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sábado, 5 de dezembro de 2015

Entre a Terra e o Céu_30_Luta por renascer

Entre a Terra e o Céu_30_Luta por renascer

Um mês correra célere sobre os acontecimentos que vimos de narrar, quando Odila nos procurou, suplicando ajuda.
Vinha triste, atormentada.
Zulmira, incompreensivelmente para ela, havia contraído perigosa amigdalite.
Sofria muito.
(...)
Desolada, induzira Amaro a trazer um médico, no que foi obedecida, mas o facultativo não atinava com a causa íntima da enfermidade e, ignorando a verdadeira posição da cliente, poderia ameaçar-lhe a tarefa maternal com a aplicação de recursos impróprios.
Rogava-nos, por isso, socorro imediato.
Clarência não se delongou na assistência precisa.
Era noite, quando demandamos o ninho doméstico que já se nos fizera familiar.
Zulmira, no leito, demorava-se em aflitiva prostração. Cabelos em desalinho, olheiras arroxeadas e faces rubras de febre, parecia aguardar a chegada de alguém que a auxiliasse na debelação da crise.
(...)
O esposo e a filha desdobravam-se em carinho, procurando reanimá-la, mas Zulmira, que deixáramos, trinta dias antes, corada e bem disposta, revelava-se agora profundamente abatida.
Drogas variadas alinhavam-se em prateleira próxima.
Nosso instrutor examinou-as, cuidadosamente, e, percebendo-nos a admiração, disse comovido:
- Zulmira reclama nosso concurso diligente. Precisamos garantir-lhe o êxito na missão esposada.
Carinhosamente, aplicou-lhe recursos magnéticos, detendo-se de modo particular na região do cérebro e na fenda glótica.
A doente acusou melhoras imediatas.
Reabilitou-se o movimento circulatório.
A febre decresceu, propiciando-lhe repouso, e o sono reparador surgiu por fim, favorecendo-lhe a recuperação.
Hilário indagou sobre a causa da moléstia insidiosa, que tão violenta se apresentara, ao que Clarêncio respondeu seguro:
- A questão é sutil. A mulher grávida, além da prestação de serviço orgânico à entidade que se reencarna, é igualmente constrangida a suportar-lhe o contacto espiritual, que sempre constitui um sacrifício quando se trata de alguém com escuros débitos de consciência. A organização feminina, durante a gestação, sofre verdadeira enxertia mental. Os pensamentos do ser que se acolhe ao santuário íntimo, envolvem-na totalmente, determinando significativas alterações em cosmo biológico. Se o filho é senhor de larga evolução e dono de elogiáveis qualidades morais, consegue auxiliar o campo materno, prodigalizando-lhe sublimadas emoções e convertendo a maternidade, habitualmente dolorosa, em estação de esperanças e alegrias intraduzíveis, mas no processo de Júlio observamos duas almas que se ajustam nas mesmas dívidas e na mesma posição evolutiva.
Influenciam-se, mutuamente.
- Se Zulmira atua, de maneira decisiva, na formação do novo veículo do menino, o menino atua vigorosamente nela, estabelecendo fenômenos perturbadores em sua constituição de mulher. A permuta de impressões entre ambos é inevitável e os padecimentos que Júlio trazia na garganta foram impressos na mente maternal, que os reproduz no corpo em que se manifesta. A corrente de troca entre mãe e filho não se circunscreve à alimentação de natureza material; estende-se ao intercâmbio constante das sensações diversas. Os pensamentos de Zulmira guardam imensa força sobre Júlio, tanto quanto os de Júlio revelam expressivo poder sobre a nova mãezinha. As mentes de um de outro como que se justapõem, mantendo-se em permanente comunhão, até que a Natureza complete o serviço que lhe cabe no tempo. De semelhante associação, procedem os chamados sinais de nascença. Certos estados íntimos da mulher alcançam, de algum modo, o princípio fetal, marcando-o para a existência inteira. É que o trabalho da maternidade assemelha-se a delicado processo de modelagem, requisitando, por isso, muita cautela e harmonia para que a tarefa seja perfeita.
Em seguida, o Ministro, com devoção paternal, levou a efeito diversas operações magnéticas de auxilio à cavidade pélvica, afirmando a necessidade de socorro ao útero, em vista do complicado e difícil desenvolvimento de Júlio reencarnante.
Meu colega, avançando mais longe, talvez tentando converter aquela hora de fraternidade tanto quanto possível em hora de estudo, recordou algumas de suas experiências médicas, acrescentando:
- É comum a verificação de exagerada sensibilidade na mulher que engravida. A transformação do sistema nervoso, nessas circunstâncias, é indiscutível. Muitas vezes, a gestante revela decréscimo de vivacidade mental e, não raro, enuncia propósitos da mais rematada extravagância.
Há mulheres que adquirem antipatias súbitas, outras se recolhem a fantasias tão inesperadas quanto injustificáveis. Em muitas ocasiões na Terra, perguntei a mim mesmo se a gravidez, na maioria dos casos, não acarreta temporária loucura...
O orientador sorriu e obtemperou:
- A explicação é muito clara. A gestante é uma criatura hipnotizada alongo prazo. Tem o campo psíquico invadido pelas impressões e vibrações do Espírito que lhe ocupa as possibilidades para o serviço de reincorporação no mundo. Quando o futuro filho não se encontra suficientemente equilibrado diante da Lei, e isso acontece quase sempre, a mente maternal é suscetível de registrar os mais estranhos desequilíbrios, porque, à maneira de um médium, estará transmitindo opiniões e sensações da entidade que a empolga.
- Afligia-me observar  lembrou Hilário com interesse a inopinada aversão  de muitas gestantes contra os próprios maridos ...
- Sim, isso ocorre sempre que um inimigo do pretérito volta à carne, a fim de resgatar débitos contraídos para com aquele que lhe servirá de pai.
- Temos, contudo, os casos ponderei, curioso, em que na ribalta do mundo vemos filhas  que foram evidentemente fortes desafetos das mães em passado remoto ou próximo, tal a animosidade que lhes caracteriza as relações. Reparamos que, em tais ocorrências, as filhas são muito mais afins com os pais, vivendo psiquicamente em harmoniosa associação com eles e distanciadas espiritualmente das mãezinhas que, por vezes, tudo fazem debalde para quebrar as barreiras da separação. Em ligações dessa natureza, surgirão obstáculos à reencarnação?
Clarêncio fitou-me de maneira significativa e respondeu:
- De modo algum. A esposa, por devotamento ao companheiro, cede facilmente à necessidade da alma que volta ao reduto doméstico para fins regeneradores e, em se tratando de alguém com intensa afinidade junto  ao chefe do lar, vê-se o marido docemente impulsionado a oferecer maior coeficiente afetivo à companheira, de vez que se sente envolvido por forças duplas de atração. Sob dobrada carga de simpatia, dá muito mais de si mesmo em atenção e carinho, facilitando a tarefa maternal da mulher.
(...)
Regressamos, edificados, ao nosso círculo de trabalho comum, no entanto, depois de alguns dias, a primeira esposa do ferroviário tornou até nós, solicitando nova intervenção.
Zulmira informou aflita, atravessava estarrecedora crise orgânica.
(...)
O médico agia baldadamente, visto que o estômago da enferma zombava de todos os recursos.
Não nos delongamos para a execução do trabalho assistencial.
Revelava-se a gestante, efetivamente, em condições ameaçadoras.
As náuseas repetidas provocavam a gradativa incursão da anemia.
Clarêncio, porém, submeteu-a a passes magnéticos de longo curso, prometendo que a medida se faria seguir das melhorias necessárias.
Deveres diversos convocavam-nos a presença, em outros setores.
Ainda assim, depois das despedidas, Hilário perguntou pelo motivo de semelhante fenômeno, que declarou ele, em toda a sua experiência médica na Terra não conseguira explicar.
- Estamos certos de que a ciência do porvir ajudará a mulher na defesa contra essa espécie de aborrecimento orgânico asseverou o Ministro, com segurança, encontrando definições de ordem fisiológica para tais conflitos, mas no fundo, o desequilíbrio é de essência espiritual. O organismo materno, absorvendo as emanações da entidade reencarnante, funciona como um exaustor de fluidos em desintegração, fluidos esses que nem sempre são aprazíveis ou facilmente suportáveis pela sensibilidade feminina. Daí a razão dos engulhos frequentes, de tratamento até agora muito difícil.
Semelhante  nota oferecia-nos valioso material de meditação.
O tempo desdobrou-se semana após semana.
Insistimos na visitação à residência de Amaro, de quando em quando, convocados ou não para o trabalho, até que, certa manhã, Odila veio até nós com o júbilo de uma criança feliz, anunciando que o menino tornara à luz terrestre.
De conformidade com a aprovação da pequena família, chamar-se-ia novamente Júlio.
Comungamos da sua profunda alegria e, com a solidariedade dos amigos sinceros, voltamos a abraçá-lo.

Questões para estudo:

1) Reparamos que atitude de Odila foi decisiva e nos faz lembrar o que chamamos de anjo da guarda. Como a doutrina dos Espíritos explica esta atitude? De que forma acontece esse tipo de atuação? Quais os critérios para a escolha de alguém que nos acompanhará no cotidiano?

2) Comente as frases:

a. A organização feminina, durante a gestação, sofre verdadeira enxertia mental. Os pensamentos do ser que se acolhe ao santuário íntimo, envolvem-na totalmente, determinando significativas alterações em cosmo biológico.
b.  A corrente de troca entre mãe e filho não se circunscreve à alimentação de natureza material; estende-se ao intercâmbio constante das sensações diversas. Os pensamentos de Zulmira guardam imensa força sobre Júlio, tanto quanto os de Júlio revelam expressivo poder sobre a nova mãezinha.

3) Neste capítulo verificamos a forma pela qual certas incompatibilidades ocorrem. Como você entendeu este processo?

4) Apesar dos recursos da ciência atual, não se consegue resultados convincentes, na maioria dos casos. Por que? De que forma podemos minimizar efeitos colaterais sob a luz espiritual?

Conclusão:

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO

1) Reparamos que atitude de Odila foi decisiva e nos faz lembrar o que  chamamos  de  "anjo  da  guarda".  Como a Doutrina dos Espíritos explica esta atitude? De que forma acontece esse tipo de atuação? Quais os critérios para a escolha de alguém que nos acompanhará no cotidiano?
Ensinam-nos os Espíritos que todos temos um espírito protetor, também conhecido como "anjo de guarda" ou "anjo guardião". Esse espírito pertencerá sempre a uma ordem elevada, encontrando-se num nível de evolução em que já terá se despojado de grande parte das imperfeições que ainda nos afligem.
Não é bem essa a situação de Odila. Como temos visto Odila ainda tinha muitos equívocos a retificar.  Ainda se encontrava distante da evolução que a permitisse tornar-se um espírito protetor.  Todavia, avançara, ultimamente, transformando-se da implacável obsessora que vimos no início do estudo em espírito dedicado ao auxílio do próximo necessitado. O papel que desempenhava podemos definir como de intercessão, que é a auxílio prestado em favor de alguém, encarnado ou desencarnado, que esteja passando pelo sofrimento. Consiste na busca de ajuda dos espíritos benfeitores que estão em níveis mais elevados e que atuam como socorristas, que procurarão esclarecer e reequilibrar as forças do que passa pela provação, prestando-lhe atendimento fraterno, aplicando-lhe passes magnéticos e outras formas de ajuda.  
  
2) Comente as frases:  
     
a) "A organização feminina, durante a gestação, sofre verdadeira enxertia mental. Os pensamentos do ser que se acolhe ao santuário íntimo envolvem-na totalmente, determinando significativas alterações em seu cosmo biológico."
Segundo explicou o instrutor Clarêncio, durante a gestação, a mulher, além de emprestar seu organismo físico para servir como o terreno natural sobre o qual se edificará o novo corpo, assume também os efeitos da simbiose espiritual que se estabelece com o espírito reencarnante. O psiquismo do espírito que retorna interage com o seu, numa troca incessante de influências com que terá de conviver durante o período de gravidez. Essa influência recebida envolve seu psiquismo, provocando as naturais reações de ordem fisiológicas.
Quando o espírito reencarnante já se tornou senhor de algumas conquistas evolutivas - morais e intelectuais, contribui para que o período gestatório transcorra sem que a futura mãe passe por maiores transtornos físicos e psicológicos.
A gravidez transcorre, então, num clima de serenidade e de muita esperança no futuro. A gravidez de Maria, mãe de Jesus, por exemplo, deve ter ocorrido, sob o aspecto físico e psicológico, sem nenhum tipo de sofrimento  para ela, pois gerava um futuro corpo para um espírito que já atingira a perfeição, somente podendo ter recebido dele influências positivas.
No caso que estamos estudando, contudo, não apenas Júlio, que retornava, mas, igualmente, a própria Zulmira, sua mãe, eram espíritos que se encontravam num mesmo patamar de evolução, carregando, ainda, as conseqüências de muitos equívocos praticados em experiências passadas. Dependiam de reajustes entre si, para retificarem esses erros.
Por essa razão, as influências psíquicas emanadas do reencarnante não contribuíam muito para a normalidade do processo.

b) "A corrente de troca entre mãe e filho não se circunscreve à alimentação de natureza material; estende-se ao intercâmbio constante das sensações diversas. Os pensamentos de Zulmira guardam imensa força sobre Júlio, tanto quanto os de Júlio revelam expressivo poder sobre a nova mãezinha."
Clarêncio explicava a André Luiz e demais espíritos que buscavam auxiliar no renascimento de Júlio as causas por que Zulmira padecia de enfermidade na zona laríngea, a mesma região danificada pelo reencarnante, devido aos suicídios cometidos em passagens anteriores pela carne. Como temos visto em outros capítulos, o psiquismo é que comanda o perispírito, que, por sua vez, reflete no órgão físico as reações que sofre em decorrência dos atos  e pensamentos  do espírito. Recebendo em seu veículo físico a presença do espírito reencarnante e ocorrendo uma verdadeira simbiose entre ambos, como vimos acima, suas mentes se justapõem e permanecem em comunhão de pensamentos até a vinda à luz do novo corpo.
Por essa razão, Zulmira sofria a conseqüência do campo mental de Júlio, sendo atingida por doença da mesma natureza que ele. Como explicou Clarêncio, o intercâmbio entre mãe e filho não se restringe ao alimento material que o novo corpo requer para se desenvolver. Há, também, uma troca de sensações diversas, que podem ser positivas ou negativas, conforme o nível evolutivo de ambos.

3) Neste capítulo, verificamos a forma pela qual  certas "incompatibilidades"  ocorrem.  Como você entendeu este processo?
Num planeta de provas e expiações, cuja destinação é receber espíritos em processo de reajustes, o relacionamento entre pais e filhos está sempre pautado pelas necessidades regeneradoras da cada um dos envolvidos na relação. A maioria das reencarnações objetivam dar oportunidade a esses espíritos, reciprocamente devedores  e  credores,  de buscarem a retomada do caminho da evolução, através da restauração da harmonia entre ambos. Sendo assim,  as incompatibilidades que comumente encontramos nas famílias são naturais, no nosso atual momento evolutivo. Mas, geralmente, um dos genitores tem a missão de contribuir para que esse processo de reajustamento tenha êxito. Será aquele que irá exercer o papel de "moderador", o elo que oferecerá  afetividade  aos  espíritos  que  precisam  se harmonizarem, motivando-os e renovando-lhes as forças.

4) Apesar dos recursos da ciência atual, não se consegue resultados convincentes, na maioria dos casos. Por quê?
De que forma podemos minimizar "efeitos colaterais" sob a luz espiritual?

Os efeitos colaterais da gravidez, ensinou o Ministro Clarêncio, são de natureza espiritual.  São provocados pela influência que exerce o psiquismo do reencarnante no organismo físico da futura mãe. É claro que a ciência poderá sempre encontrar paliativos que minorem esses efeitos, que deverão se tornar cada vez mais eficientes, à medida que os conhecimentos científicos avancem. No entanto, os efeitos não poderão ser eliminados, pois os cientistas buscam soluções apenas sob a ótica material, quando a gênese do problema é de ordem espiritual. Conforme esclareceu o benfeitor, o organismo físico materno "funciona como um exaustor de fluidos em desintegração, fluidos esses que nem sempre são aprazíveis ou facilmente suportáveis pela sensibilidade feminina". São fluidos que o espírito reencarnante elimina para poder retornar à vida física livre da sua influenciação negativa e em condições de enfrentar as provas para sua regeneração.

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