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sábado, 10 de dezembro de 2011

O Livro dos Espíritos Estudo 30


XV - A LOUCURA E SUAS CAUSAS
Outra investida sofre o Espiritismo:
As idéias espíritas são capazes de perturbar as faculdades mentais.
Sendo assim, faz-se uma questão de prudência, deter, impedir sua propagação.
Analise-se, frente a essa afirmação, que a loucura antes de mais nada, caracteriza-se das enfermidades da espécie humana. Incontável número de causas acidentais, pode produzi-la. A prova disso é que havia loucos antes que houvesse Espiritismo. Ainda, nem todos os loucos são espíritas ou conhecem ao menos a Doutrina.
Provém esse distúrbio, de um certo estado patológico do cérebro, instrumento do pensamento. Estando este desorganizado, a forma, o modo de expressão altera-se, exteriorizando-se em idéias, trejeitos, ações, movimentos desconexos, diferentes, distantes do que se aceita como sendo normal.
A loucura é pois, um efeito consecutivo cuja causa primária é uma pré-disposição orgânica que torna o cérebro mais ou menos acessível a certas impressões...
Existindo essa predisposição, determinado aspecto ou situação, toma o caráter de preocupação principal que se torna idéia fixa. Esta poderá ser em relação a Espíritos, a uma Ciência, a um sistema político ou social; enfim, o indivíduo se fecha em uma preocupação dominante. Somem-se a isso outras numerosas causas de excitação cerebral: decepções, desastres, afeiçoes contrariadas, perdas, inseguranças, medo etc. etc.
Essa fixação principal nisto ou naquilo, leva a falar do que se constitui como preocupação única, mas a causa não está aí - a idéia fixa, a preocupação é um modo de manifestação do desequilíbrio instalado. Assim, essa predisposição ou alteração existente para aquele que se fixa em religião terá exteriorizações de uma loucura religiosa; o amor, produzirá a loucura amorosa, a ambição, a loucura das honras, da riqueza, etc., cada uma, fazendo-se acompanhar de gestos, palavras, posturas, atitudes correspondentes.
Na realidade, a causa primeira liga-se a uma relativa fraqueza moral, que torna o indivíduo incapaz para lidar, trabalhar ou suportar o choque de certas impressões ou a convivência equilibrada com os fatos normais da vida. Em meio à tudo isso, mesclam-se magoas, ambições frustradas, desesperos, decepções, revezes de fortuna, inseguranças e choques variados.
Dar a esse homem a força necessária para entender o momento, o revés encontrado em si, meios para superação é crescimento, é função do Espiritismo. Entendido nessa real finalidade, justamente porque leva à compreensão dos porquês, é causa atenuante dos desesperos, pois pela visão real do ser na Vida, diminui ele a impressionabilidade, os modos, a insegurança. A crença, a certeza do que prova a Ciência e a Filosofia espírita desenvolve uma força moral que faz manter a razão fria pois tem fé inalterável no futuro.
O modo como o espírita encara as coisas deste e do outro mundo, longe de desequilibrá-lo, leva-o a educar - em si, as mais violentas paixões, analisando as ocorrências
... "de um ponto de vista tão elevado, que as tribulações não são para ele senão incidentes desagradáveis de uma viagem"...
O problema, o conflito, a situação que em outro produziria violenta comoção, atinge-o sim, mas não desenvolve desequilíbrios a ponto de aliená-lo.
Percebe, entende, sabe, que dissabores, desencontros, situações adversas, características normais do mundo, são oportunidades que conforme forem trabalhadas servirão para o próprio adiantamento, progresso e superação.
Nesse pensar, posiciona-se frente a cada uma delas, procurando, sem murmurar, resolver, solucionar para libertar-se. Suas convicções dão-lhe, por esse comportamento, aceitação dinâmica daquele que trabalha buscando o melhor e se preserva assim do desespero, que nem chega a ameaçar-lhe o equilíbrio mental.
Mesmo quando a acusação da loucura é feita em relação à obsessão, onde Espíritos inferiores, exercem, por encontrar sintonia, sua ação sobre certos indivíduos, que dão por suas atitudes, aparências de loucos, refletir que essa ação e situação sempre existiu, independente de qualquer crença. Nesse caso, a medicação comum será impotente. O Espiritismo, levando a conhecer o mecanismo dessa interpretação mental, oferece os meios para vencê-la na ajuda, no auxílio, nos cuidados com o Espírito obsessor que terão que nascer na transformação moral do paciente, nas atitudes de amor ao algoz, na mudança mental, onde padrões renovados atrairão e manterão clima psíquico ideal para as renovações recíprocas.
... "este é um dos resultados do Espiritismo. Que os incrédulos se riam quanto quiserem: eu lhes desejo as consolações que ele proporciona a todos os que se dão ao trabalho de lhe sondar as misteriosas profundidades”...
... "e vou mais longe: digo que o Espiritismo bem compreendido é um preservativo da loucura"...
Bibliografia:
Kardec, Allan - "O Livro dos Espíritos" - Introdução XV
Kardec, Allan - "O principiante espírita" - 2º diálogo
Kardec, Allan - "Revista Espírita" - Fevereiro 1863 - Junho 1860
Leda Marques Bighetti
Dezembro / 2003

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