CAPÍTULO VII: BEM-AVENTURADO OS POBRES DE ESPÍRITO
ITENS: 4 e 6: QUEM SE ELEVAR SERÁ REBAIXADO
“Então, se chegou a Ele, a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-O e pedindo-lhe alguma coisa. Ele lhe disse: Que queres? Respondeu ela; Dize a estes meus filhos que se assentem no teu reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. E, respondendo, Jesus disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber? Disseram-lhe eles: Podemos. Ele lhes disse: É verdade que haveis de beber o meu cálice; mas pelo que toca a terdes assento à minha direita ou à minha esquerda, não me pertence a mim conceder-vos, mas isso é para aqueles a quem meu Pai o tem preparado. E quando os dez ouviram isso, indignaram-se contra os dois irmãos. Mas Jesus os chamou a si e lhes disse: Sabeis que os príncipes da nações dominam os seus vassalos, e que os maiores exercitam sobre eles o seu poder. Não será assim entre vós; mas aquele que quiser ser o maior, esse seja o vosso servidor; e o que entre vós quiser ser o primeiro, seja o vosso escravo; assim como o Filho do Homem, que não veio para ser servido,, mas para servir, e para dar a sua vida, em redenção de muitos. ( Mateus, XX:20-28)
Esse fato na vida de Jesus mostra o amor de mãe bastante humano, que quer o melhor para seus filhos, mas ainda distante de ser o amor ao próximo ensinado e vivido por Jesus, para o qual todos caminhamos.
Penso que evidencia também a idéia de que o reino dos céus, citado por Jesus era entendido como um reino na Terra, quando Jesus libertaria o povo judeu do jugo dos romanos, colocando-o sobre todas as nações, tornando-se seu rei.
”Não sabeis o que pedis." Nesta frase, demonstra Jesus, aceitar a incompreensão de quem era ele, de sua missão, por parte dos que o seguiam, mas sabia que seus ensinos permaneceriam para sempre, norteando, com dificuldade, lentamente, com sofrimentos mil, a caminhada evolutiva dos seus irmãos, mais rebeldes, mas, continuou, perseverantemente, enquanto aqui esteve, ensinando-os até o sacrifício do martírio na cruz infamante, porque, sabia constituir seus ensinos o único caminho para libertar o homem da ignorância e do apego aos valores materiais.
Jesus, vendo a indignação dos discípulos à pretensão dos irmãos, filhos de Zebedeu, esclarece que se há na Terra o domínio dos maiores sobre os menores, pelo poder ou pela força ou pela posição social, “entre vós não será assim ", pois o reino, por ele posto em meta a ser conseguida, individual e coletivamente, era um reino totalmente diferente.
Quando, nós, os cristãos, que queremos ser discípulos de Jesus, vamos nos colocar entre esse vós?
Todo ensino de Jesus foi destinado à humanidade, e todos os que o aceitaram ou o aceitam como o Enviado de Deus para dar conhecimento das Suas Leis, hoje e sempre está e estará incluído em todos os VÓS, ditos por Jesus.
Nós, os espíritas, que consideramos o espiritismo a revivescência do cristianismo, tal qual como Jesus ensinou e exemplificou, precisamos trabalhar mais em nosso interior, no desenvolvimento das virtudes que estão em nós, para serem desenvolvidas, porque são elas, que nos darão a humildade que nos levará ao amor pleno e incondicional.
Divulgar seus princípios, auxiliar a todos, indistintamente, exercer atividades nobres nas instituições, respeitar os direitos dos outros, cumprir seus deveres em relação a Deus, ao próximo e a si mesmo, demonstram vontade de seguir Jesus, mas, tudo isso , sem o trabalho interno de transformação interior, não levará o homem à sua libertação dos mundos materiais, continuando fechada as portas de entrada ao reino prometido por Jesus.
Por isso, Jesus condiciona ser a humildade “o cartão de ingresso" para esse reino, segundo Cairbar Schutel
Somente a humildade nos coloca em pé de igualdade com todos os filhos de Deus, independente de parentesco, de raça, de cor, de religião, de cultura.
Somente a humildade, fazendo-nos conhecer nossa imperfeição, nossa ignorância de tanta coisa que ouvimos falar e de tantas outras que nem são ainda cogitadas em nosso mundo; de tanta coisa que está embutido em nós, em potencial ignorado ou já vislumbrado, mas sem chance de aparecer e ser desenvolvida pelo nosso atraso espiritual, nos mostra que somos todos iguais.
Somente a humildade, fazendo-nos conhecer que somos perfectíveis, que vivemos um processo de evolução, que somos transeuntes em um mundo inferior, caminhado para mundos melhores, nos iguala a todos.
Só seremos capazes de amar a todos, incondicionalmente, se nos sentirmos todos igualados na origem, no processo evolutivo e no ponto de chegada, sem nenhuma discriminação.
Se aceitamos Jesus, como o "que não veio para ser servido, mas para servir e para dar sua vida na redenção de muitos", temos de nos esforçar muito, para que a humildade seja desenvolvida em nós, porque sem ela, permaneceremos presos a este nosso processo de evolução, em mundos inferiores, por muito mais tempo que seria necessário.
Bibliografia:
1 - Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questões 379 a 385.
2 - Cairbar Schutel, Parábolas E Ensinos De Jesus, cap. " Pobres de Espírito e Espíritos Pobres", Ed. O Clarim.
Leda de Almeida Rezende Ebner
Dezembro / 2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário