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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A Lógica do Espiritismo Ante As Mortes Coletivas

1- Com que objetivo Deus atinge a Humanidade por meio de flagelos destruidores?
– Para fazê-la avançar mais depressa. Não vos dissemos que a destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem, a cada nova existência, um novo grau de perfeição? É preciso ver o fim para lhe apreciar os resultados. Não os julgais senão sob o vosso ponto de vista pessoal e os chamais de flagelos por causa do prejuízo que vos ocasionam. Mas esses transtornos são, freqüentemente, necessários para fazer alcançar, mais prontamente, uma ordem melhor de coisas, e em alguns anos, o que exigiria séculos.
2- Deus não poderia empregar, para o aprimoramento da Humanidade, outros meios senão os flagelos destruidores?
– Sim, e o emprega todos os dias, visto que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. É que o homem não aproveita; é preciso contrariá-lo em seu orgulho e fazê-lo sentir sua fraqueza.
3- Mas nesses flagelos, o homem de bem sucumbe como os perversos; isso é justo?
– Durante a vida, o homem relaciona tudo com o seu corpo, mas, depois da morte, ele pensa de outra forma e, como já dissemos: a vida do corpo é pouca coisa. Um século do vosso mundo é um relâmpago na Eternidade. Portanto, os sofrimentos, do que chamais alguns meses ou alguns dias, não são nada, apenas um ensinamento para vós, e que vos servirá no futuro. Os Espíritos, eis o mundo real, preexistentes e sobreviventes a tudo, são os filhos de Deus e o objeto de toda a sua solicitude; os corpos não são senão os trajes com os quais eles aparecem no mundo. Nas grandes calamidades que dizimam os homens, é como um exército que, durante a guerra vê os seus trajes usados, rasgados ou perdidos. O general tem mais cuidado com seus soldados do que com suas vestes.
4- Mas as vítimas desses flagelos não são menos vítimas?
– Se se considerasse a vida por aquilo que ela é, e o pouco que é com relação ao Infinito, se atribuiria menos importância a isso. Essas vítimas encontrarão, em uma outra existência, uma larga compensação aos seus sofrimentos, se elas sabem suportá-los sem murmurar.
Quer chegue a morte por um flagelo ou por uma causa ordinária, não se pode escapar a ela quando soa a hora da partida:
a única diferença é que com isso, no primeiro caso, parte um maior número de uma vez. Se pudéssemos nos elevar, pelo pensamento, de maneira a dominar a Humanidade e abrangê-la inteiramente; esses flagelos tão terríveis não nos pareceriam mais que tempestades passageiras no destino do mundo.
5- Os flagelos destruidores têm uma utilidade, sob o ponto de vista físico, malgrado os males que ocasionam?
– Sim, eles mudam, algumas vezes, o estado de uma região; mas o bem que disso resulta não é, freqüentemente, percebido senão pelas gerações futuras.
6- Os flagelos não seriam igualmente para o homem provas morais que o submetem às mais duras necessidades?
– Os flagelos são provas que fornecem ao homem a ocasião de exercitar sua inteligência, de mostrar sua paciência e sua resignação à vontade de Deus, e o orientam para demonstrar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se ele não está mais dominado pelo egoísmo.
7- É dado ao homem conjurar os flagelos que o afligem?
– Sim, de uma parte, mas não como se pensa, geralmente. Muitos flagelos são o resultado de sua imprevidência; à medida que ele adquire conhecimentos e experiências, pode conjurá-los, quer dizer, prevení-los se sabe procurar-lhes as causas. Mas, entre os males que afligem a Humanidade, há os gerais que estão nos desígnios da Providência, e dos quais cada indivíduo recebe mais, ou menos, a repercussão. A estes o homem não pode opor senão a resignação à vontade de Deus e, ainda, esses males são agravados, freqüentemente, pela sua negligência.
Entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, é preciso incluir na primeira linha a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais à produção da terra. Mas o homem não encontrou na ciência, nos trabalhos de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, os meios de neutralizar, ou pelo menos de atenuar, os desastres? Certas regiões, outrora assoladas por terríveis flagelos, não estão preservadas hoje? Que não fará, portanto, o homem por seu bem-estar material quando souber aproveitar os recursos de sua inteligência e quando ao cuidado da sua conservação pessoal souber aliar o sentimento de uma verdadeira caridade para com os semelhantes?
8- Há uma fatalidade nos acontecimentos da vida, segundo o sentido ligado a essa palavra, quer dizer, todos os acontecimentos são predeterminados? Nesse caso, em que se torna o livre arbítrio?
– A fatalidade não existe senão para a escolha que fez o Espírito, em se encarnando, de suportar tal ou tal prova.
9- Certas pessoas não escapam de um perigo mortal senão para cair num outro; parece que elas não poderiam escapar à morte. Não há nisso fatalidade?
– Não há nada de fatal, no verdadeiro sentido da palavra, senão o instante da morte. Quando esse momento chega, seja por um motivo ou por outro, não podeis dele vos livrar.
10- Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace não morreremos se a hora não é chegada?
– Não, tu não perecerás, e disso tens milhares de exemplos. Mas, quando é chegada a tua hora de partir, nada pode subtrair-te dela.
Deus sabe, antecipadamente, de qual gênero de morte partirás daqui e, freqüentemente, teu Espírito o sabe também, porque isso lhe é revelado quando faz a escolha de tal ou tal existência.
11- Da infalibilidade da hora da morte, segue-se que as precauções que se tomam para evitá-la são inúteis?
– Não, porque as precauções que tomais vos são sugeridas para evitar a morte que vos ameaça; elas são um dos meios para que a morte não ocorra.
12- Qual o fito da Providência ao fazer-nos correr perigos que não devem ter conseqüência?
– Quando tua vida é posta em perigo, é essa uma advertência que tu mesmo desejaste a fim de te desviar do mal e te tornares melhor.
13- E os pais? Em que situação surpreenderemos os pais dos que devem ser imolados ao progresso ou à justiça, na regeneração de si mesmos? A dor deles não será devidamente considerada pelos poderes que nos controlam a vida?
André Luiz (reproduzindo resposta do Instrutor Druso em “Ação e Reação ”) – Como não? As entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente ou, ainda, aos pais que faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família. A dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mútuas.
14- Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos dos grandes incêndios?
Emmanuel Realmente reconhecemos em Deus o Perfeito Amor aliado à Justiça Perfeita. E o Homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão disso, em qualquer situação, no mais severo julgador de si próprio.
Quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente. É assim que, muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a redenção múltipla. Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos coletividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos. Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de epidemias arrasadoras. Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de sangue e lágrimas. Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidades na conquista de presas fáceis, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação. Criamos a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe as conseqüências. E a Sabedoria Divina se vale dos nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e progressos sempre mais amplos no que diga respeito à nossa própria segurança. É por este motivo que, de todas as calamidades terrestres, o Homem se retira com mais experiência e mais luz no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar a vida. Lamentemos sem desespero, quantos se fizerem vítimas de desastres que nos confrangem a alma. A dor de todos eles é a nossa dor. Os problemas com que se defrontaram são igualmente nossos. Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de Misericórdia Divina junto às ocorrências da Divina Justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.
NOTA COMPLEMENTAR
Imaginemos um evento qualquer da nossa dimensão, sobretudo aqueles que são um primor de organização. Para que tudo funcionasse como um relógio, foi objeto de um bem coordenado planejamento que previu data, local, infra-estrutura de recursos humanos, equipamentos, possíveis falhas, restrição a “penetras”, etc... Sob esse ponto de vista, percebe-se que somos capazes de nos superarmos em tais cometimentos.
Se observamos isso em nossas iniciativas, será o Plano Espiritual limitado em suas realizações? Se “a única fatalidade da vida é o instante da morte” (questão 853, L. E.), se saímos um dia do Plano Invisível com nossa volta pré-determinada quanto à data aproximada e a forma; se eventos do porte de uma desencarnação coletiva já estão marcados para acontecer a ponto de pessoas sonharem com antecedência o fato, por que duvidar que aconteceu sob a permissão de Deus e suas precisas e justas Leis? Chico Xavier nos deixou dois documentos psicografados de sobreviventes à grandes acidentes aéreos. Da queda do Boeing 727, em 07/06/1982 (137 mortos), no livro ANTE O FUTURO (IDEAL) e do Boeing 727 em 12/04/1980 (58 mortos), na obra E O AMOR CONTINUA (Alvorada). Neles, Rosana Maria Temporal de Lara e Jane Furtado Koerich, as autoras, coincidem em vários aspectos:
1.º) Não sentiram dores no momento do impacto e da morte;
2.º) Ouviram vozes no instante do acidente sugerindo confiança em Deus e calma, denotando a presença de equipes espirituais socorristas operando o resgate;
3.º) Apesar das imagens derradeiras dos seus corpos no Plano Material, não se viam ou se sentiam destroçadas na nova forma em que se reconheciam;
4.º) Despertaram da inconsciência em que mergulharam na transferência de Plano, em hospitais das regiões invisíveis;
5.º) Confirmaram aos familiares presentes no momento do recebimento da mensagem, por vários detalhes, serem elas mesmas.

OBRAS CONSULTADAS
Questões 1 a 7 – O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Perguntas 737, 738, 739, 740, 741, IDE
Questões 8 a 12 – O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Perguntas 851, 853, 854, 855, IDE
Questão 13 – AÇÃO E REAÇÃO, Capítulo XVIII, André Luiz (Espírito) por Francisco Cândido Xavier, FEB
Questão 14 - CHICO XAVIER PEDE LICENÇA, Xavier, Francisco Cândido, GEEM


“INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
Esta série foi originalmente produzida na década de 70 e pela permanente atualidade a estamos reeditando e ampliando.
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Correspondência:

Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)

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