CAPÍTULO XI: AMAR
O PRÓXIMO COMO A SI MESMO
INSTRUÇÃO
DOS ESPÍRITOS, ITEM 10: A LEI DO AMOR
SANSON
foi membro da Sociedade Espírita de Paris, tendo desencarnado em 21
de abril de 1862, “após mais de um ano de sofrimentos cruéis”.
Em
27 de agosto de 1860, conforme consta na Revista Espírita de Allan
Kardec, maio de 1862, ele enviara uma carta a Allan Kardec, como
presidente da referida Sociedade, lembrando o pedido que fizera há
cerca de um ano: o de ser evocado, “o mais imediatamente possível”
e tantas vezes quanto Kardec julgasse conveniente,”
para que, membro muito inútil de nossa Sociedade, durante minha
presença na Terra, para algo lhe possa servir no além- túmulo,
dando-lhe os meios de estudar fase por fase, nessas evocações, as
diversas circunstâncias que se seguem ao que o vulgo chama a morte,
mas que, para nós, espíritas, não passa de uma transformação sob
as vistas impenetráveis de Deus, mas sempre útil ao fim que se
propõe.”
A
carta prossegue, bastante interessante, revelando uma fé firme nos
princípios do espiritismo e uma humildade e sinceridade, sem receio
de “desnudar-se”, diante dos companheiros, desde que servisse
para o estudo e aprendizado, que se fazia, quanto à situação dos
homens, após o desencarne.
Allan
Kardec revela que, uma hora antes do enterro, na câmara mortuária,
em presença do corpo, evocaram-no, com dois objetivos: o de
satisfazer a vontade de Sanson e “o
de observar, uma vez mais, a situação da alma, num momento tão
próximo da morte – e isto num homem eminentemente inteligente e
esclarecido, profundamente imbuído das verdades espíritas.”
Segue-se
o diálogo entre o recém-desencarnado e Kardec, o discurso desse e
uma mensagem psicografada, durante a cerimônia no cemitério, e
referência a mais duas conversas mediúnicas com Sanson em 25 de
abril e 2 de maio, publicadas na Revista Espírita de junho de 1862.
Kardec
diz no seu discurso, dentre outras muitas coisas, que Sanson
possuía “um
coração eminentemente reto, de uma lealdade a toda prova; sua vida
foi a de um homem de bem em toda a extensão do vocábulo.” *
“Era
dotado de uma inteligência pouco comum e de uma grande justeza de
apreciação, ainda mais desenvolvida por uma instrução variada e
profunda”.
“...
Era um desses homens que jamais se aborrecem porque sempre estão
pensando em algo de sério”. Diz que ele estava sempre contente com
o que tinha, sem se atormentar nunca pelo que não tinha.
Suas
qualificações nobres foram fortalecidas pelo espiritismo, que o
ajudou “a suportar, longos e cruéis padecimentos com uma paciência
e uma resignação muito cristãs”.
“Ah!
É que a fé espírita dá, nesses momentos supremos, uma força da
qual só se dá conta quem a possui. E o Sr. Sanson a possuía em
grau supremo.”
Iniciemos
o estudo da mensagem desse Espírito sobre o amor.
Com
humildade, diz que os Espíritos presentes falam pela sua voz: “Amai
muito para serdes amados”.
Todos
os Espíritos, encarnados ou desencarnados, aspiram ser amados,
queridos, mas nem todos pensam ou sabem que antes de receber é
preciso dar. Logo, quem quer ser amado preciso, antes de tudo, amar.
Quem não busca amar não merece ser amado. O amor é força que
atrai. Sem esse imã, como atrair amor?
Por
outro lado, se todos desejam ser amados e para isso é necessário
que amem, tal fato é prova de que o amor existe em todos os
Espíritos, iniciado seu desenvolvimento nos animais superiores,
embora esses não tenham consciência disso.
Portanto,
quem se sente sozinho, sem amores, que se abra aos que lhe sejam seus
próximos, e procure interessar-se por eles, por seus valores, por
seus sonhos, por suas necessidades, a fim de que o amor crescendo
dentro de si, se expandindo na direção de outros, atraia o amor dos
outros para si.
No
esforço de amar-se o próximo, “de
tal maneira vos elevareis acima da matéria, que vos
espiritualizareis antes mesmo de despirdes o vosso corpo terreno”.
O
espiritismo ampliou a visão da vida futura, mostrando-a com uma
continuação da vida na Terra, dando a certeza da progressão
contínua em direção a Deus, à perfeição possível, à paz e à
felicidade, provando que podemos sonhar com o melhor para todos nós,
porque temos todas as condições, as possibilidades e o determinismo
divino de consegui-lo.
Lembra-nos
Sansão que também devemos elevar-nos bem alto, sem as restrições
da matéria, buscando a visão de toda a trajetória do Espírito
imortal, dirigindo nossos pensamentos a Deus, antes de julgarmos os
outros. Isso é um ato de amor ao próximo.
“Amar,
no sentido profundo do termo, é ser leal, probo, consciencioso, para
fazer aos outros aquilo que se deseja para si mesmo”.
Para
isso é preciso olhar para o outro como a um irmão, um ser igual a
si próprio, com qualidades, defeitos, sonhos de felicidade... É ver
o outro como membro de uma grande família, a humanidade, caminhando
todos os seus membros para se elevarem em direção a planos mais
puros e sublimes.
Em
assim vendo e compreendendo, os homens serão capazes de somente
fazer aos outros o que desejam para si, buscando aliviar os
sofrimentos alheios, no combate ás causas que os provocam e
dirigindo-se aos sofredores com palavras de ajuda e esperança.
Sansão
escreve que a máxima “Amai
muito para serdes amados” é
revolucionária, indicando uma rota firme e invariável, o que se
percebe na própria história dos homens, que, na atualidade, já
progrediram muito, sendo muitos e muitos capazes de aceitar, sem
repulsas, idéias sobre a liberdade e a fraternidade que, em um
passado, rejeitaram.
Ele
cita a melhoria dos que o ouvem, que estão melhores do que há cem
anos, mais abertos às novas idéias que o Espiritismo traz de
liberdade e fraternidade, rejeitadas antes, afirmando que, de então
a mais cem anos, esses que o ouvem, serão capazes de aceitar, com a
mesma facilidade, as idéias que, naquele momento, não conseguiam
entender e aceitar.
Pode
ser que, nesse trecho, o autor se refira a pessoas que rejeitaram, ou
não souberam entender os ideais de liberdade e fraternidade, que
culminaram na Revolução Francesa, na França, no século anterior,
reencarnados e aceitando essas idéias, na doutrina espírita, na
importância do livre-arbítrio, na liberdade com responsabilidade,
gerando o sentimento de fraternidade entre todos, no entendimento da
justiça e na renovação que se dá através dos tempos.
Penso
nessa possibilidade, devido ele falar em cem anos antes e cem anos
depois, e também, dirigir-se a “Mas
vós, que já haveis progredido, vós que me escutais: sois
infinitamente melhores do que há cem anos”.
De
qualquer maneira, ele demonstra, nesse parágrafo, o progresso que é
realizado pelos homens, através das reencarnações,
favorecendo-lhes sempre o desenvolvimento dos raciocínios e da
sensibilidade espiritual.
“É
que estais preparados por uma semeadura fecunda: a do último século,
que implantou na sociedade as grandes idéias do progresso. E como
tudo se encadeia, sob as ordens do Altíssimo, todas as lições
recebidas e assimiladas resultarão nessa mudança universal do amor
ao próximo. Graças a elas, os Espíritos encarnados, melhor
julgando e melhor sentindo, dar-se-ão as mãos até os confins do
vosso planeta. Todos se reunirão, para se entenderem e se amarem,
destruindo todas as injustiças, todas as causas de desentendimento
entre os povos.”
Isso
acontecerá um dia, talvez, neste milênio, porque depende do
trabalho dos próprios homens.
Busquemos,
pois, fazer a nossa parte, em nosso campo de ação, fazendo o melhor
no esforço de amarmos a todos, cada vez mais, com esse amor
incondicional, que nada exige e tudo dá a quem quer que seja, pois,
dentro de nós, ele já existe, esperando apenas, a nossa vontade e o
esforço em desenvolvê-lo.
*
Neste livro, que estudamos, no capítulo XVII, item 3, está o que
Kardec considerava um homem de bem.
Bibliografia:
KARDEC,
Allan - “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
Leda
de Almeida Rezende Ebner
Setembro
/ 2009
Centro
Espírita Batuira
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