Livro
Primeiro
As
Causas Primárias
Capítulo
I
Deus
I. Deus e o Infinito
II. Provas da Existência de Deus
III. Atributos da Divindade
IV. Panteísmo
I - Deus e o Infinito - 1 a 3
"(...) 1 - O que é Deus?
Deus é a inteligência suprema, causa
primária de todas as coisas".1
Recordar que as perguntas são
formuladas pela mente pesquisadora, filosófica do Professor Rivail, Allan
Kardec, enquanto que as respostas são dadas pelos Espíritos Superiores,
comprometidos coma Terceira revelação.
Quando pergunta, que é Deus, usa essa
forma porque não visa identificar origem, definir natureza, constituição,
humanizar, dar detalhes íntimos que personificam e caracterizam, uma vez que
essa é função do pronome quem.
Ao usar, que, busca entender
qualificação, propriedades, dotes, virtudes, superioridades, a excelência em
atributos que distinguindo de tudo quanto existe, projeta-o no infinito,
através da transcendência.
Atendo-se a esse cabedal de
superioridade, obtém a resposta.
"(...) Deus é a inteligência
suprema, causa primária de todas as coisas". 1
Abrindo a que se visualize um caminho,
no qual se compreende a presença de um ser Superior Moral a definir-se em total
respeito aos princípios de Justiça, sabedoria, sentimentos e significados
pessoais dando sentido às existências, vidas, reencarnes e desencarnes.
"(...) 2 - O que devemos entender
por infinito?
Aquilo que não tem começo nem
fim: o desconhecido; todo desconhecido é infinito". 1
"(...) 3 - Poderíamos dizer
que Deus é infinito?
Definição incompleta. Pobreza da
linguagem do homens, insuficiente para definir as coisas que estão além da sua
inteligência". 1
Infinito, não finito, sem fim termo ou
limite de duração, extensão ou intensidade extremas, imenso, inumerável,
incontável.
"(...) palavras que usamos para
referir um atributo cujo Carter ignoramos totalmente".
Infinito para o homem, é tudo quanto
não consegue conceber, não pode compreender, pois sua mente finita, limitada
não tem, não possui registros identificadores para abranger, materializar e
melhor entender, esse Absoluto.
Não nos é possível sequer conceber o
Nada, o vazio absoluto, do qual Deus teria saído como o Ser Absoluto. Tirar o
Absoluto do Nada é uma contradição que o nosso entendimento repele. A
existência de Deus, como anterior à Criação é inconcebível. E se algo existia
antes, temos um poder criador anterior a Deus. A tese budista do Universo
incriado, que sempre existiu, subordina o poder de Deus a essa existência
misteriosa e inexplicável. Nos limites da nossa mente esses problemas não
cabem, são mistérios que serviram para todos os sofismas, jogos de palavras e
conclusões monstruosas do pensamento teológico. Mas quando aplicamos o
bom-senso, com a devida modéstia de criaturas finitas e efêmeras, diante do
Infinito e da Eternidade, podemos reduzir o ilimitado aos limites da realidade
inteligível. Então o raciocínio dedutivo, de ordem científica, que parte do
chão da existência evidente, para alcançar pouco a pouco as alturas acessíveis,
nos coloca diante de uma realidade que podemos dominar. Deus como Existente,
que existe na nossa realidade humana, pode ser tocado com os dedos e sentido,
captado pelo nosso sensório comum. Não necessitamos da percepção
extra-sensorial para captar a sua existência. O grande erro das religiões é
apresentar Deus como enigma insolúvel e exigir que o amemos de todo o coração e
todo o entendimento.
Essa colocação contraditória levou-as a
um absurdo ainda maior, o de transformar Deus num tirano sádico que nos criou
para submeter-nos à tortura e à perdição. Por mais que se fale em amor,
misericórdia e piedade, essas palavras nada valem diante das ameaças da
escatologia religiosa.
Mas Deus como Existente é o Pai que
Jesus nos apresenta em termos racionais, pronto a nos guiar e amparar, anos dar
pão e não cobras quando temos fome e a nos convidar incessantemente para o seu
Reino de Harmonia e Beleza. Se podemos percebê-lo em nós mesmos, na nossa consciência
e no nosso coração, se podemos vê-lo em seu poder criador numa folha de relva,
numa flor, num grão de areia e numa estrela se podemos conviver com ele e
sentarmos com ele à mesa e partir o pão com os outros, então ele realmente
existe em nossa realidade humana e o podemos amar, e de fato o amamos de todo o
coração e de todo entendimento. Deus como Existente é o nosso companheiro e o
nosso confidente. Não dependemos de intermediários, de atravessadores do
mercado da simonia para expor-lhe as nossas dificuldades e pedir a sua ajuda. A
existência de Deus se prova então pela intimidade natural (não sobrenatural)
que com ele estabelecemos em nossa própria existência". 3
Esse entender afasta o engano da idéia
de um ser, todo poderoso, insensível ao sofrimento dos outros que castiga
alguns enquanto permite que outros vivam felizes no uso e abuso dos bens
terrenos.
Continua em nosso próximo estudo...
Bibliografia:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos - q. 1 a 3
2. FLAMMARION, Camille. Deus na Natureza - cap. V
3. PIRES, José H. Concepção Existencial de Deus - I
4. DENIS, Léon. O Grande Enigma - IV
5. XAVIER, Francisco C. - Emmanuel (Espírito). 117
6. MENSAGENS E ORAÇÕES. Enfim te encontro - pág. 2
Leda Marques Bighetti
Julho / 2004
Julho / 2004
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