SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES
ESPIRITAS
CAPITULO V
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS
Item 99 -
Particularidades do Fenômeno de Transporte
Relembramos que as manifestações físicas têm por fim chamar a nossa atenção para alguma coisa e convencer-nos da presença de
um poder superior ao do homem. O Fenômeno de Transporte pertence aos fenômenos de efeitos físicos e consiste no transporte de
corpos ou objetos de um lugar para outro, sem a intervenção de quaisquer
recursos materiais de transporte, podendo inclusive, atravessar obstáculos
materiais, independendo da distância entre os locais de saída e de chegada. Os
experimentos de trazimento de corpos ou objetos para um ambiente totalmente
fechado chamam-se aporte (do francês apport); da transferência de um corpo ou
objeto para fora de um ambiente fechado, diz-se deporte (do francês: déporté).
Estudando o item 99, verificamos que Allan Kardec interrogou o Espírito
que produzia o fenômeno em estudo, porém identificou sua falta de conhecimento
sobre o assunto, o que o levou a perguntar ao Espírito Erasto, que, de forma
judiciosa, esclareceu conforme transcrevemos:
1a - Dize-nos por que os transportes que acabaste de executar só se
produzem estando o médium em estado sonambúlico?
"Por causa da natureza do médium. Os fatos que produzo, quando ele
(o médium) dorme, poderia produzi-los igualmente com outro médium em estado de
vigília".
2a - Por que demorais tanto a trazer objetos e por que é que avivas a
cobiça do médium, excitando-lhe o desejo de obter o objeto prometido?
"Necessito de tempo para preparar os fluidos que servem para o
transporte. Quanto à excitação, essa só tem por fim, as mais das vezes,
divertir as pessoas presentes e o sonâmbulo".
NOTA DE ERASTO. O Espírito que responde não sabe mais do que isso; não percebe o motivo
dessa cobiça, que ele instintivamente aguça, sem lhe compreender o efeito.
Julga proporcionar um divertimento, enquanto que, na realidade, provoca, sem o
suspeitar, uma emissão maior de fluido. É uma conseqüência da dificuldade que o
fenômeno apresenta, dificuldade sempre maior quando ele não é espontâneo,
sobretudo com certos médiuns.
3a - A produção do fenômeno depende da natureza especial do médium e
poderia produzir-se por outros médiuns com mais facilidade e presteza?
"A produção depende da natureza do médium e o fenômeno não se pode
produzir, senão por meio de naturezas correspondentes. Quanto à presteza, o
hábito que adquirimos, comunicando-nos freqüentemente com o mesmo médium, nos é
de grande vantagem".
4a - As pessoas presentes influem alguma coisa no fenômeno?
"Quando há da parte delas incredulidade, oposição, muito nos podem
embaraçar. Preferimos apresentar nossas provas aos crentes e a pessoas versadas
no Espiritismo. Não quero, porém, dizer com isso que a má-vontade consiga
paralisar-nos inteiramente".
5a - Onde foste buscar as flores e os confeitos que trouxeste para aqui?
"As flores, nos jardins, onde elas me agradam".
6a - E os confeitos? Devem ter feito falta ao respectivo negociante.
"Tomo-os onde me apraz. O negociante nada percebeu, porque pus
outros no lugar dos que tirei".
7a - Mas, os anéis têm valor. Onde os foste buscar? Não terás com isso
causado prejuízo àquele de quem os tiraste?
"Tirei-os de lugares que todos desconhecem e o fiz de maneira que
daí não resultará prejuízo para ninguém".
NOTA DE ERASTO. Creio que o fato
foi explicado de modo incompleto, em virtude da falta de conhecimento do Espírito
que respondeu. Sim, de fato, pode resultar prejuízo real; mas, o Espírito não
quis passar por haver desviado o que quer que fosse. Um objeto só pode ser
substituído por outro objeto idêntico, da mesma forma, do mesmo valor. Assim,
se um Espírito tivesse a possibilidade de substituir um objeto tirado, não
haveria razão para o tirar, pois poderia dar o que serve de substituto.
8a - É possível transportar flores de outro planeta?
"Não, para mim isso não é possível".
A Erasto: Teriam outros Espíritos esse poder?
"Não, isso não é possível, em virtude da diferença dos meios
ambientes".
9a - Poderias trazer-nos flores de outro hemisfério; dos trópicos, por
exemplo?
"Desde que seja da Terra, posso".
10a - Poderias fazer que os objetos trazidos nos desaparecessem da vista e
levá-los novamente?
"Assim como os trouxe aqui, posso levá-los, à minha vontade".
11a - A produção do fenômeno dos transportes não é de alguma forma penosa,
não te causa qualquer embaraço?
"Não nos é penosa em nada, quando temos permissão para operá-los.
Poderia ser-nos grandemente penosa, se quiséssemos produzir efeitos para os
quais não estivéssemos autorizados".
NOTA DE ERASTO. Ele não quer dizer
que é penosa embora o seja, pois é forçado a executar uma operação por assim
dizer material.
12a - Quais são as dificuldades que encontras?
"Nenhuma outra, além das más disposições fluídicas, que nos podem
ser contrárias".
13a - Como trazes o objeto? Será segurando-o com as mãos?
"Não; envolvo-o em mim mesmo".
NOTA DE ERASTO. A resposta não
explica de claramente a sua operação, pois na verdade não envolve o objeto na
sua pessoa. Como o seu fluido pessoal pode dilatar-se, é penetrável e
expansível, ele combina uma parte desse fluido com o fluido animalizado do
médium e é nesta combinação que oculta e transporta o objeto que escolheu para
transportar. Não é certo dizer, portanto, que o envolve nele mesmo.
14a - Transportaria com a mesma facilidade um objeto mais pesado; de 50
quilos, por exemplo?
"O peso nada é para nós. Trazemos flores, porque agrada mais do que
um volume pesado".
NOTA DE ERASTO. É exato. Pode
trazer objetos de cem ou duzentos quilos, por isso que a gravidade, existente
para Vós, não existe para os Espíritos. Mas, ainda aqui, ele não percebe bem o
que se passa. A massa dos fluidos combinados é proporcional à dos objetos. Numa
palavra, a força deve estar em proporção com a resistência; donde se segue que,
se o Espírito apenas traz uma flor ou um objeto leve, é muitas vezes porque não
encontra no médium, ou em si mesmo, os elementos necessários para um esforço
mais considerável.
15a - Alguns casos de desaparecimento de objetos, por motivo ignorado,
seriam devidos aos espíritos?
"Isso acontece com freqüência, muito mais freqüentemente do que
pensais, e poderia ser remediado pedindo ao Espírito a devolução do
objeto".
NOTA DE ERASTO. É verdade; mas, às
vezes, o que foi levado, levado está. Porque esses objetos que somem da casa
são quase sempre levados para muito longe. Mas, como a subtração de objetos
exige quase as mesmas condições fluídicas dos transportes, só pode se dar com a
ajuda de médiuns dotados de faculdades especiais. Por isso, quando alguma coisa
desaparecer, é mais provável que se dava ao vosso descuido que à ação dos
Espíritos.
16a - Há efeitos da ação de certos Espíritos que se consideramos como
fenômenos naturais?
"Os dias que correm estão cheios de fatos que não compreendeis,
porque não pensastes neles e que um pouco de reflexão vos faria ver com
clareza".
NOTA DE ERASTO. Não se deve
atribuir aos Espíritos, o que é obra do homem.
Mas acreditai na sua
influência oculta e constante, produzindo ao vosso redor mil circunstâncias,
milhares de incidentes necessários à realização de vossos atos e da vossa
existência.
17a - Entre os objetos que os Espíritos costumam trazer, não haverá alguns
que eles próprios possam fabricar, isto é, produzidos espontaneamente pelas
modificações que os Espíritos possam operar no fluido, ou no elemento
universal?
"Não por mim, que não tenho permissão para isso. Só um Espírito
elevado pode fazê-lo".
18a - Como introduziste, outro dia, esses objetos na sala que está fechada?
"Levei-os comigo, envoltos, por assim dizer, na minha substância.
Não posso dizer mais, porque isso não é explicável".
19a - Como fizeste para tornar visíveis estes objetos, que estavam
invisíveis?
"Tirei a matéria que os envolvia".
NOTA DE ERASTO. Não é a matéria
propriamente dita que os envolve, mas um fluido tirado em parte do perispírito
do médium e em parte (metade de cada um) do Espírito operador.
20a - A Erasto: Um objeto pode ser transportado para
um lugar completamente fechado; numa palavra, o espírito pode espiritualizar um
objeto material de maneira que ele possa penetrar a matéria?
"Esta questão é complexa. O Espírito pode tornar invisíveis os
objetos transportados, mas não penetráveis. Não pode desfazer a agregação da
matéria, o que seria a destruição do objeto. Tornando-o invisível, pode
carregá-lo quando quiser e só o largar no momento conveniente para fazê-lo
aparecer. Bem diferente o que se passa com os objetos que compomos. Nestes
introduzimos apenas os elementos da matéria e como esses elementos são
essencialmente penetráveis, como atravessamos os corpos mais densos com as
mesmas facilidades dos raios solares atravessando as vidraças, podemos
perfeitamente dizer que introduzimos o objeto num lugar, por mais fechado que
ele esteja. Mas isso somente nesse caso".
Concluindo nosso estudo do capítulo V, através das respostas de Erasto,
compreendemos que os Espíritos estão por toda parte, são uma das forças da
Natureza em constante ação no Universo. Agem naturalmente ao nosso redor e
criam condições para o cumprimento de nossas experiências. Nada há de
misterioso ou sobrenatural nisso, mas sim, trata-se de um aspecto da Natureza
que o Espiritismo vem esclarecer.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap V - 2ª Parte
Tereza Cristina
D'Alessandro
Abril / 2004
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
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Vila Tibério - Cep 14050-390
Ribeirão Preto (SP)
CNPJ: 45.249.083/0001-95
Reconhecido de Utilidade Pública pela Lei Municipal nº. 3247/76.
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