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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O LIVRO DOS ESPIRITOS - Estudo 39


INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA

Livro Primeiro

As Causas Primárias

Capítulo I

Deus

                                    I.        Deus e o Infinito
                                  II.        Provas da Existência de Deus
                                III.        Atributos da Divindade
                                 IV.        Panteísmo


II - Provas da Existência de Deus - 4 a 9

"(...) 4 - Onde podemos encontrar as provas da existência de Deus?
__ Num axioma que aplicais às vossas ciências: Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e vossa razão vos responderá".
      Comentário de Allan Kardec:
"(...) Para crer em Deus é suficiente lançar os olhos às obras da Criação. O Universo existe; ele tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e avançar que o nada pode fazer alguma coisa".
      Crer em algo superior é intuitivo, isto é, o homem traz consigo, se bem que não em crença racional, mas como sentimento inato de um ser que lhe é superior.
Reconhece, embora não explique e nem entenda, uma força maior inerente à própria vida, natural e não decorrente de uma cultura imposta de fora para dentro.
      Nos estágios primitivos entende-a como algo que lhe governa a vida determinando-lhe o destino.
      Esse desconhecido inspira-lhe medo, e ele cria cultos que em síntese, representam o reconhecimento da própria fraqueza, da necessidade de socorro e proteção.
      Como materializa essa idéia de ajuda ?
      Segundo o que pensa, o que acha que pode preservá-lo dos males. Cria, plasma, simboliza nessa criação uma força superior em formas que podem ir desde um animal muito forte, a um indivíduo brutal, ou sábio, ou belo, enfim, que reconhece com qualidades que não tendo, não tem e que não entendendo admira.
      O passo seguinte, será criar formas de como agradar essa força, de como atrair simpatia, comunicar-se com ela, organizando agora cerimônias, oferendas e rituais, capazes na sua idéia de manter os cuidados do "deus" sobre si e os que lhe são caros, incluindo todas as posses e bens que dispõe.
      Sol, lua, estrelas, montanhas, enfim, tudo quanto não entende, receia, teme será digno de receber aquilo que possua de melhor: oferece a colheita, sacrifica animais, seres humanos em meio a cânticos e danças, com os quais busca agradar prestando culto.
      Essa mente embrionária não oferecia condições para entender de outra forma. Dessa insegurança, desconhecimentos e busca, surgem, nascem os vários deuses, representando como que uma especialização das forças divinas ajustando-se cada um às necessidades e interesses do momento com divindade para fertilidade, guerra, amor, ódio, vingança, colheita, poder, etc.
      Todos tinham algo em comum: eram antropomórficos, isto é, tinham as formas e os atributos humanos, conceitos, paixões, comportamentos próprios do homem que não tendo desenvolvido seu psiquismo interpreta e projeta em todas as coisas em apreciações e termos exclusivamente humanos.
      Deus nessa época é visto como um homem, que vive nas alturas, rodeado das coisas que o mesmo homem acha que é bom: belezas, delícias, músicas, odaliscas, como na morada dos deuses orientais; pessoas sempre belas e jovens com entre os deuses gregos ou a idéia sombria, vingativa e irritada do Jeová dos Judeus que pune até a terceira ou quarta geração.
      Em "O Espírito e o Tempo" do Prof. Herculano Pires, detalha cada fase vivenciada chamando-as de "horizonte", isto é, limites da própria visão e "horizontes culturais", com a significação dos meios em que se desenvolveram as diferentes fases da evolução humana.
      Sob essas reflexões, se perguntarmos como Allan Kardec o fêz aos Espíritos, teríamos igual resposta:
"(...) 5 - Que conseqüência podemos tirar do sentimento intuitivo, que todos os homens trazem consigo da existência de Deus?
__ Que Deus existe: pois de onde lhes viria esse sentimento, se ele não se apoiasse em nada? É uma conseqüência do princípio de que não há efeito sem causa.
6 - O sentimento íntimo da existência de Deus, que trazemos conosco, não seria o efeito da educação e o produto de idéias adquiridas?
__ Se assim fosse, por que os vossos selvagens também teriam esses sentimentos?
      Prossegue o comentário de Allan Kardec:
"(...) Se o sentimento da existência de um ser supremo não fosse mais que o produto de um ensinamento, não seria universal e nem existiria, como as noções científicas, senão entre os que tivessem podido receber esse ensinamento".
Nesse sentimento inato, portanto, encontra-se a noção de Deus, a prova desse existir a exteriorizar-se,
"(...) Onipresente, falar-nos pelas suas cores, pelos sons e pelos movimentos; tem sorrisos para as nossas alegrias, gemidos para as nossas tristezas, simpatia para todas as nossas aspirações. Filhos da Terra, nosso organismo está em consonâncias vibratórias com todos os movimentos que constituem a vida da Natureza: ele os compreende e deles compartilhamos, de modo a nos deixarem nalma uma repercussão profunda, a menos que o artifício nos tenha atrofiado. Congênita do princípio da criação, nossa alma reencontra o infinito na Natureza".

"(...) Deus é potência e ato naturais; vive na Natureza como nele vive ela. O Espírito se faz pressentir através de formas materiais, mutáveis. Sim, a Natureza tem harmonias para a alma, tem quadros para o pensamento, tem tesouros para as ambições do Espírito e ternuras para as aspirações do coração. Sim, ela os tem porque não nos é estranha, não está de nós segregada e somos um com ela.
Ora, a força viva da Natureza, essa vida mental que reside nela, essa organização peculiar ao destino dos seres, essa sabedoria e onipotência no entretenimento da criação, essa comunicação íntima de um espírito universal entre todos os seres, que coisa, outra, poderá significar senão a revelação da existência de Deus, a manifestação de um pensamento criador, eterno, imenso?" 2
Bibliografia:
1                     1      KARDEC, Allan.O Livro dos Espíritos - 4 a 9
2. FLAMMARION, Camille. Deus na Natureza - cap. V

Leda Marques Bighetti
Outubro / 2004

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