SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES
ESPIRITAS
CAPITULO VI
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS
Estudo 37 - ENSAIO TEÓRICO SOBRE AS APARIÇÕES
Itens 101 A 104
No estudo destes itens é feita a distinção entre as chamadas visões que ocorrem durante o sono, pelos sonhos e as aparições propriamente ditas, as quais ocorrem no estado de vigília, em pleno gozo e completa liberdade da faculdade da pessoa que as vê.
As
aparições apresentam-se geralmente com forma vaporosa e diáfana, algumas vezes
vaga e indecisa. Formam-se a partir de um clarão esbranquiçado, cujos contornos
vão se desenhando aos poucos; de outras vezes são formas claramente acentuadas,
distinguindo-se os menores traços do rosto. As maneiras, o aspecto é semelhante
aos do Espírito quando encarnado.
Quanto
à aparência, o Espírito se apresenta com aquela que melhor possa ser
identificado, se esse for o seu desejo. Pode apresentar-se com defeitos
corporais, apesar do Espírito não apresentar nenhuma deformidade. Uma
particularidade a notar é que, exceto em circunstâncias especiais, as partes
menos precisas das aparições são os membros inferiores, enquanto a cabeça, o
tronco, os braços e as mãos aparecem nitidamente. As vestes variam de roupões
que terminam em pregas flutuantes, de Espíritos mais elevados, às de Espíritos
comuns, das pessoas que conhecemos, e que se vestem geralmente como o faziam
nos últimos anos de sua existência. Os Espíritos superiores apresentam uma figura
bela, nobre e serena. Os mais imperfeitos têm algo de feroz e bestial e algumas
vezes trazem ainda os vestígios dos crimes que cometeram ou dos suplícios que
sofreram.
As
aparições têm algo de vaporoso, permitindo se veja através delas. É geralmente
assim que os médiuns videntes as distinguem. Eles as vêm ir e vir, entrar num
ambiente, circular por entre a multidão com ares de quem participa, ao menos os
Espíritos vulgares, de tudo o que se faz ao seu redor, de se interessarem por
tudo e ouvirem o que se diz. Muitas
vezes se aproximam de uma pessoa para lhe "assoprar" idéias,
influenciá-la, quando Espíritos bons; quando são maus, mostrando-se tristes ou
contentes com o que obtiveram.
È
assim o mundo oculto que nos envolve, no meio do qual vivemos sem o perceber,
como vivemos entre as miríades de seres do mundo microscópico.
O
Espírito, que quer ou pode fazer-se visível, reveste às vezes uma forma ainda
mais precisa, com todas as aparências de um corpo sólido, a ponto de causar
completa ilusão e dar a crer, aos que observam a aparição, que têm diante de si
um ser corpóreo. Em alguns casos e dentro de algumas circunstâncias, a
tangibilidade pode tornar-se real, isto é, possível se torna ao observador
tocar, palpar, sentir, na aparição, a mesma resistência, o mesmo calor que num
corpo vivo, o que não impede que a aparição se desvaneça com a rapidez do
relâmpago. Nesses casos, já não é somente com o olhar que se nota a presença do
Espírito, mas também pelo tato.
Se
podemos atribuir à ilusão ou a uma espécie de fascinação a aparição
simplesmente visual, o mesmo já não ocorre quando se consegue segurá-la,
palpá-la, e quando ela própria segura e abraça o observador. As aparições
tangíveis são as mais raras, porém, os registros existentes na literatura
espírita, como também os fatos atuais, constantes de experiências e observações
parapsicológicas, provam e explicam os relatos históricos sobre pessoas que
reapareceram após a morte com todas as aparências da realidade. De resto, como
acentua Allan Kardec, por mais extraordinário que sejam semelhantes fenômenos,
perdem todo o caráter de maravilhoso quando se conhece a maneira pela qual se
produzem e se compreende que, longe de representarem uma derrogação de leis
naturais, apresentam apenas uma nova aplicação dessas leis.
Tal
é esse mundo oculto que nos cerca, dentro do qual vivemos sem o perceber, como
vivemos, também sem darmos por isso, em meio das miríades de seres do mundo
microscópico. O microscópio nos revelou o mundo dos infinitamente pequenos, de
cuja existência não suspeitávamos; o Espiritismo nos revelou o mundo dos
Espíritos, que, por seu lado, também constitui uma das forças ativas da
Natureza. Com o concurso dos médiuns videntes, possível foi estudar o mundo
invisível, conhecer-lhe os costumes, como um povo de cegos poderia estudar o
mundo visível com o auxílio de alguns homens que gozassem da faculdade de ver.
Em
nosso próximo estudo veremos quais são as causas e como ocorrem as aparições.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VI - 2ª Parte
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, edição especial. Capivari: EME, 1997
- Cap VIII - Emancipação da alma
Tereza Cristina D'Alessandro
Agosto / 2004
Agosto / 2004
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