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sexta-feira, 29 de julho de 2016

*A Fé Ativa construindo uma Nova Era 30* *Homens de Fé*

*A Fé Ativa construindo uma Nova Era 30*

Módulo/Eixo Temático: A Fé Ativa

*Homens de Fé*

 *(Emmanuel, in “Pão Nosso” – cap. 9)*

*“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.” — Jesus (Mateus, 7:24)*
Os grandes pregadores do Evangelho sempre foram interpretados à conta de expressões máximas do Cristianismo, na galeria dos tipos veneráveis da fé; entretanto, isso somente aconteceu, quando os instrumentos da verdade, efetivamente, não olvidaram a vigilância indispensável ao justo testemunho.
É interessante verificar que o Mestre destaca, entre todos os discípulos, aquele que lhe ouve os ensinamentos e os pratica. Daí se conclui que os homens de fé não são aqueles apenas palavrosos e entusiastas, mas os que são portadores igualmente da atenção e da boa-vontade, perante as lições de Jesus, examinando-lhes o conteúdo espiritual para o trabalho de aplicação no esforço diário.
Reconforta-nos assinalar que todas as criaturas em serviço no campo evangélico seguirão para as maravilhas interiores da fé. Todavia, cabe-nos salientar, em todos os tempos, o subido valor dos homens moderados que, registrando os ensinos e avisos da Boa Nova, cuidam, desvelados, da solução de todos os problemas do dia ou da ocasião, sem permitir que suas edificações individuais se processem, longe das bases cristãs imprescindíveis.

Em todos os serviços, o concurso da palavra é sagrado e indispensável, mas aprendiz algum deverá esquecer o sublime valor do silêncio, a seu tempo, na obra superior do aperfeiçoamento de si mesmo, a fim de que a ponderação se faça ouvida, dentro da própria alma, norteando-lhe os destinos.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

*EVANGELHO ESSENCIAL 16/2* #NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON - INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

*EVANGELHO ESSENCIAL 16/2*

Eulaide Lins

Luiz Scalzitti

*16 - NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON*

*INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS*

*A verdadeira propriedade*
*Espírito Pascal –Genebra,1860.*

O homem só possui como plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo.
* * *

Do que encontra ao chegar e deixa ao partir ele usufrui enquanto aqui permanece.
* * *

Forçado que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva consigo, o que ninguém lhe pode retirar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste.
* * *

Depende dele ser mais rico ao partir do que ao chegar neste mundo, visto como, do que tiver adquirido no bem, resultará a sua posição futura.

Quando alguém vai a um país distante, constitui a sua bagagem de objetos utilizáveis nesse país; não se preocupa com os que ali lhe seriam inúteis. Proceda do mesmo modo com relação à vida futura; proveja-se de tudo o que de lá te possa servir.
* * *

Ao viajante que chega a um albergue, bom alojamento é dado, se o pode pagar. A outro, de poucos recursos, consegue um menos agradável.

Quanto ao que nada tenha de seu, vai dormir numa cama rústica e pobre. O mesmo acontece ao homem, com sua chegada no mundo dos Espíritos: depende de suas posses o lugar para onde vá. Não será, todavia, com o seu ouro que ele o pagará.
* * *

Ninguém lhe perguntará: Quanto tinhas na Terra? Que posição ocupavas? Eras príncipe ou operário? Perguntar-lhe-ão: Que trazes contigo? Não lhe avaliarão os bens, nem os títulos, mas a soma das virtudes que possua. Sob esse aspecto, pode o operário ser mais rico do que o príncipe.
* * *

*M. , Espírito Protetor –Bruxelas,1861*

Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui a seu grado, não sendo o homem senão o usufrutuário, o administrador mais ou menos íntegro e inteligente desses bens.
* * *

Tanto eles não constituem propriedade individual do homem, que Deus frequentemente anula todas as previsões e a riqueza foge àquele que se julga com os melhores títulos para possuí-la.
* * *

Se há riquezas legitimas, estas são as dos bens adquiridos pelo trabalho , quando honestamente conseguidas, porque uma propriedade só é legitimamente adquirida quando, da sua aquisição, não resulta dano para ninguém.
* * *

Poderá o homem usar e abusar de sua fortuna durante a vida, sem ter de prestar contas? Não. Permitindo-lhe que a adquirisse, é possível haja Deus tido em vista recompensar-lhe, no curso da existência atual, os esforços, a coragem, a perseverança. Se, porém, ele somente os utilizou na satisfação dos seus sentidos ou do seu orgulho; se tais bens se tornaram causa de queda, melhor fora não os ter possuído, visto que perde de um lado o que ganhou do outro, anulando o mérito de seu trabalho. Quando deixar a Terra, Deus lhe dirá que já recebeu a sua recompensa.
* * *

*Emprego da riqueza*
*Espírito Cheverus –Bórdeus, 1861*

Não podes servir a Deus e a Mamon. Guarde bem isso na lembrança, você, a quem o amor do ouro domina; você, que venderia a alma para enriquecer, porque eles permitem que se elevem acima dos outros homens e proporcionam os gozos das paixões que lhes escravizam.
* * *

Qual o melhor emprego que se pode dar à riqueza? Procure nestas palavras: "Amem-se uns aos outros" a solução do problema. Elas guardam o segredo do bom emprego das riquezas. Aquele que se encontra animado do amor do próximo tem aí toda escrita a sua linha de procedimento.
* * *

Na caridade está, para as riquezas, o emprego que mais agrada a Deus.
* * *

Não nos referimos á caridade fria e egoísta, que consiste na criatura espalhar ao seu redor o supérfluo de uma existência dourada. Referimo-nos à caridade plena de amor, que procura a infelicidade e a ergue, sem a humilhar.
* * *

Rico! ... dá do que te sobra; faça mais: dá um pouco do que te é necessário, porque o de que necessitas ainda é supérfluo. Mas, dá com sabedoria. Não repeles o que se queixa, com receio de que te engane; vai às origens do mal. Ajuda, primeiro; em seguida, informa-te, e vê se o trabalho, os conselhos, mesmo a afeição, não serão mais eficazes do que a tua esmola.
* * *

Espalha ao redor de ti, com abundância, o amor a Deus, o amor ao trabalho, o amor ao próximo.
* * *

Coloque tua riqueza sobre uma base que nunca te faltará e que trará grandes lucros: a das boas obras.
* * *

A riqueza da inteligência deves utilizá-la como a do ouro. Espalha em torno de ti os tesouros da instrução; espalha sobre teus irmãos os tesouros do teu amor e eles frutificarão.
* * *

*Um Espírito Protetor-Cracóvia,1861*

Quando considero a brevidade da vida, dolorosamente me impressiona a incessante preocupação de que é para vocês objeto o bem-estar material, ao passo que tão pouca importância dão ao aperfeiçoamento moral, a que pouco ou nenhum tempo consagram e que, no entanto, é o que importa para a eternidade.
* * *

Dirias, diante da atividade que desenvolves, tratar-se de uma questão do mais alto interesse para a humanidade, quando se trata, na maioria dos casos, senão de te pores em condições de satisfazer a necessidades exageradas, à vaidade, ou de te entregares a excessos.
* * *

Quantos sofrimentos, aborrecimentos e angústias cada um se impõe; quantas noites de insônia para aumentar a fortuna muitas vezes mais que suficientes!
* * *

Por cúmulo de cegueira, frequentemente se encontram pessoas, escravizadas a penosos trabalhos pelo amor imoderado da riqueza e dos prazeres que ela proporciona, a se vangloriarem de viver uma existência dita de sacrifício e de mérito - como se trabalhassem para os outros e não para si mesmas! Insensatos! Creem realmente, que lhe serão levados em conta os cuidados e os esforços que despendem movidos pelo egoísmo, pela cobiça ou pelo orgulho, enquanto esquecem do seu futuro, bem como dos deveres que a solidariedade fraterna impõe a todos os que gozam das vantagens da vida social?
* * *

*Fénelon, Argel,1860*

Sendo o homem o depositário, o administrador dos bens que Deus pôs nas suas mãos, contas severas serão pedidas do emprego que ele deu, em virtude do seu livre-arbítrio.
* * *

O mau uso consiste em aplicar os bens exclusivamente na sua satisfação pessoal; bom é o uso todas as vezes que deles resulta um bem qualquer para outro. O merecimento de cada um está na proporção do sacrifício que se impõe a si mesmo.
* * *

A beneficência é apenas um modo de empregar-se a riqueza; ela dá alívio à miséria presente; diminui a fome, preserva do frio e proporciona abrigo ao que não o tem. Dever igualmente imperioso e meritório é o de prevenir a miséria. Esta é a missão das grandes fortunas, missão a ser cumprida mediante os trabalhos de todo gênero que com elas se podem executar.
* * *

A riqueza concentrada em uma mão deve ser qual fonte de água viva que espalha a fecundidade e o bem-estar ao seu redor.
* * *

Se Jesus falava principalmente das esmolas, é que naquele tempo e no país em que ele vivia não se conheciam os trabalhos que as artes e a indústria criaram depois e nas quais as riquezas podem ser aplicadas utilmente para o bem geral. A todos os que podem dar, pouco ou muito, digam: dê esmola quando for preciso; mas, tanto quanto possível, converta-a em salário, a fim de que aquele que a receba não se envergonhe dela.

*Desprendimento dos bens terrenos*
*Espírito Lacordaire, Constantina, 1863.*

O apego aos bens terrenos constitui um dos mais fortes obstáculos ao adiantamento moral e espiritual. Pelo apego à posse de tais bens, destroem -se as faculdades de amar, aplicando-as todas às coisas materiais.
* * *

Quer a fortuna tenha vindo da tua família, quer a tenhas ganho com o teu trabalho, há uma coisa que não deves esquecer nunca: é que tudo origina-se de Deus, tudo retorna à Deus. Nada te pertence na Terra, nem sequer o teu corpo: a morte te despoja dele, como de todos os bens materiais. És depositário e não proprietário, não te iluda. Deus te emprestou, terás de os restituir; e ele empresta sob a condição de que o supérfluo, pelo menos, caiba aos que precisam do necessário.
* * *

Um dos teus amigos te empresta certa quantia. Por pouco honesto que sejas, fazes questão de a restituir e ficas agradecido. Pois bem: essa a posição de todo homem rico. Deus é o amigo celestial, que emprestou a riqueza, não querendo para si mais do que o amor e o reconhecimento do rico. Exige deste que, por sua vez, dê aos pobres, que são, tanto quanto ele, seus filhos.
* * *

Um pai de família, por exemplo, deixando de praticar a caridade, economizará, amontoará ouro, para, segundo ele, deixar aos filhos a maior soma possível de bens e evitar que caiam na miséria. É muito justo e paternal e ninguém pode censurar. Mas será sempre esse o único objetivo a que ele obedece? Não será muitas vezes um compromisso com a sua consciência, para justificar, aos seus próprios olhos e aos olhos do mundo, seu apego pessoal aos bens terrenos?

Admitamos seja o amor paternal o único objetivo que o guie. Será isso motivo para que esqueça seus irmãos perante Deus? Quando já ele tem o supérfluo, deixará na miséria os filhos, por lhes ficar um pouco menos desse supérfluo? Não será, antes, dar-lhes uma lição de egoísmo e endurecer-lhes os corações? Não será enfraquecer neles o amor ao próximo? Pais e mães, cometem grande erro, se creem que desse modo conseguirão maior afeição dos seus filhos. Ensinando-lhes a ser egoístas para com os outros, ensina-lhes a sê-lo para com vocês mesmos.
* * *

A um homem que muito trabalhou, e que com o suor de seu rosto acumulou bens, é comum ouvires dizer que, quando o dinheiro é ganho, melhor conhece o seu valor. Nada mais verdadeiro. Pratique a caridade, dentro das suas possibilidades, esse homem que declara conhecer todo o valor do dinheiro, e maior será o seu merecimento, do que o daquele que, nascido na abundância, ignora as rudes fadigas do trabalho. Mas, também, se esse homem, que se recorda dos seus sofrimentos, dos seus esforços, for egoísta, impiedoso para com os pobres, bem mais culpado se tornará do que o outro, pois, quanto melhor cada um conhece por si mesmo as dores ocultas da miséria, tanto mais propenso deve sentir-se em aliviá-las nos outros.
* * *

Sempre há no homem que possui fortuna um sentimento tão forte quanto o apego aos mesmos bens: é o orgulho. Não raro, vê-se o novo rico tornar confuso, com a narrativa de seus trabalhos e de suas habilidades, o sofredor que lhe pede assistência, em vez de ajudá-lo, acaba dizendo: "Faça o que eu fiz." Segundo o seu modo de ver, a bondade de Deus não entra por coisa alguma na obtenção da riqueza que conseguiu acumular; pertence-lhe a ele, exclusivamente, o mérito de a possuir. O orgulho lhe põe sobre os olhos uma venda e lhe tapa os ouvidos. Apesar de toda a sua inteligência e sua aptidão, não compreende que, com uma só palavra, Deus o pode lançar por terra.
* * *

Esbanjar a riqueza não é demonstrar desapego dos bens terrenos: é descuido e indiferença. Depositário desses bens, não tem o homem o direito de os destruir, como não tem o de apoderar-se em seu proveito.

Gastar excessivamente não é generosidade: é, frequentemente, uma modalidade do egoísmo. Um, que gasta exageradamente a fortuna que disponha, para satisfazer a uma fantasia, talvez não dê um centavo para prestar um auxílio. O desapego aos bens terrenos consiste em apreciá-los no seu justo valor, em saber servir-se deles em benefício dos outros e não apenas em benefício próprio, em não sacrificar por eles os interesses da vida futura, em perdê-los sem reclamar, caso agrade a Deus retirá-los. Se, por efeito de imprevistas desgraças, se tornar qual Job, diz como ele: "Senhor, tu me havias dado e me tiraste. Faça-se a tua vontade."Eis aí o verdadeiro desprendimento. Seja, antes de tudo, submisso; confia nAquele que, tendo-lhe dado e tirado, pode novamente restituir-lhe o que tirou. Resista esperançoso ao abatimento, ao desespero, que paralisam as forças. Quando Deus lhe desferir um golpe, não esqueça nunca que, ao lado da mais rude prova, coloca sempre uma consolação. Pondere que há bens infinitamente mais preciosos do que os da Terra e essa idéia ajudará a desprender-se destes últimos.
* * *

A ninguém ordena o Senhor que se desfaça do que possua, em condenação de tornar-se voluntariamente mendigo, porque aquele que o fizesse tornar-se-ia uma carga para a sociedade. Proceder assim fora compreender mal o desprendimento dos bens terrenos. Fora egoísmo de outro gênero, porque seria o indivíduo desobrigar-se da responsabilidade que a riqueza faz pesar sobre aquele que a possui.

Deus a concede a quem lhe parece bom a fim de que a administre em proveito de todos. O rico tem uma missão, que ele pode embelezar e tornar proveitosa a si mesmo.
* * *

Rejeitar a riqueza, quando Deus a concede, é renunciar aos benefícios do bem que se pode fazer, administrando-a com critério. Sabendo passar sem ela, quando não a tem, sabendo empregá-la utilmente quando a possui, sabendo sacrificá-la quando necessário, procede a criatura de acordo com a vontade do Senhor. Diga aquele a cujas mãos venha o que no mundo se chama uma boa fortuna: Meu Deus, tu me destinaste um novo encargo; dá-me a força de desempenhá-lo segundo a tua santa vontade.
* * *

Saiba contentar-te com pouco. Se és pobre, não inveje os ricos, porque a riqueza não é necessária à felicidade. Se és rico, não esqueça que os bens de que dispõe apenas te estão confiados e que tens de justificar o emprego que deres, como se prestasse contas de uma tutela. Não sejas depositário infiel, utilizando-os unicamente em satisfação do próprio orgulho e sensualidade. Não te julgues com o direito de dispor em teu exclusivo proveito daquilo que recebestes, não por doação, mas simplesmente como empréstimo. Se não sabes restituir, não tens o direito de pedir, e lembra-te de que aquele que dá aos pobres, salda a dívida que contraiu com Deus.
* * *

*Transmissão de riqueza*
*São Luís – Paris,1860*


O princípio, segundo o qual ele é apenas depositário da fortuna de que Deus lhe permite gozar durante a vida, tira ao homem o direito de transmiti-la aos seus descendentes? O homem pode perfeitamente transmitir, por sua morte, aquilo de que usufruiu durante a vida, porque o efeito desse direito está subordinado sempre à vontade de Deus, que pode, quando quiser, impedir que aqueles descendentes gozem do que lhes foi transmitido. Não é outra a razão por que desmoronam fortunas que parecem solidamente constituídas. É impotente a vontade do homem para conservar nas mãos da sua descendência a fortuna que possua. Isso não o priva do direito de transmitir o empréstimo que recebeu de Deus, uma vez que Deus pode retirá-lo, quando o considere oportuno.

ESTUDO 75 O LIVRO DOS MÉDIUNS - SEGUNDA PARTE DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS – CAPITULO XVI - MÉDIUNS ESPECIAIS #190. Médiuns especiais para efeitos intelectuais. Aptidões diversas.

O LIVRO DOS MÉDIUNS

(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Por
ALLAN KARDEC
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.

SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CAPITULO XVI

MÉDIUNS ESPECIAIS
           
Estudo 75 - 190. Médiuns especiais para efeitos intelectuais. Aptidões diversas.

Médiuns extáticos: os que, em estado de êxtase, recebem revelações da parte dos Espíritos. "Muitos extáticos são joguetes da própria imaginação e de Espíritos zombeteiros que se aproveitam da exaltação deles. São raríssimos os que mereçam inteira confiança."

Médiuns pintores ou desenhistas: os que pintam ou desenham sob a influência dos Espíritos. Falamos dos que obtêm trabalhos sérios, visto não se poder dar esse nome a certos médiuns que Espíritos zombeteiros levam a fazer coisas grotescas, que desabonariam o mais atrasado estudante.

O trabalho considerado sério terá como característica a fidelidade ao estilo peculiar de cada artista. Pode ser sucessivo e algumas vezes simultâneo com escolas distintas, não raro antagônicas; haverá a maneira não convencional de grafar ou pintar, a rapidez, a elaboração com ou sem pincéis, espátulas, uso de ambas as mãos, pés, olhos abertos ou fechados, claridade ou obscuridade, luz solar ou noite, tudo realizado em minutos ou segundos.

Revista Espírita de 1858 – Agosto: Os Espíritos levianos se comprazem em imitar. Na época em que apareceram os notáveis desenhos de Júpiter, surgiu grande número de pretensos médiuns desenhistas, que Espíritos levianos induziram a fazer as coisas mais ridículas. Um deles, entre outros, querendo eclipsar os desenhos de Júpiter, ao menos nas dimensões, quando não fosse na qualidade, fez que um médium desenhasse um monumento que ocupava muitas folhas de papel para chegar à altura de dois andares. Muitos outros se divertiram fazendo que os médiuns pintassem supostos retratos, que eram verdadeiras caricaturas.

Médiuns músicos: os que executam, compõem, ou escrevem músicas, sob a influência dos Espíritos. Podem ser mecânicos, semimecânicos, intuitivos e inspirados, como os há para as comunicações literárias. Há também os médiuns de efeitos musicais que são aqueles que provocam a execução de composições em certos instrumentos musicais, sem contato com os mesmos.

Complementando nosso estudo, transcrevemos a questão 74 item 24, já estudada:

Cap IV – 76-24: Dizes que o Espírito não usa as mãos para mover a mesa, mas em certas manifestações aparecerem mãos a dedilharem teclados, movimentando as teclas e produzindo sons. Não parecia, nesse caso, que as teclas eram movimentadas pelos dedos? E a pressão dos dedos não é também direta e real, quando a sentimos em nós mesmos, quando essas mãos deixam marcas na pele?

— Não poderias compreender a natureza dos Espíritos e sua maneira de agir por meio dessas comparações, que dão apenas uma ideia incompleta. É um erro querer sempre assemelhar às vossas, as maneiras deles procederem. Os processos dos Espíritos devem estar sempre em relação com a sua organização. Já não dissemos que o fluido do perispírito penetra na matéria e se identifica com ela, dando-lhe uma vida factícia? Pois bem, quando o Espírito movimenta as teclas com os dedos, ele o faz realmente. Mas não é pela força muscular que faz a pressão. Ele anima a tecla, como faz com a mesa, e a tecla obedece à sua vontade e vibra a corda. Neste caso, ocorre um caso de difícil compreensão para vós. É que certos Espíritos são ainda tão atrasados e de tal forma materiais em comparação com os Espíritos elevados, que conservam as ilusões da vida terrena e julgam agir como quando estavam no corpo. Não percebem a verdadeira causa dos efeitos que produzem, como um pobre homem não compreende a teoria dos sons que pronuncia. Se perguntares como tocam o piano, dirão que com os dedos, pois assim creem fazer. Produzem o efeito de maneira instintiva, sem o saberem, e não obstante pela sua vontade. Quando falam e se fazem ouvir, é a mesma coisa, da mesma maneira que a mímica substitui, nos mudos, a palavra que lhes falta.

Bibliografia:

KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XVI - 2ª Parte – item 190

BIGHETTI, Leda Marques – Educação Mediúnica – Teoria e Prática-1º volume: 1.ed. Ribeirão Preto: BELE, 2005 - pág 206 - 207


Tereza Cristina D'Alessandro
Janeiro 2008


Centro Espírita Batuíra
cebatuira@cebatuira.org.br

Ribeirão Preto - SP

sábado, 23 de julho de 2016

*EVANGELHO ESSENCIAL 16/2* #NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON - INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – XXV

CAPÍTULO III: HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI

ITENS 16 A 18: MUNDOS REGENERADORES

Nova mensagem de Santo Agostinho, também psicografada em Paris, em 1862.

 "Cada turbilhão planetário, girando no espaço em torno de um centro comum, arrasta consigo mundos primitivos, de provas, de regeneração e de felicidade."

Tornar-se mundo regenerador é a próxima fase do nosso planeta, o alvo para o qual devemos nos esforçar para atingir, porque nesses mundos o espírito imortal está liberto de muitos sofrimentos necessários a espíritos rebeldes às leis divinas. Neles goza-se de uma felicidade considerada impossível por muitos de nós, mas mais próxima da felicidade real, que vem de dentro do ser, pela sua compreensão da sabedoria e do amor de Deus.

Alguns mundos transitórios podem ser chamados de regeneradores, porque servem de transição entre os de expiações e os felizes.

Pensamos que nesses mundos acontece a realização dos nossos sonhos atuais de paz e felicidade. Cada povo continua com sua cultura, seus usos e costumes sociais, religiosos, mas sem querer impô-los: a liberdade individual de escolha funciona no respeito à liberdade do outro. As pessoas se movimentam sem restrições, de um país a outro, porque onde estiverem continuarão no esforço de trabalhar no bem.

Nossos maiores e difíceis problemas atuais, como a má distribuição de rendas, as diferenças do viver de muitos na falta do necessário, sem condições intelectuais e financeiras de mudança, dos que lutam e se esforçam para manter sua família num bem-estar razoável e do consumismo e desperdício de outros, pela abundância de bens materiais, estão resolvidos ou em vias de o serem, pela boa vontade de todos que desejam para o próximo o que deseja para si.

Os governos são constituídos por pessoas escolhidas por todos, pela sua inteligência e moralidade vividas no dia a dia. Os deveres e direitos de cada um e de todos estão determinados por leis entendidas e aceitas por todos, porque seus habitantes já estão convencidos de que só o bem de todos e para todos traz a paz e a felicidade para cada um.

São mundos mais felizes em relação à Terra

O homem ainda está sujeito às leis que regem a matéria. A humanidade experimenta as vossas sensações e os vossos desejos mas, está isenta das paixões desordenadas que vos escravizam. Neles não há mais o orgulho que emudece o coração, a inveja que o tortura e o ódio que o asfixia. A palavra amor está escrita em todas as frontes; uma perfeita equidade regula as relações sociais; todos se manifestam a Deus e procuram elevar-se a Ele, seguindo as suas leis."

Diz Santo Agostinho que não existe aí a perfeita felicidade, mas a aurora da mesma. Compreendemos esta afirmativa, mas para nós que vivemos em um mundo onde o bem encontra imensas dificuldades para crescer, a resolução dos nossos problemas maiores será uma imensa felicidade e a amostra de que podemos um dia alcançar a felicidade plena dentro de nós.

Nosso Irmão Maior nos diz isso e afirma que esses mundos representam a calma após a tempestade, a convalescença após uma doença cruel.

Neles, embora vivendo ainda uma vida material, com problemas materiais, mas diferentes dos nossos, o homem sente-se feliz porque sabe que seus esforços têm um sentido nobre, compreende que existe um futuro de paz e felicidade para todos, e que ele está colaborando nessa conquista.

Compreendendo a continuidade da vida, sentindo o amor crescendo dentro de si, sua percepção espiritual se amplia e ele antevê o futuro, colocando-se acima dos horizontes materiais; sente-se participante e colaborador do Pai e confiante, esforça-se mais e mais no bem-estar de todos. Todavia, ainda aí, num mundo bem melhor do que o nosso, o homem não se libertou totalmente do mal e pode falhar, podendo até retornar a um mundo de expiações e de provas, não num retrocesso espiritual, visto que levará consigo o que conseguiu desenvolver, mas para melhorar-se, não prejudicando o progresso dos habitantes do mundo regenerador. É uma punição advinda da lei natural e eterna de causa e efeito e no “a cada um segundo as suas obras", do Mestre Jesus.

Em nossas preces, peçamos a Deus que o objetivo do aperfeiçoamento de nós próprios e da nossa Terra, esteja sempre em nossas mentes e nossos corações, a fim de perseverarmos nesta luta de desenvolver o amor dentro e ao redor de nós, possibilitando que possamos viver um dia em um mundo regenerador.

Bibliografia:

1- Allan Kardec, O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Livro Primeiro: Capítulo III: CRIAÇÃO, V: Pluralidade dos Mundos. Capítulo IV, PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS, III e IV: Encarnação nos Diferentes Mundos e Transmigração Progressiva. Capítulo VI, VIDA ESPÍRITA, I e II: Espíritos Errantes e Mundos Provisórios.

2 - Emmanuel, A CAMINHO DA LUZ, capítulo III: As Raças Adâmicas


Leda de Almeida Rezende Ebner
Junho / 2003


Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.brRibeirão Preto (SP)

sexta-feira, 22 de julho de 2016

ESTUDO EVANGÉLICO 59 - LIVRO PALAVRAS DE VIDA ETERNA - TEMA: # Terra - Bênção Divina

ESTUDO EVANGÉLICO

Livro: Palavras de Vida Eterna

Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

ESTUDO 59

Terra - Bênção Divina


"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna." - Jesus. (João, 3:16.)


Emmanuel1 neste texto reflete sobre o que representa a Terra para o homem, uma vez que questões como: quem sou, o que faço na Terra, para onde vou, são ainda bastante intrigantes para a maioria. Até mesmo no meio espírita muitos conservam idéias equivocadas acerca desse assunto em decorrência da compreensão parcial da doutrina.

             

Reforçaremos o desdobramento e compreensão do texto com matéria elaborada por Jaci Regis2 em seu livro "Comportamento Espírita" que estuda a História revelando, como uma constante, as predições do fim do mundo, a perspectiva de um salvador, a condenação ao fogo eterno, as lendas de grandes cataclismos e do dilúvio que contribuíram para a idéia da vida física como um castigo, uma condenação.

     
Essas ideias derrotistas e doentias fazem parte do atavismo ancestral e tem levado o homem a encarar a vida na Terra como um ônus, uma espécie de queda ou degeneração do espírito ou alma que pecou. 
           
A Doutrina Espírita descarta esse aspecto de queda e punição, valorizando a vida, ressaltando que a matéria é um dos componentes essenciais do Universo, e importantíssima para o desenvolvimento do Espírito Imortal. 
              
Como entender?
           
O homem é um Espírito encarnado. O Espírito é perfectível, isto é, tem potencialidade para atingir a perfeição que somente será alcançada com o desenvolvimento dessa potencialidade. Para isso encarna e reencarna em mundos materiais que lhe oferecem as condições, os estímulos necessários ao processo de crescimento a que todos estão submetidos. 
              
Fomos criados e nascemos para sermos felizes. A Terra não nos foi dada como exílio ou punição, mas como bendita escola, lar que nos acolhe e nos abriga2, campo de aperfeiçoamento e crescimento que oferece tudo quanto necessitamos para o desenvolvimento do Espírito. Nas buscas e nas lutas para viver vamos nos aprimorando, nos qualificando e transformando para melhor o mundo que nos acolhe.
           
 A Terra, portanto, é "Bênção Divina"1, lugar onde se desenvolve valores e se fixam expressões superiores para a vida, criando o futuro de amor e paz que todos almejamos.
           
Ressalta Emmanuel1 que, na vida diária, estamos incessantemente rodeados de bênçãos.

O regaço materno...

O refúgio do corpo...

O calor do berço...

O conforto do lar...

O privilégio da oração...

O apoio do alfabeto...

A luz do conhecimento...

A alegria do trabalho...

A riqueza da experiência...

O amparo das afeições...

Do mundo recebes o pão que te alimenta e o fio que te veste.
             

E na exortação final diz: Não te faças, assim, a causa do mal no mundo, que em todas as expressões essenciais, consubstancia o Bem Maior em si mesmo.

Lembra-te de que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"1.

Bibliografia:

1 - Xavier, Francisco Cândido. "Palavras de Vida Eterna: Terra - Bênção Divina". Ditado pelo Espírito Emmanuel. CEC. 17a ed. Uberaba, MG. 1992.

Regis, Jaci. "Comportamento Espírita: O Espírita e o Mundo". DICESP-Divulgação Cultural Espírita S/C Editora. 3ª ed. Santos, SP. 1986.
                       
Iracema Linhares Giorgini
junho de 2006

Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto (SP)

quarta-feira, 20 de julho de 2016

*Céu inferno_071_2a. parte cap. VI - Criminosos Arrependidos - Jacques Latourparte 1*

*Céu inferno_071_2a. parte cap. VI - Criminosos Arrependidos - Jacques Latourparte 1*

*TEXTO PARA ESTUDO*

*(Assassino condenado pelo júri de Foix e executado em setembro de 1864)*

Em reunião intima de sete a oito pessoas, havida em Bruxelas a 13 de setembro de 1864 e à qual assistíamos, foi pedido a um médium que tomasse do lápis, sem que aliás houvéssemos feito qualquer evocação especial.

Possuído de extraordinária agitação, ei-lo a traçar caracteres muito grossos, e depois, rasgando o papel, exclama:

"Arrependo-me! arrependo-me! Latour!"

Surpreendidos com a inesperada comunicação, de modo algum provocada, visto como ninguém pensara nesse infeliz, cuja morte até então era ignorada por uma parte dos assistentes, dirigimos ao Espírito palavras de conforto e comiseração, fazendo-lhe em seguida esta pergunta:

- Que motivo vos levou a manifestar-vos aqui, de preferência a outro lugar, quando não vos evocamos?

 *Responde o médium de viva voz:*

"Vi que, almas compassivas, teríeis piedade de mim, ao passo que outros ou me evocavam mais por curiosidade que por caridade, ou de mim se afastavam horrorizados." Depois começou por uma cena indescritível que não durou mais de meia hora. O médium, juntando os gestos e a expressão da fisionomia à palavra, deixava patente a identificação do Espírito com a sua pessoa; às vezes, esses gestos de cruel desespero desenhavam vivamente o seu sofrimento; o tom da sua voz era tão compungido, as súplicas tão veementes, que ficávamos profundamente comovidos. Alguns estavam mesmo aterrorizados com a superexcitação do médium, mas nós sabíamos que a manifestação de um ente arrependido, que implora piedade, nenhum perigo poderia oferecer. Se ele buscou os órgãos do médium, é que melhor desejava patentear a sua situação, a fim de que mais nos interessássemos pela sua sorte, e não como os Espíritos obsessores e possessores, que visam apoderar-se dos médiuns para os dominarem. Tal manifestação lhe fora talvez permitida não só em benefício próprio, como também para edificação dos circunstantes.

*Ei-lo a exclamar:*

"Oh! sim, piedade... muito necessito dela... Não sabeis o que sofro... Não o sabeis, e não podereis compreendê-lo. É horrível! A guilhotina! ... Que vale a guilhotina comparada a este sofrimento de agora? Nada! - é um instante. Este fogo que me devora, sim, é pior, porque é uma morte contínua, sem tréguas nem repouso... sem-fim! ... E as minhas vítimas, ali estão ao redor, a mostrar-me os ferimentos, a perseguir-me com seus olhares...

"Aí estão, e vejo-as todas... todas... sem poder fugir-lhes! E este mar de sangue?! E este ouro manchado de sangue?! Tudo aí está... tudo... e sempre ante meus olhos! E o cheiro de sangue... Não o sentis? Oh! Sangue e sempre sangue! Ei-las que imploram, as pobres vítimas, e eu a feri-las sempre... sempre... impiedosamente! ... O sangue inebria-me... Acreditava que depois da morte tudo estaria terminado, e assim foi que afrontei o suplício e afrontei o próprio Deus, renegando-O! ... Entretanto, quando me julgava aniquilado para sempre, que terrível despertar... oh! sim, terrível, cercado de cadáveres, de espectros ameaçadores, os pés atolados em sangue!!... Acreditava-me morto, e estou vivo! Horrendo! horrendo! mais horrendo que todos os suplícios da Terra! Ah! se todos os homens pudessem saber o que há para além da vida, saberiam também quanto custam as consequências do mal! Certo não haveria mais assassínios, nem criminosos, nem malfeitores! Eu só quisera que todos os assassinos pudessem ver o que eu vejo e sofro...

"Oh! então não mais o seriam, porque é horrível este sofrimento! Bem sei que o mereci, oh! meu Deus, porque também eu não tive compaixão das minhas vítimas; repelia as mãos súplices quando imploravam que as poupasse... Sim, fui cruel, decerto, matando-as covardemente para roubá-las! E fui ímpio, e fui blasfemo também, renegando o vosso sacratíssimo Nome... Quis enganar-me, porque eu queria persuadir-me de que Vós não existíeis... Meu Deus, eu sou grande criminoso! Agora o compreendo. Mas... não tereis piedade de mim? ... Vós sois Deus, isto é, a bondade, a misericórdia! Sois onipotente! Piedade, Senhor! Piedade! Eu vo-lo peço, não sejais inexorável; libertai-me destes olhares odiosos, destes espectros horríveis... deste sangue... das minhas vítimas... olhares que, quais punhaladas, me varam o coração.

"Vós outros que aqui estais, que me ouvis, sede bondosos, almas caritativas. Sim, eu o vejo, sei que tendes piedade de mim, não é verdade? Haveis de orar por mim...

"Oh! eu vo-lo suplico, não me abandoneis como fiz outrora aos outros. Pedireis a Deus que me tire este horrível espetáculo de ante os olhos, e Ele vos ouvirá porque sois bons... imploro, orai por mim."

Os assistentes, sensibilizados, dirigiram-lhe palavras de conforto e consolação. Deus, disseram-lhe, não é inflexível; apenas exige do culpado um arrependimento sincero, aliado à vontade de reparar o mal praticado. Uma vez que o vosso coração não está petrificado e que lhe pedis o perdão dos vossos crimes, a sua misericórdia baixará sobre vós. Preciso é, pois, que persevereis na boa resolução de reparar o mal que fizestes. Certo, não podeis restituir às vítimas as vidas que lhes arrancastes, mas, se o impetrardes com fervor, Deus permitirá que as encontreis em uma nova encarnação, na qual lhes podereis patentear tanto devotamento quanto o mal que lhes fizestes. E quando a reparação lhe parecer suficiente, para logo entrareis na sua santa graça. Assim, a duração do vosso castigo está nas vossas mãos, dependendo de vós o abreviá-lo. Comprometemo-nos a auxiliar-vos com as nossas preces e invocar para vós a assistência dos bons Espíritos. Vamos pronunciar em vossa intenção a prece que se contém em O Evangelho segundo o Espiritismo, referente aos Espíritos sofredores e arrependidos. Não pronunciaremos a que se refere aos maus Espíritos, porque desde que vos arrependeis, que implorais, que renunciais ao mal, não passais para nós de um Espírito infeliz e não mau.

Feita essa prece, o Espírito continua, depois de breves instantes de calma:

"Obrigado, meu Deus! ... Oh! obrigado! Tivestes piedade de mim... Eis que se afastam os espectros... Não me abandoneis, enviai-me os vossos bons Espíritos para me sustentarem... Obrigado...

Depois desta cena o médium fica alquebrado, abatido, os membros lassos por algum tempo. A princípio, apenas tem vaga ideia do que se há passado, mas pouco a pouco vai-se lembrando de algumas das palavras que pronunciou sem querer, reconhecendo que não era ele quem falara.

No dia seguinte, em nova reunião, o Espírito tornou a manifestar-se, reencetando a cena da véspera, porém por minutos apenas, e isso com a mesma gesticulação expressiva, posto que menos violenta. Depois, tomado de agitação febril, escreveu:

"Grato às vossas preces. Experimento já uma sensível melhora. Foi tal o fervor com que orei, que Deus me concedeu um momentâneo alívio; não obstante, terei de ver ainda as minhas vítimas... Ei-las! Ei-las! Vedes este sangue? ..." (Repetiu-se a prece da véspera. O Espírito continua dirigindo-se ao médium.)

"Perdoai o ter-me apossado de vós. Obrigado pelo alívio que proporcionais aos meus sofrimentos. Perdoai o mal que vos causei, mas eu tenho necessidade de me comunicar, e só vós o podeis...

"Obrigado! obrigado! que já sinto algum alívio, posto não tenha atingido o fim das provações. As minhas vítimas voltarão dentro em breve. Eis a punição a que fiz jus, mas, Deus meu, sede indulgente.

"Orai todos vós por mim, tende piedade. Latour."

Um membro da Sociedade Espírita de Paris, que tinha orado por este infeliz, evocando-o, obteve intervaladamente as seguintes comunicações:

*I*

Fui evocado quase imediatamente depois da minha morte, porém não pude manifestar-me logo, de modo que muitos Espíritos levianos tomaram-me o nome e a vez. Aproveitei a estada em Bruxelas do Presidente da Sociedade de Paris, e comuniquei-me, com a aquiescência de Espíritos superiores.

Voltarei a manifestar-me na Sociedade, a fim de fazer revelações que serão um começo de reparação às minhas faltas, podendo também servir de ensinamento a todos os criminosos que me lerem e meditarem na exposição dos meus sofrimentos. É somente sobre o Espírito dos homens fracos ou das crianças que a narrativa de penas infernais pode produzir efeitos terroristas. Ora; um grande malfeitor não é um Espírito pusilânime, e o temor de um polícia é para ele mais real que a descrição dos tormentos do inferno. Eis por que todos os que me lerem ficarão comovidos com as minhas palavras e com os meus padecimentos, que não são ficções. Não há um só padre que possa dizer que viu o que tenho visto, porque tenho assistido às torturas dos danados. Mas, quando eu vier dizer: "Eis o que se passou após a minha morte, a morte do corpo; eis a minha enorme decepção ao reconhecer-me vivo, ao contrário do que supunha e tinha tomado pelo termo dos suplícios, quando era o começo de outras torturas, aliás indescritíveis!" - então, mais de um ser estará à borda do precipício em que ia despenhar-se, e cada um dos desgraçados, desviados por mim da senda criminosa, concorrerá para o resgate das minhas faltas.

Foi-me permitido libertar-me do olhar das minhas vítimas transformadas em carrascos, a fim de comunicar convosco; ao deixar-vos, entretanto, tornarei a vê-las e só esta idéia me causa tal sofrimento que eu não poderia descrevê-lo. Sou feliz quando me evocam, porque assim deixo o meu inferno por alguns instantes.

Orai sempre ao Senhor por mim, pedi-lhe que me liberte do olhar das minhas vítimas.

Sim, oremos juntos. A prece faz tanto bem... Estou mais aliviado; não sinto tão pesado o fardo que me acabrunha. Vejo um resquício de esperança luzindo-me aos olhos e, contrito, exclamo: Bendita a mão do Senhor e seja feita a sua vontade!

*II*

O médium. - Em vez de pedir a Deus para vos furtar ao olhar das vossas vítimas, eu vos convido a pedir comigo para que vos dê a força necessária a fim de suportardes essa tortura expiatória.

Latour. - Eu preferiria livrar-me de tais olhares. Se soubésseis o quanto sofro... O homem mais insensível comover-se-ia vendo impressos na minha fisionomia, como que a fogo, os sofrimentos de minha alma. Farei, entretanto, o que me aconselhais, pois compreendo ser esse um meio de expiar um pouco mais rapidamente as minhas faltas. É qual dolorosa operação que viesse curar um corpo gravemente adoentado. Ah! Pudessem ver-me os culpados da Terra, e ficariam apavorados das consequências de seus crimes, desses crimes que, ignorados dos homens, são, no entanto, vistos pelos Espíritos. Como a ignorância é fatal para tantas pessoas!

Que responsabilidade assumem os que recusam instrução às classes pobres da sociedade! Acreditam que com polícia e soldados se previnem crimes... Que grande erro!

*III*

Terríveis são os meus sofrimentos, porém, depois que por mim orais, sinto-me confortado por bons Espíritos, os quais me dizem tenha esperança. Compreendo a eficácia do remédio heroico que me aconselhastes e peço a Deus me dê forças para suportar esta dura expiação, aliás igual, posso afirmá-lo, ao mal que fiz. Não quero escusar-me das minhas atrocidades; mas o certo é que, para nenhuma das minhas vítimas, salvo a precedência de alguns instantes, na morte, a dor não existia, e as que tinham terminado a provação terrena foram receber a recompensa que as aguardava. Para mim, entretanto, ao voltar ao mundo dos Espíritos, só houve sofrimentos infernais, excetuados os curtos instantes em que me manifestava.

Em que pesem aos seus quadros terroristas, os padres só têm uma fraca noção dos verdadeiros sofrimentos que a justiça divina reserva aos infratores da lei do amor e da caridade.

Como insinuar a pessoas sensatas que uma alma, isto é, uma coisa imaterial, possa sofrer ao contato do fogo material? É absurdo, e por isso tantos e tantos criminosos se riem desses painéis fantásticos do inferno. O mesmo porém não se dá quanto à dor moral do condenado, após a morte física. Orai para que o desespero não se aposse de mim.

*QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO*

1. Qual o motivo que levou Jacques a se comunicar com aquele grupo de médiuns, sendo que eles sequer o chamaram?

2. Alguns se assustaram com a manifestação um tanto quanto agressiva do Espírito, mas foi explicado o motivo de, neste caso, não haver motivo para tanto. Por quê?

3. Depois dos lamentos de Latour, os assistentes ficaram emocionados e lhe dirigiram palavras de encorajamento e consolação. Quais os ensinamentos que eles transmitiram a Latour?

4. Por que, quando se comunica, é permitido que Latour seja poupado da visão das suas vítimas?

*CONCLUSÃO*

1. Latour viu que eram almas compadecentes e que tinham piedade dele, ao passo que outros o evocavam mais por curiosidade que por verdadeira caridade, ou então se afastavam dele com horror.

2. A comunicação de um Espírito que se arrepende e que implora piedade não oferece nenhum perigo. Se ele tomou os órgãos do médium, foi para melhor pintar a sua situação, e interessar mais à sua sorte, mas não, como os Espíritos obsessores e possessivos, em vista de se apossar dele para dominá-lo. Sem dúvida, isso lhe foi permitido no seu próprio interesse, e talvez também para instrução das pessoas presentes.

3. Os assistentes, tocados pelos seus lamentos, dirigiram-lhe palavras de encorajamento e de consolação. Deus, se lhe disse, não é inflexível: o que ele pede ao culpado é um arrependimento sincero e reparar o mal que fez. Uma vez que o vosso coração não é endurecido, e lhe pedis perdão de vossos crimes, estenderá sobre vós a sua misericórdia, se perseverardes nas vossas boas resoluções para reparar o mal que fizestes. Não podeis, sem dúvida, devolver às vossas vítimas a vida que lhes tirastes, mas, se pedirdes com fervor, Deus vos concederá se encontrar com elas em uma nova existência, onde podereis mostrar-lhes tanto devotamento quanto fostes cruel; e quando ele julgar a reparação suficientes, reentrareis na graça junto dele. A duração de vosso castigo está assim em vossas mãos; depende de vós abreviá-la; prometemos vos ajudar com as nossas preces, e pedir sobre vós a assistência dos bons Espíritos.


4. Lhe foi permitido estar livre da visão de suas vítimas, que se tornaram seus carrascos, a fim dele se comunicar com os médiuns; mas, deixando-os, as verá novamente, e só esse pensamento lhe faz sofrer mais do que pode dizer.