Walter de Moraes
Fontes
“Quanto a
mim, este é o meu concerto:
Diz o
Senhor: o meu espírito está sobre ti e as minhas palavras, que pus na tua boca
não se desviarão da tua boca, nem da boca da tua posteridade, desde agora e por
todo o sempre.“ Isaias: 59:21
O concerto, a aliança, a que desde Moisés os Profetas se
referiam, era o pacto de fidelidade e de respeito ao ensino que eles recebiam
dos espíritos e transmitiam ao povo.
O profeta Isaias, médium psicofônico, vidente e
clarividente, desde a sua puberdade, várias vezes citado por Jesus, recomendava
ao povo cautela quanto à evocação dos mortos, não como proibição, mas para que
aquilatassem se as revelações dos manifestantes não se desviavam dos princípios
que Jeová lhes transmitiu, precatando-se assim contra a falsidade e a
contradição.
Fazia tal advertência porque o povo passou a ser
influenciado pelas crendices místicas e pelas superstições introduzidas no seu
meio pelos invasores Assírios, afeitos à idolatria, à crendice e à magia.
Isaias era um austero defensor do Javismo, a Nova
Revelação, nascida da extraordinária mediunidade de Moisés, que se opunha à
herança das crendices mágicas do passado dos hebreus e das que os influenciaram
no Egito onde se mantiveram como autênticos escravos reduzidos a condições
humilhantes durante mais de quatro séculos. (Ex.12:40)
Emmanuel, pela psicografia do nosso saudoso Chico Xavier,
referindo-se às formas primitivas da mediunidade que geraram as crendices
populares acerca da origem dos males e das formas mágicas que supostamente
poderiam afastá-los, as conceitua como “mediunismo”.
O “mediunismo”, forma rudimentar da manifestação
mediúnica, misturava as estranhas e até então inexplicáveis manifestações
espirituais, quase sempre provocadas por entidades de condição atrasada, às
primitivas práticas religiosas, às simplórias crenças populares e às
superstições milenares.
Afinal, como declaram os sociólogos, os antropólogos, os arqueólogos
e pesquisadores: das experiências primitivas da magia e da mística é que
surgiram as primeiras formulações religiosas.
Como ressalta Kardec, o Espiritismo não pode ser
confundido, nem encarado, menos ainda misturado ou agregado às milenares
superstições criadas pelas empíricas formulações religiosas, resultantes do “mediunismo”,
segundo o conceito de Emmanuel.
Como adverte Kardec, ao abordar o tema dos Caracteres da Doutrina,
no livro A GÊNESE:
“O Espiritismo fez derrocar o império do
maravilhoso e do sobrenatural, fonte da maior parte das superstições”.
As práticas e crenças supersticiosas, aceitas pela
crendice em supostos favores materiais que se pretendem obter dos espíritos
(normalmente zombeteiros), representam um retrocesso evolutivo que, já ao tempo
de Isaias, há mais de 2600 anos, eram condenadas.
O móvel de tais condutas é o apego do homem aos interesses
mundanos e o seu desejo de vencer com maior facilidade e inexistente segurança,
pela proteção espiritual oferecida por espíritos de condição inferior.
Inadvertido, o homem entrega-se ao atavismo da
religiosidade mágica e por fanatismo serve-se do “mediunismo” irresponsável,
obtendo, quase sempre o que quer ouvir, mas obtêm, somente, a palavra da mistificação
de espíritos que zombam da sua credulidade, como adverte Kardec. (LM. -XXIIV-
Nota).
Erasto, discípulo de Paulo, que o ajudou na escrita das Epístolas em
Corinto, onde exercia o cargo de administrador da Cidade, participando da
elaboração do Livro dos Médiuns, escreveu a seguinte instrução:
“Os médiuns levianos e pouco sérios atraem
espíritos da mesma natureza, por isso suas comunicações se mostram cheias de
banalidades, frivolidades, idéias truncadas, não raro muito heterodoxas,” - contrárias à
Doutrina. (LM. 230).
Assevera Kardec: os que: “Buscam um espírito
qualquer” – aventuram-se à obsessão - “diversos foram punidos da presunção de
se julgarem bastante fortes –” com anos de obsessão de toda a espécie, pelas mais
ridículas mistificações e por uma fascinação tenaz – e pelas mais cruéis
decepções.”
Desconsiderando os ensinos de Kardec surpreendemos com tristeza alguns
médiuns mal informados ensinando a través de suposta aula de espiritismo para
jovens os “segredos do zodíaco”, sem ter lido o seu Livro sobre A Gênese.
No capítulo V de A Gênese (12) acentua Kardec –
que foi professor de astronomia como Prof. Rivail -:
“Os
agrupamentos – de estrelas e astros - aos quais foi dado o nome de constelações,
não são senão aparentes amontoados, causados pelo seu afastamento; suas figuras
são efeito de perspectiva... para se distinguirem têm recebido nomes como: Leão,
Touro, Gêmeos, Capricórnio, etc. A crença na influência das constelações, sobretudo
aquelas que constituem os doze signos do zodíaco provém da idéia associada aos
nomes que elas receberam.”
Abdicando
da sua natural seriedade no trato dos assuntos espíritas, arremata como a irônica
observação de que, se em vez de “... Leão tivesse sido denominada (
constelação) jumento ou ovelha, certamente lhe teria sido atribuída uma
influência totalmente diversa.”
Não foi a leviandade, a presunção, a fascinação que os espíritos nos
ensinaram pela psicografia dos missionários médiuns que ajudaram o Prof. Rivail
a registrar as leis da vida espiritual, mas o estudo sério da doutrina que
puseram na nossa consciência.
Utilizando a linguagem de Isaias, anote-se que
“o nosso concerto com os Abnegados Espíritos que nos
legaram a Abençoada Doutrina Codificada por Kardec é o de que “o espírito de
suas palavras não se desviarão , nem da tua boca, nem da tua posteridade”.
Tratando da Perpetuidade do Espiritismo na Revista Espírita de
fevereiro de 1865, declarou Kardec: “O Espiritismo é
inamoldável – indeformável – e não se afastará da verdade.”
Fidelidade a Kardec é
o nosso concerto.
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXIV N° 400
JANEIRO 2010
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
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Correspondência:
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