Powered By Blogger

Pesquisar este blog

Páginas

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Entre a Terra e o Céu_33_Aprendizado

Entre a Terra e o Céu_33_Aprendizado

"Amaro e a família, coadjuvados por alguns vizinhos, amortalhavam a forma hirta do menino, quando rumamos de volta ao Lar da Bênção.
Notei que Júlio, asilado nos braços de Odila, se mostrava aliviado e tranqüilo, como nunca o vira até então.
"Clarêncio informou, prestimoso:
- Júlio reajustou-se para a continuação regular da luta evolutiva que lhe compete. O renascimento malogrado não teve para ele tão somente a significação expiatória, necessária ao espírito que deserta do aprendizado, mas também o efeito de um remédio curativo. A permanência no campo físico funcionou como recurso de eliminação da ferida que trazia nos delicados tecidos da alma. A carne, em muitos casos, é assim como um filtro que retém as impurezas do corpo perispiritual, liberando-o de certos males nela adquiridos.
"- Isso quer dizer que Júlio doravante poderá exteriorizar-se num corpo sadio, conquistando merecimento para obter uma reencarnação devidamente planejada, com elevados objetivos de serviço. Terá, por alguns meses conosco, desenvolvimento natural, regressando à Terra, em elogiáveis condições de harmonia consigo mesmo.
"- Essas anotações - ponderei - lançam nova claridade em nosso estudo da vida. Compreendemos, assim, que as moléstias complicadas e longas guardam função específica. Os aleijões de nascença, o mongolismo, a paralisia...
- Sim - confirmou o orientador -, por vezes é tão grande a incursão da alma nas regiões de desequilíbrio, que mais extensa se faz para ela a viagem de volta `normalidade.
Sorrindo, acrescentou:
- O tempo de inferno restaurador corresponde ao tempo de culpa deliberada. Em muitas fases de nossa evolução, somos imantados às teias da carne, que sempre nos reflete a individualidade intrínseca, assim como a argila é conduzida ao calor da cerâmica ou como o metal impuro é arrojado ao cadinho fervente. A depuração exige esforço, sacrifício, paciência...
"- Mas Júlio, antes de tornar ao mundo, através do nosso amigo ferroviário - indaguei -, onde estaria?
- Depois de haver eliminado o próprio corpo, satisfazendo a simples capricho pessoa, sofreu por muitos anos das tristes conseqüências do ato deliberado, amargando nos círculos vizinhos da Terra as torturas do envenenamento a se lhe repetirem no campo mental. A morte prematura, quando traduz indisciplina diante das leis infinitamente compassivas que nos governam, constrange o Espírito que a provoca a dilatada purgação na paisagem espiritual, Não podemos trair o tempo, e a existência planificada subordina-se a determinada quota de tempo, que nos compete escoar em trabalho justo. Quando esses recursos não são suficientemente aproveitados, arcamos com tremendos desequilíbrios na organização que nos é própria.
"- Os pensamentos dele se alimentavam da atmosfera psíquica de Zulmira, Amaro e Silva, que lhe serviam de pontos básicos ao ódio. Ensinava Jesus que o homem terá o seu tesouro onde guarde o coração e, efetivamente, todos nos imantamos em espírito, às pessoas, lugares e objetos, aos quais se liguem os nossos sentimentos.
"-... O ferroviário, na existência do Espaço, conheceu-lhe a perseguição acérrima, ouvindo-lhe as acusações e as queixas, nas regiões purgatoriais e, ao se reencarnar, na atual condição, foi seguido de perto por Júlio, que lhe afligia a mente, dele exigindo o necessário concurso à formação do novo corpo. Em razão da leviandade de Amaro, quando na personalidade de Armando, caminhara para o suicídio. Por isso mesmo, a Lei permitia-lhe a união com o amigo transformado em desafeto, companheiro esse do qual reclamava a renovação da oportunidade.
Clarêncio fitou-nos, de modo especial, e aduziu:
- Entre o credor e o devedor há sempre o fio espiritual do compromisso.
- Amaro teria tido, dessa forma, uma juventude algo conturbada - ponderei com objetivo de estudo.
- Sim, como acontece à maioria dos moços de ambos os sexos, na luta vulgar, muito cedo acordou para o ideal da paternidade. Em sonhos, fora do corpo denso, encontrava-se com o adversário que lhe pedia o retorno ao  mundo e, ansioso de reconciliação, pensava no casamento com extremado desassossego, desejoso de saldar a conta que reconhecia dever. Muito jovem, ainda, encontrou Odila que o aguardava, consoante o acordo por ambos levado a efeito, na vida espiritual; no entanto, as vibrações de Júlio eram efetivamente tão incômodas que a primeira esposa do nosso amigo não conseguiu acolhê-lo, de imediato, recebendo Evelina, em primeiro lugar, de vez que a ligação do casal com ela se baseia em doces afinidades. Somente depois da primogênita é que se ambientou para a incorporação do suicida em sofrimento...
"- Sim - confirmou o Ministro -, grande número de paixões afetivas no mundo correspondem a autênticas obsessões ou psicoses que só a realidade consegue tratar com êxito. Em muitas ocasiões, por trás do anseio de união conjugal, vibra o passado, através de requisições dos amigos ou inimigos desencarnados, aos quais devemos colaboração efetiva para a reconquista do veículo carnal, a inquietação afetiva pode expressar escuros labirintos da retaguarda...
"... Os anjos da guarda estão em nossa esfera?
Clarêncio encarou-me, admirado, e sentenciou:
- Os Espíritos tutelares encontram-se em todas as esferas, contudo é indispensável tecer algumas considerações sobre o assunto. Os anjos da sublime vigilância, analisados em sua excelsitude divina, seguem-nos a longa estrada evolutiva.
Desvelam-se por nós, dentro das Leis que nos regem, todavia não podemos esquecer que nos movimentamos todos em círculos multidimensionais. A cadeia de ascensão do espírito vai da intimidade do abismo à suprema glória celeste.
"- Anjo, segundo a acepção justa do termo, é mensageiro. Ora, há mensageiros de todas as condições e de todas as procedências e, por isso, a antigüidade sempre admitiu a existência de anjos bons e anjos maus. Anjo de guarda, desde as concepções religiosas mais antigas, é uma expressão que define o Espírito celeste que vigia a criatura em nome de Deus ou pessoa que se devota infinitamente a outra, ajudando-a e defendendo-a.  ... A família espiritual é uma constelação de Inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus...Todas as criaturas, individualmente, contam com louváveis devotamentos de entidades afins que se lhes afeiçoam. A orfandade real não existe. Em nome do amor, todas as almas recebem assistência onde quer que se encontrem.  . . .  Com toda a veneração que lhes devemos, importa reconhecer, nos Espíritos familiares que nos protegem, grandes e respeitáveis heróis  do  bem,  mas  ainda singularmente distanciados da angelitude eterna.  ...  Por esse motivo, com muita propriedade, nas diversas escolas religiosas, escutamos a intuição popular asseverando: - "nossos anjos de guarda não combinam entre si", ou ainda, "façamos uma oração aos anjos de guarda", reconhecendo-se, instintivamente, que os gênios familiares de nossa intimidade ainda se encontram no campo de afinidades específicas, e precisam, por vezes, de apelos à natureza superior para atenderem a esse ou àquele gênero de serviço.
"Blandina, porém, veio até nós e perguntou ao orientador, sensibilizada:
- Generoso amigo, podemos estar realmente convictos de que Júlio devia desencarnar, agora?
- Perfeitamente. A Lei funcionou exata. Não há lugar para qualquer dúvida.
- E aqueles jatos de pensamento escuro que partiram do enfermeiro, como que envenenando o nosso doentinho?
- Se não estivéssemos junto dele - disse o Ministro -, teriam efetivamente abreviado a morte da criança e, ainda assim, a Lei ter-se-ia cumprido; entretanto, aqueles pensamentos escuros de Mário voltaram para ele mesmo. Emitiu-os, com o evidente propósito de matar e, em razão disso, experimenta o remorso de um verdadeiro assassino. ...
- Permaneçamos convencidos, minha filha, de que, em qualquer lugar e em qualquer tempo, receberemos da vida, de acordo com as nossas próprias obras."

QUESTÕES PARA ESTUDO

1 - Qual a função do corpo físico, no processo de regeneração do espírito?

2 - Clarêncio fala em "tempo de inferno restaurador". Essa idéia está de acordo com o conceito tradicional de "inferno"?

3 - Comentando sobre os casamentos que se realizam na Terra, o instrutor afirma que "em muitas ocasiões, por trás do anseio de união conjugal, vibra o passado, através de requisições dos amigos ou inimigos desencarnados, aos quais devemos colaboração efetiva para a reconquista do vínculo carnal. A inquietação afetiva pode expressar escuros labirintos da retaguarda...". O que pretendeu Clarêncio ensinar com esta afirmação?

4 - Como podemos entender os chamados "anjos de guarda", ante os ensinamentos deste capítulo?  Seriam espíritos puros? Estariam permanentemente ao nosso lado?

5 - O Ministro explica que, se não tivesse neutralizado os jatos de pensamento escuro que partiram do enfermeiro, Júlio teria sua morte antecipada. Como entender, diante da Justiça Divina, o fato de uma criança enferma ficar sujeita a esse tipo de influência destruidora? Qualquer pessoa está sujeita a essa circunstância?

6 - Vamos interpretar algumas citações de André Luiz, extraídas da preleção de Clarêncio:

a) "... por vezes é tão grande a incursão da alam nas regiões de desequilíbrio, que mais extensa se faz a viagem de volta à normalidade."

b) "Entre o credor e o devedor há sempre o fio espiritual do compromisso."

c) "... as vibrações de Júlio eram efetivamente tão incômodas que a primeira esposa do nosso amigo não conseguiu acolhê-lo, de imediato, ..."

d) "A família espiritual é uma constelação de Inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus."

"O homem não conhece os atos que praticou em suas existências pretéritas, mas pode sempre saber qual o gênero das faltas de que se tornou culpado e qual o cunho predominante do seu caráter. Bastará então julgar do que foi não pelo que é, sim pelas suas tendências."  (O Livro dos Espíritos)

Conclusão:

1 - Qual a função do corpo físico, no processo de regeneração do espírito?
O corpo físico funciona como uma espécie de dreno, permitindo que as lesões provocadas pelo espírito em seu organismo perispiritual sejam expurgadas. Como explicou Clarêncio, a carne é como um filtro que retém as impurezas que adquirimos em razão de nosso comportamento contrário às leis naturais, limpando as matrizes perispirituais. Assim, o corpo físico doente não é apenas um veículo que possibilita a expiação regeneradora. É, também, um instrumento de depuração, que limpará o perispírito para a plasmação de um corpo sadio em reencarnação futura.

2 - Clarêncio fala em "tempo de inferno restaurador". Essa idéia está de acordo com o conceito tradicional de "inferno"?
Dessa expressão do instrutor podemos extrair duas idéias que contraditam o conceito tradicional de inferno, adotado por várias denominações religiosas: temporalidade e restauração. Temporariedade da pena, que deve se restringir ao tempo necessário para que o espírito se conscientize do erro, arrependa-se e decida-se pela reparação do mal causado ao próximo. Restauração, porque o objetivo da pena é a recuperação do espírito faltoso e não, simplesmente, a sua punição.

3 - Comentando sobre os casamentos que se realizam na Terra, o instrutor afirma que "em muitas ocasiões, por trás do anseio de união conjugal, vibra o passado, através de requisições dos amigos ou inimigos desencarnados, aos quais devemos colaboração efetiva para a reconquista do vínculo carnal. A inquietação afetiva pode expressar escuros labirintos da retaguarda...". O que pretendeu Clarêncio ensinar com esta afirmação?
Num planeta de provas e expiações, como este em que estamos encarnados, a grande maioria das uniões conjugais têm suas motivações no passado. Foi nesse sentido o ensinamento de Clarêncio. São espíritos que se reencontram, como cônjuges e filhos, para os reajustes necessários, impostos por débitos mutuamente contraídos em experiências anteriores.
Dessa maneira, o anseio pela união conjugal, sentido por muitas pessoas, pode ser o resultado das intensas vibrações de espíritos que, no plano espiritual, aguardam o momento de retornarem ao mundo físico por seus intermédios. São espíritos que devem se reencontrar para o reajuste. Nos momentos de desprendimento pelo sono físico, essas pessoas encontram-se com os desafetos de outrora, desencarnados, que lhes cobram a oportunidade reencarnatória. Quando em vigília, recebem as impressões desses encontros e o desejo de reconciliação se manifesta, fazendo-as ansiarem por uma união conjugal que a possibilite.

4 - Como podemos entender os chamados "anjos de guarda", ante os ensinamentos deste capítulo?  Seriam espíritos puros? Estariam permanentemente ao nosso lado?
Esses espíritos protetores, que muitos denominam "anjos guardiães" ou "anjos de guarda", são espíritos de elevada ordem, que recebem a missão de nos guiar pela senda do bem, auxiliando-nos com suas orientações e nos consolando nos momentos de provações. Não são, contudo, seres angelicais, espíritos puros, que já concluíram  a  sua  evolução.
São espíritos ainda em evolução e a missão de atuarem na nossa proteção constitui, para eles, uma oportunidade de progresso. Sua missão não implica em permanecer o tempo todo ao nosso lado.  Há momentos em que o espírito protetor não precisa estar junto de seu protegido. Todavia, nunca o perde de vista e está sempre a postos para socorrê-lo.

5 - O Ministro explica que, se não tivesse neutralizado os jatos de pensamento escuro que partiram do enfermeiro, Júlio teria sua morte antecipada. Como entender, diante da Justiça Divina, o fato de uma criança enferma ficar sujeita a esse tipo de influência destruidora? Qualquer pessoa está sujeita a essa circunstância?
O corpo era uma criança mas o espírito não. Por trás daquele corpinho enfermo estava um espírito que já vinha de outras experiências, que já tinha uma história. E como o enfermeiro era um antigo desafeto, as vibrações que trocavam entre si eram maléficas. Júlio, por essa razão, permitia uma sintonia com  os  fluidos  emanados  pelos  pensamentos  do enfermeiro. Não fosse a intercessão dos benfeitores espirituais, essa descarga fluídica teria antecipado o momento da sua desencarnação.
Portanto, a Lei Divina não permite que sejamos alcançados pelo desejo de alguém que nos queira fazer o mal sem que tenhamos dado causa. O objetivo somente será atingido se nos mantivermos na mesma sintonia do agressor.

6 - Vamos interpretar algumas citações de André Luiz, extraídas da preleção de Clarêncio:

a) "... por vezes é tão grande a incursão da alma nas regiões de desequilíbrio, que mais extensa se faz a viagem de volta à normalidade."
Os sofrimentos a que somos submetidos nas reencarnações sucessivas são proporcionais ao grau de violação das leis naturais ocasionados pelo nosso comportamento. Quando a gravidade da infração é extensa, o refazimento do espírito passa por uma estrada mais longa, tornando-se mais demorado o reencontro com o equilíbrio. No caso em estudo, vimos que foram muitos os desacertos dos personagens da história, que se envolveram  em  traições,  assassínios  e suicídios. A reparação, então, teria que se fazer à custa de um longo período de dor e sofrimento.

b) "Entre o credor e o devedor há sempre o fio espiritual do compromisso."
Os vínculos entre os espíritos podem se estabelecer pelos mais variados motivos. Quando estabelecido pelo mal causado por uma das partes envolvidas, instala-se um compromisso espiritual a que não há como fugir. Cedo ou tarde a lei cobrará o reajuste indispensável.

c) "... as vibrações de Júlio eram efetivamente tão incômodas que a primeira esposa do nosso amigo não conseguiu acolhê-lo, de imediato,..."
Como vimos em capítulo anterior, durante o processo de gravidez, a mãe e o reencarnante passam por uma verdadeira simbiose espiritual, com a gestante recebendo, em seu veículo físico, a presença do espírito que está voltando. Suas mentes se justapõem em comunhão de pensamentos, provocando uma troca de sensações. A aproximação de Júlio fazia com que a futura mãe recebesse as vibrações negativas que a desafeição mútua do passado provocava. Em decorrência, Zulmira não conseguia acolhê-lo, somente o conseguindo após o trabalho  intercessório da equipe de benfeitores espirituais.
Interessante a reflexão feita pelo Márcio, durante o estudo, sobre a possibilidade de muitos casos de aborto espontâneo terem suas causas numa possível incompatibilidade vibratória existente entre mãe e filho. É, realmente, uma hipótese viável, que a medicina materialista não consegue perceber.

d) "A família espiritual é uma constelação de Inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus."
A família espiritual é bem mais ampla que a família consangüínea em torno da qual nos unimos para as experiências terrenas necessárias à nossa evolução. Como temos visto, muitas das vezes, a família consangüínea congrega espíritos em desajustes, que se juntam para saldarem compromissos mutuamente assumidos no passado. A família espiritual, ao contrário, se forma pela afinidade de pensamentos e de sentimentos. Há sempre um elo espiritual entre os seus membros. Nem sempre, porém, os membro dessa família se encontram reunidos. Há momentos em que as necessidades evolutivas de cada um os separam. Enquanto uns retornam às lides terrenas, outros permanecem no mundo espiritual, zelando pelos que estão encarnados. E assim, ao longo das reencarnações, vamos ampliando a nossa família espiritual, através dos laços eternos que vamos formando e que só o amor pode construir.
Dia virá em que o amor reunirá todos os espíritos numa só e única família: a família universal. E se cumprirá o que Jesus nos ensinou nessa passagem evangélica narrada por Mateus:
"Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe. Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo.
Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: - Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?
E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: - Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe."

Nenhum comentário:

Postar um comentário