**INFORMAÇÃO
ESPÍRITA**
Eixo
Temático: A Busca da Felicidade
Vivência
da Felicidade
(Joanna
de Angelis, in “Atitudes Renovadas” – Cap 19)
Normalmente
a felicidade é considerada como falta de sofrimento, ausência de
problemas e de preocupações. O conceito, no entanto, é cediço,
destituído de legitimidade, porque se pode experienciar bem-estar,
felicidade, portanto, em situações de dor, assim como diante de
problemas
e
de desafios.
A
felicidade é um estado emocional, no qual as questões externas,
mesmo quando negativas, não conseguem modificar o sentimento de
harmonia.
Da
mesma forma, acontecimentos e circunstâncias perturbadores são
incapazes de alterar-lhe a magnitude, porque podem ser administrados
e conduzidos a resultados edificantes.
Sempre
se considera a infelicidade como a má sorte, a debilidade orgânica,
a presença de enfermidades, os problemas financeiros e emocionais, a
solidão e a insegurança, deixando transparecer que a felicidade
seria o oposto.
Nada
obstante, podemos considerar a felicidade como resultado de
pensamentos corretos, de atos honestos e de sentimentos enobrecidos.
Caso
as ocorrências não sejam benéficas, propiciando prazer e poder,
isso, de maneira alguma
pode
ser considerado como desgraça ou desar, dependendo, naturalmente, da
maneira como sejam encaradas.
Invariavelmente,
a situação deplorável de hoje, se bem administrada, transforma-se
em dádiva de engrandecimento interior e de compreensão dos
acontecimentos existenciais, mais tarde, favorecendo a conquista da
felicidade.
O
asceta, o mártir, o idealista, quanto mais enfrentam dificuldades
melhor sentem-se, agradecendo à vida as aflições que os elevam,
que os ajudam a concretizar os objetivos que abraçam e os
santificam. No entanto, para o indivíduo comum, as sensações
bem-atendidas, o conforto, a conquista de valores amoedados, o
experimentar de prazeres contínuos são fenômenos que se convertem
em expressões de felicidade...
Certamente,
uma situação, a primeira postura, tem que ver com as emoções
superiores da alma, enquanto que a outra diz respeito às sensações
dos sentidos físicos de efêmera duração.
A
felicidade, portanto, desse modo, não está adstrita a determinados
padrões, de maneira que seja a mesma para todos os indivíduos.
Estando
as pessoas em estágio com diferentes níveis de consciência e de
conhecimento, as suas aspirações diversificam-se, apresentando-se
em tonalidades muito especiais, representativas de cada qual. Desse
modo, o conceito de felicidade na vivência normal e comum é muito
diferente,
em
relação aos seres humanos, apresentando-se com características
próprias, referentes ao estágio e qualidade da emoção de cada um.
O
véu que oculta o discernimento da felicidade real é colocado pelo
ego, na sua feição imediatista, vinculado aos interesses pessoais e
movimentando-se somente em torno deles, o que não corresponde à
realidade dos valores que tipificam o estado de harmonia real, de
plenitude. É provável que a felicidade para muitos não seja mais
do que algumas alegrias derivadas das ambições que se fizeram
palpáveis, após algum esforço para consegui-las. Para outros,
podem ser as satisfações hedonistas, em que o gozo foi transformado
em finalidade primordial da existência, embora fugidio e cansativo.
A
felicidade, porém, não se afirma como o trânsito fácil pelos
altibaixos da experiência carnal, tornando-se necessário que sejam
eliminados os tóxicos mentais e a ignorância em torno das leis de
solidariedade e de compaixão, que devem ser vivenciadas no íntimo,
de forma a melhor compreender-se o sentido psicológico do existir.
O
discernimento a respeito dos significados da existência terrestre
proporciona uma visão ampla e sem falhas da felicidade em toda a sua
magnitude, por facultar a compreensão das ocorrências durante a
vilegiatura humana.
É
provável que uma calúnia e uma inimizade que aparecem
inesperadamente tisnem o estado de paz de alguém, atirando-o ao
desespero, ao desejo de desforço, à demonstração de inocência...
Esse
momentâneo adversário que gera revolta e estimula os sentimentos de
vingança, inspira animosidade, passando a ser detestado. No entanto,
em seu comportamento normal, é gentil com outras pessoas, granjeando
simpatia e afeição, confirmando que a óptica pela qual é
observado tem desvios de apresentação conforme cada observador.
Entender
a situação de outrem, suas dificuldades emocionais e seus problemas
de relacionamento, especialmente em relação a si mesmo, constitui
um modelo de autopreservação de decepções e de conflitos na área
do comportamento social.
Não
se pode esperar que todas as criaturas reajam da mesma forma nos
relacionamentos humanos, elegendo uns amigos em detrimento de outros,
o que produz aceitação e rejeição.
Quando
se tem a capacidade de desculpar, não se perturbando ante os
acontecimentos desagradáveis do processo de convivência com os
demais, trilha-se com segurança o roteiro que leva à harmonia, que
predispõe à felicidade.
Uma
das razões dominantes para a presença da infelicidade é a ambição
desmedida, que confunde o ter com o ser, o poder com o realizar-se.
A
educação social na Terra, infelizmente, ainda tem a predominância
pela exaltação do mais forte, pelo triunfo do mais rico ou mais
belo, pela coragem do mais hábil na arte de projetar a imagem,
estabelecendo a felicidade como a glória externa, o brilho fácil
nas rodas socioeconômicas dominantes...
Como
efeito, quando não se conseguem esses padrões de falsa felicidade,
pensa-se em desdita, em fracasso.
Não
é raro encontrar-se pessoas ricas e que alcançaram o topo,
invejadas e copiadas, cercadas de fãs ardorosos e perseguidas pelo
noticiário da frivolidade, que lamentam interiormente a fama e o
alto escalão em que se deparam nos círculos em que se movimentam.
Esse
triunfo constitui-lhes verdadeiro suplício, enquanto um incontável
número que se encontra no anonimato ama a existência e com ela se
compraz, muitas vezes enfrentando carências e dificuldades.
A
verdadeira educação deve ter como meta formar cidadãos, criar
condições dignificadoras para o indivíduo, fortalecimento dos
valores ético-morais, porque os padrões exteriores mudam de
situação a cada momento, enquanto os de natureza íntima permanecem
como diretrizes de sabedoria geradora de paz interior.
Em
geral, o sofrimento apresenta-se em todos os setores humanos como
desdita ou infortúnio.
Considerando-se,
porém, que é inevitável, que sempre surgirá momento em que se
apresentará, em razão da circunstância em que o Espírito evolui,
ainda apegado aos débitos de ontem como às intercorrências
desequilibradoras de hoje, o recurso precioso para o enfrentamento é
a constatação da sua transitoriedade, em face da maneira como deve
ser encarado, dando-lhe qualidades positivas de aperfeiçoamento
moral. De metodologia que leva à autorreflexão, ao aprimoramento
interior.
A
felicidade, desse modo, não é a falta de sofrimento...
Pode-se
ser feliz, embora com algum sofrimento, que não descaracteriza o
bem-estar e a alegria de viver propiciadores do estado pleno.
A
felicidade real tem muito a ver com a felicidade que produz em torno,
com aquela que diz respeito aos outros.
A
chave para ser viabilizada está no amor a si mesmo e ao próximo,
nessa deferência que deve ser dedicada ao esforço de
autoaprimoramento, de elevação de qualidades morais, de
significados emocionados, tendo em vista as demais criaturas. Quem
apenas se ama, sem tempo de ampliar o círculo da afetividade com os
outros, sofre de miopia moral e, no seu egotismo, perde o sentido
existencial.
Somente
quando se ama aos demais caminhantes da estrada da evolução, é que
se desenvolvem os sentimentos de nobreza, especialmente os de
compaixão, de misericórdia, de solidariedade e caridade no seu
sentido mais elevado.
Nesse
amor que se expande, absorvem-se a harmonia e a certeza de que após
a transição do corpo pelo fenômeno da morte biológica, haverá o
despertamento do Espírito em forma de consciência livre de culpa,
em estado de real felicidade.
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