Centro
Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE
www.cvdee.org.br
Sala
Virtual de Estudos Nosso Lar
Estudo
das obras de André Luiz
Livro em
Estudo: Entre a Terra e o Céu
Tema: No
Lar da Benção
Referência:
Capítulo 9
Trechos do capítulo
"Clarêncio
movimentou a destra, indicando-nos o quadro sublime a desdobrar-se sob a nossa
vista.
Doce
melodia que enorme conjunto de meninos acompanhava, cantando um hino delicado
de exaltação do amor materno, vibrava no ar.
Aqui e
ali, sob tufos de vegetação verde-clara, muitas senhoras sustentavam lindas
crianças nos braços.
(...)
- O
pequeno Júlio não se encontra no grupo. Ainda sofre anormalidades que lhe não
permitem o convívio com as crianças felizes. Acha-se no lar da irmã Blandina.
Rumemos para lá.
(...)
E,
encaminhando-nos a iluminada peça, ornamentada de róseos enfeites, onde um
menino repousava num leito muito branco, explicou, sem afetação:
- Nosso
Júlio, até hoje, ainda não se refez completamente. Ainda grita sob pesadelos
inquietantes, como se estivesse a sofrer sob as águas. Chama pelo pai
constantemente, apesar de parecer mais receptivo ao nosso carinho. Insiste pela
volta à casa todos os dias.
(...)
O menino
lançou-nos um olhar de atormentada desconfiança, mas, contido pela ternura da
irmã que o assistia, permaneceu mudo e impassível.
- Ainda
não se mostrou em condições de partilhar os estudos com os outros? - perguntou
o ministro, interessado.
- Não -
informou a interpelada, solícita -, aliás, os nossos benfeitores Augusto e
Cornélio, que nos amparam frequentemente, são de parecer que ele não conseguirá
adquirir aqui qualquer melhora real, antes da reencarnação que o aguarda. Traz
a mente desorganizada por longa indisciplina...
Bem
humorada, acrescentou:
- É um
paciente difícil. Felizmente, dispomos da cooperação de nossa devotada Mariana,
que o adotou por filho espiritual, até que retorne ao lar terrestre. Foi
preciso segregá-lo neste quarto, tamanha é a gritaria que se entrega por vezes.
- Mas
não tem recebido o tratamento magnético aconselhável? - indagou Clarêncio,
atencioso.
-
Diariamente, recebe o auxílio necessário - esclareceu Blandina, com humildade
-, eu mesma sou a enfermeira. Passes e remédios não faltam.
- E a
irmã conhece o caso em suas particularidades?
- Sim,
conheço. Eulália tem vindo até nós. Lastimo que a mãezinha de nosso doente não
esteja em condições de ampará-lo. Creio que o concurso dela poderia
insuflar-lhe novas forças. Entretanto, com exceção da irmãzinha que se lembra
dele nas orações, ninguém mais da família o ajuda.
(...)
Quando
tornou à sala, Clarêncio informou que doara ao enfermo energias anestesiantes.
Notara-o fatigado, resolvendo, por isso, induzí-lo ao descanso.
E,
talvez porque nos percebesse o cérebro esfogueado de indagações, quanto àquela
minúscula garganta ferida, depois da morte do corpo, o Ministro explicou:
- É
pena, Júlio envolveu-se em compromissos graves. Desentendendo-se com alguns
laços afetivos do caminho, no século passado, confiou-se à extrema revolta,
aniquilando o veículo físico que lhe fora emprestado por valiosa benção.
Rendendo-se à paixão, sorveu grande quantidade de corrosivo. Salvo, a tempo,
sobreviveu à intoxicação, mas perdeu a voz, em razão das úlceras que se lhe
abriram na fenda glótica. Ainda aí, não se conformando com o auxílio dos
colegas que o puseram fora de perigo, alimentou a idéia de suicídio, sem
recuar. Foi assim que, não obstante enfermo, burlou a vigilância dos
companheiros que o guardavam e arrojou-se a funda corrente de um rio, nela
encontrando o afogamento que o separou do envoltório carnal. Na vida
espiritual, sofreu muito, carregando consigo as moléstias que ele mesmo
inflingira à própria garganta e os pesadelos da asfixia, até que reencarnou,
junto das almas com as quais se mantém associado para a regeneração do
pretérito. Infelizmente, porém, encontra dificuldades naturais para
recuperar-se. Lutará muito, antes de incorporar-se a novo patrimônio físico.
Registrávamos
aqueles apontamentos com dolorosa admiração. Uma criança doente é sempre um
espetáculo comovedor.
(...)
- Há
poucos instantes, comentávamos a sublimidade da Lei. Ninguém pode trair-lhe os
princípios. A Bondade Divina nos assiste, de múltiplas maneiras, amparando-nos
o reajustamento, mas em todos os lugares viveremos jungidos às consequências
dos próprios atos, de vez que somos herdeiros de nossas próprias obras.
O
assunto constituía preciosa sugestão para interessantes estudos, mas, antes de
enunciar qualquer pergunta, busquei aspirar, a longos haustos, as baforadas
frescas do vento, que carreavam para o recinto vagas sucessivas de agradável
perfume."
Questões para estudo e
diálogo virtual
1 -
Existe uma crença em geral de que crianças no mundo espiritual são todas
felizes e sem dificuldades. Segundo o relato de André Luiz com referência ao
pequeno Júlio, percebemos que não é assim em todos os casos. Procuremos, então,
responder:
a) O que
leva crianças, tidas como "simples e inocentes", a terem sua cota de
sofrimentos no Mundo Espiritual?
b) O
fato de as crianças terem sua cota de sofrimentos no Mundo Espiritual, as
coloca na condição de desamparadas do Benfeitores?
2 -
Clarêncio e Blandina fazem referência à Assistência Magnética, ou Passes, para
auxiliar o pequeno Júlio. Quais são os benefícios que a terapêutica dos passes
pode proporcionar ao indivíduo, seja ele encarnado ou desencarnado?
3 - O
único auxílio proveniente da família carnal de Júlio eram as orações de sua
irmã Eulália, pois o restante de seus familiares não conseguia manter um
equilíbrio emocional, seja consigo próprios, seja com relação ao menino.
a) Quais
os benefícios que as orações, as boas vibrações dos familiares exercem sobre os
desencarnados?
b)
Porque esse auxílio provindo dos familiares seria particularmente benéfico ao
menino Júlio, por exemplo, uma vez que ele já estava tendo auxílio de
Benfeitores amorosos? Ou seja, qual a diferença entre Blandina vibrar amor para
ele, e sua mãe desencarnada conseguir fazer o mesmo?
c) Quais
as consequências que podem provir da falta de orações, de boas vibrações, bem
como a presença do desespero, da raiva e da revolta, sobre os desencarnados?
4 -
Quando se pensa em reencarnação, existe um tendência à acreditar que
reencarnamos para "pagar os débitos", e que o simples fato de
reencarnar e sofrer estaria habilitando o indivíduo a se ver livre de seus
compromissos. Vemos, pelo ocorrido com Júlio, que o processo não é tão mecânico
assim. Explique como você entende essa questão de resgate e reajuste.
Conclusão:
QUESTÕES
PROPOSTAS PARA ESTUDO
Como
escreve André Luiz ao final do presente capítulo, o assunto constitui preciosa
sugestão para interessantes estudos.
Vamos então, estudar respondendo às questões abaixo?:
1 -
Existe uma crença em geral de que crianças no mundo espiritual são todas
felizes e sem dificuldades. Segundo o relato de André Luiz com referência ao
pequeno Júlio, percebemos
que não é
assim em todos
os casos.
Procuremos,
então, responder:
a) O que
leva crianças, tidas como "simples e inocentes", a terem sua cota de
sofrimentos no Mundo Espiritual?
As crianças
de hoje, na Terra, como sabemos, são espíritos que já reencarnaram inúmeras
vezes. A trajetória de um espírito que desencarna em tenra idade pode ser tão
ou mais longa que a de um espírito que deixa
o mundo corporal em idade já
avançada. As crianças não são simples e inocentes, como comumente se diz.
Apenas, estão com as tendências que trazem do passado em estado latente, para
que possam ser reeducadas pelos pais.
Em geral, a se considerar as características dos espíritos que compõem a
humanidade terrena, são espíritos maduros, que já estão em processo de evolução
há muitos milênios. Como todos, trazem em sua bagagem espiritual acertos e
erros, vícios e virtudes, defeitos e perfeições.
Os que
desencarnam em idade infantil e passam por sofrimentos no mundo espiritual
são espíritos que
carregam consigo, gravadas no seu psiquismo e no corpo perispiritual, as
conseqüências de atos e pensamentos contrários
à Lei Natural, praticados em experiências pretéritas e
dos quais ainda
não conseguiram se
liberar. Júlio, o menor protagonista
da história narrada no presente capítulo é um exemplo. Trazia ainda vivas as
sensações provocadas pelo suicídio que praticara em sua encarnação anterior.
Por isso, ainda não conseguira se
reequilibrar e sofria,
embora amparado na colônia educativa visitada pelos benfeitores, onde se
encontrava em tratamento.
b) O fato de as crianças terem sua cota de
sofrimentos no Mundo Espiritual as
coloca na condição de desamparadas
dos
Benfeitores?
Ninguém
desencarna sozinho. Na hora da partida, todos encontram alguém aguardando. A
qualidade dessa companhia depende da sintonia espiritual do desencarnado. Os
que viveram bem, aqui entendido como viver de conformidade com a Lei Natural,
serão acompanhados por bons espíritos, benfeitores que integram equipes de
socorro e amparo
aos recém-desencarnados; os que viveram contrariamente à Lei,
prejudicando seus semelhantes ou se dedicando à prática de algum tipo de vício,
serão acompanhados por espíritos de pouca evolução, que se dedicam às
mesmas práticas e que o levarão para as zonas onde habitam.
As
crianças, como não tiveram tempo suficiente para, nessa encarnação, praticarem
o bem ou
o mal, são
sempre amparadas pelos benfeitores espirituais, que a conduzem a
instituições dedicadas ao seu tratamento, até que estejam em condições de
novamente retornarem às lides do corpo físico.
2 -
Clarêncio e Blandina fazem referência à Assistência Magnética, ou Passes,
para auxiliar o
pequeno Júlio. Quais são os benefícios que a terapêutica dos
passes pode proporcionar ao indivíduo, seja ele encarnado ou desencarnado?
Podemos
citar, dentre os benefícios que o passe pode proporcionar e que conhecemos, a
renovação da quota de fluido vital do paciente, podendo, em muitos casos, até
mesmo prolongar a vida do corpo físico (passes
de cura); através do magnetismo, substitui células envenenadas
por outras, sãs; limpa o organismo da ação deletéria causada por maus atos e pensamentos ou mesmo pela alimentação
inadequada; atua no
perispírito, neutralizando a
ação de fluidos negativos; fortalece o espírito na
fé, renovando-lhe as forças para prosseguir
na caminhada evolutiva,
dentre outros benefícios.
O passe
é uma transfusão de energia, efetivada através da magnetização. No plano
material, em que nos encontramos, não conhecemos todos os efeitos e tipos de
passe. Muitos deles, apenas pelo plano espiritual são conhecidos e podem ser
aplicados. A nós, encarnados, cabe-nos servir como intermediários entre os dois
planos, pois determinados tipos de passe requerem energias emanadas do corpo
físico. Aos espíritos magnetizadores cabe definir o tipo de passe adequado às
necessidades do paciente. No caso de Júlio,
o instrutor Clarêncio
esclareceu que fez
aplicação de passe
que propiciou ao enfermo uma transfusão de energia anestesiante,
aliviando a dor que o menor sentia.
3 - O
único auxílio proveniente da família carnal de Júlio eram as orações de sua
irmã Eulália, pois o restante de seus familiares não conseguia manter um
equilíbrio emocional, seja consigo próprios, seja com relação ao menino.
a) Quais
os benefícios que as orações, as boas vibrações dos familiares exercem sobre os
desencarnados?
Na
questão 664 do Livro dos Espíritos, os Espíritos responderam a Kardec que
"a prece não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus, mas a alma
por quem se ora experimenta alívio" e "sente sempre um
refrigério", toda vez que alguém manifesta compadecimento por suas dores,
através da prece. Assim, as orações e as
boas vibrações dos parentes e amigos são sempre recebidas
pelos desencarnados, reconfortando-os
e renovando-lhes as forças para prosseguirem suas jornadas.
b) Por
que esse auxílio provindo dos familiares seria particularmente benéfico ao
menino Júlio, por exemplo, uma vez que ele já estava tendo auxílio de
Benfeitores amorosos? Ou seja, qual a diferença entre Blandina vibrar amor para
ele e sua mãe desencarnada conseguir fazer o mesmo?
O
verdadeiro amor, que é o amor espiritual, independe de laços consangüíneos.
Jesus exemplificou isso ao dizer aos que anunciaram que sua mãe e seus irmãos
lhe procuravam: "Quem é minha mãe? e quem
são meus irmãos?
E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e
meus irmãos. Pois qualquer
que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse
é meu irmão, irmã e mãe."
No entanto, ainda estamos muito longe de
atingirmos esse nível. Com Júlio não era diferente. Ainda se encontrava estreitamente ligado à
existência física, sofrendo inquietações devido às sensações que os atos
praticados na Terra ainda lhe causavam. Dessa maneira, não tinha a percepção do
verdadeiro amor. Não lhe bastavam as
vibrações de amor que Blandina
lhe dedicava. Ainda carecia da afetividade materna para renovar-lhe as forças.
Sua mãe, entretanto, não tinha condições de lhe proporcionar esse benefício,
pois se encontrava sob forte assédio obsessivo.
c) Quais
as conseqüências que podem provir da falta de orações, de boas
vibrações, bem como a presença
do desespero, da raiva e da revolta, sobre os desencarnados?
O
desencarnado que cultiva esses sentimentos, que não tem o hábito da prece e que
vibra pensamentos contrários às Leis de Deus não consegue se reequilibrar.
Vibra numa faixa de baixa elevação e fica sujeito às influências de espíritos pouco
evoluídos, que persistem na prática do mal, com quem se sintoniza.
4 - Quando se pensa em reencarnação, existe
uma tendência a acreditar que reencarnamos para "pagar os débitos", e
que o simples fato de reencarnar e sofrer estaria habilitando o indivíduo a se
ver livre de seus compromissos. Vemos, pelo
ocorrido com Júlio, que o processo não é tão mecânico assim. Explique como você
entende essa questão
de resgate e reajuste.
O
objetivo da reencarnação é conduzir o espírito à perfeição possível. Os processos de
resgate e reajuste,
que o Espiritismo denomina
expiação, são métodos pedagógicos instituídos por Deus para a reeducação do
espírito. Para que alcance essa perfeição, os espíritos "têm que sofrer
todas as vicissitudes da existência corporal", ensinam os Espíritos
Codificadores.
Criados simples e ignorantes mas dotados de livre-arbítrio, cabe ao espírito
escolher o caminho pelo qual chegará ao objetivo final. Seus atos e pensamentos
é que vão definir esse caminho, decidindo se irão se adiantar em sua evolução
ou se ficarão estacionados. Quando atenta contra a Leis Naturais, o
espírito interrompe sua
marcha progressista. Para retomá-la é que Deus instituiu os
mecanismos expiatórios de
resgate, acionados infalivelmente pela lei de causa e efeito. O
Espiritismo não dá a esse resgate a conotação de pagamento. Como frisamos,
trata-se de instrumento pedagógico criado por Deus visando reeducar o espírito
e recolocá-lo no caminho que o levará até o seu reino.
Muita paz a todos.
Sala
Nosso Lar
CVDEE
Nenhum comentário:
Postar um comentário