“A Certeza definitiva de que a vida continua”
(38.ª Parte)
A história de hoje nos faz recuar a 03 de
fevereiro de 1974, na cidade de Americana, São Paulo. Naquele domingo, um fato mudaria
para sempre a existência da até então feliz família Basso Presente. Isto
porque, ao final daquela manhã, seria surpreendida pela notícia da morte por
afogamento de Jair, que na véspera rumara para um pesqueiro em Paulínia, às
margens do rio Atibaia, e, no domingo cedo, modificara o programa, partindo,
sem que em sua casa ninguém soubesse, rumo a praia Azul, distante 30 quilômetros do pesqueiro.
Contando à época 25 anos, Jair cursava o
4.º ano de Engenharia Mecânica, na UNICAMP, demonstrando em sua jornada até
aquele momento, uma pressa de viver, desenvolvendo múltiplas atividades, em
meio ao trabalho para o sustento, lecionando em colégios de Campinas. Alegre,
jovial, aluno destacado, realizara até ali inúmeros cursos de extensão universitária
e também concursos, dos quais era pertinaz candidato. Querido por todos os que
o conheciam pela sua comunicação fácil, dinamismo e plenitude de vida, mantinha
correspondência epistolar com amigos do Exterior. Sua morte súbita impôs imensa
dor e sofrimento aos pais e à irmã, o que começaria a mudar, a partir de um dos
fregueses da conhecida banca de frutas de seu pai no Largo do Rosário em
Campinas, que em lhe percebendo a tristeza e cientificando-se do motivo da mesma
lhe ofertou o livro “PRESENÇA DE CHICO XAVIER”.
Motivado e esperançoso, seu pai ruma com
a esposa e filha para Uberaba, MG, quarenta e dois dias após a morte do filho.
E, na noite/madrugada daquele 15 de março, Jair escreve aos entes queridos
sentida e esclarecedora mensagem confirmando que estava vivo, só que em outra dimensão.
APENAS PASSAGEIRA.
“Não estou em
situação infeliz, mas sofro muito com a atitude de casa. Auxiliem-me. É tudo,
por agora, o que lhes posso dizer. Tenho a mente nublada. Consigo entender
muito pouco aquilo que se passa em torno de mim. As lágrimas dos meus queridos
me prendem.”
Jair naturalmente encontra-se sob o
efeito da perturbação derivada da sua brusca transferência para o Plano
Espiritual. Como se vê sua condição é agravada pela atitude de revolta,
inconformação e desespero dos familiares mais próximos que não conseguiam
aceitar a perda do filho e irmão.
Tal testemunho é o alerta para que nos
compenetremos da importância da resignação diante das separações resultantes da
morte por saber que são apenas circunstanciais e aparentes, por se tratarem de
mudanças apenas vibratórias e momentâneas.
SÁBIAS PALAVRAS.
“É muita coisa para
observar, entretanto não posso ainda. Creio apenas que perder o corpo mais
pesado não é desvencilhar-se do peso de nossas emoções e pensamentos, quando nossos
pensamentos e emoções jazem nas sombras da angústia.”
Acertada a colocação de Jair. O peso que
deixamos é apenas o do corpo, pois o das emoções e pensamentos prossegue animando
o espírito que, por sinal, se precipita para níveis ou dimensões espirituais
compatíveis com seu estado mental por ocasião do desencarne. Como ponderou um
Benfeitor através do espírito André Luiz na série NOSSO LAR, não basta desencarnar
o corpo, é preciso desencarnar os pensamentos.
FORÇA IRRESISTÍVEL.
“As vozes de casa
chegam ao meu coração e, como se continuássemos juntos, vejo-os no quarto,
guardando-me as lembranças como se devesse chegar a qualquer instante. E o meu
pensamento não sai de onde me prendem. Agradeço, sim, o amor em suas lágrimas.
Agradeço o carinho em suas preces, mas venho pedir-lhes para viverem. Viverem!
E viverem felizes, porque assim também serei feliz.”
Reação e comportamento normal o dos familiares
de Jair. Normalmente, os que ficam na retaguarda do Plano Material iludem-se
supondo que o culto aos pertences do desencarnado é capa de suprir-lhes as
carências energéticas, naturalmente resolvidas na convivência diária. É o amor apego,
o qual não conseguimos corrigir até porque geralmente não se tem a noção da
relatividade da existência. Observe-se a força irresistível dos pensamentos que
interliga mentes e corações. Diz Jair: “o meu pensamento não sai de onde me prendem”
e “vejo-os no quarto, guardando-me as lembranças”.
PENSEMOS NISTO.
“O coração parou,
ao modo de um motor de que não se descobre imediatamente o defeito. Sou eu quem
deu tanto trabalho aos amigos. Notei quando me chamavam, quando me abraçavam,
massageavam e me faziam quase respirar sem conseguir. Agradeço por tudo. Depois
foi o sono, um sono profundo, do qual acordei para chorar com o pranto de meus
pais e de meus afetos mais queridos. Sueli acalme-se e auxilie os pais
queridos.”
Estranha deve ser a sensação ao sentirmos
o coração interromper seu funcionamento subitamente.
Mesmo razoavelmente esclarecidos sobre a
questão, não deve ser fácil admitirmos tal ocorrência. Assustador deve ser ver
a movimentação ao redor do corpo imóvel, mantendo a lucidez, sem conseguir se expressar.
Abençoado torpor ou sono profundo que desliga nossa consciência do momento, a
fim de que não registremos detalhes que possam nos prejudicar no despertar no Plano
Espiritual.
NADA É POR ACASO.
“Nada de
lamentações e reclamações. Deixei o corpo num domingo sem extravagâncias
quaisquer. Há quem pense em drogas, quando se deixa a vida física assim qual me
sucedeu. Mas não havia drogas, nem abuso da véspera. Estávamos sóbrios e
brincávamos à maneira de pássaros descuidados.”
Cogitação comum aquela dos que julgam pelas
aparências, sem conhecer a totalidade dos fatores determinantes. A morte de um jovem
por causas naturais, incrivelmente faz supor que o consumo de drogas possa ter
sido fator desencadeante. Trata-se de avaliação equivocada. No caso de Jair,
foi o coração que, provavelmente por causas anteriores, já trazia seu
funcionamento comprometido, expondo-o ao colapso que o vitimou.
A íntegra desta e outras mensagens poderá
ser lida na obra “JOVENS NO ALÉM”, publicada pelo GEEM, de São Bernardo do Campo.
“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXIV N° 400
JANEIRO 2010
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Redação:
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