Francisco
Rebouças
Todos nós sabemos da necessidade do sono para o
refazimento do nosso organismo físico. No entanto, é preciso que se atente para
o fato, de que nem sempre nos é adequado fazer uso dessa bênção para nos restabelecer
o equilíbrio, havendo mesmo ocasiões em que ele pode até se tornar fatal para
nossas vidas. Há momentos em que não se pode admitir que alguém possa estar
dormindo como, por exemplo, na hora do trabalho remunerado, que pode lhe custar
até mesmo a demissão por justa causa; ou quando estiver com a responsabilidade
de cuidar de uma criança; ou ainda no trânsito ao volante de um veículo nas
rodovias brasileiras, imagine um médico dormindo ou mesmo cochilando, durante
uma cirurgia delicada, etc. etc. Assim, podemos afirmar que, “o sono exercido à hora em que se solicita a vigília, pode
tornar-se inimigo cruel e implacável”.
Allan Kardec nos esclarece a respeito da utilidade
do sono conforme segue:
À HORA DE DORMIR
“O sono tem por fim dar repouso ao corpo; o
Espírito, porém, não precisa repousar. Enquanto os sentidos físicos se acham entorpecidos,
a alma se desprende, em parte, da matéria e entra no gozo das faculdades do
Espírito. O sono foi dado ao homem para reparação das forças orgânicas e também
para a das forças morais. Enquanto o corpo recupera os elementos que perdeu por
efeito da atividade da vigília, o Espírito vai retemperar-se entre os outros
Espíritos. Haure, no que vê, no que ouve e nos conselhos que lhe dão, idéias que,
ao despertar, lhe surgem em estado de intuição. É a volta temporária do exilado
à sua verdadeira pátria. É o prisioneiro restituído por momentos à liberdade.
Mas, como se dá com o presidiário
perverso, acontece que nem sempre o Espírito aproveita dessa hora de liberdade
para seu adiantamento. Se conserva instintos maus, em vez de procurar a
companhia de Espíritos bons, busca a de seus iguais e vai visitar os lugares
onde possa dar livre curso aos seus pendores.
Eleve, pois, aquele que se ache
compenetrado desta verdade, o seu pensamento a Deus, quando sinta aproximar-se
o sono, e peça o conselho dos bons Espíritos e de todos cuja memória lhe seja
cara, a fim de que venham juntar-se-lhe, nos curtos instantes de liberdade que
lhe são concedidos, e, ao despertar, sentir-se-á mais forte contra o mal, mais
corajoso diante da adversidade.” ¹
Nas reuniões espíritas, sejam nas palestras, nos
grupos de estudos, nas reuniões mediúnicas, ou outra qualquer, não se pode admitir
que o trabalhador espírita dê menos importância aos labores da Seara do Mestre de
Nazaré, que nos afazeres normais do seu dia a dia, visto que, em sendo ele
admitido para essas tarefas na seara da mediunidade, acredita-se que esteja
consciente de sua responsabilidade nas referidas atividades da casa espírita
que freqüenta.
Temos visto muitos companheiros, alistados nas
tarefas das Casas Espíritas, que são protagonistas de situações realmente desagradáveis,
por se entregarem ao sono nas reuniões doutrinárias, que normalmente já chegam
atrasados com a intenção única de dar passes no final das palestras, para que sejam
observados por todos como tarefeiros passistas de suas instituições. Quando se vêem
chamados a dar algumas explicações sobre o sono que lhes domina, saem com as
maiores e mais absurdas desculpas tais como:
2- Estou trabalhando em parcial desdobramento;
3- Alguns chegam a afirmar, que aprendem muito mais
desdobrados que em vigília, etc.
Claro que esse desculpismo infundado e sem lógica
doutrinária é natural naqueles que se julgam mais sabidos que os outros, mas, que
na verdade em nada condiz com alguém que conhece os preceitos de uma doutrina clara
e lógica como a nossa. Sabemos, que o cansaço físico de um dia atribulado no
trabalho profissional, aliado à falta de motivação e a monotonia de
determinados oradores, muito pode contribuir para a sonolência de quem já tem o
mau hábito de dormir nas atividades espirituais da Casa Espírita.
Mas, esses fatores predisponentes aqui citados, não
representam a verdadeira causa do adormecimento nesse tipo de reunião, que na
sua grande maioria se processa pela interferência de mentes viciosas do mundo
espiritual inferior, que operam magneticamente à distância, com a finalidade de
não permitirem que o indivíduo adormecido se beneficie do tema edificante da
palestra.
“Sobre o assunto, vejamos o que diz o assistente
“Aulus” para André Luiz:
“(...) Os expositores da boa palavra podem ser comparados a técnicos eletricistas, desligando
«tomadas mentais», através dos princípios libertadores que distribuem na esfera
do pensamento.
Sorriu bem-humorado e prosseguiu:
— Em razão disso, as entidades vampirizantes
operam contra eles, muitas vezes envolvendo-lhes os ouvintes em fluidos
entorpecentes, conduzindo esses últimos ao sono provocado, para que se lhes
adie a renovação”.²
Irmã Zélia, também confirma a ação perniciosa dos
desencarnados infelizes que se aproveitam da invigilância de certos tarefeiros,
que imprevidentes e despreparados para os misteres da mediunidade se deixam
envolver por essas influências negativas conforme narra a Otilia Gonçalves:
“Alguns – prosseguiu – penalizada –, embora libertados momentaneamente das expressões obsedantes,
penetram o recinto, com desrespeito e indiferença, entregando-se, durante o
trabalho, ao sono reprovável, resultante da intoxicação mental de que são
portadores, ou se deixam conduzir pelos pensamentos habituais, refazendo as
ligações mentais e ameaçando o serviço venerando, pela possibilidade de invasão
intempestiva dos seus algozes revoltados, constrangidos, na retaguarda, e que, destarte,
encontram brechas no conjunto que deve ser protegido e defendido por todos.” ³
Dessa forma, é de suma importância que nos preparemos
adequadamente, para exercer as atividades no labor mediúnico, em nossas Casas Espíritas ,
observando alguns ensinos ministrados pelos amigos espirituais dentre os quais
destacamos:
a- Quando possível, fazer um pequeno relaxamento
físico e mental, antes de se dirigir ao trabalho espiritual da Casa Espírita;
b- Evitar alimentação exagerada e de
difícil digestão;
c- Dedicar-se com alegria e empenho às
atividades espirituais, por saber que estamos representando Jesus ante o necessitado
que O busca;
d- Evitar conversas negativas, como críticas,
comentários sobre doenças, queixas, etc., portando-se de forma mais digna
exigida para um trabalhador da Seara do Mestre de Nazaré;
e- Manter-se em sintonia elevada, orando e
vibrando positivamente, contribuindo para o êxito do trabalho.
Precisamos atentar para o fato de que, somos os
únicos responsáveis pelas escolhas que fazemos e não podemos ficar acusando
este ou aquele indivíduo, ou este ou aquele motivo para nos desculpar dos
nossos insucessos perante as tarefas de cunho espiritual a nós confiadas pela
Espiritualidade Maior. Sobre esse assunto, ouçamos o que nos diz André Luiz:
“Não acuse os Espíritos desencarnados sofredores,
pelos seus fracassos na luta. Repare o ritmo da própria vida, examine a receita
e a despesa, suas ações e reações, seus modos e atitudes, seus compromissos e
determinações, e reconhecerá que você tem a situação que procura e colhe exatamente
o que semeia”. 4
Que Jesus nos guarde em sua paz, e que não sejamos
nós os responsáveis pelo fracasso das atividades de intercâmbio nas tarefas a que
nos candidatamos por livre e espontânea vontade.
Fontes:
1) E.S.E. – Cap. XVIII, item 38.
2) NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE , 23ª edição– Cap. 4,
pag. 39.
3) ALÉM DA MORTE , 9ª edição – Cap. XVI, pag. 239.
4) AGENDA CRISTÃ – Cap. 18.
FONTE: MUNDO ESPÍRITA
INFORMAÇÃO
REVISTA
ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXIV N° 400 JANEIRO 2010
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