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sábado, 19 de dezembro de 2015

Programa 1 # Tomo I # Modulo II # Roteiro 7 # Maria Mae De Jesus..8

Programa 1 # Tomo I # Modulo II # Roteiro 7 # Maria Mae De Jesus..8

MARIA MAE DE JESUS

10) Família carnal e família espiritual de Jesus
Marcos 3:20/35 e passagens paralelas em Mateus 12:46/50 e Lucas 8:19/21

A descrição mais elucidativa é a de Marcos. Mas temos de realçar o fato deste acontecimento ter sido registrado por três dos quatro evangelistas.
Jesus voltou para a segurança da casa de seus pais, mas a sua fama já se tinha espalhado e a enorme multidão, que o seguia, entrou em casa de tal maneira que nem podiam comer.
Diz o versículo 21 da passagem que lemos em Marcos, que os seus procuravam prender a Jesus, dizendo que tinha enlouquecido.
Pelo contexto desta afirmação, é fácil concluir que os seus que procuravam prendê-lo, não eram os apóstolos, mas os seus familiares, cuja descrição mais pormenorizada está no versículo 32 Eis que tua mãe e teus irmãos....
A palavra que foi traduzida por irmãos, não significava necessariamente filhos da mesma genitora, fato que leva os teólogos católicos a afirmar que se tratava de primos ou familiares muito próximos, enquanto os teólogos ortodoxos, geralmente afirmam que eram filhos dum primeiro casamento de José.
Devo dizer em primeiro lugar, que considero esse pormenor, perfeitamente secundário. Mas não vejo qualquer base bíblica para dar à palavra irmãos outro significado que não seja o vulgar, de filhos de José e Maria. Nós hoje diríamos: Filhos legítimos de José e Maria. Mas é interessante que aquilo que nos nossos dias pode ser um escândalo para alguns, é um pormenor dignificante no contexto cultural em que Maria viveu. Nessa época, ela já era uma respeitável anciã acompanhada pelos seus filhos e filhas. Se dissermos que eles não eram seus filhos, porque só teve um único filho, na sua cultura, estaremos a diminuir a pessoa de Maria.
Como vimos pela descrição de Marcos (vr.21) tanto Maria como os seus filhos, julgaram que Jesus tivesse enlouquecido e vieram para prendê-lo, certamente com boas intenções. Eles conheciam bem a Jesus, e já se começava a formar o grande confronto entre a mentalidade veterotestamentária, dum deus cruel, racista e machista, e a verdadeira imagem de Deus, que o seu próprio Filho viera apresentar.
Num caso destes, a única pessoa que, de acordo com as tradições judaicas, teria autoridade para tentar afastar Jesus do seu objetivo, seria José. Mas nunca mais se encontraram referências a José, pelo que temos de admitir que já teria falecido. Assim, o chefe da família seria o próprio Jesus, o filho primogênito. Julgo ter sido esse o motivo de toda a família se juntar, para i-lo buscar.
Nessa ocasião, Jesus era acusado de blasfêmia pelos principais do seu povo e até os seus irmãos zombavam dele (João 7:3/5). Jesus era demoníaco para os sacerdotes e louco para os seus familiares. Mas por outro lado, tinha a confiança dos seus apóstolos e o apoio entusiástico da imensa multidão de discípulos cujo número aumentava constantemente.
Como entender a atitude de Maria nesta ocasião? Os evangelhos não nos esclarecem sobre este pormenor e é bem possível que ninguém saiba. Mas temos várias hipóteses:
Ou Maria se tinha se esquecido das palavras do anjo Gabriel sobre o destino de Jesus, ou viera para evitar que os outros filhos usassem de violência para com Jesus, ou lembrava-se perfeitamente das palavras do anjo Gabriel e era precisamente esse destino de Jesus que mais a atormentava e, como mãe, queria afastar Jesus do seu destino, ou talvez a hipótese mais provável, depois do falecimento de José, estava desorientada, incapaz de tomar uma decisão tão difícil e viera, sem saber bem por que nem para quê.
Podemos não concordar com a atitude dos familiares de Jesus, mas nós estamos comodamente a vinte séculos de distância e se tentarmos imaginar a realidade que viveram, não podemos deixar de nos comover com a situação desta mãe que vê o seu menino a desafiar os mais poderosos da terra e a preparar o que ela sabia ser o seu fim.
A resposta do Mestre a quem lhe disse que os seus familiares o procuravam, é em primeiro lugar uma ruptura com toda a mentalidade veterotestamentária que dava grande importância à genealogia e aos laços familiares. Jesus não nega a importância da família, mas apresenta outros valores muito superiores. Um novo conceito de família espiritual se sobrepunha à família natural. Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.

11) Maria na crucificação de Cristo
João 19:25/27

25. Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Clopas e Maria Madalena. (segundo a tradução da Bíblia de Jerusalém). Há uma certa divergência na interpretação deste versículo no grego, que não é bem claro. O nome de Maria era muito vulgar, pelo que há quem diga que se trata de três mulheres e não quatro ou cinco, como parece na nossa língua, pois a outra Maria, poderia ser a irmã de sua mãe e ser também a mulher de Clopas. Mas neste estudo, o que mais nos importa é que Maria, a mãe de Jesus estava junto à cruz, e assistiu à morte de seu filho.
Em certas passagens dos evangelhos aparecem pequenas referências a um grupo de mulheres que seguia o Mestre desde a Galileia (Lucas 23:49). Penso que, devido ao contexto cultural em que se encontravam, que não dava grande importância às mulheres, estas fiéis servidoras de Jesus terão passado despercebidas. Mas, vemos aqui, que esse grupo de mulheres corajosas, inteligentes, algumas com posições importantes na sociedade em que estavam, se mantiveram firmes até ao fim. Mesmo depois do grupo dos apóstolos se dispersar, menos o apóstolo João, apesar de todos os perigos, elas continuaram ao pé de Jesus, assistiram à sua morte e continuaram prontas para servi-lo.
26. Jesus, então, vendo sua mãe e, perto dela, o discípulo quem amava, disse à sua mãe. Mulher, eis o teu filho. 27 Depois disse ao discípulo: Eis a tua mãe!E a partir dessa hora, o discípulo a receber em sua casa.
Esta é uma das cenas mais dolorosas de toda a Bíblia. Maria assistindo à morte do seu próprio filho.
Através dos tempos, esta passagem bíblica tem servido para tema de muitas reflexões da teologia e muitos artistas, desde a Idade Média têm tentado retratar o que se passou. Mas, fiquemos só com a descrição bíblica. Isto nos basta. O evangelho de João, é o único que nos descreve esta cena, pois todos os outros já se tinham dispersado e possivelmente, João é o único discípulo que ficou junto à cruz até ao fim, para poder registrar o que se passou.
Mulher, eis o teu filho. Porque é que, pelo menos nesta ocasião, Jesus não tratou a Maria por mãe?
Penso que o menino Jesus que nasceu em Belém e que inicialmente estava sujeito a seus pais (Lucas 2:51), gradualmente foi dando lugar ao Cristo, o Filho de Deus. Maria assistia à morte do seu filhinho o homem chamado Jesus que dava lugar ao Filho de Deus com todo o seu poder (Mateus 28:18). É bem possível que nessa ocasião, Maria se lembrasse das palavras de Simeão e a ti, uma espada traspassará tua alma... (Lucas 2:35).
Mesmo nos últimos momentos, Cristo manteve toda a sua lucidez. Não deixou de se preocupar com o ladrão que se arrependeu na hora da morte e também se preocupou com Maria, que o trouxe a este mundo.
Preocupou-se com o futuro de Maria, mas em que aspecto?
Certamente que as fiéis seguidoras do Mestre, não deixariam Maria desamparada a ponto de passar fome e a não ter onde morar. Também a velha Lei e as tradições judaicas, tinham solução para estes casos. Era aos irmãos de Jesus que competia o sustento se sua mãe. O problema não era econômico. A preocupação de Cristo era outra, era encontrar alguém que a pudesse ajudar no aspecto material e que a pudesse compreender.
Depois de Maria assistir à crucificação de Cristo, não podia voltar para casa dos outros filhos que zombavam da mensagem do Mestre João 7:3/5. Era necessário providenciar alguém que a pudesse compreender, alguém da família espiritual (Marcos 3:35) e o apóstolo João, foi o escolhido.

12) Depois da ressurreição de Cristo
Atos 1:14

Esta é a última referência a Maria.
Lucas apresenta uma descrição do ambiente na igreja inicial, a Igreja de Jerusalém.
Como é natural nessa cultura, descreve em primeiro lugar, os principais responsáveis, todos homens, mas depois abre uma exceção, apresentando ...algumas mulheres, entre as quais, Maria, a mãe de Jesus com os irmãos dele. Era certamente o tal grupo das fiéis servidoras do Mestre, e Maria ocupara o seu lugar no meio delas.
Pessoalmente, penso que não era de maneira alguma a poderosa Santa, como muitos pretendem, mas era a verdadeira mulher, como Jesus a tratou, que faria com que todas as mulheres se orgulhassem nela, que nos dava o seu exemplo de serviço e de humildade.
Era a ferramenta nas mãos do Senhor que já cumprira a sua função e nada mais lhe restava que dar graças a Deus por lhe ter dado essa maravilhosa oportunidade de servi-lo.

EDGARD ARMOND - VIVÊNCIA ESPÍRITA

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