-racional, o experimental, e o intuitivo. O esoterismo enquadra-se, portanto, na esfera da revelação místico-religiosa, da qual provém a maioria dos ensinamentos espiritualistas ministrados pelas escolas iniciáticas tradicionais e também pelas principais religiões históricas das civilizações.

Lembrando Platão e sua analogia sobre o efeito moral do conhecimento nas pessoas, a Verdade é como uma luz que ofusca a visão do expectador que se habituou com a escuridão de uma caverna escura. Ele vai se adaptando gradualmente à medida que faz incursões de olhos vendados até que possa finalmente encarar a luz sem nenhuma proteção. A venda nos olhos é o exoterismo; tirar a venda dos olhos é processo de iniciação esotérica.

Todas as religiões e escolas filosóficas espiritualistas, em todas as épocas, guardam duas formas básicas de expressão social: uma esotérica, voltada para os setores mais intelectualizados, cuja minoria tende sempre a formar suas elites, corporativas ou não; e outra exotérica, voltada para as massas, para cuja maioria limitada intelectualmente assume significados simbólicos e ritualísticos mais acessíveis ao seu nível de compreensão. Isso significa que as religiões e filosofias possuem conhecimentos complexos que precisam ser, de uma forma ou de outra, vulgarizados, quase sempre em forma de dogmas e sacramentos cerimoniais.

Mas tudo isso só amplia ainda mais o fascínio que o ser humano tem pelo conhecimento esotérico. Menos palpável e realista do que os conhecimentos lógico-racional e empírico, ele não fornece provas materiais dos fatos, porém gera em todos nós uma profunda confiança na imaginação e na capacidade filosófica de cultivar as possibilidades do desconhecido. A mente humana não se alimenta apenas de convicções lógico-racionais. Nossa auto-realização depende do entendimento e da compreensão de muitas outras coisas que estão fora dessa esfera limitada da cognição racional. Além do pensamento estão inúmeras outras experiências ainda não decifradas e que se escondem no universo dos nossos sentimentos e emoções. Somente quando estivermos suficientemente equilibrados nas três áreas vivenciais é que poderemos conviver com o conhecimento pleno e absoluto das coisas. Por enquanto teremos que viver na relatividade. Enquanto isso, não há nada de mal especularmos nesse terreno oculto e atraente do mundo das idéias, da esorealidade da qual falava Platão.

Artigo Reproduzido com Autorização do Autor

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