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domingo, 27 de dezembro de 2015

Nl04 14 Singular Episodio

 Nl04 14 Singular Episodio

Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE
Sala Nosso Lar

Livro em estudo: Libertação
Tema: Singular episódio
Referência: Capítulo XIV
                                           
R E S U M O  D O  C A P Í T U L O

"Penetrando o compartimento em que Margarida descansava, lá nos aguardavam os dois hipnotizadores em função ativa.
"Gúbio pousou significativo olhar em Saldanha e pediu-lhe em tom discreto:
- Meu amigo, chegou a minha vez de rogar. Releva-me a identificação, talvez tardia aos teus olhos, com relação ao objetivos que nos prendem aqui.
E, denunciando imensa comoção na voz, esclareceu:
- Saldanha, esta senhora doente é filha de meu coração desde outras eras. Sinto por ela o enternecimento com que cuidaste, até agora, do teu Jorge, defendendo-o com as forças de que dispões. Eu sei que a luta te  impôs acerbos espinhos ao coração, mas também guardo sentimentos de pai. Não te merecerei, porventura, simpatia e ajuda? Somos irmãos no devotamento aos filhos, companheiros da mesma luta.
"Saldanha enxugou os olhos, fixou-os, humildemente, no interlocutor bondoso e asseverou, comovendo-nos:
- Ninguém me falou ainda como tu... Tuas palavras são consagradas por uma força divina que eu não conheço, porque chegam aos meus ouvidos quando já me encontro confundido pelos teus atos convincentes. Faze de mim o que desejares. Adoraste, nesta noite, por filhos de teu coração todos os parentes em cuja memória ainda vivo.
Amparaste-me o filho demente, ajudaste-me a esposa alucinada, protegeste-me a nora infeliz, socorreste-me a neta indefesa e repreendeste os que me perturbavam sem motivo justo... Como não enlaçar, agora, as minhas mãos com as tuas na salvação da pobre mulher que amas por filha? Ainda que ela própria me houvesse apunhalado mil vezes, teu pedido, após o bem que me fizeste, redimi-la-ia ao meu olhar...
"Certo, estabelecer novo programa de luta, em companhia do nosso dirigente, porque chamou o hipnotizador mais vivo, a conversação particular.
Próximos de mim, a palestra desdobrou-se clara.
-  Leôncio - disse Saldanha, entusiasmado - nosso projeto mudou e conto com a tua colaboração.
- Que houve? - indagou curiosamente o interpelado.
- Um grande acontecimento.
E prosseguiu, transformado.
- Temos aqui um mago da luz divina.
Em traços rápidos, narrou-lhe os sucessos da noite, em comovedora síntese, terminando por apelar:
Poderemos contar contigo?
- Perfeitamente - esclareceu o companheiro -, sou amigo dos amigos, não obstante os riscos da empresa.
"Mostrou Leôncio estranho brilho nos olhos e, dirigindo-se ao ex-chefe de tortura, falou súplice:
- Escuta! Conheces meu problema. Já que foste socorrido pelo mago, não poderei receber contribuição dele por minha vez?
Tenho na Terra a esposa seduzida e o filho à morte.
(...)
Ante o choroso apelo, Saldanha não hesitou:
- Bem - tornou um tanto embaraçado -, procura o benfeitor Gúbio e expõe-lhe o caso com franqueza.
"- Em que poderemos ser úteis? - indagou o orientador, cortês.
- Passei para cá, há longos sete anos, e deixei no mundo minha mulher e um filhinho recém-nato. (...) De dois anos  para cá, minha infortunada Avelina passou a escutar as fantasiosas propostas de um enfermeiro que se aproveitou da fragilidade orgânica de meu filhinho para insinuar-se sobre o ânimo da pobre mãe, viúva e jovem. (...) Acredito que o consórcio se realizará, dentro de breves dias, e já me resignei a semelhante acontecimento, porque a alma encarnada respira sob teia grossa de pesadelos e exigências, mas o perseguidor embuçado, sentindo em meu filho um concorrente forte aos bens que amontoei, procura aniquilá-lo sem pressa, roubando-lhe, calculado e ingrato, o ensejo de viver para um futuro digno e feliz.
"Gúbio ia responder, mas Elói tomou a dianteira e, com imensa surpresa para nós, perguntou, sem cerimônia:
- E o nome do enfermeiro"? Quem é esse quase infanticida?
- É Felício de...
Quando o nome de família foi pronunciado, nosso companheiro apoiou-se em mim, para não cair.
- É meu irmão! - bradou - é meu irmão...
"(...) nosso Instrutor convidou-nos a visitar o menino enfermo, sem perda de tempo.
(...)
Em aposentos diversos, a dona da casa e o enfermeiro dormiam à solta, enquanto um pequeno simpático gemia, quase imperceptivelmente, demonstrando angústia e mal-estar.
"Gúbio ausentou-se por momentos e regressou trazendo Felício, o enfermeiro, provisoriamente desligado do aparelho fisiológico. O rapaz, não obstante semi-inconsciente, ao avistar Elói junto ao doentinho, procurou recuar, num impulso de evidente pavor, mas nosso dirigente conteve-o, sem aspereza.
"Em seguida, Gúbio aplicou passes de despertamento em Felício para que a mente dele acompanhasse  a  lição daquela hora, (...) e reparando Leôncio a chorar sobre o filhinho. fez novo movimento de recuo, interrogando embora:
- Quê? pois este monstro chora? (...) Sei apenas que ele é para mim um inimigo implacável (...) depois passou a flagelar-me nas horas de sono...
"- Felício, por que insistes no condenável enredo com que preparas tão calculado crime? (...) não te comove a prostração deste menino a quem procuras impor a morte vagarosa? Repara!  o drama de Leôncio não se resume ao conflito de um "morto", como supões em teu perturbado raciocínio.  Ausculta-lhe o  coração de pai amoroso e dedicado!
(...)
Depois de leve pausa, Gúbio continuou:
- Aproxima-te. Vem a nós, Perdeste a capacidade de amar? Leôncio é teu amigo, nosso irmão.
"(...) Gúbio abraçou-o, ergueu-o e disse:
- Leôncio, Jesus crê na cooperação dos homens (...) De hoje em diante, o teu filhinho não será mais vigiado por um perseguidor e, sim, protegido por desvelado benfeitor, digno de nosso concurso fraterno!
O enfermeiro, vencido por semelhantes palavras, ajoelhou-se, diante de nós e jurou:
- Em nome da Justiça Divina, prometo amparar esta criança, como verdadeiro pai!"

QUESTÕES PARA ESTUDO

1.  O presente capítulo nos mostra múltiplos casos de obsessão. Vamos estudar um pouco esse assunto:

a) O que vem a ser obsessão?

b) Pelos exemplos narrados por André Luiz, qual a origem do processo obsessivo?

 c) Por que o instrutor Gúbio não se utilizou de seu poder hierárquico de espírito altamente evoluído para solucionar os casos acima vistos, se sabemos que a força dos espíritos de nível sobre os menos evoluído é irresistível?

d) Qual o "remédio" eficaz para o tratamento do processo obsessivo?

e) Por que Deus permite que um espírito obsidie outro, a ponto de levá-lo a graves enfermidades?

2.  Outro atributo também constantemente presente nos episódios narrados é o perdão. Vamos também estudá-lo:

a) O que é o perdão?

b) Por que perdoar?

c) A quem beneficia o perdão?

d) Qual a visão do Espiritismo sobre o perdão?

 3. Gúbio, numa demonstração de humildade, possível somente a espíritos realmente elevados, revela suas antigas fraquezas, e pede auxílio a Saldanha.
Não teria ele capacidade ou condições de desenvolver o trabalho em vias de execução? Por que a participação do Saldanha era tão relevante?

4. Onde podemos observar o "Singular episódio" sugerido no título do capítulo? Justifique.

Conclusão:
O processo obsessivo é o tema dominante nessa obra. Nesse capítulo, André Luiz  nos  traz  o  relato  de  um episódio ocorrido durante a ação dos benfeitores espirituais em casa de Margarida. Trata-se de  uma verdadeira rede de obsessões, pelos mais variados motivos, a exigir a atuação sempre sábia e coerente do Instrutor Gúbio.
Dentre os casos surgidos no capítulo, vamos encontrar um que realmente justifica o título dado ao capítulo por André Luiz.

QUESTÕES PARA ESTUDO

1.  O presente capítulo nos mostra múltiplos casos de obsessão. Vamos estudar um pouco esse assunto:

a) O que vem a ser obsessão?
Podemos definir o fenômeno da obsessão como a influência que um espírito, encarnado ou desencarnado, exerce sobre outro, encarnado ou desencarnado, em graus variados, que vão desde a perturbação até a subjugação, introduzindo-lhe na mente, através do pensamento, idéias estranhas, que, geralmente, o levam a sofrimentos físicos ou psíquicos. Dá-se a obsessão através da sintonia entre os dois espíritos - obsessor e obsediado - identificados por atos e pensamentos da mesma natureza, contrários às Leis Naturais. Trata-se, portanto, de uma via de mão dupla, que não se torna possível sem o consentimento, ainda que involuntário, da parte obsediada.

b) Pelos exemplos narrados por André Luiz, qual a origem do processo obsessivo?
O processo obsessivo tem a sua origem num desejo de vingança do obsessor contra a parte obsediada. Esse desejo de vingança é motivado por um ato do obsediado que ofendeu, física ou moralmente, o atual obsessor. Como este ainda não evoluiu o suficiente para aprender a perdoar, sente-se desejoso de perpetrar um ato vingativo contra o ofensor, como forma de reparação pela agressão sofrida.  

c) Por que o instrutor Gúbio não se utilizou de seu poder hierárquico de espírito altamente evoluído para solucionar os casos acima vistos, se sabemos que a força dos espíritos de nível sobre os menos evoluído é irresistível?
O instrutor, de fato, poderia se utilizar de sua força moral infinitamente superior à daqueles obsessores. Como ensinam os Espíritos, essa força seria irresistível para aquelas entidades das trevas. Todavia, se  não  procedesse à transformação dos obsessores, a causa e a motivação da obsessão permaneceriam existindo e eles  retomariam  à ação tão logo os benfeitores se afastassem. Somente pelo convencimento, através da demonstração do poder do amor e da vantagem de se perdoar é que se consegue afastar um obsessor, que necessita, antes de tudo, ser tratado como um irmão amado e com compreensão.
       
d) Qual o "remédio" eficaz para o tratamento do processo obsessivo?
O antídoto é o amor. Tratando o obsessor com amor, respeito e compreensão é que se consegue convencê-lo de quão prejudicial para si também é o seu procedimento. É preciso demonstrar que, enquanto  se  dedica à  obsessão, sua evolução fica estagnada, mantendo-o afastado de Jesus, o único caminho que o levará à felicidade.

e) Por que Deus permite que um espírito obsedei outro, a ponto de levá-lo a graves enfermidades?
As leis de Deus são sábias. Embora indesejável, a dor é fonte de sofrimento que, por vezes, torna-se necessário  ao despertamento do espírito para a sua correção de rumo. A obsessão, embora não tenha sido criada por  Deus,  é por ele permitida como um aprendizado para o obsediado. É um dos meios pelos quais se cumpre  a  lei  de  ação  e reação, instrumento de que Deus se utiliza para a manutenção da harmonia do Universo.

2.  Outro atributo também constantemente presente nos episódios narrados é o perdão. Vamos também estudá-lo:

a) O que é o perdão?
Perdoar é compreender, é entender, aceitar com humildade o erro do próximo, sem alimentar qualquer desejo de vingança contra o ofensor. É amar os que nos ofendem, compreendendo-o como um  irmão  de  caminhada  que  está também passando por um processo evolutivo em que estamos sujeitos a erros e acertos,  através  dos  quais  vai  se burilando até chegar à perfeição possível.

b) Por que perdoar?
Porque o perdão liberta, não nos torna escravos da vingança e do ressentimento, sentimentos que envenenam  o perispírito através dos fluidos deletérios que liberam.

c) A quem beneficia o perdão?
O perdão beneficia a ambas as partes envolvidas na situação conflituosa, principalmente  o  ofendido,  que  se desvinculado ao ofensor, deixando-o com seu erro e sua dívida para com a lei de ação e reação.

d) Qual a visão do Espiritismo sobre o perdão?
O Espiritismo, nos ensina, ratificando o ensinamento de Jesus, que o perdão é um ato que somente traz benefícios a quem o pratica. O mal praticado e o ódio que dele possa resultar àquele que o sofre criam um vínculo entre ambos - ao que pratica e ao que não perdoa - através de laços fluídicos deletérios, que geram uma troca de energias negativas. Aquele que perdoa, assim como aquele que roga o perdão, com essa atitude, libera-se desse vínculo, deixando ao outro, que persiste na situação, toda a energia negativa. Não foi outro o motivo por que Jesus, ao ser indagado por Pedro sobre se deveria perdoar até sete vezes, respondeu-lhe que deveria se perdoar não sete vezes, mas sete vezes setenta vezes, ou seja, sempre.

3.  Gúbio, numa demonstração de humildade, possível somente a espíritos realmente elevados,  revela  suas  antigas fraquezas e pede auxílio a Saldanha. Não teria ele capacidade ou condições de desenvolver o trabalho em vias de execução? Por que a participação de Saldanha era tão relevante?
Porque, como vimos na questão acima, para pôr termo ao processo obsessivo é indispensável  a  transformação dos obsessores. Caso contrário, a causa e a motivação da obsessão permaneceriam e o processo seria retomado.
Com o convencimento de Saldanha, Gúbio conseguiu operar a transformação moral do obsessor, através do socorro espiritual que aliviou o sofrimento de seu filho. O poder do amor fez com que Saldanha compreendesse a vantagem de perdoar, beneficiando Margarida, a assistida pelos três benfeitores.
 
4.  Onde podemos observar o "Singular episódio" sugerido no título do capítulo? Justifique.
Podemos considerar como o episódio singular que ensejou o título do capítulo o fato de um dos enfermos socorridos estar sendo obsediado pelo irmão de Elói, um dos benfeitores espirituais. Essa circunstância provocou no benfeitor uma grande crise emocional, ao ser surpreendido com o fato inesperado.

Um fraternal abraço a todos.
Sala Nosso Lar
CVDEE

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