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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

67 - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO VII: BEM-AVENTURADO OS POBRES DE ESPÍRITO
ITENS 7 a 10: MISTÉRIOS OCULTOS AOS SÁBIOS E PRUDENTES
“Naquele tempo, respondendo, disse Jesus: Graças te dou a ti, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos prudentes, e as revelaste aos simples e pequeninos." (Mateus, XI: 25)
Jesus, fazendo esse agradecimento a Deus por haver revelado aos simples e pequeninos, e não aos sábios e prudentes, as Verdades das Suas leis, reconhecia a sabedoria divina que o mandara àqueles que tinham as condições necessárias ao aprendizado, àqueles que, pela simplicidade do seu próprio viver, com as dificuldades do dia-a-dia, estavam mais amadurecidos para perceberem os valores espirituais que os levariam à felicidade e à paz.
A palavra sábio, segundo Allan Kardec, era, na antigüidade, sinônimo de sabichão, ou seja , aquele que é orgulhoso do que pensa saber, julgando-se superior aos outros.
Os simples e pequeninos referidos por Jesus são os que se reconhecem ignorantes, porque sabem que têm muito ainda que aprender; estão, portanto, sempre abertos a novos aprendizados, sabendo ouvir com atenção as idéias dos outros, por que sabem que sempre alguém pode ensinar-lhe algo que desconhecem.
Os que se orgulham do que sabem, geralmente, voltam-se para os valores e prazeres da Terra, fechando-se ao que consideram, sem conhecer, superstições próprias dos ignorantes, tais como os fatos espirituais, que sempre existiram, revelando a continuidade da vida além túmulo.
Vivem, então, envolvidos com as coisas materiais, seus valores e prazeres, sem ter curiosidade e tempo para tentar conhecer fatos, que existindo desde sempre, demonstram, só com essa persistência, existência real e sua importância para a felicidade e paz do ser humano.
Por isso, Kardec compara as reações contrárias de muitos às verdades reveladas pelo espiritismo, com as reações dos orgulhosos e poderosos com as verdades trazidas por Jesus.
Os orgulhosos de hoje, como os do passado, pensam que Deus deveria mostrar- Se a eles, provando sua existência, e a existência da alma imortal.
No entanto, encerram-se no seu orgulho, fecham os olhos, tapam os ouvidos, fecham-se ao contato com a espiritualidade, buscando somente a realidade material, que lhes fala aos sentidos materiais, esquecidos de que são muito mais que um simples corpo fadado ao desaparecimento; que há dentro deles algo muito maior, uma sensibilidade diferente, espiritual, que luta para ser percebida, a fim de que possa agir, mas que é sufocada, por ser considerada uma fraqueza e não uma força que leva o homem a transcender-se.
Quanto perde o homem com seu tolo orgulho, que o torna um prisioneiro de sua materialidade, impedindo a si mesmo, o gozo de prazeres espirituais, que não é capaz de vislumbrar, porque se julga o bastante para si próprio, com o que tem e com o que pensa ser.
Assim, são os simples e os humildes, que se abrem para Deus e se colocam na posição de filhos amados, imperfeitos sim, mas esforçando-se para permanecer no caminho traçado por Jesus a toda a humanidade!
Ainda hoje, são os que se abrem a novos aprendizados, sem preconceitos, que buscam respostas às suas indagações sobre o que são o que fazem neste viver, de onde vieram, para onde vão e como viver melhor, em paz consigo e com o próximo, que se apresentam mais aptos para esses conhecimentos, estudando-os, analisando-os, para aceitá-los.
”O poder de Deus se revela nas pequenas como nas grandes coisas. Ele não põe a luz sob o alqueire, mas o derrama por toda a parte; cegos são os que não a vêem. - Deus não quer abrir lhes os olhos à força, pois que eles gostam de os ter fechados. Chegará a sua vez, mas antes é necessário que sintam as angústias das trevas, e reconheçam Deus, e não o acaso, na mão que lhes fere o orgulho." ( * )
São palavras duras, escritas por Kardec, mas que refletem a verdade do processo evolutivo do Espírito imortal. Tendo de fazer seu desenvolvimento espiritual, segundo sua vontade, sujeito a leis sábias e justas, o Espírito será perfeito e feliz, quando e como quiser, semeando e colhendo, exatamente, segundo o uso que fizer do seu livre- arbítrio.
Assim, não estando ninguém fora desse determinismo divino, quanto antes reconhecer-se a existência dessas leis naturais espirituais, e empenhar-se em viver de acordo com elas, todo esse processo se realizará com menos sofrimentos e menos tempo.
A justiça e a misericórdia de Deus não abandonam ninguém, dando-lhes sempre a oportunidade de reconhecimento de Suas leis, através das infinitas experiências reencarnatórias, da lei de causa e efeito, que dá a cada um segundo suas obras, porque o reino dos céus é para os que aprenderam amar a Deus e ao próximo, incondicionalmente. E o orgulhoso só consegue amar a si mesmo...
* Alqueire: “recipiente quadrado, geralmente, de madeira e com duas asas, utilizados para medir um alqueire de cereais." Dicionário Houais

Leda de Almeida Rezende Ebner

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