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sábado, 14 de fevereiro de 2009

PALAVRAS DE VIDA ETERNA – Estudo 9

Francisco Cândido Xavier – pelo Espírito Emmanuel
VIDA E POSSE
“Não é a vida mais que o alimento ? " Jesus. (Mateus, 6:26).
Posse: poder; detenção de alguma coisa com o objetivo de tirar dela qualquer utilidade econômica; estado de quem frui uma coisa ou a tem em seu poder.
No texto de Matheus, de onde Emmanuel retira a frase em destaque, o Evangelista recorda a pregação de Jesus na Palestina, quando refletia com os cristãos de então, como líder, que valor atribuir aos bens terrenos. Encontraremos aí as conhecidas ponderações de que:
• "os tesouros da Terra a ferrugem e a traça consomem, os ladrões desenterram e roubam"
• "teu olho é a luz do teu corpo, se teu olho for simples todo o teu corpo será luminoso"
• Ninguém pode servir a dois senhores porque..."
• Não andeis inquietos com o que haveis de comer para manter a vida..."
• "olhai as aves do céu..."
• "considerai como crescem os lírios do campo..."
• "entesourai os tesouros do céu..."
• "onde está o teu tesouro aí está o teu coração..."
• "não andeis inquietos pelo dia de amanhã...", encadeamentos estes tão profundos que Emmanuel sintetiza em "não é a vida mais que o alimento?", exatamente com o objetivo de levar-nos a perceber que tudo deve ser buscado, dinamizado, planejado para que a vida material seja sim para todos, plena do necessário, mas sem as apreensões e aflições do apego, da posse.
Haveres, bens, envolvem, prendem quem os possui em círculo fechado, onde nada mais se vê, além da busca incansável de meios, artimanhas e modos, de sempre aumentar, ter mais, mais e mais, que nunca preenchem, bastam ou satisfazem.

Por que isso acontece?

A imaturidade psicológica, o desconhecimento da vida espiritual, as resistências e barreiras que existem, dificultando a compreensão da função da existência corporal levam o homem a preocupar-se em demasia detendo-se na posse de bens materiais.

Muito tempo dispensa na corrida a esses bens e bem pouco ou nenhum consagra ao enriquecimento moral e espiritual. Transforma a vida física em verdadeiro tormento, desgastando-se por completo. Se buscasse os tesouros da alma, na manutenção do equilíbrio, na dinamização dos valores maiores, com muito menos esforço, faria crescer seus bens materiais por fazê-lo circular não mais só em benefício próprio. Administraria talentos fazendo-os crescer, movimentado-os e proporcionando meios para que tantos outros também se beneficiem pelos frutos dos trabalhos correspondentes. Faria o papel da fonte que jorrando sempre, corre em leito limpo possibilitando chance para que tantos ali matem a sede.

Joanna de Angelis reflete que:

"O apego excessivo aos bens materiais é uma jaula que aprisiona o possuidor distraído, que passa a pertencer ao que supõe possuir.

Causa aflição, pelo medo de perder o que acumula; pela ânsia de aumentar o volume dos recursos; pela circunstância de ter que deixá-lo ante a eminência da morte.

Desvaria, porque entoxica de orgulho e prepotência a criatura, que se crê merecedora de privilégios e excepcionais deferências, que não a impedem de enfernar-se, neurotizar-se, padecer de solidão e morrer como todas as demais.

Enrijece os sentimentos, que perdem a tônica da solidariedade, da compaixão e da caridade, olvidando dos outros para pensar apenas em si.

Faz pressupor que nasceu para ser servido, abandonando o espírito de serviço que dignifica e favorece o progresso".

Então não é correto possuir bens, títulos, posições? Não só é correto, como necessário para que aprendendo a administrá-los sejam bem aplicados no uso com equilíbrio.

O possuidor que não se interessa por repartir os valores, oferecendo oportunidade de trabalho, espalhando os recursos, multiplicando-os a diversas mãos em benefício geral, é escravo que mais se envilece, quanto mais se prende às posses.

Necessário essa conscientização de que somos usufrutuários de tudo quanto nos chega às mãos, e não os donos. As verdadeiras posses não são materiais mas as que se realizam em favor do desenvolvimento moral. Essas são conquistas que como Espíritos Imortais incorporamos na essência pela vivência dos preceitos evangélicos.

"Não é a vida mais que o alimento?" - A questão proposta por Jesus reflete conhecimento profundo da natureza humana, insaciável em seus desejos. Alerta os contemporâneos e deixa aos pósteros o chamamento do equilíbrio no uso dos bens, que Emmanuel atualiza dizendo:

"Aconselha-te com prudência para que teu passo não ceda às loucura.

Há milhares de pessoas que efetuam a romagem carnal, amontoando posses exteriores, à gana de ilusória evidência.

Senhoreiam terras que não cultivam.

Acumulam ouro sem proveito.

Guardam larga cópia de vestimenta sem qualquer utilidade.

Retém grandes arcas de pão que os vermes devoram.

Disputam remunerações e vantagens de que não necessitam.

E imobilizam-se no medo ou no tédio, no capricho maligno ou nas doenças imaginárias. Não olvides, assim, a tua condição de usufrutuário do mundo e aprende a conservar no próprio íntimo os valores da Grande Vida".

Ricardo S. Magalhães em "Os Benefícios do Equilíbrio" fecha nosso estudo quando reflete que para vivermos bem, devemos ter como linha de conduta o controle e a consciência de nossas reais necessidades, procurando através de uma análise cuidadosa e sensata a tranqüilidade para as nossas vidas. Busquemos melhorar a consciência de nossos limites e procuremos dentro do equilíbrio, tudo aquilo para termos uma vida saudável e segura, abstendo-nos dos excessos e exageros que são os maiores causadores dos desequilíbrios e sofrimentos. Mesmo que saibamos valorizar cada benefício, cada oportunidade, aprendamos a cultivar as verdadeiras posses. Procuremos usufruir de nossos bens materiais sem abusos e excessos, pois somos apenas os depositários.

Bibliografia:
• Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. Palavras da Vida Eterna. Vida e Posse. 17a Edição. Edição CEC.
• Divaldo P. Franco/Joanna de Angelis. Jesus e Atualidade. Jesus e Posses. 9a Edição. Editora Pensamento.
• R. S. Magalhães. Os Benefícios do Equilíbrio. Verdadeiras Riquezas. 2a Edição. Nova Luz Editora.
• Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 1a. Edição. Editora Nova Fronteira.

Iracema Linhares Giorgini

MEDIUNIDADE - ESTUDO 8: O Papel do Médium nas Comunicações

O termo médium tem a sua origem na língua latina (médium) e é aquele que serve de instrumento entre os dois pólos da vida: física e espiritual.

"Médium é o ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se com os homens: Espíritos encarnados", conforme acentuou o espírito Erasto, em memorável comunicação sobre a mediunidade dos animais, inserta em "O Livro dos Médiuns", capítulo XXII, item 236.

Desta forma o Espírito do médium é o interprete do Espírito comunicante, porque está ligado ao corpo que serve de comunicação e porque é necessária essa cadeia entre o médium e o os Espíritos, como é necessário um fio elétrico para transmitir uma notícia à distância, e na ponta do fio uma pessoa inteligente que a receba e a comunique. Daí entende-se que o papel do médium é sempre ativo nas comunicações, seja ele consciente ou inconsciente.

Lembremo-nos do que são médiuns consciente ou inconsciente.

- Consciente: o médium sabe o que o Espírito quer falar antes que o faça.
Há exteriorização do perispírito do médium de apenas alguns centímetros e a formação da atmosfera fluídica entre as suas irradiações perispirituais e as do Espírito comunicante. O Espírito emite o pensamento e tenta influir sobre o órgão material do médium; o médium sente essa influência e capta o pensamento do Espírito comunicante na origem, antes de falar, e pode transmiti-lo ou não.

Se concordar em falar, transmite a idéia conforme a entende e usando seu próprio estilo, vocabulário e construção de frases.

- Inconsciente: exteriorização total do perispírito do médium e formação da atmosfera mediúnica ; inexiste ligação entre o cérebro do médium e a mente do manifestante e mesmo entre a sua própria mente perispiritual e o cérebro físico. Ocorre uma atuação mais direta do comunicante sobre o organismo mediúnico, através dos centros nervosos liberados. A mensagem é transmitida sem que o médium guarde consciência cerebral dela, em Espírito, porém o médium está consciente - desde que não esteja em processo obsessivo.
Portanto, no aspecto funcional a influência do médium na comunicação pode ser:
• Quanto à forma de expressão do pensamento: o espírito pode exprimir-se em língua que ele mesmo não conheceu em nenhuma de suas existências terrenas mas que é familiar ao médium porque o Espírito estará emitindo o pensamento e o médium "traduzindo" em um dos idiomas terrestres que conheça. O Espírito também pode fazer que o seu pensamento seja reproduzido em um idioma que lhe é familiar mas ao médium não - nem em outra existência; a dificuldade, neste caso, está em que terá de procurar os sons conhecidos pelo médium em outros idiomas e tentar reuni-los formando as palavras do idioma que quer empregar. A mesma resistência mecânica encontrará o Espírito quando quiser escrever por um médium analfabeto, desenhar por um médium que não possua técnica ou aptidão para isso.
• Quanto ao conteúdo do pensamento a ser expresso: por processo análogo e com igual dificuldade, o Espírito poderá conseguir que o médium pouco desenvolvido intelectualmente, transmita comunicações de ordem elevada. Mas, comumente, o médium "interpreta" o pensamento do espírito. Se não compreender o alcance desse pensamento, não o poderá fazer com fidelidade. Se compreender o pensamento mas, por falta de simpatia ou outro motivo, não for passivo (isto é, se misturar suas idéias próprias com as do Espírito comunicante), deformará o pensamento comunicado.
Observação:

Não só o Espírito tem suas aptidões particulares, também o médium possui um "matiz" especial a colorir sua interpretação.

Um único médium, por melhor que seja, não fornecerá boas comunicações em todos os gêneros de manifestações e conhecimentos. O Espírito preferirá o médium que menos obstáculos ofereça às comunicações usuais e de certa extensão, embora possa, na falta de instrumento melhor e ocasionalmente, servir-se do que tem à mão.

Conclui-se, desta forma, que cabe ao médium desenvolver-se intelectualmente e moralmente, para oferecer extensa faixa de interpretação e forma mais fiel ao pensamento do Espírito comunicante.

Bibliografia
• Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Cap. XIX, q. 225, FEESP . 2ª ed. São Paulo, 1989
• FRANCO, DIVALDO P. - Estudos Espíritas, pelo espírito Joanna de Ângelis, Lição 18 - Mediunidade, FEB, 4a. Ed. 1987.
• Oliveira, Therezinha - Mediunidade, cap. 19, EME, 1ª Ed. 1994

Hérin Andreas / Tereza Cristina D'Alessandro

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

MEDIUNIDADE * ESTUDO 7b:

ESTUDO 7b: FENÔMENOS ANÍMICOS e MEDIÚNICOS - CAUSAS
Causa dos fenômenos anímicos e mediúnicos
(Ver estudo 7a)
Em O Livro dos Espíritos Allan Kardec perguntou aos Espíritos :
135. Há no homem outra coisa, além da alma e do corpo?
- Há o liame que une a alma e o corpo.
135. A) Qual é a natureza desse liame?
- Semimaterial; quer dizer, um meio-termo entre a natureza do Espírito e a do corpo. E isso e necessário, para que eles possam comunicar-se. É por meio desse liame que o Espírito age sobre a matéria, e vice-versa.
O homem é, assim, formado de três partes essenciais:
lª) O corpo, ou ser material, semelhante aos dos animais e animado pelo mesmo principio vital:
2ª) A alma, Espírito encarnado, do qual o corpo é a habitação.
3ª) O perispírito, princípio intermediário, substância semimaterial, que serve de
primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. Tais são, num fruto, a semente, a polpa e a casca.
Em A Gênese, capítulo XIV, Kardec afirma:
Item 22. " - O perispírito é o traço de união entre a vida corpórea e a vida espiritual. E por seu intermédio que o Espírito encarnado se acha em relação contínua com os desencarnados; é, em suma, por seu intermédio, que se operam no homem fenômenos especiais, cuja causa fundamental não se encontra na matéria tangível e por essa razão. parecem sobrenaturais.
É nas propriedades e nas irradiações do fluido perispirítico que se tem de procurar a causa da dupla vista, ou vista espiritual, a que também se pode chamar vista psíquica, da qual muitas pessoas são dotadas, freqüentemente a seu mau grado, assim como da vista sonambúlica.
O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psíquico, elas se generalizam, o Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico.
No homem, tais fenômenos constituem a manifestação da vida espiritual; é a alma a atuar fora do organismo. Na dupla vista ou percepção pelo sentido psíquico, ele não vê com os olhos do corpo, embora, muitas vezes, por hábito, dirija o olhar para o ponto que lhe chama a atenção. Vê com os olhos da alma e a prova está em que vê perfeitamente bem com os olhos fechados e vê o que está muito além do alcance do raio visual."

Item 23. "- Embora, durante a vida, o Espirito se encontre preso ao corpo pelo perispírito, não se lhe acha tão escravizado, que não possa alongar a cadeia que o prende e transportar-se a um ponto distante, quer sobre a Terra, quer do espaço. Repugna ao Espírito estar ligado ao corpo, porque a sua vida normal é a de liberdade e a vida corporal é a do servo preso à gleba.
Ele, por conseguinte, se sente feliz em deixar o corpo, como o pássaro em se encontrar fora da gaiola, pelo que aproveita todas as ocasiões que se lhe oferecem para dela se escapar, de todos os instantes em que a sua presença não é necessária à vida de relação. Tem-se então o fenômeno a que se dá o nome de emancipação da alma, fenômeno que se produz sempre durante o sono. De todas as vezes que o corpo repousa, que os sentidos ficam inativos, o Espírito se desprende. (O Livro dos Espíritos, Parte 2, cap. VIII.)
Nesses momentos ele vive da vida espiritual, enquanto que o corpo vive apenas da vida vegetativa; acha-se, em parte, no estado em que se achará após a morte: percorre o espaço, confabula com os amigos e outros Espíritos, livres ou encarnados também."
Do exposto acima, podemos compreender que a causa dos fenômenos anímicos e mediúnicos encontra-se nas propriedades do perispírito, ou seja, este corpo fluídico devido a sua textura, organização, flexibilidade e expansibilidade, fornece inúmeras condições de ação ao Espírito, mesmo quando encarnado, condições estas que viabilizam os fenômenos anímicos e mediúnicos. Para que essas propriedades se tornem evidentes, necessário atendam à lei dos fluidos, ou seja, fluidos se atraem devido a semelhança de sua natureza; os dessemelhantes se repelem.
Importante reafirmar que esses fenômenos se viabilizam devido as qualidades especiais do Perispírito mas, o propulsor de toda e qualquer ação é sempre o Espírito, que, se encarnado, pode, através do pensamento e vontade desdobrar-se e atuar fora do corpo físico. Podemos considerar as propriedades de:
• assimilação de fluidos
• transformação
• expansibilidade
• condensabilidade
• transmissão
• penetrabilidade
• sensibilidade à ação magnética (reparação) que, entre outras não relacionadas acima, permitem ao Espírito transmitir e captar pensamentos, expandir-se, irradiar-se, desdobrar-se e fazer visitas etc. Essas propriedades não atuam de forma isolada e constituem o potencial do Espírito.
Limites das faculdades anímicas. A Lei de Afinidade
Conforme as pesquisas de Ernesto Bozzano (Animismo ou Espiritismo?, Cap. II), para entender como se estabelecem os limites das faculdades anímicas, é necessário recordar a "lei de afinidade", que existe tanto no universo físico, manifestando-se pelas forças de "atração" e "repulsão", das quais derivam a organização dos sóis e dos mundos e todas as combinações químicas formadoras da matéria, ao passo que no universo psíquico, se expressa sob a forma da "relação psíquica " a circunscrever em limites relativamente estreitos os poderes investigadores dessas faculdades.

Como se aplica, então tal "lei de relação " ? Para que as pessoas distantes umas das outras estabeleçam contacto e registrem vibrações psíquicas, ocorrendo, então o fenômeno anímico, é necessário que haja vinculações, ou afetivas, ou de outro tipo.

De acordo com tal "relação psíquica", então, o médium ou o sensitivo, só chega a colher informações das subconsciências das pessoas distantes sob as seguintes condições experimentais:
1. quando conhecem a pessoa ausente, ou se tal não se dá,
2. quando o experimentador a conheça, e, ainda, em falta desta circunstância,
3. quando seja entregue ao sensitivo ou ao médium um objeto que a pessoa buscada tenha usado por muito tempo (psicometria).
Resta, então uma questão: como explicar os casos de identificação pessoal de defuntos desconhecidos de todos os presentes, quando se dão sem o concurso de objetos psicometrizáveis? Somos levados racionalmente a admitir a presença, "na outra extremidade do fio", do defunto que se comunica. Torna-se, então, evidente, que a "lei de relação psíquica" serve para circunscrever, em limites bem definidos, as faculdades supranormais investigadoras da subconsciência humana.
O Animismo comprova o Espiritismo
O fato da alma humana em desdobramento, ativando suas faculdades, poder provocar toda uma série de fenômenos chamados anímicos, é de suma importância do ponto de vista científico. Isto comprova a existência no ser humano de um elemento - a ALMA - que é capaz de atuar fora do corpo físico e gerar fenômenos de natureza idêntica aos provocados pelos desencarnados (Espíritos), e, que obedecem às mesmas leis.
Tais demonstrações, por conseguinte, destroem as hipóteses contrárias à comunicabilidade dos Espíritos com os vivos, uma vez que os fenômenos anímicos, que são também mediúnicos, ratificam e afirmam os fenômenos espíritas. "(...) É racional supor-se que o que um Espírito "desencarnado" pode realizar, também deve podê-lo - embora menos bem - um Espírito "encarnado" sob a condição, porém, de que se ache em fase transitória de diminuição vital (estado de crise, estado alterado de consciência , item 223 de O Livro Dos Médiuns), que corresponde a um processo incipiente de desencarnação do Espírito (sono fisiológico, sono sonambúlico, sono mediúnico, êxtase, delíquio, narcose, coma).
Através desses raciocínios concluímos que ambos os fenômenos, anímico e mediúnico, nos colocam diante da realidade indiscutível de que somos Imortais porque dotados de corpo e estrutura espiritual sobreviventes a morte física. Além do que , instrumentalizados para vivências que se sobressaem às nossas experiências mais comuns, porque trazemos como Espíritos, potencialidades que desabrocham a medida que crescemos intelecto e moralmente, nos colocando rumo à Felicidade Maior, que é destino de todos os filhos de Deus.
Bibliografia
• Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Cap. XIX, q. 223, de 1 a 8, FEESP . 2ª ed. São Paulo, 1989
• Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Livro Segundo-cap II, EME -Edição Especial, Capivari/SP, 1997
• Kardec, Allan - A Gênese - Cap I e II- FEB - 2ª ed. Brasília/DF, 1984
• Miranda, Hermínio C. - Diversidade dos Carismas - Volume II, Cap I - Mediunidade 2- O médium, Publicações Lachâtre Editora Ltda - 3ª edição Niterói/RJ, 1998
• Aksakof, Alexandre - Animismo e Espiritismo Vol I, FEB - 5ª edição, Brasília, 1991
• Bozzano, Ernesto - Animismo e Espiritismo. Feb, 4ª edição, Brasília, 1987
• Neves, J.; Azevedo, G.; Calazans, N.; Ferraz, J. - "Vivência Mediúnica - Projeto Manoel P. de Miranda", Cap. 1 - Fenômenos, Cap 11- Do Anímico ao Mediúnico, LEAL. 1ª edição. Salvador/BA, 1994

Tereza Cristina D'Alessandro

69 - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTUO VII – BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITOS
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: ORGULHO E HUMILDADE
ITEM 12: MENSAGEM DE ADOLFO, BISPO DE ALGER
Inicia o autor, afirmando que as calamidades, os sofrimentos dos habitantes da Terra, são conseqüências do orgulho, que os levam a desprezar os ensinos de Jesus.
“O mal-estar se torna geral. A quem se deve, senão a vós mesmos, que incessantemente, procurais aniquilar-vos uns aos outros? Não podeis ser felizes, sem mútua benevolência, e como poderá esta existir juntamente com o orgulho? O orgulho, eis a fonte de todos os vossos males.”
Considerando que a benevolência leva o homem a ter boa vontade para com os outros, a ser complacente, e que o orgulho o leva a ter um conceito elevado de si mesmo, o que o coloca, a seus olhos, acima dos demais, percebemos que ambos os sentimentos são antagônicos.
O orgulho leva o homem a ser rigoroso, exigente com os demais, porque não são como ele, não possuem a sua inteligência, suas habilidades, sua riqueza, seu poder, sendo indulgente somente para tudo que o agrade.
A benevolência ao contrário, leva o homem a colocar-se no lugar do outro, compreendendo-o nas suas dificuldades, tendo boa vontade para com suas falhas, sua maneira de viver.

São, de fato, sentimentos incompatíveis!
Enquanto o homem agir em função do orgulho, a dor e o sofrimento continuarão a existir, como efeito da lei de ação e reação, até que ele, cansado de sofrer, busque eliminar seu orgulho, olhando seus irmãos como iguais a ele, com os quais pode aprender, também.
Assim, o autor conclama a todos os homens a eliminarem o orgulho que têm em si, seguindo a lei do Cristo, se almejam ser felizes, e tornarem a Terra um mundo melhor.
Fala da consideração que se tem aos ricos e poderosos, abrindo-se-lhes todas as portas e do desprezo, do desdém, da falta de consideração aos menos deserdados dos diferentes valores materiais, mas que podem ser ricos em valores espirituais, que eles, os orgulhosos, nem percebem.
Sua mensagem é de 1862, houve melhorias substanciáveis no relacionamento entre os homens, entre as diferentes classes sociais. Todavia, continua existindo a supervalorização dos valores materiais e das suas necessidades, sobrepondo-se ao bom senso e à razão.

De lá até agora, quanto sofrimento, quanta dor: duas grandes guerras mundiais, que trouxeram grandes transformações sociais, muitos ensinamentos, mas, a humanidade continua forjando guerras regionais, como meio para se chegar à paz, quando já existem ou deveriam existir condições de resolução de problemas entre nações através do diálogo, da solidariedade, da boa vontade entre os povos. Parece que grande parte da humanidade não consegue viver sem disputas e guerras...
Cita também o egoísmo que corrompe o homem, impedindo-o de perceber as necessidades alheias.
Lembra a todos que, assim como Deus abate os soberbos, através das suas leis, Sua misericórdia se fazendo presente sempre, nos dá hoje um poderoso remédio, um socorro às aflições humanas.
São as revelações das almas que deixaram o corpo e vêm falar aos homens o quanto as vaidades e as grandezas dos homens se tornam insignificantes diante da eternidade, conclamando-os ao cumprimento dos seus deveres para com Deus, com o próximo e consigo mesmo.
São os “mortos” que retornam para dizer que, após a morte do corpo, a vida continua em um outro plano, onde será maior o que foi humilde na Terra, o que mais amou será mais amado. Que a caridade e a humildade, “duas irmãs que se dão as mãos, são os títulos mais eficazes para obter-se a graça do Eterno.”

Leda de Almeida Rezende Ebner

4 - O C É U E O I N F E R N O

UMA QUESTÃO DE FIDELIDADE…
"12. - Todas as religiões houveram de ser em sua origem relativas ao grau de adiantamento moral e intelectual dos homens: estes, assaz materializados para compreenderem o mérito das coisas puramente espirituais, fizeram consistir a maior parte dos deveres religiosos no cumprimento de fórmulas exteriores. Por muito tempo essas fórmulas lhes satisfizeram a razão; porém, mais tarde, porque se fizesse a luz em seu espírito, sentindo o vácuo dessas fórmulas, uma vez que a religião não o preenchia, abandonaram-na e tornaram-se filósofos."
Quantas formas não encontrou o homem para retratar a sua compreensão acerca da realidade, da vida, de si mesmo! Daí as diversas manifestações da Filosofia, da Arte, da Cultura, da Ciência, e, principalmente, da espiritualidade. O panorama das expressões religiosas, por exemplo, é tão variado quanto o inventário de significações para o que chamamos de verdade. Por ela muitos já morreram e muitos já mataram. Qual tesouro incalculável, tem sido "defendida" há milhares de anos, em todas as culturas e civilizações. "Onde ela se encontra?" - poderíamos perguntar. E, lembrando Tamassia, dizer: "Para o sábio a verdade se encontra em toda a parte, enquanto que para o sectarista, ela deve achar-se estritamente dentro do círculo em que se colocou. (...) Assim, o verdadeiro não é o meu, nem o vosso, nem o dele. E, por não ser de ninguém, os homens disputarão o seu cadáver, à maneira de chacais.Carregarão tais despojos e torná-los-ão sagrados, julgando-se, eles próprios ungidos. (...)"

Ora, o querem dizer tais palavras? Elas retratam bem a condição de um dos estágios do ser humano no seu processo de desenvolvimento multidimensional: antropológico-sociológico-psicológico. Poderíamos dizer que a história do homem é a história do próprio pensamento psicológico (entendendo psicologia como a ciência da alma). Assim a idéia que faz da própria alma retrata o estágio em que se encontra a criatura humana. E como tal idéia tem se modificado principalmente nesses últimos cem anos! Os avanços da Física Quântica, a Teoria da Relatividade do Tempo e do Espaço, a Teoria da Incerteza, a Teoria Sistêmica, entre outros, "abriram perspectivas psicológicas dantes sequer sonhadas, tendo-se em vista o conceito do vir-a-ser" - o ser que não cessa de se transformar.

E, além dessas preciosas elaborações do pensamento científico, devemos destacar, e sem medo de incorrermos em exageros, a impressionante abrangência do pensamento espírita, onde fica, muitas vezes, difícil "rotular" Espiritismo simplesmente de religião. Vejamos o porquê.

Ken Wilber, psicólogo transpessoal , divide a expressão religiosa da humanidade em dois grupos: a religião estreita (narrow religion) expressando uma espiritualidade horizontal, de tradução, que procura dar significado (e conforto) ao ser tal qual ele se encontra, tentando fortalecê-lo, sem que tenha que mudar algo em si (na sua psicologia), numa palavra, basta mudar as crenças. E a religião de profundidade (deep religion) expressando uma espiritualidade transformativa, i.e., que leva o ser a buscar a superação do seu estágio de amadurecimento, ou seja, é preciso mudar o sujeito que crê. Acrescenta o autor, ainda, que essa religião de profundidade incluiria, entre outras coisas, igualmente uma ciência de profundidade, capaz de descrever os níveis superiores do desenvolvimento humano e, também, uma prática cuidadosa, sincera, prolongada, que acaba por propiciar uma experiência direta de uma Realidade viva, que se abre ao coração e à consciência do indivíduo: a experiência do Espírito que é e se manifesta através do corpo (lembrando o filósofo e professor Herculano Pires em seu livro Mediunidade).

Como poderíamos entender essas idéias, e também tal prática, em relação ao Espiritismo? Diz o Espírito Batuíra num comentário sobre Aqueles que desertam: "O núcleo de trabalho em sua estrutura ideológica introduz nos seus adeptos um modelo de crescimento. Ele propõe basicamentetrês itens: - uma noção de onde nos encontramos; - um ideal maior para onde deveremos ir; - e um caminho de excelências que nos leva do primeiro para o segundo. Em todos os itens, a principal ocupação é a melhoria e o aprimoramento de nossa condição evolutiva. O crescimento dos obreiros consiste em sua autodeterminação, ou seja, na permanência que leva ao item final."

Poderíamos, então, destacar o aspecto de religião transformativa pela preocupação em estabelecer um modelo de crescimento, onde uma noção de onde nos encontramos é obtida com o estudo sobre os princípios fundamentais do Espiritismo, acompanhado da reflexão sobre o impacto que produzem quando experimentados na nossa vida (não na do outro). E, ao abordar um ideal maior para onde deveremos ir, poe em realce um critério para avaliarmos (validarmos como verdadeira dentro dos objetivos) a nossa experiência. Resumindo, estudo, experiência e validação a constituírem os três aspectos da ciência de profundidade.

Por fim, um caminho de excelências entendido como o campo de ação útil do sujeito nos setores vitais da existência da alma: o social, o físico e o espiritual. De excelências porque propicia maior soma de resultados favoráveis ao próprio sujeito (na sua evolução), onde vai buscando incorporar em si não fazer ao próximo o que não deseja que lhe faça, como condição de segurança para a identificação do indivíduo consigo mesmo, com o seu irmão e com o mundo no qual se encontra, sem conflito nem culpa.

Assim, o Espiritismo propõe a visão do ser humano como "o mais alto e nobre investimento da vida, momento grandioso do processo evolutivo que para atingir a sua culminância, atravessa diferentes fases que lhe permitem a estruturação psicológica, seu amadurecimento, sua individuação”. Daí surgirem tantas religiões, "retalhos de um vasto continente, que ninguém sabe onde começa, nem onde acaba".

Para o leitor que possa estar um tanto cansado com essa aridez de idéias, adiantamos que trataremos delas com mais detalhes nos próximos artigos sobre o nosso livro de estudo - quando procuraremos desdobrar os itens acima apresentados. Por hora retomemos o texto do início quando, novamente observa Tamassia, que "O homem comum não poderia aderir a todas as verdades enunciadas, pois se o fizesse, sentir-se-ia insatisfeito como se não estivesse seguindo verdade alguma. Bom, utilitariamente, é que então eleja um Mestre, converta-o em modelo vivo, para que autoplasme o seu próprio material, no sentido da elevação. "(grifos nossos) Lembramos, então, que a Doutrina dos Espíritos "veio ensinar um novo caminho para que a vida terrestre ofereça mais ampla criação de valores espirituais para a Vida Maior (...)", onde, "viver como vivemos outras vidas ou à maneira daqueles que ainda ignoram a verdade (a do Espírito que somos) será sempre fácil" . A hora grave pede para que atentemos ao que Caírbar Schutel resume com simplicidade - já que temos em Jesus o modelo vivo de que necessitamos:
"Sede leais à própria fé."

Vanderlei Luiz Daneluz Miranda

Educar-se dançando - Primeira Parte

Dando continuidade ao tema " Integração do Jovem no Centro Espírita " , trazemos para este mês o estudo " Educar-se Dançando " . Apresentaremos reflexões acerca dos relacionamentos entre jovens e adultos, ou seja, relacionar-se com eles, tanto no Centro Espírita como na vida cotidiana.
A Organização Mundial de Saúde denomina jovem o indivíduo que pertence à última fase da adolescência, ou seja, puberdade, adolescência propriamente dita e juventude. Esse vocábulo assumirá, neste estudo, o significado de adolescente.
Educar-se “dançando”?
Nesse segundo item as reflexões encaminham para buscamos estabelecer um modelo ao processo de desenvolvimento da criança em termos de estágios tais quais os que ocorrem na Natureza. Assim como a planta necessita de solo adequado com nutrientes e espaço para lançar as raízes e crescer, também os primeiros estágios do desenvolvimento da criança requerem equivalentes cuidados. Mas há algo, que já está nela pela sua própria condição de Ser imortal em desenvolvimento e que necessita ser cultivado percebendo - se uma espécie de sabedoria intrínseca à cada fase. Isto torna a atividade de educá-la (facilitar que o ser divino que nela jaz surja) um grande desafio, onde não há que faltar a habilidade de “dançar" - executar movimentos corporais ritmados e ao som da música; ordenar passos segundo as regras da dança; aqui adquirindo sentido figurado por parte de quem estiver envolvido no processo. Por que dançar? Porque a dança descreve bem o que vai acontecendo com quem busca educar-se ou educar. Cresce em autoconhecimento, à medida que busca “nutrir” corretamente as necessidades de desenvolvimento daquele outro ser em crescimento (apesar de estar em outro estágio). Um parentesco de propósitos ligando ambos numa incrível "dança" da vida.
Para tanto, algumas habilidades são imprescindíveis:
• Ser sensível ao estágio em que se encontra o Espírito, bem como às hesitações que vão ocorrer nas mudanças de estágios (no caso do adolescente, por exemplo, quando se exterioriza confuso, cínico fixado em atitudes emocionais típicas de idades anteriores, quando mostra receio a estranhos, ao sexo oposto, quando se quer dominar, ou acompanha cegamente o Grupo de amigos, rejeita os pais, etc.).
Assim, apenas para termos uma idéia, teríamos:
De 0 a 8 anos aproximadamente - o toque amoroso e a segurança física são os principais "alimentos", pois a percepção da criança é baseada principalmente na sensação. É a fase de "enraizamento" no mundo (o "Mundo é Seguro" é a mensagem a ser aprendida ). A principal ameaça: constrangimentos, castigos físicos.
De 9 a 12 anos aproximadamente - as qualidades emocionais de cuidado, justiça e equanimidade (igualdade de ânimo tanto na dor quanto na prosperidade, serenidade de espírito, moderação, imparcialidade, retidão; equidade, disposição para reconhecer o direito de cada um ) são os principais alimentos. A principal ameaça é a hipocrisia. Nessa fase a percepção da criança será predominantemente emotiva (predomínio dos sentimentos) - "O Mundo é Bom”.
O Ser - Volição, de 13 aos 17 anos aproximadamente - Volição: ato pelo qual a vontade se determina a alguma coisa- A fase do exercício da vontade em busca da autonomia. Nessa fase a sua percepção estará baseada na individuação. A necessidade de estabelecer uma identidade sobre ideais próprios e um senso único de si são o mais importante. Este estágio necessita, acima de tudo, de respeito sensível. A pior ameaça será o ridículo (isto destrói sua autoestima e provocando rebeldia). Quando se encontra "machucado" aparecerá o sarcasmo e o cinismo.
De 18 aos 22 aproximadamente - A percepção agora se expande para incluir e sintetizar os estágios anteriores num sentido coerente de si mesmo. O mais importante aqui será o reconhecimento maduro da capacidade de pensar de maneira independente. Condescendência, isto é, ceder ao rogo de alguém, será a pior ameaça para esta fase.
• Ser capaz de dançar com o jovem, de acordo com o momento de desenvolvimento. Aqui a inabilidade de "dar um passo" sugere que um dos dois (ou possivelmente os dois) estão desconectados naquela área de desenvolvimento. Aqui há uma ótima oportunidade para (re)aprender e (re)conectar-se . Por exemplo, no caso da fase (13 -17)
Jovem: busca desenvolver-se e expressar-se. Re - Criar é uma necessidade constante.
Pais: ganham a oportunidade de observar a própria força de vontade. Examinar as próprias condições de recriação estimula a compaixão, na firmeza de propósitos que leva a crescer juntos .
O Jovem: O Ser - Volição
O objetivo dominante é a Autonomia, isto é, a faculdade de se governar por si mesmo (e é isso que deverá ser “nutrido" para que possa fazer o seu trabalho), cujos principais requisitos serão:
• Estabelecer uma consciência de responsabilidade individual
• Fazer uma declaração pessoal de identidade – longe dos pais e dos mais velhos
• Explorar a si mesmo
Ele diz: "Posso criar um "eu" livre e independente, explorando qualquer experiência que julgue necessária para o meu desenvolvimento. Posso, então, escolher com quem e quando me relacionar. Não machuco ninguém, especialmente a mim mesmo nestas explorações. Com tanta humildade quanto eu possa ter, eu me cuido."
Outros objetivos ou decorrências desse estágio: Integridade Pessoal, Força e Liberdade.
Integridade pessoal : inteireza ,retidão ,imparcialidade
Força: saúde física e energia moral
Liberdade: faculdade de decidir ou agir sem ferir o direito do outro
Tais elementos vão:
• Desenvolver um senso de integridade pessoal.
• Ensinar ao jovem sobre como "Liberdade" e "Responsabilidade" estão relacionados
• Permitir ao jovem desenvolver um senso de força pessoal capaz de tomar conta de si e de afirmar-se no mundo
Sua Linguagem é a Linguagem dos Ideais.
Ideais: síntese de tudo o que aspiramos
O jovem pensa, age idealisticamente, enxerga o mundo através de olhos um tanto românticos". Está interessado sobre " como ele deveria parecer". Literalmente floresce quando lhe é dada a oportunidade de expressar ideais e agir sobre eles. Para isso é necessário fazer muitas perguntas: O que pensam, como enxergam algo , o que faria ou como acha que deveria ser feito. É preciso ajudá-los a estabelecer situações para testar tais ideais a partir de experiências diretas: não fazer preleções ,ou seja ,dar lições sobre isso ou aquilo ,mas pela reflexão conjunta de prós e contras ,benefícios e prejuízos levá-lo a descobrir caminhos.
Necessidade básica: Respeito Sensível
Ou seja, permitir experimentar suas várias "identidades” (conjuntos de caracteres próprios de uma pessoa) após todo esse trabalho de reflexões conscientes. Ser sensível às suas necessidades e a quão novo tudo isso é para ele. Respeitar o direito dele experimentar diferentes personalidades. É muito importante não dar nomes a qualquer manifestação que ele esteja experimentando (ou passando por) como o “eu". Isso cristaliza a identidade, freqüentemente por oposição, e inibe-o a passar por novas experiências. Há uma correnteza por baixo de insegurança nesta idade e é muito importante não esmagar o entusiasmo dela por explorar, forjando uma identidade. Assim, à medida que o jovem se lança à frente nessas explorações experimentando identidade atrás de identidade - sempre asseverando que a identidade corrente é "quem ele é" - o respeito sensível é a atitude mais saudável a ser adotada.
Necessidades adicionais: Desafios (dentro da possibilidade do êxito), aventura, risco e atividades emocionantes, sensibilidade aos amigos (aceitação pelos companheiros), espaço pessoal, trabalho com ideais, começar a conectar responsabilidade com liberdade.
Desafios (incitar, estimular, provocar): significa concriar desafios significativos para o jovem , ajudando-as a estabelecer situações onde possam testá-lo e estar lá para apanhá-lo se não funcionar. Permitir-lhes experimentar por si mesmas o que funciona e o que não funciona. Não apresentar lições de moral, mas estar lá para marcar o momento.
Aventura, risco, e atividades emocionantes: há muita energia fluindo através dele (mudanças hormonais, a percepção de ter de "construir uma vida" e o surgimento da energia sexual). Tal força necessita ser usada em atividades construtivas - propiciadoras de emoções. Não se deve esperar que o jovem, nessa fase, fique feliz com atividades "brandas" como quando era menor. Se lhe for dado a oportunidade de experienciar atividades emocionantes de maneira saudável, ter-se-á muito mais chance de prevenir a experiência de emoções "baratas", das drogas e da gravidez precoce.
Sensibilidade aos companheiros: ele necessita do contato com os outros e que os adultos os respeitem. Conforme tentam diferentes identidades, tais grupos mudam freqüentemente. Não se surpreender, pois ele ainda não teve essa experiência de construir algo como uma "identidade", assim, quer fazer do jeito dele exatamente como seus colegas. Eles necessitam um do outro. Nessa época é importante pais/educadores ficarem abertos: descobrir quem são essas pessoas debaixo das "roupas" que usam. Isso pode ser surpreendente e mais ainda o será se o jovem e os adultos fizerem essas descobertas juntos!
Espaço pessoal: É importante ter o próprio espaço. Permitir-lhes uso de posters, signos, símbolos com os quais se identifiquem no momento. Bater à porta antes de entrar (como forma de demonstrar respeito). Lembrar-se que a escolha das músicas é uma forma de procura da identidade. Perguntar, ao invés de ridicularizar. Ser sensível pelo que eles se interessam.
Ideais: A própria linguagem desse estágio. Esse Espírito está entrando em contato com a sua individuação, isto é, com as características que lhe são próprias ainda não formadas, estabelecidas. Muito do que vêm não é como pensam ou como deveria ser. Embora falem de forma muita afirmativa e com bravatas, por baixo há muito idealismo. Fazer perguntas que o levem a pensar.
Liberdade ligada à Responsabilidade: O jovem nessa fase quer liberdade. Conversam à respeito disso, pedem por isso, seus amigos "têm liberdade" e ficam bravos e magoados se não lhes for permitido mais. Responsabilidade deve ser misturada de uma maneira mutuamente aceita. Não deve ser questão de punição, ou ligada a trocas, tais como: "Se você levar o lixo para fora, pode usar o carro." Justamente a responsabilidade pelo próprio carro é que deve estar vinculada à liberdade para usá-lo. Uma boa coisa para se dizer é "Gostaria que você tivesse mais liberdade. Precisamos trabalhar juntos sobre como conseguir isso. Vamos trabalhar juntos?" Não ficar inseguro em dizer do que necessita que ela faça de forma a confiar que ela possa lidar com a liberdade. Uma chamada telefônica, talvez, ou ver se consegue fazer seu trabalho, etc. É uma relação de dar e receber, onde estamos nisso juntos, co-criando à medida que prosseguimos. Num jovem saudável é de se esperar dar confiança primeiro e trabalhar a partir disso.
O “veneno” para o jovem...
Uma substância venenosa é algo que faz com que o organismo tome uma atitude de recolhimento/ defesa, e na grande maioria das vezes sucumbe não conseguindo elaborar reações reequilibrantes .As reflexões sobre as "substâncias" funcionarão como proteção. Um ambiente com alimento "envenenado" provoca distúrbios.
Ridículo( que provoca escárnio): Não ridicularizar por mais grotesca que uma situação possa se apresentar. Tal atitude destrói autoestima dando surgimento à rebeldia. Pode exteriorizar - se em roupas e cortes de cabelo estranhos - cuidado o ridículo torna - o inseguro frente a necessidade por exploração. Irão procurar instintivamente outros ambientes mais seguros possivelmente junto aos seus colegas.

Hérin Andréas
Setembro / 2001

No Próximo estudo, “Fases”.

5 - O LIVRO DOS MÉDIUNS

Estudo nr. 05
Capitulo II - O maravilhoso e o sobrenatural.
O maravilhoso sempre fez parte da vida do homem em todos os tempos, motivo pelo qual encontramos seu registro tão vivo em livros santos de religiões tão conhecidas.

E o que vem a ser maravilhoso ? Maravilhoso é tudo aquilo que é sobrenatural. Tudo aquilo que é contrário às leis da natureza, isto é fora da natureza. Desconhecido.

O homem é limitado por sua inteligência, por suas sensações e o que não pode compreender além de certos limites, acaba concluindo que seja sobrenatural.

Partindo do natural, os homens construíram na Terra o seu próprio mundo, artificial.

O desenvolvimento da inteligência humana, cuja característica é o pensamento produtivo, tinha forçosamente que levar os homens pelos caminhos da abstração mental, e conseqüentemente do formalismo.

O mundo é feito de convenções. Sempre que essas convenções contrariam as leis naturais, surge o conflito entre o homem e a natureza. Uma das soluções encontradas para esse conflito foi a concepção do sobrenatural.

Graças a ela os homens puderam se manter ilusoriamente seguros no seu mundo convencional; mas a finalidade do convencionalismo e conseqüentemente do formalismo não é distancia o homem da natureza, e sim facilitar a sua adaptação a ela.

Por isso, mais hoje, mais amanhã, o homem teria que voltar ao natural, destruindo pouco a pouco os excessos do convencionalismo, os exageros perniciosos do seu artificialismo.

O sobrenatural não é, como querem os filósofos materialistas, uma fuga ao real, mas apenas uma deturpação do natural. Os espíritos não foram inventados, como já vimos no capítulo anterior.

Quando os homens primitivos encontravam nas selvas os fantasmas de seus antepassados, não estavam sonhando, nem sofrendo alucinações, e muito menos formulando abstrações que suas mentes rudimentares ainda não comportavam.

O que acontecia era bem mais simples, como simples são os processos da natureza.

Eles apenas se confrontavam com espíritos, que vinham a eles sem a interferência de práticas mágicas ou de ritos sacerdotais, mas por força das leis da natureza.

A Idade Média foi a fase mais aguda de artificialização da vida humana. E isso vale tanto para o medievalismo europeu quanto para os demais. De tal maneira o formalismo europeu se condensou no período medieval, que o sobrenatural se transformou em instrumento de poder absoluto nas mãos das classes sacerdotais e aristocráticas.

O clérigo e o nobre dispunham do poder mágico dos símbolos e dominavam o mundo.
Os espíritos se tornaram propriedade das classes dominantes e as classes inferiores sofreram a asfixia espiritual do poder convencional. Toda manifestação ocorrida entre o povo estava condenada.

Os médiuns eram bruxos e deviam ser torturados ou queimados.

Os excessos do formalismo, tanto social como religioso teriam que chegar, como realmente chegaram, a um ponto máximo de condensação. E, quando atingiram esse ponto,

como acontece com os materiais radioativos, começaram a libertar as suas próprias energias.

Estão errados aqueles que pensam que as comunidades mediúnicas só ocorreram de maneira mais intensa em meados do século XIX, dando origem ao Espiritismo.

Talvez tenham ocorrido em maior número na Idade Média. Os espíritos se manifestavam por toda a parte, provocando horrorosos processos contra os bruxos, de que os arquivos da justiça eclesiástica estão cheios.

Asfixiada a mediunidade natural, pela proibição clerical, pela condenação das autoridades e da Igreja, os médiuns eram dominados por entidades rebeldes, que desejavam a todo custo, romper com círculo de ferro das proibições.

A Mediunidade irradiava por si mesma. na crosta mineral das condensações do formalismo. As celas dos conventos e dos mosteiros se transformavam em câmaras mediúnicas que antecipavam as câmaras de tortura.

Conan Doyle, o autor do livro História do Espiritismo, entendeu que se tratava de “casos esporádicos extraviados de uma esfera qualquer”. Espíritos extraviados que mergulharam na terra e provocavam as tragédias mediúnicas.

Na verdade não eram extraviados, eram espíritos apegados à terra, ligados à vida humana, sintonizados com a esfera dos homens, e que legitimamente reivindicavam a comunicação.

As leis naturais reagiam contra o artificialismo das convenções religiosas. Quanto mais se queimavam os bruxos, mais eles surgiam, no próprio seio das ordens religiosas.

Tornou-se necessário admitir-se a realidade de algumas visões, de algumas comunicações e intensificar-se a aplicação do exorcismo, para afastar os demônios dos conventos, evitando a ceifa exagerada de vidas humanas.

Mas isso não impediu que os demônios intensificassem suas manifestações, ostensivas ou ocultas, gerando as numerosas formas de heresias que a Inquisição teve de liquidar a ferro e fogo, num desmentido flagrante aos ensinos cristãos de fraternidade universal.

Somente o desenvolvimento científico, segundo assinala Allan Kardec em A Gênese, poderia libertar a mente humana dos fantasmas teológicos. Prepará-la para enfrentar de maneira positiva a realidade da sobrevivência humana, em sua simplicidade natural.

A volta à natureza começou pelo exterior, no campo dos fenômenos.
A investigação científica mostrou o absurdo dos convencionalismos dominantes e fulminou as superstições seculares. O século dezoito, considerado o século de ouro da ciência, já prenunciava o advento do Espiritismo.

Os espíritos já não eram encarados como deuses ou demônios, mas como seres humanos desprovidos de corpo material.

Se refletirmos sobre tudo isso, podemos observar que para o homem que pensa a palavra sobrenatural não é definitiva, pode ser vaga, mas faz pressentir.

A natureza tem para nós, manifestações sublimes, certamente, mas muito restritas se entrarmos no domínio do desconhecido.

Se atentarmos para a Doutrina Espírita, veremos no seu desencadeamento que as leis da natureza apresentam todas as características de uma lei natural, que resolve tudo que os princípios filosóficos até agora não puderam resolver.

Bibliografia Kardec, Allan – O Livro dos Médiuns,
Kardec, Allan - A Gênese,
Kardec, Allan - Revista Espírita – 1862
Pires, J.Herculano - O Espírito e o Tempo.

Elisabeth Maciel

7 - O HOMEM SER PREDESTINADO À EVOLUÇÃO

A Vinda de Jesus ao Planeta Terra
Jesus Cristo, Espírito que pelo trabalho realizado consigo no transcorrer dos tempos, alcançou elevadíssimo nível evolutivo. Demonstrou suas virtudes em graus superiores, constituindo-se como modelo para a Humanidade do planeta Terra.
Esse trabalho realizado em seu íntimo caracterizou-o com tal qualidade que, conferia-lhe imensa força magnética, secundada pelo imenso desejo de fazer o bem. Se algum influxo estranho recebia, colhia-o diretamente de Deus.
Todos os fatos de sua vida dão testemunho desse " poder espiritual " que irradiava, contagiava e fortalecia despertando para novos caminhos.
Exemplifica ensinando que o verdadeiro poder é o do Bem. Seu objetivo era ser útil, amar e não satisfazer curiosidade dos indiferentes por meio de atos extraordinários. Aliviando sofrimentos, despertava criaturas pelo coração e para a razão.
O impacto da sua estada foi operar a revolução que seus ensinamentos produziram no mundo. Sua doutrina se torna o facho da civilização, o que transforma em divina a sua missão. Dá sentido e explicação à vida do homem.
Jesus Cristo, desponta, permanece, é o Guia que coloca aos seres humanos, um ideário espiritual que beneficia aos que se sentem fracos, angustiados. Possibilita ao ser humano descobrir felicidade pelo bem que pode fazer ao outro, inspirado nos seus exemplos e ensinamentos.
Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus aos sua morte, com pormenores que não permitem dúvida da realidade dos fatos. Elas são explicadas perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades do Perispírito, e, nada de anômalo apresentam em face dos fenômenos do mesmo gênero.
O Espiritismo dá explicações à esses fenômenos. Prova a possibilidade deles, pela ação das leis fluidicas, pela identidade do fato em repetições produzidas por imenso número de pessoas nas suas mais diferentes condições.
O Espiritismo não é uma doutrina individual, nem de concepção humana; ninguém pode dizer-se seu criador.
É fruto do ensino coletivo dos Espíritos, ensino a que preside o Espírito da Verdade.
Com o auxílio das novas leis que revela, conjugadas essas leis às que a Ciência já descobrira, faz compreender o que era ininteligível e se admita a possibilidade daquilo que a incredibilidade considerava inadmissível.
Pela força moralizadora, prepara o advento do Bem na Terra. O Globo Terrestre, como tudo o que existe, está submetido à lei da evolução e o mundo que cada qual almeja, como centro de paz, crescimento, união e fraternidade terá que iniciar-se no íntimo de cada um, pela renovação moral, inspirada na vivência de Jesus que será sempre o modelo, o guia real.

Luiza de Campos Freire Favareto
Abril / 2002
Próximo estudo: "O Espiritismo, como a proposta para se entender a presença do ser humano na Terra"

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

MEDIUNIDADE

ESTUDO 7a: FENÔMENOS ANÍMICOS e MEDIÚNICOS - CONCEITOS

Relembrando conceitos e definições que estão em "O Livro Dos Médiuns",iniciamos nossos estudos
"Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns..."(questão 159)
A capacidade mediúnica é considerada uma percepção inerente à estrutura psíquica das criaturas; por isso é que a encontramos nos mais diferentes níveis de consciência da humanidade. Ela não é moral, mas a moral do médium é que responde pelo seu uso. Ela é simplesmente uma das funções psicofisiológicas do Homem, podendo ser enquadrada como um dos sentidos que o Espírito encarnado utiliza a fim de manifestar-se e desenvolver-se, gradativamente, para a plenitude da Vida.
Continuando, Kardec faz uma ressalva:
"...Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva..."(questão 159).
Já na questão 223, o Codificador identificava uma nova situação: a do próprio Espírito do médium poder se comunicar como qualquer outro Espírito!
223. 2) As comunicações escritas ou verbais podem ser também do próprio Espírito do médium?
- A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outro. Se ela goza de um certo grau de liberdade, recobra, então suas qualidades de Espírito. Esta explicação não parece confirmar a opinião dos que acreditam que todas as comunicações são do Espírito do médium e não de outro Espírito?
2.a) Eles só estão errados por entenderem que tudo é assim. Porque é certo que o Espírito do médium pode agir por si, mas isso não é razão para que outros Espíritos não possam agir, também, por seu intermédio
Partindo do estabelecido por Kardec, concluimos ser o Homem, um Espírito encarnado com faculdades idênticas a do desencarnado, o que lhe possibilita vivenciar os mesmos fenômenos. Nesse estudo vamos analisar essas faculdades e fenômenos, baseando-nos em pesquisas e experiências feitas por estudiosos de ambos os Planos da Vida.
Os fenômenos que o Espírito encarnado, chamado por Kardec de sensitivo, experimenta através da "emancipação da alma" recebem o nome de anímicos. Vamos entender o que significa anímico:
- fenômenos anímico é aquele em que o sensitivo fica entre duas realidades, material ( I ) e espiritual ( II ), usualmente com o corpo físico em uma delas e o corpo espiritual ( perispírito ) na outra. Pode assim contemplar a realidade II sem obstrução ou interferência da de número I, quando, por exemplo, se desloca no espaço ou no tempo, indo a locais onde eventos estão ocorrendo, já ocorreram ou ainda irão acontecer. Nestas experiências o sensitivo não serve de intermediário entre espíritos desencarnados e encarnados.É apenas um sensitivo que dispõe de faculdades que lhe permitem captar, perceber uma faixa mais ampla da realidade global. Difere do fenômeno mediúnico em que o Espírito encarnado atua como intermediário, isto é, médium, entre as duas realidades, para que um ser da realidade II possa expressar suas idéias, emoções, sentimentos, sons, imagens. No fenômeno anímico ele é um observador direto, e tem um papel ativo ao relatar uma experiência pessoal de contato com a realidade II. No fenômeno mediúnico o seu papel é o de quem se apassiva para permitir a manifestação do desencarnado, funcionando como instrumento de comunicação após desligar-se da realidade I, abstraindo-a.
Origem do termo anímico. Conceito de Aksakof
Vamos encontrar o termo animismo escolhido por Alexandre Aksakof, estudioso dos fenômenos paranormais, que no final do século XIX escreveu a obra Animismo e Espiritismo, a qual traz um conceito mais amplo de médium, que, para ele, é toda pessoa capaz de produzir fenômenos paranormais, sozinha ou com a participação de outros encarnados ou com desencarnados. Na visão desse autor, o termo mediúnico apresentava três categorias de fenômenos:
- Personismo ou manifestações do inconsciente, cuja característica predominante é a adoção de um nome ou do caráter de uma personalidade diferente daquela que o sensitivo habitualmente se apresenta, daí a classificação de intramediúnicas, por se passarem na intimidade do sensitivo. Essa designação comporta todos os produtos do inconsciente uma vez desaguados no consciente, as sugestões arquivadas, os processos psicológicos das camadas internas da personalidade, as lembranças de outras vidas, os arquétipos.
- Animismo ou manifestações psíquicas paranormais inconscientes, que transpõem os limites corporais do sensitivo, por isso chamadas extramediúnicas. Englobariam a transmissão de pensamentos (telepatia), movimentos de objetos sem contato (telecinesia), projeção de duplos (telefania) e bicorporeidade (teleplastia).
- Espiritismo ou manifestações provocadas por finados, agindo em associação com os elementos psíquicos homogêneos de um ser vivo.
Os fenômenos de personismo e de animismo, conforme acima classificados, são da alma humana, do Espírito encarnado. Essa origem comum fez com que, mais tarde, a vivência prática os englobasse numa só classificação, prevalecendo o termo animismo, cuja semântica vai direta à compreensão do assunto: o que se relaciona com a alma ou ânima. A conotação dada por Aksakof à palavra Espiritismo, no sentido de designar fenômenos produzidos com a participação dos mortos, caiu em desuso, por se chocar com a acepçaõ proposta por Kardec, para representar a Doutrina dos Espíritos ou o conjunto de princípios que estabelecem as relações do mundo material com o mundo espiritual e suas implicações filosóficas, científicas, morais e religiosas.
O Fenômeno Anímico segundo Bozzano
O eminente pesquisador italiano Prof. Ernesto Bozzano tendo recebido do Conselho Diretor do Congresso Espírita Internacional de Glasgow, Escócia, em 1937, a proposta de apresentar uma tese sobre o tema "Animismo ou Espiritismo: Qual dos dois explica o conjunto dos fatos?", assim concluiu no prefácio de sua obra "Animismo ou Espiritismo?" (livro editado pela FEB):
"Nem um, nem outro logra, separadamente, explicar o conjunto dos fenômenos supranormais. Ambos são indispensáveis a tal fim e não podem separar-se, pois que são efeitos de uma causa única e esta causa é o espírito humano que, quando se manifesta, em momentos fugazes, durante a encarnação, determina os fenômenos anímicos e, quando se manifesta mediunicamente, durante a existência "desencarnada", determina os fenômenos espiríticos."
"Esta e unicamente esta a solução legítima do grande problema, dado que ela se apresenta como resultante matemática da convergência de todas as provas que advêm da coletânea metapsíquica, considerada em seu conjunto."
O referido pesquisador vai, no capítulo III de sua obra, explicar com mais detalhes o fenômeno anímico na sua manifestação. Assim se expressa, então:
"(...) a denominação de "fenômenos mediúnicos" propriamente ditos designa um conjunto de manifestações supranormais, de ordem física e psíquica, que se produzem por meio de um "sensitivo", a quem é dado o nome demédium, por se revelar qual instrumento a serviço de uma vontade que não é a sua. Ora, essa vontade tanto pode ser a de um defunto, como a de um vivo. Quando a de um vivo atua desse modo, a distância, somente o pode fazer em virtude das mesmas faculdades espirituais que um defunto põe em jogo. Segue-se que as duas classes de manifestações resultam de naturezas idênticas, com a diferença, puramente formal, de que, quando elas se dão por obra de um vivo, entram na órbita dos "fenômenos anímicos" propriamente ditos, e de que, quando se verificam por obra de um defunto, entram na categoria verdadeira e própria, dos fenômenos espíritas. Evidencia-se, portanto, que as duas classes de manifestações são complementares uma da outra, a tal ponto que o Espiritismo careceria de base, dado não existisse o Animismo."
Distinção entre Fenômenos Anímicos e Mediúnicos
Uma das questões difíceis da experiência prática é a distinção entre os fenômenos mediúnicos e os anímicos. Pode-se considerar como condição sine qua non para se classificar um fenômeno como mediúnico, a constatação evidente da ação inteligente de um ser invisível como agente do fenômeno. Essa constatação nem sempre é detectada de pronto porque o agente espiritual, quando existente, não raro sente-se impossibilitado de se revelar. No dizer de Aksakof, um dos erros dos partidários do Espiritismo foi terem atribuído todos os fenômenos aos Espíritos desencarnados. A permanência desse erro fica por conta do desconhecimento dos ensinamentos dos Espíritos Superiores quanto às manifestações dos próprios sensitivos, tanto as físicas - reportadas por S. Luís em O Livro dos Médiuns, cap. IV, item 74, questão nº 20, quando tratou das pessoas elétricas que tiram de si mesmas o fluido necessário à produção dos fenômenos, quanto as intelectuais, explicadas no cap. XIX, item 223, 2a questão, como possíveis de ser produzidas pelos Espiritos dos próprios médiuns.
Muitas são as questões ainda não respondidas de como e por que ocorrem os fenômenos anímicos e mediúnicos. Quando se considera as potencialidades do ser humano, criado à imagem e semelhança do Criador, e o quanto são ainda desconhecidas, pode-se crer que, a partir de estados conscenciais diferenciados, a essência espiritual se liberte das limitações físicas e orgânicas, penetrando então no acervo de conhecimentos mais profundos, percebendo além dos limites do espaço e do tempo.
Uma outra questão importante a pesquisar e compreender são as relações entre um tipo de fenômeno e outro, ou seja, o anímico desencadeando o mediúnico e vice-versa. Tais influências existem, e por conta disso, que entende-se que não há fenômeno anímico puro, nem mediúnico isento de traços anímicos, pois que ambos se encontram sempre mais ou menos associados.
A gama dos fenômenos paranormais começaria por aqueles em que o ser tão-somente expressa sua liberdade de Espírito sendo mais ele mesmo, indo mais profundamente ao acervo de suas experiências. Numa escala crescente de independência espiritual teríamos a dupla vista - a visão do Espírito transpondo os limites do corpo em vigília -, os sonhos - vivências fora do corpo, mais ou menos lúcidas, a depender das experiências de autocontrole capazes de anular os reflexos das atividades biológicas e as fixações mentais da vida de vigília -, o sonambulismo, - atividade do corpo como instrumento passivo da alma livre - e, por fim, os estados mais dinâmicos do êxtase, que é um_sonambulismo mais apurado. Pode-se ainda incluir as experiências de desdobramento ou projeções perispirituais, com ou sem materialização, como demonstrações inequívocas da existência de uma realidade independente do corpo físico e do cérebro. E finalmente, as notáveis ocorrências de clarividência que trazem de volta o passado ou antecipam o futuro, como se tempo e espaço não passassem de um eterno presente.
Há uma outra ordem de fenômenos relacionada com a capacidade de agir nas estruturas moleculares dos planos físico e espiritual, criando fenômenos objetivos de ruídos, transportes, interpenetração de corpos, ou mesmo as aglutinações fluídicas ou materiais que dão origem a objetos surgidos aparentemente do nada.
Necessário ainda destacar-se as fascinantes experiências telepáticas, ectoplásmicas e de transcomunicação instrumental onde brilha exuberante a mediunidade, comprovando a sobrevivência do ser à disjunção celular.
Todos esses fenômenos foram classificados por Allan Kardec, em dois grandes grupos: os objetivos ou de efeitos físicos e os subjetivos ou de efeitos inteligentes, ambos com finalidades específicas, naturalmente inseridos nas Leis Divinas.
A participação dos desencarnados nos fenômenos de efeitos físicos, pode dar-se, velada ou ostensivamente, a depender das circunstâncias e dos interesses espirituais envolvidos. Quando é um encarnado que os produz, agindo por si mesmo, em verdade não age fora dos interesses da vida e, via de regra, os Espíritos supervisionam o desdobramento das ocorrências, muitas vezes inspirando o agente para que perceba ou situe o momento próprio de sua ação. De outras vezes, embora apto para produzi-los sozinho, não pode evitar que os Espíritos envolvidos nos mesmos interesses e necessidades evolutivas sejam atraidos para a relação mediúnica, estabelecendo-se a cooperação direta.
Quanto aos fenômenos de efeitos inteligentes, quase sempre despertam o interesse dos Espíritos Superiores, que fazem questão de se revelarem o quanto podem, através deles, a fim de que os homens se dêem conta da imortalidade da alma, da existência do mundo espiritual e de que há um entrelaçamento moral entre estes dois mundos. Por isso, o paranormal anímico, capaz de produzir por si só fenômenos dessa ordem, dificilmente deixará de produzí-los mediunicamente, a menos que bloqueios psicológicos impeçam ou dificultem a conjugação medianímica.
Importa compreender que estes dois aspectos da paranormalidade, o anímico e o mediúnico, são estágios de um mesmo processo.
No fenômeno anímico a alma se coloca como médium de si mesma, possibilitando o surgimento de um psiquismo de profundidade num psiquismo de superfície. Nesse processo, fechado sobre si mesmo, da mesma forma que ocorre um animismo de catarse drenando reminiscências traumáticas do inconsciente para o consciente, também pode ocorrer animismo criativo, superior, em que o ser se deixa permear pelas energias puras do eu profundo, a fim de transferir expressões mais nobres da individualidade para a personalidade transitória, iluminando-a.
O Homem, através das inúmeras relações que estabelece com o outro, coloca-se em constante crescer anímico, ampliando as inúmeras possibilidades mediúnicas que lhe são intrínsecas, sublimando sentimentos e penetrando em um campo de intuições mais altas e criativas fechando um ciclo de evolução. Este ápice será, em verdade, uma síntese anímico-mediúnica em que o homem se envolverá com a realidade profunda da Essência Divina e se iluminará para exercer a mediunidade gloriosa da ação transformadora.
É nesse sentido que entendemos a mediunidade de Jesus - eu e o Pai somos um - como médium de Deus, plenamente ligado à Sua realidade profunda, cósmica, expressão manifestada do Criador, para se revelar de forma integral entre os homens da retaguarda evolutiva.
Bibliografia
• Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Cap. XIX, q. 223, de 1 a 8, FEESP . 2ª ed. São Paulo, 1989
• Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Livro Segundo-cap II, EME -Edição Especial, Capivari/SP, 1997
• Kardec, Allan - A Gênese - Cap I e II- FEB - 2ª ed. Brasília/DF, 1984
• Miranda, Hermínio C. - Diversidade dos Carismas - Volume II, Cap I - Mediunidade 2- O médium, Publicações Lachâtre Editora Ltda - 3ª edição Niterói/RJ, 1998
• Aksakof, Alexandre - Animismo e Espiritismo Vol I, FEB - 5ª edição, Brasília, 1991
• Bozzano, Ernesto - Animismo e Espiritismo. Feb, 4ª edição, Brasília, 1987
• Neves, J.; Azevedo, G.; Calazans, N.; Ferraz, J. - "Vivência Mediúnica - Projeto Manoel P. de Miranda", Cap. 1 - Fenômenos, Cap 11- Do Anímico ao Mediúnico, LEAL. 1ª edição. Salvador/BA, 1994

Tereza Cristina D'Alessandro

NOSSA CASA ESPIRITA

Senhor meu Deus, Pai de todo amor
Damo-te graças por essa Benção tão querida
Permita-nos Pai, por favor
Agradecer-Te, pela nossa Casa Espírita
Que ventura é, meu Pai amado
Aqui desfrutar deste relicário de luz
Ter o Espírito balsamizado
Pelo Evangelho de Jesus ...
Que satisfação sentimos , Senhor
Ao recordar o significado da caridade ...
Ao levarmos o conforto, aonde existe a dor , é a nossa própria dor, que se desfaz pela bondade .
E o que dizer, meu Pai eterno ?
Do estudo e do trabalho redentor ?
Que esclarece e consola em Atendimento fraterno
Do evangelizando ao doutrinador !
E aqui meu Pai celeste
Não nos falta o livro esclarecedor
Kardec para nós é inconteste
Graças meu Pai, pelo Codificador .
Que entendamos, o Espírito de Verdade
Quando nos fala do amor
Que vivenciemos a Mediunidade
Sendo médiuns, 24 horas por dia ...
São tantas as benesses
Que nestas Casas recebemos
Que nos faltam justas palavras
Para assim agradecermos
Por isso te rogamos Pai da Vida
Não nos falte essa seara bendita
Que possamos sempre encontrar
Essa nossa querida Casa Espírita .
Edder Pinheiro Rangel

68 - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO VII: BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITOS

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS : ORGULHO E HUMILDADE

ITEM 11: MENSAGEM DE LACORDAIRE*
Venho até vós para encorajar-vos a seguir o bom caminho. "
Esta é uma das atividades de Espíritos, que tendo alcançado um bom nível de evolução, se dispõem a colaborar com seus irmãos, ainda presos aos valores da vida material, mas já conhecendo e aceitando as verdades reveladas pelos Espíritos, através do espiritismo, lutam por transformar-se, interiormente, no desenvolvimento do seu potencial divino, que trazem em si, desde a sua criação por Deus.
E eles sempre vieram, e continuam vindo, muitas vezes de forma ostensiva, através de médiuns, outras, inspirando, aconselhando, durante o sono físico, ou mesmo em vigília, não sendo atendidos quase sempre, sendo até repelidos outras vezes, mas eles perseveram, confiantes nas leis divinas e em nós, em nossa perfectibilidade, porque sabem das nossas dificuldades em sair do visgo que nos prende à Terra.
Vêm com vontade, com entusiasmo, com humildade, pedindo o amparo de Deus...
Nessa mensagem, psicografada em 1863, humildemente, ele pede o amparo espiritual para que sua palavra seja compreensível por todos.
Diz que a humildade é uma virtude muito esquecida entre os homens. Penso eu que assim o é, por ser um sentimento, que, juntamente, com o amor, é o resumo de todas as virtudes, isto é, sem o desenvolvimento das demais, ela não cresce, nem se desenvolve.
Afirma, também, que sem humildade não se pode ser caridoso para o próximo, pois esse sentimento é que nivela todos os homens, fazendo- os sentirem-se iguais, levando-os a se ajudarem mutuamente, encaminhando-se todos para o bem. O orgulhoso coloca-se sempre acima dos demais.
"Sem a humildade, enfeitai-vos de virtudes, que não possuís, como se vestísseis um hábito para ocultar as deformidades do corpo."
Dirige-se aos ricos e aos orgulhosos a verem os pobres como filhos de Deus iguais a ele, a quem lhes cabe auxiliar e amparar, ressaltando a transitoriedade dos bens e valores materiais, que ficarão na Terra, com a morte do corpo.
"Quem te diz que também não foste miserável como ele? Que não pediste esmola? Que não a pedirás um dia a esses mesmos que hoje desprezas?" ... "Oh! debruça-te, humildemente, sobre ti mesmo! Lança enfim, os olhos sobre a realidade das coisas desse mundo, sobre o que constitui a grandeza e a humildade no outro...”
O entendimento da lei das vidas sucessivas e sua aceitação é, talvez, a maior demonstração da inutilidade do orgulho, uma vez que, através delas, pode-se passar, tantas vezes quantas forem necessárias ao aprendizado e aperfeiçoamento, pelas experiências da pobreza, da riqueza, vivendo-se nos meios mais variados. Orgulho de quê, se cada existência é tão transitória?!
Ressalta o autor que todos os homens são iguais perante Deus, sendo distinguidos apenas, pelas qualificações nobres que consegue desenvolver em si mesmo, e que “a caridade e a humildade são os seus títulos de nobreza", sendo o orgulho o terrível inimigo da humildade.
Dirige-se também aos pobres e humildes que lutam para sobreviver em um mundo que os exclui.
Conclama-os a confiarem em Deus, argumentando que quase sempre a felicidade dos ricos é apenas ilusão e aparência.
Pede aos que sofrem injustiças dos homens que não alimentem ódio no coração, que sejam indulgentes com as faltas alheias, porque esse ato é caridade e reconhecer que só Deus é grande e só Ele tudo pode, é ser humilde.
Conclama a todos a serem caridosos e generosos, com humildade, demolindo as motivos ilusórios do orgulho, que, em realidade, são vencidos pela morte do corpo.
Fala das transformações que tornará nosso mundo um paraíso terreno, quando o homem se entregar ao bem, à fraternidade, quando, então, todos se considerarem iguais e viverem auxiliando-se, mutuamente, nas diferenças individuais, com fraternidade, com humildade.
* - Dados biográficos do autor no estudo nº 44

Leda de Almeida Rezende Ebne
Fevereiro / 2007

3 - O CÉU E O INFERNO

A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO
Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre os anjos e demônios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte
ALLAN KARDEC
(Autor de "O Livro dos Espíritos")
SERVIÇO: O VIÇO DO SER
"- Por que o homem de saber valoriza o que é tocado pela sua aura e o homem mesquinho diminui as grandezas que o cercam ?
- Porque não existe nada de verdadeiro fora do espírito e, sendo o espírito, luz, ele dá o toque tenebroso ao mar soturno ou o inexprimível tom verde - azul aos tranqüilos recortes das enseadas.
Não existe beleza; existe luz que ilumina.
O sábio transforma, desse modo, a gotícula d'água no mais belo dos mundos e o ignorante num coalho de microorganismos estapafúrdios.
O universo assim cantará ou emudecerá com a vossa alma."
Em "O Livro dos Espíritos" encontramos as seguintes colocações feitas pelos Espíritos à Kardec:
958 – Por que o homem repele instintivamente o nada ?
- Porque o nada não existe.
959 – De onde vem para o homem o sentimento instintivo da vida futura ?
- Já o dissemos: antes da encarnação o Espírito conhece todas essas coisas, e a alma guarda uma vaga lembrança do que sabe e do que viu no estado espiritual.
Introduzindo o assunto desse mês gostaríamos de "provocar" o leitor com algumas questões: Ora, se todos vivemos muitas vezes sobre a Terra, por que ainda hoje prolifera a ignorância sobre a vida após a morte, mesmo entre nós espíritas ? Por que ainda hoje, a comportamento da maioria é tão assustadoramente descompromissado com a idéia de que "somos responsáveis" dentro dos quadros de nossas realizações ? Que efeito estranho é esse que parece envolver-nos numa espécie de "entorpecimento" que dura, às vezes, uma vida inteira ? As palavras de Tamassía, acima, dão-nos uma pista dessa questão. É o toque de cada alma, a luz de seu olhar que dá cor, brilho, ao que o cerca, incluindo à vida que consegue viver.
Assim inicia Kardec a abordagem em torno da questão do porvir em "O Céu e o Inferno":
"1. - Vivemos, pensamos e operamos – eis o que é positivo. E que morremos não é menos certo.
Mas, deixando a Terra, para onde vamos ? Que seremos após a morte ? Estaremos melhor ou pior ? Existiremos ou não ? Ser ou não ser, tal a alternativa. Para sempre ou para nunca mais; ou tudo ou nada: Viveremos eternamente, ou tudo se aniquilará de vez ? "
É fato que podemos viver nas condições mais diferenciadas. Podemos pensar dentro de uma multiplicidade de possibilidades. Operamos (fazemos, agimos) conforme uma gama variada de solicitações. Mas todos, invariavelmente nos defrontaremos com a morte, i.e., o não ser. Então por que esse fato não nos leva adiante, ao questionamento em torno do futuro que nos espera ? Se, como afirmavam os Espíritos Superiores, o nada não existe, como podem alguns "crer" no nada?

Busquemos lançar algumas considerações sobre esse ponto. Se examinarmos um pouco a questão, poderíamos vislumbrar, de início, duas situações: uma primeira, em que as pessoas mantêm-se numa corrida desenfreada, agitadas, excitadas, sempre insatisfeitas. Agitando-se tal qual a mariposa aprisionada dentro do quarto, voando em círculos ao redor da "luz" que consegue perceber. Embriagada, fascinada pela luz artificial, ela está sempre em movimento circular até a exaustão. Numa segunda situação, encontramos aquelas outras que parecem ter desistido, paralisadas ou retidas em seus processos de sofrimento, na inação, mantendo-se nos estados de aprisionamento, de estagnação. Não lutam, defendem-se. Não perguntam mais, dão as respostas esperadas. Não alimentam sonhos, vivenciam seus pesadelos.

Qual a semelhança entre essas situações ? Arriscaríamos dizer que são duas formas de negação do ser, duas manifestações do não ser. Uma espécie de "auto-hipnose", de fascinação em torno das questões satélites que somos capazes de criar quando nos defrontamos com o desafio de viver. Mais ainda, são dois exemplos deendurecimento do Espírito. Endurecido como uma pedra de granito. Sólida, dura, definida - que pode machucar com suas bordas afiadas. Ou como as pedras já desbastadas pelo atrito com as outras pedras, que são lisas, polidas, mas também impermeáveis. "Alto lá!" Alguém vai gritar. "O Espírito não é uma pedra!" E com razão. Mas o Espírito é energia inteligente capaz de criar realidades, materializar pensamentos, expressar sentimentos em acontecimentos, objetos e ações.

Pode parecer uma divagação filosófica reflexionarmos sobre não ser e suas conseqüências. Mas isso tem reflexos na prática de nossa vida. Alguém que tenta o suicídio, por exemplo. Alguém que busca a eutanásia. Acreditar no não ser pode ser uma forma velada de desacreditar no que de fato somos, confundindo com aquilo que estamos. Uma tentativa de modificar, de mascarar uma situação, uma ocorrência, que nos envolve. Assim, se é instintivo o sentimento de que continuamos após a morte, o entorpecimento desse sentimento pode ser bem um sinal de que estamos doentes. Doença da alma. A doença do "não sei" ou do" não quero saber" por que vivo, por que sofro, por que estou aqui...". Uma espécie de desinteresse de si mesmo. Um forma de manifestar-se que faz muito barulho, que chama a atenção pela inquietude. Que marca a presença pela astúcia. Outra que também chama a atenção, só que pela ausência, pelo deixar acontecer, pela inação. Que marca a presença pelo desânimo. Dois movimentos de um mesmo processo de estagnação, de endurecimento.
Almas doentes são almas que estagnaram.
O que acha o leitor dessa colocação ? Concordaria com ela ? Baseado em que ? À propósito dessa questão, a palavra inferno, etmologicamente, significa estar fechado. Estar fechado em suas memórias, fechado no encadeamento de causas e efeitos de seus atos. Estar prisioneiro. Convidamos o leitor a examinar nosso livro de estudo na segunda parte, no capítulo VII – Espíritos Endurecidos. Atentemos para o depoimento do Espírito Angèle, nulidade sobre a Terra e depois nos comentários feitos por Monod (instrutor) (grifos nossos).
Angèle era uma dessas criaturas sem iniciativa, cuja existência é tão inútil a si como ao próximo. Amando apenas o prazer, incapaz de procurar no estudo, no cumprimento dos deveres domésticos e sociais as únicas satisfações do coração, que fazem o encanto da vida, porque são de todas as épocas, ela não pôde empregar a juventude senão em distrações frívolas; e quando deveres mais sérios se lhe impuseram, já o mundo se lhe havia feito um vácuo, porque vazio também estava o seu coração. Sem faltas graves, mas também sem méritos, ela fez a infelicidade do marido, comprometendo pela sua incúria e desleixo o futuro dos próprios filhos...
Deixamos o resto para a iniciativa do próprio leitor em consultar o livro... Não podemos dizer que esse Espírito nada fazia em vida – distraía-se, passava o tempo, movimentava-se. Mas como se encontrava posteriormente (após a morte) ? Que pensaria leitor quanto às conseqüências desse "modus-vivendi" do espírito enquanto na Terra ? Nas palavras dela mesmo:
1. - P. Que vos falta, pois? - R. A paz.
2. - Como pode faltar-vos a paz na vida espiritual? - R. Uma mágoa do passado. - P. A mágoa do passado é remorso; estareis, pois, arrependida? - R. Não; temor do futuro é o que experimento. - P. Que temeis? - R. O desconhecido.
3. - Estais disposta a dizer-me o que fizestes na última encarnação? Isso talvez me facilite a orientar-vos. - R. Nada.
(...)
5. - E de que modo preenchestes a existência? - R. Divertindo-me em solteira e enfadando-me como mulher. - P. Quais eram as vossas ocupações? - R. Nenhuma. - P. E quem cuidava da vossa casa? - R. A criada.
6. - Não será cabível atribuir a essa inércia a causa dos vossos pesares e temores ? - R. Talvez tenhais razão. Mas não basta concordar. - P. Quereis reparar a inutilidade dessa existência e auxiliar os Espíritos sofredores que nos cercam? - R. Como? - P. Ajudando-os a aperfeiçoarem-se pelos vossos conselhos e pelas vossas preces. - R. Eu não sei orar. - P. Fá-lo-emos juntos e aprendereis. Sim? - R. Não. - P. Mas por quê? - R. Cansa.
Por que faltaria paz a esse Espírito? Como poderia cansar-se ? Segundo as instruções do Espírito Monod,
O homem foi criado para a atividade; a atividade do Espírito é da sua própria essência; e a do corpo, uma necessidade.
Cumpri, portanto, as prescrições da existência, como Espírito votado à paz eterna. A serviço do Espírito, o corpo mais não é que máquina submetida à inteligência: trabalhai, cultivai, portanto, a inteligência, para que dê salutar impulso ao instrumento que deve auxiliá-la no cumprimento de sua missão. Não lhe concedais tréguas nem repouso, tendo em mente que essa paz a que aspirais não vos será concedida senão pelo trabalho. Assim, quanto mais protelardes este, tanto mais durará para vós a ansiedade de espera.
Trabalhai, trabalhai incessantemente; cumpri todos os deveres sem exceção, isto com zelo, com coragem, com perseverança.
Pelo exposto acima, começamos a vislumbrar que a saúde da alma relaciona-se com a qualidade da atividade que produz. Onde paz não é de forma alguma ausência de luta, de atrito. Onde, por outro lado, movimento pode não produzir paz e, sim, ansiedade. Onde o nada, o não ser são estados de vazio de sentido existencial que podem tomar conta do Espírito quando ele procura deter-se no caminho quando já tem condições de ir à frente, por conta da contingência do seu amadurecimento, quando surge o ser psicológico em cena, aquele que já é capaz de pensar inclusive naquilo que sente. No dizer de Joanna de Ângelis,
A existência humana é uma síntese de múltiplas experiências evolutivas, trabalhadas pelo tempo através de automatismos que se transformam em instintos e se transmudam nas elevadas expressões do sentimento e da razão
quando delineiam-se, então, objetivos e sentido existencial. Enquanto tal necessidade (de dar sentido à própria vida) não surge, predominando o primarismo, o ser apenas reage, sem saber agir; ambiciona, sem saber para quê; agride ou deprime-se, por não conhecer o valor da luta saudável necessária ao progresso. Uma fase em que ter tempo pode ser tão perigoso quanto não ter tempo nenhum: um pode levar ao estresse, outro à depressão. Manifestações do vazio de sentido existencial, pois,
"Vive-se, e isso é incontestável. Negá-lo, significa anular-se, anestesiar a capacidade de pensar."
Curiosa essa colocação: viver, pensar. Não pensar, anestesiar-se, não viver. Daí o parágrafo 1º do capítulo em questão: Vivemos, pensamos e operamos. Três elementos profundamente interligados no contexto de nossas existências. Merecedores do mais profundo exame quanto ao emprego das nossas forças, energias.
Então, diante desse quadro, o da alma que adoece, o que fazer ? Que contribuições pode dar o Espiritismo numa situação tão delicada quanto essa, passível de acontecer a qualquer um de nós, ou a alguns desses seres queridos que nos rodeiam, algum parente, amigo, ou ao próprio leitor ? Bem, poderíamos dizer que o Espiritismo nada pode fazer, mas nós, usando-o adequadamente, muito seremos capazes de realizar, conforme a nossa disposição, o nosso amadurecimento. Sim, pois o Amor lúcido contagia! Podemos, então, "reacender" as almas ao nosso redor com o calor do nosso próprio viver. Não foi isso o que fez Jesus com os seus discípulos? Curou? Ou propiciou o ensejo para a cura ? Acendeu os corações, recordando-lhes da própria realidade ("sois deuses"), da própria essência divina, quando, então, passaram a delinear objetivos duradouros nas suas vidas... Quantas almas acesas pelo combustível do seu amor...
Mas atentemos, pois esse amor precisa ser lúcido, capaz de "recordar ao outro de que ele é capaz" de sentir o impulso interno da vida, essa força interior que o leva à prática dos atos corretos, o Bem, procedente do Psiquismo Causal, Deus. Por isso tal, atitude, a de "ver aquilo que jaz adormecido", necessita que se busque conhecer, para que se consiga enxergar os acontecimentos sob uma nova perspectiva. Isso dá condições para que se crie um espaço criativo, onde vislumbramos novas opções onde antes apenas víamos obrigatoriedades, condicionamentos. Onde, diante dos desafios que se apresentam, começamos a perceber que podemos exercer a capacidade de atuar, construir, agir. E, quando tal conhecimento vem destituído de aspectos mágicos, míticos, quando vem simples e cristalino como a verdade dos fatos, cada coisa fica em seu lugar, tal espaço criativo é saneador, duradouro, estruturando uma visão mais profunda. Então, limpamos o "olho do Espírito", conseguimos perceber melhor a própria situação e, com isso, acumulamos a energia imprescindível para agir, transformando-nos, superando-nos, já que, não dissipamos mais energia para manter quadros artificiais. ( Quanta energia uma pessoa não necessita dispender para encobrir simples verdades sobre si mesma ? ). Eis o binômio do cultivo da vida do Ser: conhecer e fazer.
Viver, i.e., participar, fazer parte do Universo, contribuir para a harmonia do Cosmos, mediante o reto pensar e o reto operar – tal como nos dita a consciência – com o objetivo novo oferecido pelo Espiritismo de auto-superação das paixões, da auto-iluminação para bem discernir o que se deve e se pode pode fazer, para harmonizar-se em si mesmo, em relação ao próximo e ao grupo social no qual nos encontramos, onde
"Viver da melhor forma possível é o desafio imediato. Viver bem (...) para bem viver – realizações internas com o desenvolvimento ético adequado, que proporcionam o bem-estar interior – eis a razão por que lutar."
E assim buscando esse viver saudável, pelo serviço incessante no Bem, sentiremos o viço de ser e saudaremos cada alvorada de um novo dia como reza o cântico sânscrito:
"Olhe para este dia!
Eis que ele é vida, a própria vida da vida.
Em seu breve transcurso jazem todas as variedades e realidades da sua existência:
A benção do crescimento,
A glória da ação,
O esplendor da beleza;
Pois, ontem foi apenas um sonho, e o amanhã é apenas uma visão,
Mas, o hoje bem vivido faz de
Cada ontem um sonho de felicidade,
E de cada amanhã uma visão de esperança.
Cuide, portanto, deste dia!"
Bibliografia
• TAMASSÍA, M. B.. In "O Profeta da Montanha Azul", 5ª Sura A MATURAÇÃO, 2.A Luz . LAKE. 3ª edição. São Paulo. 1992. p. 40.
• KARDEC, Allan. In "O Céu e o Inferno", 1ª parte,Cap I O Porvir e o nada, §1. FEB. 32ª ed. Brasília. 1984. p. 11-12.
• FRANCO, Divaldo P. In "Amor, Imbatível Amor", Cap. 5 - A busca do Sentido Existencial. LEAL. 1ª ed. São Paulo. 1998. p. 97-101.
• MARINO Jr., Raul. In " OSLER O Moderno Hipócrates", A Saudação da Alvorada. CLR Balieiro. 1ª ed. São Paulo 1998 p. 81.

Vanderlei Luiz Daneluz Miranda

AS DIFICULDADES DO ESPÍRITO FRENTE À PROPOSTA DE JESUS

O ensino moral contido no Evangelho de Jesus constitui uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública. É o principio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. O codificador da Doutrina Espírita complementa que é o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura.
Mesmo advertidos e reconhecedores da importância dos ensinamentos evangélicos, aceitando-os e admirando-os de um modo geral, há quem apreenda a moral evangélica de forma passiva, confiando cegamente no que está escrito, sem compreendê-la, ou seja, sem basear-se na reflexão e no raciocínio lógico. São poucos os que a conhecem a fundo e menos ainda são os que a compreendem e sabem deduzir as conseqüências, aplicando-as no viver e nos atos do dia-a-dia.
O Mestre Lionês, conhecedor dessa limitação do homem, sabia que a razão dessa incompreensão se detém no fato de ater-se à sua forma alegórica. Torna-se ininteligível para o maior número de seus leitores, fazendo com que estes o leiam por desencargo de consciência ou por dever. Passam assim, despercebidos o que é mais importante, ou seja, os preceitos morais, os convites contidos para que esse homem, vivendo-os, se renove, fazendo para si uma verdadeira proposta de re-engenharia em seu ser.
O Evangelho Segundo o Espiritismo possui uma forma lógica, coerente, racional, tendo o cuidado de agrupar e classificar as máximas segundo as respectivas naturezas, de modo que decorressem uma das outras tanto quanto possível.
Podemos perceber isso pela forma como se estruturam as seqüências de capítulos e dos itens que os compõem. Os elementos necessários para a compreensão de um determinado tópico, por exemplo, foram preparados nos itens e capítulos anteriores, não se atendo a uma ordem cronológica, no que diz respeito às passagens da vida de Jesus, mas a esse encadeamento de raciocínio que visaram facilitar entendimento e clareza ao Espírito encarnado ou desencarnado.
O essencial desponta nos artigos e ensinamentos que estando ao alcance de todos, mediante a explicação das passagens obscuras e o desdobramento das conseqüências, permitem ao leitor compreensão dos ensinos de forma clara, objetiva e consequentemente sua aplicação nas diversas circunstâncias da vida.
A Doutrina Espírita interpreta o Evangelho sem figuras nem alegorias. Vem trazer esclarecimento e a consolação aos que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil às dores.
Necessário se faz compreender as leis de amor, como um roteiro preciso, baseando na Moral de Jesus, no qual encontramos luz e entendimento para as dificuldades.
A vida é campo fecundo de experiências, que proporciona, através das situações diversas o burilar sentimentos. Somente na prática, nos relacionamentos afetivos de toda ordem, temos oportunidade de trabalhá-los e interiorizarmos as máximas evangélicas. Agindo conforme os preceitos morais, nas circunstâncias mais diferenciadas da vida, estaremos promovendo o desenvolvimento moral e amadurecendo como Espírito Imortal.
O Evangelho é sublime roteiro de luz para ser colocado em prática, no campo das relações, do contrário será simplesmente letra morta, de nada servindo a preciosidade de seu conteúdo se somente ficar no campo das idéias.
À medida que o Espírito amadurece intelectual e moralmente, baseado nos ensinamentos de luz que Cristo deixou, vai se sublimando e galgando sua evolução, rumo à perfeição.
Bibliografia:
Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo
Allan Kardec, Obras Póstumas

Mocidade Espírita Batuira
Samir Minto Braga / Elisabeth Maciel

Causas do esquecimento do passado 2ª. PARTE

Continuação do estudo anterior
O porquê do esquecimento
Causas Físicas:
O esquecimento representa a diminuição do estado vibratório do Espírito, em contato com a matéria. Esse esquecimento é necessário.
Tomando um novo corpo, a alma tem necessidade de adaptar-se a esse instrumento. Precisa abandonar a bagagem dos seus vícios, dos seus defeitos, das suas lembranças nocivas, das suas vicissitudes nos pretéritos tenebrosos. Necessita de nova virgindade; um instrumento virgem lhe é então fornecido. Os neurônios desse novo cérebro fazem a função de aparelhos quebradores da luz; o sensório (parte do cérebro, que consideram como centro comum de todas as sensações) limita as percepções do Espírito. Sua consciência é apenas a parte emergente da sua consciência espiritual; seus sentidos constituem apenas o necessário à sua evolução no plano terrestre.
Daí a exigüidade das suas percepções visuais e auditivas, em relação ao número inconcebível de vibrações que o cercam.
Durante a reencarnação, a matéria cobre o perispírito com seu manto espesso; comprime, apaga-lhe as radiações.
Nos queixamos muitas vezes de não conseguirmos nos lembrar de todas as coisas que necessitamos no dia-a-dia: compromissos e obrigações com estudo, trabalho, família, amigos, horários a cumprir, desafios diários a enfrentar. Nossa memória às vezes não falha? Imaginemos então, se recordássemos de todas as nossas existências?
Causas Morais:
Quantas coisas que são obstáculos a nossa paz interna, que quiséramos eliminar da nossa existência atual ? Que seria pois, se nosso passado se desenrolasse sem cessar, com todos os pormenores, diante de nossa vista? A experiência nem sempre é adquirida de forma fácil, às vezes as provas são rudes, as expiações terríveis, e se os sofrimentos da vida parecem longos, penosos, que seriam, se aumentados com as lembranças dos sofrimentos passados?
Ex: Um homem honesto hoje, mas que deve este aprendizado aos rudes castigos que suportou por faltas que atualmente repugnariam sua consciência; gostaria de lembrar-se de ter sido enforcado ou preso por isso? A vergonha não o perseguiria sabendo que todos conhecem o seu passado de erros? Ele não seria cobrado, marginalizado pelo seu passado?
Temos disso uma prova atual:
Um presidiário que tome a firme resolução de se tornar honesto; que ocorre em sua saída?
É repelido pela sociedade e essa repulsa, quase sempre o recoloca no vício.
Suponhamos, ao contrário, que todo o mundo ignore seus antecedentes... Ele será bem acolhido.
Se ele próprio pudesse esquecer seu erro não seria por isso menos honesto e poderia andar de cabeça erguida ao invés de curvá-la sob a vergonha da recordação.
O homem, que vem a este mundo para agir, desenvolver as suas faculdades, conquistar novos méritos, deve olhar para frente e não para trás. Diante dele abre-se, cheio de esperanças e promessas, o futuro.
A Lei Suprema, ordena-lhe que avance resolutamente e, para tornar-lhe a marcha mais fácil, para livrá-lo de todas as prisões, de todo peso, estende um véu sobre o seu passado.
Há uma grande curiosidade em se conhecer o passado. É possível ? É bom?
Integrado na vida corpórea, o Espírito perde momentaneamente a lembrança de suas existências anteriores. Tem às vezes uma vaga consciência, e elas podem mesmo lhe ser reveladas em certas circunstâncias. Mas isto não acontece senão pela vontade dos Espíritos Superiores, que o fazem espontaneamente, com um fim útil, e jamais para satisfazer uma curiosidade vã.
A recordação das vidas anteriores só pode ser proveitosa ao Espírito bastante evoluvido, bastante senhor de si para suportar-lhe o peso sem fraquejar, com suficiente desapego das coisas humanas para contemplar com serenidade o espetáculo de sua história, reviver as dores que padeceu, as injustiças que sofreu, as traições dos que amou. É privilégio doloroso conhecer o passado dissipado, passado de sangue e lágrimas, e é também causa de torturas morais, de íntimas lacerações.
No romance mediúnico, "O Solar de Apolo" de Victor Hugo, um personagem indaga a mentora espiritual:
—"Por que Deus não me puniu outrora, quando ainda me recordava dos crimes praticados, aplicando a justiça por mais severa que fosse, e não agora, que já estou deslembrado de todas as vilanias perpetradas numa era que se eclipsou da minha memória? Eis porque não me resigno: sofrer pelo que ignoro haver praticado num passado que não se pode investigar!
—Meu amigo: um delinqüente que hoje comete um crime, poderá horas após, adormecer profundamente e então esquecerá a perversidade praticada mas, nesse período, deixará de merecer as sanções da lei? Não, certamente. Digo-te mais: se nos lembrássemos de todos os crimes praticados nas inúmeras encarnações passadas, cujo resgate temos que empreender um dia, nenhum de nós poderia dormir ou viver normalmente, como é necessário. Convence-te do seguinte: o esquecimento é um favor que Deus nos faz em sua infinita misericórdia e não um castigo. Além disso, se não te lembras às vezes nem do que ias dizer, como queres te lembrar de fatos ocorridos há milênios? Estabelecer-se-ia em teu cérebro uma tal confusão que terias de ser recolhido a uma prisão de loucos. Que importa pois, que um indivíduo sofra sem saber porque, se o sofrimento lhe é duplamente benéfico: abrandando-lhe o coração e quitando-lhe as dívidas?
Edifiquemos o nosso porvir procedendo ilibadamente no presente. Quem se preocupa em demasia com o passado, perde as oportunidade presentes.
Bibliografia:
 Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - questões 393 / 399
 Allan Kardec - O que é o espiritismo - pág. 65 / 66 / 67
 Leon Denis - O Problema do ser, do destino e da dor - pág. 217 / 228 / 229 / 230 / 231 / 232 / 233 / 235
 Emmanuel - Emmanuel - pág. 82 / 83
 Victor Hugo - O solar de Apolo - pág. 124 / 125

Mocidade Espírita Batuira
Maria Sueli Bertoldi Pereira