CONCLUSÃO
DA INTRODUÇÃO DO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA
Desde as mais distantes eras, ao
atingir o homem, desenvolvimento mental que lhe facultava pensar, temeu as
manifestações da Natureza, afirmando os estudiosos, residir aí, nesse medo ao
desconhecido, a religião ou as religiões, na sua forma pessoal, exterior,
mágica nos ritos e rituais.
Ao surpreender-se indagando, ao
perguntar-se porque vivia, o que era a vida, qual a razão da morte, nascia a
Filosofia.
Nesse ritmo, nas lutas enfrentadas
contra as intempéries e adversidades, de busca em busca, na soma das respostas
que se acresciam, suscitando novos porquês, construía, sem perceber a Ciência.
No encadear dessas experiências
divulgava a outros, essa verdade que constantemente se alterava, pois nas
trocas, cada experiência era acrescida ou mudada, nas várias descobertas ou
comprovações que se somavam em caminhos de conotação místico religiosas.
A finalidade é atingir a Verdade, tanto
pela Ciência, como pela Filosofia, como pela Religião, caminhando rumo a um
princípio unificador único que é Deus. Essa convergência exigia uma Doutrina,
isto é, um conjunto de princípios que lhes servirá de base.
Nessa possibilidade de entendimento, a
Ciência Espírita, está ao alcance de todos os que se dispuserem estudar suas
bases estruturais que levam a perceber a lógica do conjunto, a beleza e
grandiosidade da proposta na abrangência do ideal.
Os fatos psíquicos, que compõem a
fenomenologia própria, a parte experimental do Espiritismo, se processam
estritamente em perfeito acordo com as leis naturais; surgem, acontecem, se
desenvolvem, de acordo, dentro de conhecidas leis físicas e biológicas - por
exemplo - se o prof.º Denizard não conhecesse a ação da lei de gravidade
exteriorizada nas suas forças gravitacionais, talvez não se interessasse pelas
mesas girantes, ou se detivesse, como muitos o fizeram, no interessante, no
inexplicável, no maravilhoso. O conhecimento da lei física, aplicados ao
fenômeno, vão constituir as mesas que saltam, como ponto de partida para a
Doutrina Espírita. O fenômeno era simples - o estudo das causas que o produziam
levou ao estabelecimento da teoria, que a seu tempo, forneceria a chave para a
decifração de efeitos mais complexos. Nesse caminhar, nesses passos pequeninos
de idas e voltas em retomadas constantes o homem vai identificando a ação dessas
leis, comprovando utilidade em fins e objetivos que abrem campo à percepção da
Realidade Maior, onde Imortalidade e Perfectibilidade constituem a meta
gloriosa do Espírito.
A Filosofia do
futuro, caminha para ser uma Filosofia científica, baseada no conhecimento
positivo onde guiado por esse espírito pesquisador, observador, experimental,
onde o homem na busca, encontrará as ligações que o levarão perceber a causa
primeira.
Nesse objetivo,
cada Ciência, contribui a seu modo, com os mais generalizados resultados, uma
vez que essa causa, não poderá ou não pode ser atingida por um só ângulo do
conhecimento. Na formação da Ciência positiva, trama contínua de fatos, vão se
interligando em relações óbvias, certas, realizáveis, demonstráveis.
Funcionam e se
acrescentam como acréscimos impulsionadores, as tentativas, a imaginação, os
porquês, como, de que modo, sob que condições etc. etc., preenchendo vazios,
demonstrando que a Filosofia não pode se separar do método científico, ainda
mesmo, quando os fatos, num primeiro momento, choquem pelo inusitado.
Avançará
com prudência, do conhecido (efeito) para o desconhecido (causa), não admitindo
senão deduções perfeitamente lógicas, racionais, comprováveis.
Quando
trabalhar com hipóteses, aí se deterá, apenas em caráter transitório,
deixando-as de lado, tão logo se mostrem insuficientes ou contraditórias.
Sendo a
Ciência, sem limites, progressiva, a Filosofia agora cientifica,
assimilar-lhe-á essa característica, sendo portanto variável, onde cada parcela
do conhecimento, abre campo a nova visão da Realidade que se amplia, sendo
impossível retroceder.
Frize-se
que - não são os princípios ou a Verdade que muda - o homem é que, percebendo
partes dessa Verdade, posiciona-se em contínuas superações, diríamos, numa
projeção elíptica, onde o ângulo seguinte será sempre mais abrangente que o
anterior. Não há um desfazer-se de pequenas verdades que se superam, mas o
aperfeiçoamento, o aprofundamento de pontos que se sublimam.
Sem
esse entendimento, sem perceber essa mecânica, ao longo da História, essa
unidade, recebeu os mais variados nomes, desde Magia dos tempos primitivos, até
mistérios, dogmas, onde a busca da explicação lógica era, não só desaconselhada
como proibida.
Com
Francis Bacon e René Descartes, vai acontecer aquilo que é conhecido como
"revolução metódica" ou "a revolução do método", onde ambos
insistem e se posicionam da necessidade de método, isto é, de uma ordem a ser
seguida na investigação da Verdade ou de uma Ciência, para alcançar determinado
fim. Uma seqüência de fatos racionais que se encadeando, um leva ao outro
sempre se abrindo em campos novos, desconhecidos.
A
partir daí os caminhos da Ciência, modificaram-se - já não mais funcionavam as
sansões ou explicações das crenças ou da tradição cultural - cabia ao homem,
equacionar de novo, os velhos problemas para encontrar respostas mais precisas
e seguras.
Em síntese, desenvolve-se sob essa ótica, o
processo geral da evolução humana.
Na
busca e no ensino do Espiritismo, procede-se como em relação às Ciências
comuns: preciso foi passar em revista toda a série de fenômenos passíveis de
serem produzidos, começando pelos mais simples até chegar-se aos mais complexos.
Ressalte-se que nas Ciências naturais, opera-se sobre matéria bruta, que se
manipula a vontade, tendo-se quase sempre a certeza de poder regular-lhes o
efeito. No Espiritismo, lida-se com inteligências que têm liberdade e a cada
instante dão provas de que não se submetem aos caprichos do experimentador.
Ter-se-á portanto, que observar, aguardar resultados, colhê-los aqui e ali,
comparar, identificar. Ainda - para que esses fatos sejam obtidos, faz-se
necessário a intervenção de pessoas dotadas de faculdades especiais variáveis
ao infinito, de acordo com as aptidões dos indivíduos.
Daí a necessidade da teoria, que a Ciência fornece explicando os
fenômenos, conhecer as condições que facilitam ou dificultam sua produção, os
obstáculos que possa encontrar.
É
por esse desconhecimento, que muitas pessoas, mesmo diante dos fatos, se
conservam incrédulas ou indiferentes. Outras, mediante o raciocínio, à
explicação lógica do desenvolvimento de leis, sem nada nunca terem visto, crêem
unicamente porque compreenderam.
O
que fala à razão, mostra a grandeza do objetivo e o alcance da Ciência na
proposta racional que não permite ficar na superfície. Passam por decorrência a
dar importância ao fundo, à parte filosófica, considerando agora o fenômeno
como acessório. Mesmo que estes, não mais existissem, ficava a Filosofia a dar
respostas, a indicar metas frente ao ideal maior do homem e do seu futuro.
No
início do Espiritismo essa visão aberta no tempo e no espaço não só não era
alcançada, antevista como tudo era titubeante, frágil, daí o campo aberto para
as objeções, acusações, divergências e discrepâncias que levaram o Codificador
a explicá-las nessa Introdução.
O
que importa, porém, é perceber que a Ciência Espírita se enquadra, não nesse
campo, mas nas afirmações anteriores. A esse respeito, há interessante carta
dirigida, que pergunta, se com a investigação dos fenômenos espíritas não
estava surgindo para a Ciência um novo período.
Kardec
concorda, admitindo que com o Espiritismo se inicia o "período
psicológico" onde se acentua a importância moral do mesmo. O homem, nesse
novo contexto, sai do até então só material, concreto, do conjunto de reações
orgânicas da matéria. Aliás, destaca-se dela, libertando-se das leis
fatalistas, para recuperar no próprio desenvolvimento das Ciências, sua
natureza extra-física.
Afirma-se
assim, o psiquismo como fenômeno, reconhecendo-se-lhe a autonomia e a realidade
positiva, verificável, perfeitamente possível de comprovação experimental.
O pensamento doutrinário espírita é
todo desenvolvido confirmando essa
assertiva:
... "como meio de elaboração o
Espiritismo procede exatamente da mesma maneira que as Ciências positivas,
aplicando o método experimental"... "as Ciências só fizeram
progressos importantes depois que basearam seus estudos no método experimental.
Até então, acreditavam que esse método só era aplicado à matéria, ao passo que
o é também às coisas metafísicas”...
Partindo
dos fatos positivos, o Espiritismo comprova a realidade extra física:
... "não foram os fatos que
confirmaram a posteriori, a teoria, mas a teoria que veio subseqüentemente,
explicar e resumir os fatos"...
Rompe o
Espiritismo, os limites da concepção física do Universo e prova a existência do
metafísico.
... "se este livro não tivesse por
fim mais do que mostrar o lado sério da questão, provocando estudos a respeito,
isto já seria o bastante e nos felicitaríamos por termos sido escolhidos para
realizar uma obra sobre a qual não pretendemos ter nenhum mérito pessoal, pois
os princípios aqui expostos não são de nossa criação: o mérito é portanto
inteiramente dos Espíritos que o ditaram. Esperamos que ele tenha outro
resultado - o de guiar os homens desejosos de se esclarecerem, mostrando-lhes
nestes estudos um objetivo grande e sublime - o do progresso individual e
social, indicando-lhes o caminho a seguir para a sua consecução."
Bibliografia
Kardec, Allan - "O Livro dos
Espíritos" - Introdução XVII
Kardec, Allan - "O Livro dos
Médiuns" - cap. II - 60 - cap. III
Rocha, Alberto de Souza - "Espiritismo
e Psiquismo" - cap. I
Geley, Gustave - "O ser
consciente" - Introdução
Kardec, Allan -
"A Gênese" - cap I
Pires, J. Herculano - "O
Espírito e o Tempo" - III parte - cap. I
Leda
Marques Bighetti
Abril / 2004
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Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Rua Rodrigues Alves,588
Vila Tibério - Cep 14050-390
Ribeirão Preto (SP)
CNPJ: 45.249.083/0001-95
Reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Municipal nº. 3247/76.
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