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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

MÃOS ESTENDIDAS


"Senhor, ao contemplar o homem caído diante de sua própria fraqueza, sentimo-nos amparados por Vós e imploramos que nossos passos jamais resvalem por medo, para que possamos sempre servir em Vosso nome.

Meu Deus, ao encontrar-Vos, genuflexos nos colocamos à frente de cada irmão para auxiliá-los, porque sabemos que não desamparais os Vossos filhos, principalmente aqueles que lutam para atingir a plenitude da vida.

Amamo-Vos, Senhor, e graças Vos damos por nos terdes criado."

 
Pelo Espírito: Luiz Sérgio
Do livro: Rios de Oração
Psicografia: Irene Pacheco Machado

O Livro dos Espíritos Estudo 37


Livro Primeiro
As Causas Primárias
Capítulo I

Deus
I. Deus e o Infinito
II. Provas da Existência de Deus
III. Atributos da Divindade
IV. Panteísmo
I - Deus e o Infinito - 1 a 3

             "(...) 1 - O que é Deus?
Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas".1
Recordar que as perguntas são formuladas pela mente pesquisadora, filosófica do Professor Rivail, Allan Kardec, enquanto que as respostas são dadas pelos Espíritos Superiores, comprometidos coma Terceira revelação.
Quando pergunta, que é Deus, usa essa forma porque não visa identificar origem, definir natureza, constituição, humanizar, dar detalhes íntimos que personificam e caracterizam, uma vez que essa é função do pronome quem.
Ao usar, que, busca entender qualificação, propriedades, dotes, virtudes, superioridades, a excelência em atributos que distinguindo de tudo quanto existe, projeta-o no infinito, através da transcendência.
Atendo-se a esse cabedal de superioridade, obtém a resposta.
"(...) Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas". 1
Abrindo a que se visualize um caminho, no qual se compreende a presença de um ser Superior Moral a definir-se em total respeito aos princípios de Justiça, sabedoria, sentimentos e significados pessoais dando sentido às existências, vidas, reencarnes e desencarnes.
"(...) 2 - O que devemos entender por infinito?
 Aquilo que não tem começo nem fim: o desconhecido; todo desconhecido é infinito". 1
 "(...) 3 - Poderíamos dizer que Deus é infinito?
Definição incompleta. Pobreza da linguagem do homens, insuficiente para definir as coisas que estão além da sua inteligência". 1
Infinito, não finito, sem fim termo ou limite de duração, extensão ou intensidade extremas, imenso, inumerável, incontável.
"(...) palavras que usamos para referir um atributo cujo Carter ignoramos totalmente".
Infinito para o homem, é tudo quanto não consegue conceber, não pode compreender, pois sua mente finita, limitada não tem, não possui registros identificadores para abranger, materializar e melhor entender, esse Absoluto.
Não nos é possível sequer conceber o Nada, o vazio absoluto, do qual Deus teria saído como o Ser Absoluto. Tirar o Absoluto do Nada é uma contradição que o nosso entendimento repele. A existência de Deus, como anterior à Criação é inconcebível. E se algo existia antes, temos um poder criador anterior a Deus. A tese budista do Universo incriado, que sempre existiu, subordina o poder de Deus a essa existência misteriosa e inexplicável. Nos limites da nossa mente esses problemas não cabem, são mistérios que serviram para todos os sofismas, jogos de palavras e conclusões monstruosas do pensamento teológico. Mas quando aplicamos o bom-senso, com a devida modéstia de criaturas finitas e efêmeras, diante do Infinito e da Eternidade, podemos reduzir o ilimitado aos limites da realidade inteligível. Então o raciocínio dedutivo, de ordem científica, que parte do chão da existência evidente, para alcançar pouco a pouco as alturas acessíveis, nos coloca diante de uma realidade que podemos dominar. Deus como Existente, que existe na nossa realidade humana, pode ser tocado com os dedos e sentido, captado pelo nosso sensório comum. Não necessitamos da percepção extra-sensorial para captar a sua existência. O grande erro das religiões é apresentar Deus como enigma insolúvel e exigir que o amemos de todo o coração e todo o entendimento.
Essa colocação contraditória levou-as a um absurdo ainda maior, o de transformar Deus num tirano sádico que nos criou para submeter-nos à tortura e à perdição. Por mais que se fale em amor, misericórdia e piedade, essas palavras nada valem diante das ameaças da escatologia religiosa.
Mas Deus como Existente é o Pai que Jesus nos apresenta em termos racionais, pronto a nos guiar e amparar, anos dar pão e não cobras quando temos fome e a nos convidar incessantemente para o seu Reino de Harmonia e Beleza. Se podemos percebê-lo em nós mesmos, na nossa consciência e no nosso coração, se podemos vê-lo em seu poder criador numa folha de relva, numa flor, num grão de areia e numa estrela se podemos conviver com ele e sentarmos com ele à mesa e partir o pão com os outros, então ele realmente existe em nossa realidade humana e o podemos amar, e de fato o amamos de todo o coração e de todo entendimento. Deus como Existente é o nosso companheiro e o nosso confidente. Não dependemos de intermediários, de atravessadores do mercado da simonia para expor-lhe as nossas dificuldades e pedir a sua ajuda. A existência de Deus se prova então pela intimidade natural (não sobrenatural) que com ele estabelecemos em nossa própria existência". 3
Esse entender afasta o engano da idéia de um ser, todo poderoso, insensível ao sofrimento dos outros que castiga alguns enquanto permite que outros vivam felizes no uso e abuso dos bens terrenos.

Continua em nosso próximo estudo...

Bibliografia:
1.  KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos - q. 1 a 3
2.  FLAMMARION, Camille. Deus na Natureza - cap. V
3.  PIRES, José H. Concepção Existencial de Deus - I
4.  DENIS, Léon. O Grande Enigma - IV
5.  XAVIER, Francisco C. - Emmanuel (Espírito). 117
6.  MENSAGENS E ORAÇÕES. Enfim te encontro - pág. 2

Leda Marques Bighetti
Julho / 2004

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O Livro dos Espíritos Estudo 36


As Causas Primárias

Cap. I - Deus

I - Deus e o Infinito
II - As provas da Existência de Deus
III - Atributos da Divindade
IV - Panteísmo
Ao iniciar essa série, o fazemos com as belíssimas reflexões de Eurípedes Barsanulfo.

D E U S

           O Universo é obra inteligentíssima, obra que transcende a mais genial inteligência humana. E, como todo efeito inteligente tem uma causa inteligente, é forçoso inferir que o do Universo é superior a toda inteligência. É a inteligência das inteligências, a causa das causas, a lei das leis, o princípio dos princípios, a razão das razões, a consciência das consciências: é DEUS! DEUS!... nome mil vezes santo, que Isaac Newton jamais pronunciava sem descobrir-se!...
           E DEUS! DEUS, que vos revelais pela natureza: vossa filha e nossa mãe,. Reconheço-vos eu, Senhor, na poesia da Criação, na criança que sorri, no ancião que tropeça, no mendigo que implora, na mão que assiste, na mãe que vela, no pai que instrui, no apóstolo que evangeliza!
           DEUS! Reconheço-vos eu, Senhor, no estro do vate, na eloqüência do orador, na inspiração do artista, na santidade do moralista, na sabedoria do filósofo, nos fogos do gênio!
           DEUS! Reconheço-vos eu, Senhor, na flor dos vergeis na relava dos vales, no matiz dos campos, na brisa dos prados, no perfume das Campinas, no murmúrio das fontes, no rumorejo das franças, na música dos bosques, na placidez dos lagos, na altivez dos montes, na amplidão dos oceanos, na majestade do firmamento!
           DEUS! Reconheço-vos eu, Senhor, na formação das nebulosas, na origem dos mundos, na gênese dos sóis, no berço das humanidades, na maravilha, no esplendor, no sublime do infinito!
           DEUS! Reconheço-vos eu Senhor, com Jesus quando ora: ”Pai nosso que estais nos Céus... ou, com os anjos quando cantam: “Glória a Deus nas alturas...”

ALELUIA!!!

EURÍPEDES BARSANULFO
Sacramento (MG), 18 de Janeiro de 1914
Texto extraído do livro "Eurípedes o homem e a missão", 1a edição - 1979.

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

PALAVRAS DE VIDA ETERNA - ESTUDO 47



Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

DINHEIRO E ATITUDE

"Porque a paixão do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males e, nessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”. - Paulo. (I Timóteo, 6:10).
           A compreensão parcial de determinados trechos evangélicos tem levado a muitos equívocos. Uma dessas situações relaciona-se à posse, à riqueza como obstáculo à conquista dos valores eternos. Por exemplo, quando Jesus respondendo ao moço rico lhe disse que seria preciso vender tudo o que tinha para segui-Lo, e concluiu que "é mais fácil um camelo passar no fundo da agulha do que um rico entrar no reino de Deus", muitos interpretam que o Mestre menospreza a prosperidade e condena aquele que possui a riqueza. Jesus, com tal ensinamento, "jamais quis menosprezar a prosperidade, que é um bem da vida" 3, e nem condenar o rico; pretendeu com isso advertir-nos quanto ao apego excessivo dos bens materiais, do supérfluo porque desavisados, invigilantes, habituamo-nos ao abuso.
           Em o Evangelho Segundo o Espiritismo2 Allan Kardec esclarece que "se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação alguma, idéia esta que repugna a razão". Na seqüência reflete que a riqueza, naturalmente, é um poderoso "excitante do orgulho, da vaidade, da vida sensual" isto é, gera tentações e exerce grande fascínio levando o incauto, em função da concupiscência que lhe é própria, a situações infelizes.
           O dinheiro em si é neutro, é a aplicação que se lhe dá que o transforma em veículo do Bem ou do Mal, de elevação ou de queda, alterando-lhe a finalidade. Provendo educação, trabalho, remédio, alimento, etc., enobrece quem o possui e quando usado com egoísmo, apenas em benefício próprio, na posse sem aplicação no bem comum, encarcera o homem levando-o à infelicidade. 
           O apóstolo Paulo reconhecendo que o dinheiro em poder de criaturas que ainda estagiam no egoísmo, na avareza, na usura, na insensibilidade é porta aberta à queda orienta Timóteo.
 
           Emmanuel, no texto em estudo, atualizando o ensinamento apostólico, considera que, embora o dinheiro seja bênção da vida, seu uso indevido deforma o coração daquele que o segrega no vício; faz-se verdugo implacável do avarento; transforma a inteligência perversa em arma destruidora; vinga-se daquele que o extorque e o recolhe, instalando enfermidade e cegueira, mas é instrumento libertador quando aplicado no campo do progresso e da bondade.
Conclui que1: "não é a moeda que envilece o homem, mas sim o homem que a envilece pelo desvario das paixões que o dominam".
           "A riqueza é um bem para ser administrado em benefício geral e não para uns privilegiados. Aquele que retém a riqueza em seus cofres, sem dar-lhe utilidade é avarento, e o que a manipula apenas em seu benefício é exclusivista, egoísta, ambicioso; na verdade esse já recebeu a recompensa que queria4".

Bibliografia:
1. Xavier, Francisco Cândido. "Palavras de Vida Eterna: Dinheiro e Atitude". Ditado pelo Espírito Emmanuel. CEC. 17a ed. Uberaba, MG. 1992.
2. Kardec, Allan. "O Evangelho Segundo o Espiritismo: Capítulo XVI - Salvação dos Ricos".IDE. 59a ed. Araras, SP. 1986.
3. Peralva, Martins. "Estudando o Evangelho: Riqueza". FEB. 15a ed. Rio de Janeiro, RJ. 1987.
4. Palhano Jr., L. "A Carta de Tiago: Os Ricos; Riquezas". Editora FRÁTER. Niterói, RJ. 1992.

Iracema Linhares Giorgini
Junho / 2005


I TIMÓTEO 6
10 Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.


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O LIVRO DOS MÉDIUNS - Estudo 37


SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CAPITULO VI

MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS

Estudo 37 - ENSAIO TEÓRICO SOBRE AS APARIÇÕES

Itens 101 A 104

          
No estudo destes itens é feita a distinção entre as chamadas visões que ocorrem durante o sono, pelos sonhos e as aparições propriamente ditas, as quais ocorrem no estado de vigília, em pleno gozo e completa liberdade da faculdade da pessoa que as vê.
          As aparições apresentam-se geralmente com forma vaporosa e diáfana, algumas vezes vaga e indecisa. Formam-se a partir de um clarão esbranquiçado, cujos contornos vão se desenhando aos poucos; de outras vezes são formas claramente acentuadas, distinguindo-se os menores traços do rosto. As maneiras, o aspecto é semelhante aos do Espírito quando encarnado.
          Quanto à aparência, o Espírito se apresenta com aquela que melhor possa ser identificado, se esse for o seu desejo. Pode apresentar-se com defeitos corporais, apesar do Espírito não apresentar nenhuma deformidade. Uma particularidade a notar é que, exceto em circunstâncias especiais, as partes menos precisas das aparições são os membros inferiores, enquanto a cabeça, o tronco, os braços e as mãos aparecem nitidamente. As vestes variam de roupões que terminam em pregas flutuantes, de Espíritos mais elevados, às de Espíritos comuns, das pessoas que conhecemos, e que se vestem geralmente como o faziam nos últimos anos de sua existência. Os Espíritos superiores apresentam uma figura bela, nobre e serena. Os mais imperfeitos têm algo de feroz e bestial e algumas vezes trazem ainda os vestígios dos crimes que cometeram ou dos suplícios que sofreram.
          As aparições têm algo de vaporoso, permitindo se veja através delas. É geralmente assim que os médiuns videntes as distinguem. Eles as vêm ir e vir, entrar num ambiente, circular por entre a multidão com ares de quem participa, ao menos os Espíritos vulgares, de tudo o que se faz ao seu redor, de se interessarem por tudo e ouvirem o que se diz.  Muitas vezes se aproximam de uma pessoa para lhe "assoprar" idéias, influenciá-la, quando Espíritos bons; quando são maus, mostrando-se tristes ou contentes com o que obtiveram. 
          È assim o mundo oculto que nos envolve, no meio do qual vivemos sem o perceber, como vivemos entre as miríades de seres do mundo microscópico.
          O Espírito, que quer ou pode fazer-se visível, reveste às vezes uma forma ainda mais precisa, com todas as aparências de um corpo sólido, a ponto de causar completa ilusão e dar a crer, aos que observam a aparição, que têm diante de si um ser corpóreo. Em alguns casos e dentro de algumas circunstâncias, a tangibilidade pode tornar-se real, isto é, possível se torna ao observador tocar, palpar, sentir, na aparição, a mesma resistência, o mesmo calor que num corpo vivo, o que não impede que a aparição se desvaneça com a rapidez do relâmpago. Nesses casos, já não é somente com o olhar que se nota a presença do Espírito, mas também pelo tato. 
          Se podemos atribuir à ilusão ou a uma espécie de fascinação a aparição simplesmente visual, o mesmo já não ocorre quando se consegue segurá-la, palpá-la, e quando ela própria segura e abraça o observador. As aparições tangíveis são as mais raras, porém, os registros existentes na literatura espírita, como também os fatos atuais, constantes de experiências e observações parapsicológicas, provam e explicam os relatos históricos sobre pessoas que reapareceram após a morte com todas as aparências da realidade. De resto, como acentua Allan Kardec, por mais extraordinário que sejam semelhantes fenômenos, perdem todo o caráter de maravilhoso quando se conhece a maneira pela qual se produzem e se compreende que, longe de representarem uma derrogação de leis naturais, apresentam apenas uma nova aplicação dessas leis.
          Tal é esse mundo oculto que nos cerca, dentro do qual vivemos sem o perceber, como vivemos, também sem darmos por isso, em meio das miríades de seres do mundo microscópico. O microscópio nos revelou o mundo dos infinitamente pequenos, de cuja existência não suspeitávamos; o Espiritismo nos revelou o mundo dos Espíritos, que, por seu lado, também constitui uma das forças ativas da Natureza. Com o concurso dos médiuns videntes, possível foi estudar o mundo invisível, conhecer-lhe os costumes, como um povo de cegos poderia estudar o mundo visível com o auxílio de alguns homens que gozassem da faculdade de ver.
          Em nosso próximo estudo veremos quais são as causas e como ocorrem as aparições.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VI - 2ª Parte
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, edição especial. Capivari: EME, 1997 - Cap VIII - Emancipação da alma

Tereza Cristina D'Alessandro
Agosto / 2004

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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

99 – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO


CAPÍTULO XI: AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

INSTRUÇÃO DOS ESPÍRITOS, ITEM 10: A LEI DO AMOR
SANSON foi membro da Sociedade Espírita de Paris, tendo desencarnado em 21 de abril de 1862, “após mais de um ano de sofrimentos cruéis”.
             Em 27 de agosto de 1860, conforme consta na Revista Espírita de Allan Kardec, maio de 1862, ele enviara uma carta a Allan Kardec, como presidente da referida Sociedade, lembrando o pedido que fizera há cerca de um ano: o de ser evocado, “o mais imediatamente possível” e tantas vezes quanto Kardec julgasse conveniente,” para que, membro muito inútil de nossa Sociedade, durante minha presença na Terra, para algo lhe possa servir no além- túmulo, dando-lhe os meios de estudar fase por fase, nessas evocações, as diversas circunstâncias que se seguem ao que o vulgo chama a morte, mas que, para nós, espíritas, não passa de uma transformação sob as vistas impenetráveis de Deus, mas sempre útil ao fim que se propõe.”
             A carta prossegue, bastante interessante, revelando uma fé firme nos princípios do espiritismo e uma humildade e sinceridade, sem receio de “desnudar-se”, diante dos companheiros, desde que servisse para o estudo e aprendizado, que se fazia, quanto à situação dos homens, após o desencarne.
             Allan Kardec revela que, uma hora antes do enterro, na câmara mortuária, em presença do corpo, evocaram-no, com dois objetivos: o de satisfazer a vontade de Sanson e “o de observar, uma vez mais, a situação da alma, num momento tão próximo da morte – e isto num homem eminentemente inteligente e esclarecido, profundamente imbuído das verdades espíritas.”
             Segue-se o diálogo entre o recém-desencarnado e Kardec, o discurso desse e uma mensagem psicografada, durante a cerimônia no cemitério, e referência a mais duas conversas mediúnicas com Sanson em 25 de abril e 2 de maio, publicadas na Revista Espírita de junho de 1862.
             Kardec diz no seu discurso, dentre outras muitas coisas, que Sanson possuía “um coração eminentemente reto, de uma lealdade a toda prova; sua vida foi a de um homem de bem em toda a extensão do vocábulo.” *
             “Era dotado de uma inteligência pouco comum e de uma grande justeza de apreciação, ainda mais desenvolvida por uma instrução variada e profunda”. 
... Era um desses homens que jamais se aborrecem porque sempre estão pensando em algo de sério”. Diz que ele estava sempre contente com o que tinha, sem se atormentar nunca pelo que não tinha.
             Suas qualificações nobres foram fortalecidas pelo espiritismo, que o ajudou “a suportar, longos e cruéis padecimentos com uma paciência e uma resignação muito cristãs”.
             “Ah! É que a fé espírita dá, nesses momentos supremos, uma força da qual só se dá conta quem a possui. E o Sr. Sanson a possuía em grau supremo.”
             Iniciemos o estudo da mensagem desse Espírito sobre o amor.
             Com humildade, diz que os Espíritos presentes falam pela sua voz: “Amai muito para serdes amados”.
             Todos os Espíritos, encarnados ou desencarnados, aspiram ser amados, queridos, mas nem todos pensam ou sabem que antes de receber é preciso dar. Logo, quem quer ser amado preciso, antes de tudo, amar. Quem não busca amar não merece ser amado. O amor é força que atrai. Sem esse imã, como atrair amor?
             Por outro lado, se todos desejam ser amados e para isso é necessário que amem, tal fato é prova de que o amor existe em todos os Espíritos, iniciado seu desenvolvimento nos animais superiores, embora esses não tenham consciência disso.
             Portanto, quem se sente sozinho, sem amores, que se abra aos que lhe sejam seus próximos, e procure interessar-se por eles, por seus valores, por seus sonhos, por suas necessidades, a fim de que o amor crescendo dentro de si, se expandindo na direção de outros, atraia o amor dos outros para si.
             No esforço de amar-se o próximo, “de tal maneira vos elevareis acima da matéria, que vos espiritualizareis antes mesmo de despirdes o vosso corpo terreno”.
             O espiritismo ampliou a visão da vida futura, mostrando-a com uma continuação da vida na Terra, dando a certeza da progressão contínua em direção a Deus, à perfeição possível, à paz e à felicidade, provando que podemos sonhar com o melhor para todos nós, porque temos todas as condições, as possibilidades e o determinismo divino de consegui-lo.
             Lembra-nos Sansão que também devemos elevar-nos bem alto, sem as restrições da matéria, buscando a visão de toda a trajetória do Espírito imortal, dirigindo nossos pensamentos a Deus, antes de julgarmos os outros. Isso é um ato de amor ao próximo.
             “Amar, no sentido profundo do termo, é ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros aquilo que se deseja para si mesmo”.
             Para isso é preciso olhar para o outro como a um irmão, um ser igual a si próprio, com qualidades, defeitos, sonhos de felicidade... É ver o outro como membro de uma grande família, a humanidade, caminhando todos os seus membros para se elevarem em direção a planos mais puros e sublimes.
             Em assim vendo e compreendendo, os homens serão capazes de somente fazer aos outros o que desejam para si, buscando aliviar os sofrimentos alheios, no combate ás causas que os provocam e dirigindo-se aos sofredores com palavras de ajuda e esperança.
             Sansão escreve que a máxima “Amai muito para serdes amados” é revolucionária, indicando uma rota firme e invariável, o que se percebe na própria história dos homens, que, na atualidade, já progrediram muito, sendo muitos e muitos capazes de aceitar, sem repulsas, idéias sobre a liberdade e a fraternidade que, em um passado, rejeitaram.
             Ele cita a melhoria dos que o ouvem, que estão melhores do que há cem anos, mais abertos às novas idéias que o Espiritismo traz de liberdade e fraternidade, rejeitadas antes, afirmando que, de então a mais cem anos, esses que o ouvem, serão capazes de aceitar, com a mesma facilidade, as idéias que, naquele momento, não conseguiam entender e aceitar.
             Pode ser que, nesse trecho, o autor se refira a pessoas que rejeitaram, ou não souberam entender os ideais de liberdade e fraternidade, que culminaram na Revolução Francesa, na França, no século anterior, reencarnados e aceitando essas idéias, na doutrina espírita, na importância do livre-arbítrio, na liberdade com responsabilidade, gerando o sentimento de fraternidade entre todos, no entendimento da justiça e na renovação que se dá através dos tempos.
             Penso nessa possibilidade, devido ele falar em cem anos antes e cem anos depois, e também, dirigir-se a “Mas vós, que já haveis progredido, vós que me escutais: sois infinitamente melhores do que há cem anos”.
             De qualquer maneira, ele demonstra, nesse parágrafo, o progresso que é realizado pelos homens, através das reencarnações, favorecendo-lhes sempre o desenvolvimento dos raciocínios e da sensibilidade espiritual.
             “É que estais preparados por uma semeadura fecunda: a do último século, que implantou na sociedade as grandes idéias do progresso. E como tudo se encadeia, sob as ordens do Altíssimo, todas as lições recebidas e assimiladas resultarão nessa mudança universal do amor ao próximo. Graças a elas, os Espíritos encarnados, melhor julgando e melhor sentindo, dar-se-ão as mãos até os confins do vosso planeta. Todos se reunirão, para se entenderem e se amarem, destruindo todas as injustiças, todas as causas de desentendimento entre os povos.”
             Isso acontecerá um dia, talvez, neste milênio, porque depende do trabalho dos próprios homens.
             Busquemos, pois, fazer a nossa parte, em nosso campo de ação, fazendo o melhor no esforço de amarmos a todos, cada vez mais, com esse amor incondicional, que nada exige e tudo dá a quem quer que seja, pois, dentro de nós, ele já existe, esperando apenas, a nossa vontade e o esforço em desenvolvê-lo.

             * Neste livro, que estudamos, no capítulo XVII, item 3, está o que Kardec considerava um homem de bem.

Bibliografia:
KARDEC, Allan - “O Evangelho Segundo o Espiritismo”

Leda de Almeida Rezende Ebner
Setembro / 2009


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O Livro dos Espíritos Estudo 35


INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA


Prolegômenos

Entendendo-se que a palavra acima significa exposição preliminar dos princípios de uma ciência ou arte; prefácio longo, exposição geral de uma obra - em "O Livro dos Espíritos" após uma "Introdução" longa, redigida e assinada pelo Codificador, segue-se os "Prolegômenos" que também, como vimos no seu significado, é uma introdução ao conteúdo propriamente dito, só que agora, quem assina são os autores espirituais:
·      São João Evangelista
·      Santo Agostinho
·      São Vicente de Paulo
·      São Luiz
·      O Espírito da Verdade
·      Sócrates
·      Platão
·      Fénelon
·      Franklin
·      Swedenborg, etc. etc., significando estes etc., que em verdade, outros também colaboraram, cooperaram anonimamente revelando sua elevação, pela sublimidade dos conceitos emitidos.
        Espíritos veneráveis, trabalhadores do Bem, nas diferentes épocas e lugares, agora no momento próprio, atuando juntos, graças a mediunidade.

        Trabalhando juntos, nos diferentes lugares em torno de um ponto por vez, a ação não sofreria as limitações de outrora, onde o ensino, seria recolhido, enfeixado em obras que se perpetuariam traduzidas inclusive para muitos idiomas, atingindo e beneficiando, cada vez maior número de pessoas.
Prolegômenos, portanto, é uma parte elucidativa mediante a qual afirma-se:
·      O número de Espíritos que trabalharam nos ensinos, muitos viveram em diferentes épocas na Terra onde deixaram exemplos de virtude e sabedoria.
·      Outros, não têm seus nomes conhecidos na História mas sua elevação é atestada pela pureza da doutrina, pela união em torno do ensino maior.
·      O meio como os ensino foram obtidos.
·      O que o professor Rivail, mais tarde Allan Kardec deduziu deles, ordenando o conhecimento em base lógica.
·      Qual a sua parte na elaboração de "O Livro dos Espíritos".
·      As recomendações para que o trabalho atinja seu objetivo maior.
Assim, ao estudá-lo, destaca-se:
·      O trabalho é dos Espíritos e estes controlaram todos os detalhes
·      Vão ser trabalhadas no seu conteúdo, as bases que levarão o homem no seu desenvolvimento tempo-espaço a se reunirem num mesmo sentimento de amor e caridade
·      A parte de Hyppolyto León Denizard Rivail, Allan Kardec, será a de compilar, organizar, ordenar todo material reunido.
·      Para isso exigem: zelo
Perseverança
Meditação
·      Oferecem toda ajuda que se fizer necessária.
·      ... "o cabeçalho do livro conterá um ramo de parreira que te desenhamos porque ele é o emblema do trabalho do Criador".
-  o corpo é o ramo
-  o Espírito é a seiva
-  o Espírito quando ligado ao corpo é o bago
"O homem quintessência o Espírito pelo trabalho e tu sabes que não é senão pelo trabalho do corpo que o Espírito adquire conhecimento"...
·      Haverá críticas, contraditores, dissidentes, pessoas de má fé, inclusive entre os Espíritos, que procurarão semear a dúvida, a malícia, a ignorância... "prossegue, crê em Deus e marcha confiante ... a Doutrina será sempre a mesma quanto ao fundo, para todos os que receberem as comunicações dos Espíritos superiores".
·      Na perseverança exigida, frente aos espinhos encontrados, não se inquietar. Fazer o melhor com confiança e o alvo será atingido. A Doutrina se propagará e a satisfação de vê-la espalhar-se reserva-se ao futuro mais que no presente
·      Humildade e desinteresse - condições básicas para a assistência dos bons Espíritos
·      Não fazer do... "caminho do céu, de grau para as coisas da Terra"...
·      Orgulho e ambição, barreira entre o homem e Deus - afastamento dos Amigos espirituais
·      Não é possível servir-se de um cego para compreender a luz onde o fim bom tem que usar de meios igualmente elevados.
Enfim, trabalhar-se-á com fenômenos, com objetos de experimentação, que se pode manifestar no tempo e no espaço segundo as leis do entendimento e no trabalho decorrente se enfeixarão pontos chaves como:
·      Ação de uma vontade livre e inteligente
·      Essa vontade se exteriorizará através de efeitos ou sinais materiais
·      Toda revelação provirá de Espíritos despojados do invólucro corporal
·      Estas comunicações estão na ordem natural das coisas. Não se constituem como fato sobrenatural, existentes estes em todas as épocas e povos, agora generalizadas e patentes a todos
·      Esses ensinamentos se caracterizarão pela universalidade do ensino e jamais por uma opinião isolada
·      Esse trabalho tem caráter universal e visa instruir, esclarecer, abrindo pelo trabalho que gerará em cada um, no sentido da sua renovação moral e nova era ou seja, a renovação da Humanidade
·                  A Filosofia racional controla nos ensinos isenta dos preconceitos do espírito de sistema. Conclama a posições morais reais, sobre os quais não há como divergir ou contestar a Hyppolyte competia recolher, organizar, distribuir metodicamente as matérias; encadeá-las na seqüência lógica bem como cuidar das notas explicativas de alguns comentários, da forma enfim, das partes do todo.
Após essa preparação propiciada pela "Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita" - "Allan Kardec" - e pelos - "Prolegômenos" - "Vários Espíritos" - fica o estudioso mais preparado para perceber a Ciência que trouxe novos referenciais à Humanidade. Reafirma, a grandeza, misericórdia, a justiça em amor de Deus Pai. Reaviva o Cristianismo na sua pureza, mostrando Jesus como "Caminho - Verdade e a Vida".
Assim abre-se o convite para que conhecendo algo mais de um processo grandioso, belo, impossível quase de perceber sua profundidade, prossigamos juntos no estudo de "O Livro dos Espíritos"
"contendo os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza os Espíritos, suas relações com os homens; as leis morais, a vida futura e o porvir da Humanidade."
(Segundo o ensinamento dos Espíritos Superiores através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec)
Usaremos a tradução de J. Herculano Pires na 38a edição da Lake - 1978.

Bibliografia:

Kardec, Allan - "O Livro dos Espíritos" - Prolegômenos

Leda Marques Bighetti
Maio / 2004

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