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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Existe vida... no planeta dos casados?

Casais experimentam, depois dos sete anos, a sua primeira crise conjugal, lembram os supersticiosos. Outros, mais pessimistas, acham que as crises são uma constante na vida a dois. Nesta entrevista, o médico espírita cearense Francisco Cajazeiras, autor de EXISTE VIDA... DEPOIS DO CASAMENTO, recém-publicado pela Editora EME, é “bombardeado “, com dezenas de perguntas, algumas feitas por seus próprios leitores.
Selecionamos aqui algumas delas. Confira!
O que é sexualidade no ponto de vista espírita e como manter acesa a chama da paixão no pós-casamento...
Cajazeiras — Todas as pessoas, de uma ou de outra forma, amam. O sentimento do amor é uma constante em todos os Espíritos, conquanto possa vir, em muitos casos, a se ressentir da grosseria, da ignorância, do egoísmo circunstancial... Devemos entender a sexualidade como a exteriorização do sentimento amoroso, em qualquer das nuanças em que se venha a apresentar. Então, a sexualidade é muito mais ampla e profunda do que se considera vulgarmente, pois não representa exclusivamente a expressão genital, mas qualquer forma expressiva do sentimento do amor: um aperto de mão, um abraço, um sorriso, etc...
Do ponto de vista do médico, como entender certas criaturas na Terra que não constituem famílias próprias, mas constituem macro-famílias, casos de missionários como Madre Tereza ou Chico Xavier?
Cajazeiras — Considerando-se a ausência de distúrbios na esfera da sexualidade periférica (como tudo leva a crer nos casos descritos), aceita-se do ponto de vista biológico que são pessoas que optam simplesmente por conter sua impulsividade sexual genital. Em muitos casos, apresentam uma libido rebaixada e conseguem apaziguar suas tensões corporais, através dos sonhos que podem inclusive apresentar-se de forma simbólica ou não.
Fisiologicamente, ocorre nos homens o fenômeno das poluções noturnas, através das quais se vem a eliminar os espermatozóides que são maturados naturalmente. Tudo isso é possível, obviamente, por não representar a fisiologia da reprodução uma função vital para a economia orgânica. Em outras palavras, é possível para alguns Espíritos domiciliados no corpo físico expressar o amor através de outros canais que não exatamente os da genitalidade, sem que haja resultados danosos para a saúde. Apesar disso, é preciso que não interpretemos o exercício da sexualidade genital como algo indevido para Espíritos mais evoluídos.
Em seu livro EXISTE VIDA... DEPOIS DO CASAMENTO, alguns capítulos foram dedicados especialmente a questões como Aids, drogadição e a problemática dos filhos de pais separados... Por quê?
Cajazeiras — No livro procuro abordar especialmente a qualidade de vida do casal, para a conclusão-resposta ao título-pergunta da obra. Ora, dada a situação evolutiva da Humanidade, é certo que a Aids atinge de perto a vida do casal, notadamente se levarmos em conta a onda de infidelidade atual (tanto masculina, quanto feminina), o que suscitou a alguns setores que trabalham a profilaxia da Aids sugerirem o uso do preservativo mesmo entre os cônjuges, posto ser numeroso o índice de mulheres contaminadas pelos seus maridos. Já no que concerne à drogadição, vemos a cada dia se elevarem as estatísticas de adolescentes e jovens que ingressam no caminho das drogas por motivos variados, onde sem dúvida faz-se relevante a patológica relação entre pais e filhos. Isto vem afetar de maneira gritante a relação do casal que são os pais dessa garotada, repercutindo de maneira dolorosa e negativa na relação conjugal. Não tenho dúvidas, porém, que cada um dos temas seria, de cada vez, motivo para uma obra específica.
Como proceder diante da infidelidade? Como deverá reagir o espírita diante do cônjuge infiel?
Cajazeiras — A infidelidade constitui, sem nenhuma dúvida, motivo de grande sofrimento tanto para o homem como para a mulher, em que pesem suas particularidades quanto à maior preocupação (o homem mais se preocupa com o fato de a mulher ser possuída fisicamente por outro, enquanto a mulher se aflige em sentir que o seu parceiro pode se envolver afetivamente com outra). É comum, no entanto, que haja a participação de ambos os cônjuges, no desenvolver da infidelidade por parte de um. Sendo assim, o traído deve refletir sobre sua participação, seja pela omissão no relacionamento ou por não haver oferecido o necessário suporte para a manutenção do equilíbrio na relação conjugal, inclusive do ponto de vista da genitalidade. Se o cônjuge é espírita, levará em conta, além disso, os parâmetros espirituais: imperfeição, obsessão, lei de ação e reação etc. O fato é que sofrer uma traição conjugal não é uma posição confortável para nenhuma pessoa, assim como para o infiel não há justificativa plausível, conquanto possa tentar explicar sua atitude de uma ou de outra forma.
Quais as conseqüências para o Espírito (do pai ou da mãe), nas reencarnações futuras, quando há abandono dos filhos?
Cajazeiras — Não há obviamente uma penalização única e aplicável a todos os Espíritos faltosos desse naipe, haja vista não se encontrarem no mesmo padrão evolutivo e as circunstâncias variadas para a sua falência como pais. Todavia, é possível conjecturar-se sobre a generalidade dessas repercussões.
Então, a orfandade, a solidão, a infertilidade, a lida com filhos difíceis, na tentativa de reajuste, são situações que poderão estar presentes nas futuras experiências palingenésicas, afora o drama consciencial no mundo espiritual, bem  como o sofrimento de presenciar a queda e sofrimento dos filhos abandonados, determinado por sua fatia de culpa.
Quais as dificuldades num relacionamento quando não se professe uma mesma religião? É fácil superar?
Cajazeiras — As dificuldades serão diretamente proporcionais ao nível de respeito que os cônjuges conseguiram estabelecer naturalmente a partir da união conjugal e a uma postura de tolerância recíproca. Entretanto, na prática, é usual que as dificuldades seja intensas, notadamente quando o cônjuge é adepto de certas seitas ou igrejas. A superação contará freqüentemente com a atitude de compreensão por parte do espírita que, pela sua transformação moral, findará por demonstrar a validade da sua crença. Apesar disso, parece-me, não dever o cônjuge anular sua opção religiosa, buscando a solução no debate frutífero e no diálogo racional com o companheiro e mantendo-se em sua crença, demonstrando que não se pode impor nenhuma religião a ninguém senão mostrar seu lado positivo.
As mulheres espíritas, cujos maridos não abraçaram a mesma crença, costumam enfrentar dificuldade nas lides mediúnicas, visto que a orientação espiritual pede abstinência sexual nos dias de reuniões. Como conciliar o casal e negociar a paz entre os cônjuges?
Cajazeiras — É possível que a minha resposta venha a escandalizar muita gente. Mas ouso afirmar que não existe universalidade na afirmativa que se deve evitar a atividade sexual periférica nos dias de passe ou reunião mediúnica. O que me parece é que esse pensamento se estrutura muito mais na idéia originada a partir da interpretação da Igreja Romana do sexo-pecado do que propriamente de qualquer nocividade da prática sexual. No entanto, para tudo vale o bom senso. É natural que, em função da excitação própria do ato sexual, deve-se evitá-lo momentos antes do trabalho. Porém se o casal está unido por um sentimento mais profundo e se o sexo realizado não avilta os costumes e a nenhum dos cônjuges, não vejo maior problema para que, no mesmo dia, se possa o médium posicionar-se em seu trabalho espiritual. Aliás, alguns médiuns de efeitos físicos chegaram a afirmar que, no dia em que mantinham contato sexual com suas esposas, maior era a sua potência (?) mediúnica. Agora, se a atividade sexual é unicamente regida pela sensualidade, sem responsabilidade, sem um sentimento mais profundo, com resquícios de violência ou algo semelhante, então a história já passa a ser outra. Não é sem motivos que os Espíritos, na Codificação Espírita, repetem sempre: “Tudo depende da intenção”.
Sexo é uma coisa natural e saudável. Onde o equilíbrio?
Cajazeiras — Não é o sexo que é ruim, pois se assim fosse a culpa seria de Deus que nos dotou de aparelhagem sexual periférica. Mas no Ser racional o sexo deve representar a expressão exata do amor que envolve o casal, assim como deve ser estribado no respeito à individualidade. Além disso, deve estar associado ao senso de responsabilidade bilateral quanto ao parceiro, assim como no que pode resultar a união conjugal. Nisso consiste o equilíbrio.
A iniciação sexual do jovem é alarmante hoje, pelo risco da gravidez indesejável ou das DSTs.
Qual a contribuição da religião para o adolescente?
Cajazeiras — Algumas religiões acenam com o pecado para a impulsividade e a prática sexual, criando mais desentendimento e confusão na cabeça dos jovens do que apoio e elucidação. Isso pode indiscutivelmente conter o adolescente, mas, se passar a utilizar o raciocínio, ele termina por desacreditar em um Deus que se diverte com a angústia que causa em suas criaturas ao dotá-las de uma anatomia, de uma fisiologia e de um psiquismo que os clamam à prática sexual, como sabemos, gerenciadas pela Lei de Reprodução.
A visão espírita, no entanto, ao demonstrar e alertar racionalmente para a responsabilidade que cabe a cada pessoa quanto ao exercício de qualquer atividade (inclusive a sexual periférica!) e, ao mesmo tempo, ao esclarecer sobre as repercussões futuras dos mesmos atos; e, por outro lado, ao revelar a possibilidade que cada um possui de resistir às tentações — porque é o Espírito, que somos nós, quem decide o que fazer —, põe maior responsabilidade nos ombros do jovem, fazendo-o refletir acerca da sua individualidade e do seu livre- arbítrio. Essa visão espírita, entendo eu, é capaz de dotar os jovens espíritas da necessária força moral para decidir, de forma favorável, sobre sua iniciação sexual periférica com mais responsabilidade e, portanto, com maior possibilidade de acerto.
Para a mulher, o câncer de mama é um estigma, pois afeta o órgão que ela tem como o mais feminino! Seria o ciúme uma de sua causas?
Cajazeiras — O desenvolvimento da Medicina Psicossomática vem demonstrando que, no câncer, como em tantas outras doenças, a incapacidade de lidar positivamente com as emoções é fator importante no que concerne à sua origem. Assim sendo, ódios e ressentimentos crônicos, estados depressivos e depreciativos, inconformismos e violência costumam representar as bases emocionais no estabelecimento de enfermidades variadas e inclusive do próprio câncer. Nessa linha de raciocínio, vários Espíritos têm-se reportado ao ciúme crônico, com agudizações periódicas, como uma das bases psicológicas no desenvolvimento de tumores malignos da mama.


FONTE

Entrevista Francisco Cajazeiras - EME

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