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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Educar-se dançando - Primeira Parte

Dando continuidade ao tema " Integração do Jovem no Centro Espírita " , trazemos para este mês o estudo " Educar-se Dançando " . Apresentaremos reflexões acerca dos relacionamentos entre jovens e adultos, ou seja, relacionar-se com eles, tanto no Centro Espírita como na vida cotidiana.
A Organização Mundial de Saúde denomina jovem o indivíduo que pertence à última fase da adolescência, ou seja, puberdade, adolescência propriamente dita e juventude. Esse vocábulo assumirá, neste estudo, o significado de adolescente.
Educar-se “dançando”?
Nesse segundo item as reflexões encaminham para buscamos estabelecer um modelo ao processo de desenvolvimento da criança em termos de estágios tais quais os que ocorrem na Natureza. Assim como a planta necessita de solo adequado com nutrientes e espaço para lançar as raízes e crescer, também os primeiros estágios do desenvolvimento da criança requerem equivalentes cuidados. Mas há algo, que já está nela pela sua própria condição de Ser imortal em desenvolvimento e que necessita ser cultivado percebendo - se uma espécie de sabedoria intrínseca à cada fase. Isto torna a atividade de educá-la (facilitar que o ser divino que nela jaz surja) um grande desafio, onde não há que faltar a habilidade de “dançar" - executar movimentos corporais ritmados e ao som da música; ordenar passos segundo as regras da dança; aqui adquirindo sentido figurado por parte de quem estiver envolvido no processo. Por que dançar? Porque a dança descreve bem o que vai acontecendo com quem busca educar-se ou educar. Cresce em autoconhecimento, à medida que busca “nutrir” corretamente as necessidades de desenvolvimento daquele outro ser em crescimento (apesar de estar em outro estágio). Um parentesco de propósitos ligando ambos numa incrível "dança" da vida.
Para tanto, algumas habilidades são imprescindíveis:
• Ser sensível ao estágio em que se encontra o Espírito, bem como às hesitações que vão ocorrer nas mudanças de estágios (no caso do adolescente, por exemplo, quando se exterioriza confuso, cínico fixado em atitudes emocionais típicas de idades anteriores, quando mostra receio a estranhos, ao sexo oposto, quando se quer dominar, ou acompanha cegamente o Grupo de amigos, rejeita os pais, etc.).
Assim, apenas para termos uma idéia, teríamos:
De 0 a 8 anos aproximadamente - o toque amoroso e a segurança física são os principais "alimentos", pois a percepção da criança é baseada principalmente na sensação. É a fase de "enraizamento" no mundo (o "Mundo é Seguro" é a mensagem a ser aprendida ). A principal ameaça: constrangimentos, castigos físicos.
De 9 a 12 anos aproximadamente - as qualidades emocionais de cuidado, justiça e equanimidade (igualdade de ânimo tanto na dor quanto na prosperidade, serenidade de espírito, moderação, imparcialidade, retidão; equidade, disposição para reconhecer o direito de cada um ) são os principais alimentos. A principal ameaça é a hipocrisia. Nessa fase a percepção da criança será predominantemente emotiva (predomínio dos sentimentos) - "O Mundo é Bom”.
O Ser - Volição, de 13 aos 17 anos aproximadamente - Volição: ato pelo qual a vontade se determina a alguma coisa- A fase do exercício da vontade em busca da autonomia. Nessa fase a sua percepção estará baseada na individuação. A necessidade de estabelecer uma identidade sobre ideais próprios e um senso único de si são o mais importante. Este estágio necessita, acima de tudo, de respeito sensível. A pior ameaça será o ridículo (isto destrói sua autoestima e provocando rebeldia). Quando se encontra "machucado" aparecerá o sarcasmo e o cinismo.
De 18 aos 22 aproximadamente - A percepção agora se expande para incluir e sintetizar os estágios anteriores num sentido coerente de si mesmo. O mais importante aqui será o reconhecimento maduro da capacidade de pensar de maneira independente. Condescendência, isto é, ceder ao rogo de alguém, será a pior ameaça para esta fase.
• Ser capaz de dançar com o jovem, de acordo com o momento de desenvolvimento. Aqui a inabilidade de "dar um passo" sugere que um dos dois (ou possivelmente os dois) estão desconectados naquela área de desenvolvimento. Aqui há uma ótima oportunidade para (re)aprender e (re)conectar-se . Por exemplo, no caso da fase (13 -17)
Jovem: busca desenvolver-se e expressar-se. Re - Criar é uma necessidade constante.
Pais: ganham a oportunidade de observar a própria força de vontade. Examinar as próprias condições de recriação estimula a compaixão, na firmeza de propósitos que leva a crescer juntos .
O Jovem: O Ser - Volição
O objetivo dominante é a Autonomia, isto é, a faculdade de se governar por si mesmo (e é isso que deverá ser “nutrido" para que possa fazer o seu trabalho), cujos principais requisitos serão:
• Estabelecer uma consciência de responsabilidade individual
• Fazer uma declaração pessoal de identidade – longe dos pais e dos mais velhos
• Explorar a si mesmo
Ele diz: "Posso criar um "eu" livre e independente, explorando qualquer experiência que julgue necessária para o meu desenvolvimento. Posso, então, escolher com quem e quando me relacionar. Não machuco ninguém, especialmente a mim mesmo nestas explorações. Com tanta humildade quanto eu possa ter, eu me cuido."
Outros objetivos ou decorrências desse estágio: Integridade Pessoal, Força e Liberdade.
Integridade pessoal : inteireza ,retidão ,imparcialidade
Força: saúde física e energia moral
Liberdade: faculdade de decidir ou agir sem ferir o direito do outro
Tais elementos vão:
• Desenvolver um senso de integridade pessoal.
• Ensinar ao jovem sobre como "Liberdade" e "Responsabilidade" estão relacionados
• Permitir ao jovem desenvolver um senso de força pessoal capaz de tomar conta de si e de afirmar-se no mundo
Sua Linguagem é a Linguagem dos Ideais.
Ideais: síntese de tudo o que aspiramos
O jovem pensa, age idealisticamente, enxerga o mundo através de olhos um tanto românticos". Está interessado sobre " como ele deveria parecer". Literalmente floresce quando lhe é dada a oportunidade de expressar ideais e agir sobre eles. Para isso é necessário fazer muitas perguntas: O que pensam, como enxergam algo , o que faria ou como acha que deveria ser feito. É preciso ajudá-los a estabelecer situações para testar tais ideais a partir de experiências diretas: não fazer preleções ,ou seja ,dar lições sobre isso ou aquilo ,mas pela reflexão conjunta de prós e contras ,benefícios e prejuízos levá-lo a descobrir caminhos.
Necessidade básica: Respeito Sensível
Ou seja, permitir experimentar suas várias "identidades” (conjuntos de caracteres próprios de uma pessoa) após todo esse trabalho de reflexões conscientes. Ser sensível às suas necessidades e a quão novo tudo isso é para ele. Respeitar o direito dele experimentar diferentes personalidades. É muito importante não dar nomes a qualquer manifestação que ele esteja experimentando (ou passando por) como o “eu". Isso cristaliza a identidade, freqüentemente por oposição, e inibe-o a passar por novas experiências. Há uma correnteza por baixo de insegurança nesta idade e é muito importante não esmagar o entusiasmo dela por explorar, forjando uma identidade. Assim, à medida que o jovem se lança à frente nessas explorações experimentando identidade atrás de identidade - sempre asseverando que a identidade corrente é "quem ele é" - o respeito sensível é a atitude mais saudável a ser adotada.
Necessidades adicionais: Desafios (dentro da possibilidade do êxito), aventura, risco e atividades emocionantes, sensibilidade aos amigos (aceitação pelos companheiros), espaço pessoal, trabalho com ideais, começar a conectar responsabilidade com liberdade.
Desafios (incitar, estimular, provocar): significa concriar desafios significativos para o jovem , ajudando-as a estabelecer situações onde possam testá-lo e estar lá para apanhá-lo se não funcionar. Permitir-lhes experimentar por si mesmas o que funciona e o que não funciona. Não apresentar lições de moral, mas estar lá para marcar o momento.
Aventura, risco, e atividades emocionantes: há muita energia fluindo através dele (mudanças hormonais, a percepção de ter de "construir uma vida" e o surgimento da energia sexual). Tal força necessita ser usada em atividades construtivas - propiciadoras de emoções. Não se deve esperar que o jovem, nessa fase, fique feliz com atividades "brandas" como quando era menor. Se lhe for dado a oportunidade de experienciar atividades emocionantes de maneira saudável, ter-se-á muito mais chance de prevenir a experiência de emoções "baratas", das drogas e da gravidez precoce.
Sensibilidade aos companheiros: ele necessita do contato com os outros e que os adultos os respeitem. Conforme tentam diferentes identidades, tais grupos mudam freqüentemente. Não se surpreender, pois ele ainda não teve essa experiência de construir algo como uma "identidade", assim, quer fazer do jeito dele exatamente como seus colegas. Eles necessitam um do outro. Nessa época é importante pais/educadores ficarem abertos: descobrir quem são essas pessoas debaixo das "roupas" que usam. Isso pode ser surpreendente e mais ainda o será se o jovem e os adultos fizerem essas descobertas juntos!
Espaço pessoal: É importante ter o próprio espaço. Permitir-lhes uso de posters, signos, símbolos com os quais se identifiquem no momento. Bater à porta antes de entrar (como forma de demonstrar respeito). Lembrar-se que a escolha das músicas é uma forma de procura da identidade. Perguntar, ao invés de ridicularizar. Ser sensível pelo que eles se interessam.
Ideais: A própria linguagem desse estágio. Esse Espírito está entrando em contato com a sua individuação, isto é, com as características que lhe são próprias ainda não formadas, estabelecidas. Muito do que vêm não é como pensam ou como deveria ser. Embora falem de forma muita afirmativa e com bravatas, por baixo há muito idealismo. Fazer perguntas que o levem a pensar.
Liberdade ligada à Responsabilidade: O jovem nessa fase quer liberdade. Conversam à respeito disso, pedem por isso, seus amigos "têm liberdade" e ficam bravos e magoados se não lhes for permitido mais. Responsabilidade deve ser misturada de uma maneira mutuamente aceita. Não deve ser questão de punição, ou ligada a trocas, tais como: "Se você levar o lixo para fora, pode usar o carro." Justamente a responsabilidade pelo próprio carro é que deve estar vinculada à liberdade para usá-lo. Uma boa coisa para se dizer é "Gostaria que você tivesse mais liberdade. Precisamos trabalhar juntos sobre como conseguir isso. Vamos trabalhar juntos?" Não ficar inseguro em dizer do que necessita que ela faça de forma a confiar que ela possa lidar com a liberdade. Uma chamada telefônica, talvez, ou ver se consegue fazer seu trabalho, etc. É uma relação de dar e receber, onde estamos nisso juntos, co-criando à medida que prosseguimos. Num jovem saudável é de se esperar dar confiança primeiro e trabalhar a partir disso.
O “veneno” para o jovem...
Uma substância venenosa é algo que faz com que o organismo tome uma atitude de recolhimento/ defesa, e na grande maioria das vezes sucumbe não conseguindo elaborar reações reequilibrantes .As reflexões sobre as "substâncias" funcionarão como proteção. Um ambiente com alimento "envenenado" provoca distúrbios.
Ridículo( que provoca escárnio): Não ridicularizar por mais grotesca que uma situação possa se apresentar. Tal atitude destrói autoestima dando surgimento à rebeldia. Pode exteriorizar - se em roupas e cortes de cabelo estranhos - cuidado o ridículo torna - o inseguro frente a necessidade por exploração. Irão procurar instintivamente outros ambientes mais seguros possivelmente junto aos seus colegas.

Hérin Andréas
Setembro / 2001

No Próximo estudo, “Fases”.

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