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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

CONDUTA MEDIÚNICA

(1ª Parte)




Existem muitos médiuns que acham que é só dentro do Centro Espírita que eles exercem a sua mediunidade. Grande engano, meus Irmãos! Somos médiuns durante as 24 horas do dia.
Os Espíritos sofredores são muitos. Somos assediados a todo momento por eles: em casa, no trabalho, na rua, Muitas vezes, com uma simples oração, mentalmente, poderemos aliviar-lhes o coração. O médium é um farol no meio de uma noite dentro do oceano. E é por essa luz, que muitas vezes, os sofredores são atraídos. Daí a importância do medianeiro estar sempre atento e vigilante. Lembram—se do “orai e vigiai” que tanto nos ensinou?
Vocês sabiam que o Plano Maior, em certos casos, autorizam as Entidades que foram doutrinadas nos trabalhos práticos dentro do Centro Espírita, a acompanharem os médiuns e, ficarem com eles por um determinado tempo, para observarem e verificarem se tudo aquilo que falam dentro do Centro, eles realmente praticam no seu dia-a-dia?
Portanto, é muito importante que busquemos, a todo instante, o nosso aprimoramento moral e o nosso estudo constante.
Aquele que não deseja educar-se, não serve para servir. E a Doutrina Espírita é bem clara nesse aspecto: “ESPÍRITAS AMÁI-VOS, EÍS O PRIMEIRO MANDAMENTO E INSTRUÍ-VOS, EIS O SEGUNDO”. E, aqui, meus queridos Irmãos eu apresento um trabalho, no qual meu maior mérito é a sua organização, de onde extraí textos de livros dos mais diversos autores, com a intenção de incentivar os Espiritas-Cristãos a continuarem a estudar a mediunidade e, para que possamos melhor servir ao Plano Espiritual.
Conquistando a mansuetude
“Se estamos reencarnados no planeta Terra, é porque ainda temos muitos débitos, muitas correções a serem feitas em nosso interior e com as pessoas que nos rodeiam.
Para isto, há necessidade de muito esforço próprio e a vontade consciente para o crescimento espiritual.
Quanto mais vamos subindo nesta escalada de aprimoramento moral, parece que “provas” são colocadas em nosso caminho para ver se realmente aprendemos a lição. Muitas vezes somos “tentados” para ver se queremos realmente seguir esta vereda.
Nascemos em família, onde muitas vezes, temos problemas de relacionamento com determinadas pessoas. Em nosso ambiente de trabalho, há um clima de competição com a pura intenção de aumentar a produção da empresa. Na rua, estamos sujeitos aos imprevistos do transito tumultuado e violento.
E, muitas vezes, nós entramos em sintonia com essas vibração e ficamos totalmente desequilibrados, tendo, a partir daí, um comportamento nada condizente com tudo aquilo que estudamos, e que foi pregado pelo Cristo.
Geralmente reclamamos que as pessoas não nos entendem por mais benfeitorias que fazemos, mais reclamam que somos maltratados. Pois aí vai uma palavra de incentivo: pois fiquem sabendo que o Cristo colocou em nosso caminho, para que possamos assimilá-las a viverem em harmonia.
Para que possamos demonstrar por prática, em só na palavra, tudo aquilo que ele nos ensinou. Não critiquem, não culpem, não revidem, incentivem, perdoem, resignem-se, sejam humildes e Caridosos!
Demonstrem como gostariam que fossem tratados. “Rendam graças a Deus, auxiliando o próximo.
Cooperando de boa-vontade com os outros, estaremos servindo a Deus.
Quando alguém lhe desferir alguma injúria, uma ofensa ou um ato de desamor, reze por ela. Imagine—a envolta em uma luz azulada, com os Anjos Celestiais em sua volta, a sensibilizando e a intuindo para a prática de atos de Amor e Solidariedade.
E daí veremos, através desta prática constante, que uma Paz interior irá brotar dentro de nós. Sentiremos muito mais leves e, com certeza, de que estaremos conquistando a nossa mansuetude.”
O médium deve sempre perdoar
“A mediunidade tem muitas glórias, mas não as glórias que o mundo costuma oferecer.
O íntimo contentamento que provém dela, é o de podermos ser caridosos sem que os outros saibam de nossa utilidade, procurando perdoar os irmãos sem vislumbres de humilhação.
Adverte-nos o bom senso de que o silencio é o melhor ambiente para o esquecimento do mal.
O médium que for vítima da maledicência não deve remoer ressentimentos, para não entrar na faixa do perseguidor.
Quando oprimido e perseguido, deve procurar no Evangelho algo de bom, como nos exemplos: “Quando alguém bater em tua face, oferece—lhe também a outra.
Quando o médium for ferido em sua sensibilidade, deve preparar—se novamente para outras etapas, pois quando estas vierem, já estará firme para o esquecimento de todas as ofensas - Eis ai o perdão que liberta todas as tentações das trevas. Não devemos perder a fé, porque a confiança nos poderes de Deus nos torna maiores diante de todas as investidas do mal e nos fortalece para que consigamos. sempre. livrarmo-nos das emboscadas daqueles que odeiam a Luz" “Nas edificações espirituais ligadas a área mediúnica, alguns requisitos são exigidos:
— disciplina e confiança em Deus;
— constância na execução das tarefas;
— aquisição contínua de novos conhecimentos.
Esforço demanda tempo, realização não se improvisa.
O obreiro da mediunidade não deve almejar realização superiores de um dia para outro, nem fenômenos que vislumbrem e encantem.
É fundamental educar a alma, corrigir a mente, para que o coração se esclareça.“
Passividade Em “DIVERSIDADE DE CARISMAS”,
Herminio C. Miranda nos relata que existem Centros Espíritas que impõem um rígido padrão de comportamento mediúnico, e muitas vezes, “regras” inibidoras: o médium tem que ficar imóvel, olhos fechados, mãos juntas e abandonadas sobre a mesa, manter o tom de voz sereno (sem elevação, nenhuma forma de movimentação do corpo, dos membros e da cabeça. Hermínio C. Miranda acha que deve haver uma certa naturalidade e espontaneidade na manifestação, afinal, o médium não é nenhum robô, que filtra sentimentos e emoções da Entidade comunicante.. E nos relata ainda: E, permitindo que o Espírito manifestante pudesse expressar-se convenientemente, dizer enfim ao que veio e expor sua situação a fim de que pudesse ser atendido ou, pelo menos, compreendido nos seus propósitos.. Se ele vinha indignado por alguma razão e isto é quase que a norma em trabalhos dessa natureza - como obrigá-lo a falar serenamente, com voz educada, em tom frio e controlado? Somos nós, encarnados, capazes de tal proeza? Não elevamos a voz e mudamos o tom nos momentos de irritação e paciência? Como exigir procedimento diferente do manifestante e do médium? Afinal de contas, se a manifestação ficar contida na rigidez de tais parâmetros, acaba inibida e se torna inexpressiva, quando não inautêntica de tão deformada. Em tais situações é como se o médium ficasse na posição de mero assistente de uma cena de exaltação e a descrevesse friamente, em voz monótona e emocionalmente distante dos problemas que lhe são trazidos. É preciso considerar, no entanto, que ali está uma pessoa angustiada por pressões intimas das mais graves e aflitivas, muitas vezes em real estado de desespero, que vem em busca de socorro para seus problemas, ainda que não o admita conscienternente. Não é uma vaga e despersonalizada Entidade, urna abstração mas um Espírito que se manifesta. É um Ser humano vivo, sofrido, desarvorado, que está precisando falar com alguém que o ouça, que sinta seu problema pessoal, que o ajude a sair da crise, por alguns momentos, o abrigo de um coração fraterno, O médium frio e com todos os freios aplicados, tal manifestação não consegue transmitir a angústia que vai naquela alma. É um bloco de gelo através do qual não circulam as emoções do manifestante, a pungência de seu apelo, a ânsia que ele experimenta em busca de amor e compreensão. Nenhum problema é maior, - naquele instante, para o manifestante do que o seu, nenhuma dor mais aguda do que a sua.
A manifestação deve realmente ser disciplinada sem grandes ruídos, sem palavras descontroladas e de baixo calão, mas deve, além de tudo, ser feita com naturalidade e espontaneidade, dando oportunidade para a Entidade manifestar o seu lado psicológico e emocional.
Teoria e prática
“Tanto os livros da Codificação Espírita, como os demais autores responsáveis, insistem em algumas constantes que não podem ser desantendidas, sem grave prejuízo para o trabalho mediúnico que se programa: a primeira delas é o estudo teórico constante das questões pertinentes, em paralelo, com experimentação.
Em seu livro “The Univerty of Spiritualism”, Harry Boddington, é incisivo neste ponto ao escrever: “Tais considerações demonstram a insensatez de tentar, primeiro, desenvolver a mediunidade e, depois estudar o ABC do assunto ( - )- A recusa do estudo prévio do assunto nasce da tola noção de que a mente muito cultivada é um empecilho à manifestação dos Espíritos Essa gente diz candidamente que jamais lê coisa alguma. É esta teimosa ignorância que mantém o baixo conceito do Espiritismo”.
Ressaltando que o livro se destina ao contexto espiritualista inglês e tem mais de 100 anos de publicação é preciso admitir que ele não deixa de ter fortes razões para assim enfatizar este aspecto. Mesmo porque, como assinala mais adiante, o trato com os Espíritos demonstra precisamente o contrário do que pensam os despreparados manipuladores da mediunidade: quanto melhor o cérebro, melhor o instrumento mediúnico.
Isto porque os Espíritos manifestantes trabalham de preferência com o material armazenado no inconsciente do médium, ou seja, com os recursos que ele possui e que coloca à disposição do manifestante. Quanto melhor a qualidade e a variedade dos conhecimentos do médium, mais fácil e de melhor nível serão as comunicações.
O que leva a complicação e até obsessões graves é entregar-se cegamente à experimentação sem apoio, sem orientações e sem estudo.
Muitos afirmam, orgulhosamente, que não precisam estudar porque aprendem com os próprios Espíritos. Não é bem assim. Sem dúvida, o prolongado e disciplinado intercâmbio com os Espíritos de mais elevada condição evolutiva, como no caso do nosso querido Chico Xavier, contribui de maneira ponderável para o aprimoramento moral e intelectual do médium responsável mas são os Espíritos os primeiros e mais insistentes em recomendar ao médium que leia, estude, observe, medite, pergunte a quem saiba, permaneça vigilante e ore com frequência para manter o que amigos nossos costumam chamar de teto espiritual.“
Disciplina e responsabilidade
“O principal obstáculo na fase inicial do treinamento está na ânsia prematura de obter mensagens reveladoras antes de um claro entendimento do processo e de suas dificuldades. Há tarefas no aprendizado que competem nitidamente ao médium realizar e ele não deve sobrecarregar os Espíritos manifestantes, seus Mentores ou Guias com obrigações e esforços de sua responsabilidade pessoal; mesmo porque em geral os primeiros Espíritos que se aproximam de um médium iniciante são os de mais baixa condição, como assinalou os textos confiáveis de Kardec e de seus continuadores.
O médium é que terá de esforçar-se por adotar uma disciplina pessoal que possibilite a aproximação de seus amigos espirituais. (..)
A tarefa do médium é explorar o universo do pensamento. O médium precisa manter desobstruídos os canais psíquicos por onde circulam suas idéias para que por esses mesmos canais e com esse mesmo material psíquico, utilizando-se de sua energia mediúnica, possam os Espíritos igualmente fazer circular suas idéias.
Mediunidade é pois uma transfusão de pensamentos, mesmo quando se trata de energia destinada à produção de efeitos de vez que é o pensamento e a vontade dos Espíritos que as direcionam.
Por outro lado, o médium é um Ser que franqueou o acesso da sua intimidade aos seres invisíveis desencarnados. Se ele adota atitudes de descaso, indiferença e preguiça, estará chamando para sua convivência Espíritos semelhantes.
A mediunidade é um instrumento de trabalho, não para uso e gozo pessoal, mas para servir.
(...)
A mediunidade é uma responsabilidade, um compromisso, uma tarefa a realizar. Longe de ser um ônus insuportável, é um privilégio concedido para servir ao próximo e, consequentemente, importante fator de aceleramento do nosso próprio ritmo evolutivo.”
(segue)

Rubens Santini


INFORMAÇÃO”:
REVISTA ESPÍRITA MENSAL
ANO XXXIII N° 387
DEZEMBRO 2008
Publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho” -
Correspondência:

Cx. Postal: 45.307 - Ag. Vl. Mariana/São Paulo (SP)

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