CAPÍTULO 15 = JESUS E TORMENTOS
Genericamente, o homem tem sido considerado como a massa física
e mental, ainda incompleta, que demanda o túmulo e ali se consome.
As religiões reportam-se à alma com um destino adrede fixado
para o futuro, repousando na ociosidade ou padecendo na punição intérmina.
O mundo é, para os primeiros, um lugar de prazeres imediatos com a inevitável
presença do sofrimento, que faz parte da sua imperfeição; para os segundos, é
“vale de lágrimas” ou “lugar de degredo”.
De um lado, a simplista informação do nada após a morte; do outro, a
fatalidade preestabelecida, violando os códigos do querer, do lutar, do vencer.
Uma e outra corrente de pensamento conduz, inevitavelmente, aos tormentos.
Aqui, o gozo até a lassidão dos sentidos, e ali, a amargura
frustrante, a castração da alegria em mecanismos de evasão da realidade.
Fundamentados nessas propostas, surgem aqueles que vivem para fruir
e os que se recusam à satisfação.
*
Jesus foi o protótipo da felicidade.
Amava a Natureza, os homens, os labores simples com os quais teceu
as Suas maravilhosas parábolas.
Não condenava as condições terrenas, não as exaltava.
Na posição de Mestre ensinava como se devia utilizá-las,
respeitando-as, com elas gerando alegria entre todos, abençoando-as.
Como Médico das almas propunha vivê-las sem pertencer-lhes, assinalando
metas mais elevadas, que deveriam ser conquistadas com esforço pessoal.
*
Os tormentos humanos procedem da consciência de culpa de cada criatura.
Originário de outras existências corporais, o Espírito herda as suas
ações, que ressurgem em forma de efeitos.
Quando aquelas foram saudáveis, estes se lhe fazem benfazejos. O inverso
é, igualmente, verdadeiro.
Dos profundos arcanos da individualidade surgem as matrizes das
aflições que se lhe estabelecerão no ser como processos depuradores,
facilitando a instalação das enfermidades, dos tormentos, das insatisfações.
Da mesma forma, criam-se-lhe as condições favoráveis para a
existência, fácil ou árdua, no lar caracterizado por problemas
sócio-econômlco-morais, ou enriquecido de amor e recursos que lhe favorecem a
jornada.
No ser profundo, imortal, encontram-se as raízes dos fenômenos que agora
lhe repontam sobre o solo da organização carnal.
*
Os teus tormentos atuais são tormentos que engendraste em vidas passadas.
Atormentaste com impiedade e agora sofres sem conforto.
Afligiste sem misericórdia e ora padeces sem afeição.
Inquietaste com perversidade e hoje te perturbas sem consolo.
O teu íntimo é um caldeirão fervente.
Os conflitos se sucedem e sais de um para outro desespero.
Tens dificuldade em exteriorizá-los, verbalizá-los, aliviando-te.
Fobias, complexos, recalques dominam-te a paisagem mental e te
sentes um fracassado.
Retempera o ânimo, porém, e sai do refúgio dos teus tormentos para a
luz clara da razão.
Ninguém está, na Terra, fadado ao sofrimento, aos conflitos
destruidores.
Todos retornam ao mundo para aprender, recuperar-se, reconstruir.
Na ausência do amor-ação, aparece-lhes a dor-renovação.
Assim, dispõe-te à paz, à libertação dos tormentos e lograrás
alcançá-las.
*
No inolvidável encontro de Jesus com a mulher de vida libertina, que
Lhe lavou os pés com unguento de lágrimas, enxugando-os com os seus cabelos, temos
a psicoterapia para todos os tormentos.
Disse Ele ao anfitrião que o censurava mentalmente por aceitar a
atitude da pobre atormentada:
“Ela muito amou, e, por isso, os seus pecados lhe serão perdoados.”
Fitando-a com ternura e afeição, recomendou-lhe: “Vai-te em paz, a
tua fé te salvou.”
O amor que se converte em reparação de erros é a eficiente medicação
moral para todas as chagas do corpo, da mente e da alma.
Ama e tranquiliza-te, deixando os teus tormentos no passado, e, ressuscitando
dos escombros. ressurge, feliz, para a reconstrução sadia da tua vida.
JESUS E ATUALIDADE
DIVALDO PEREIRA FRANCO
DITADO PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS
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