CAPÍTULO XI: AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: A FÉ E A CARIDADE – ITEM 13
O
ESPÍRITO PROTETOR, como se intitulou o autor da mensagem, faz uma afirmação,
difícil de aceitar à primeira leitura: “Eu vos disse, recentemente, meus
queridos filhos, que a caridade sem a fé não seria suficiente para manter entre
os homens uma ordem social capaz de fazê-los felizes. Deveria ter dito que a
caridade é impossível sem a fé”.
Pelo
texto, compreende-se que ele se refere à fé em Deus, nas Suas leis, na vida
futura, à fé religiosa.
Todavia,
sabemos que existem, e sempre existiram, pessoas sem fé em Deus, sem fé
religiosa, que usaram de caridade para com o próximo.
Mas,
a caridade a que ele se refere é a do amor em ação, ou seja, é aquela que leva
o homem às renúncias de si mesmo em favor de outros; aquela, exercida com
abnegação, com dedicação, colocando as necessidades alheias acima das suas;
aquela que sacrifica todo o interesse egoísta para pensar nos interesses
alheios; aquela que se compraz, sente prazer em beneficiar, não precisando de
satisfações pessoais para sentir-se contente, colocando a sua felicidade no ato
de tornar os outros felizes; aquela que leva o homem a esquecer-se de si para
lembrar-se de outros.
Essa
caridade, somente a fé firme e segura em Deus, no seu amor, na sua justiça, na
sua sabedoria, nas suas leis, é capaz de vivenciar, “porque nada além dela nos faz carregar
com coragem e perseverança a cruz desta vida”.
A
fé consciente, inabalável, leva o homem a compreender a transitoriedade da vida
na Terra, dando, aos valores materiais, a importância relativa que eles têm
para o Espírito imortal, não se prendendo a eles, mas buscando usá-los em favor
de outros, a fim de suavizar os sofrimentos alheios.
Somente
uma fé religiosa, bastante firme e segura, é capaz de demonstrar ao homem que
ele está na Terra para desenvolver-se, intelectual e moralmente, desviando-o da
busca ávida de uma felicidade nos prazeres materiais, que lhe dão apenas a
ilusão de ser feliz.
Vivemos
em um mundo, “aparentemente” injusto, visto apenas do ponto de vista de uma
única existência.
Todavia,
analisando sob o ponto de vista das vidas sucessivas, compreendemos que as
“aparentes” injustiças, são os efeitos dos males praticados nesta vida ou em
outras: é a lei de ação e reação, ou de causa e efeito, acontecendo, a fim de
auxiliar o aperfeiçoamento espiritual do homem.
Mas,
não estamos condenados a viver assim, eternamente. À medida que os homens da
Terra forem se desenvolvendo, moralmente, tanto quanto intelectualmente, as
dores e os sofrimentos vão se tornando menores até se tornarem desnecessários.
Aí,
nosso mundo se tornará um mundo melhor, mais fraterno, mais solidário, com
preocupações de paz e felicidade para todos, em todos os aspectos.
Até
lá, necessário é desenvolver a fé raciocinada, que sabe quem somos quem fomos o
que seremos o que aqui devemos fazer e como fazer, para, no desenvolvimento do
amor em nós, vivenciarmos o amor ao próximo.
Até lá,
precisamos exercitar a solidariedade, a fraternidade, a tolerância, a
generosidade, todas as facetas da caridade, uns para com os outros, como
pudermos, aperfeiçoando-nos nos valores espirituais que só a fé religiosa tem
condição de despertar, de fazer desabrochar.
Até
lá, precisamos aprender a viver na diversidade de gostos, de interesses, de
tendências, de necessidades, que esta humanidade apresenta, exercitando-nos na
caridade que a fé religiosa estimula, porque “somente à custa de concessões e de
sacrifícios mútuos, é que podeis manter a harmonia entre elementos tão
diversos”.
A
felicidade plena não existe na Terra, pela própria imperfeição dos seus
habitantes.
Todavia,
pode-se gozar de uma felicidade relativa, dedicando-se à prática do bem, sem
perder tempo em procurá-la onde não está.
Diferentemente
dos primeiros tempos do cristianismo, hoje não é necessário, para o verdadeiro
cristão, o sacrifício da vida, mas faz-se premente “o
sacrifício do egoísmo, do orgulho e da vaidade. Triunfareis se a caridade vos
inspirar e fordes sustentados pela fé”.
KARDEC,
Allan - “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
Leda de Almeida Rezende Ebner
Dezembro / 2009
Centro
Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Rua Rodrigues Alves,588
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