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segunda-feira, 12 de março de 2018

A FAMÍLIA COMO INSTRUMENTO DE REDENÇÃO ESPIRITUAL (Primeira Parte)


COMUNICAÇÃO -  INFORMAÇÃO ESPÍRITA


*EDUCAÇÃO*

A FAMÍLIA COMO INSTRUMENTO DE REDENÇÃO ESPIRITUAL

(Primeira Parte)

Hermínio C. Miranda

A família é a mais estável, duradoura e universal instituição social. Apesar de alguma semelhança entre os núcleos familiais humanos e os de certos animais — os primatas e outras espécies — entendem os especialistas que os impulsos que levam à formação da família e ao método de criação dos filhos não é instintivo no Ser humano e sim costume adquirido por necessidade e aprendizagem em vista da maior amplitude do período de dependência da criança.

Para fins de estudo, considera-se família de orientação a de origem (pais, irmãos, parentes ascendentes) e família de procriação, a que dá continuidade àquela (marido, esposa e filhos).

Com essa mesma finalidade didática a família é estudada sob diferentes aspectos:

• Como unidade biológica (demografia e Medicina).

• Como unidade de produção e consumo (economia doméstica e “marketing”)

• Como unidade de organização social (Sociologia, Direito)

• Como instrumento de formação da personalidade (Psicologia, Assistência Social)

• Como instrumento de transmissão cultural (Educação)

• Como centro de formação de valores e identidades (recreação e religião).

Embora extremamente diferenciada no tempo e no espaço, a família apresenta certas constantes de padrões éticos destinados à sua preservação como instituição de apoio ao indivíduo.

As religiões tendem a considerar o relacionamento da Humanidade em termos familiais. A mitologia grega é toda ela concebida em modelos de família, nos quais os deuses e deusas têm esposos, filhos, pais e irmãos. O mesmo acontece com a romana que, em vários aspectos importantes, não fez mais do que traduzir a grega. Entre os israelitas a idéia da paternidade divina somente começa a mostrar-se com nitidez em Isaías, aí pelo oitavo século antes do Cristo “Tu, ó Senhor, és nosso Pai”, exclama ele em 63:16. Há uma breve referência em Malaquias. Caberia a Jesus dar ênfase toda especial à figura de Deus como pai amoroso, justo, infatigável dispensador da bondade, destacando, consequentemente, a importante lição da fraternidade entre os seres criados.

São abundantes as referências a Deus como Pai, nos Evangelhos, especialmente em João.

Por outro lado, desde cedo foram implantados rituais civis e religiosos destinados a fortalecerem a família na sua condição de instituição social básica, todos eles realizados à vista da comunidade e precedidos da divulgação necessária para emprestar-lhes as características de um compromisso formal. Só mais recentemente, inaugurou-se a tendência de considerar o casamento simples contrato social e, por conseguinte, sujeito ao distrato, se e quando julgado necessário ou conveniente às partes contratantes. Isto preocupa os estudiosos do problema que consideram a família ainda necessária (a expressão é deles) em tarefas indispensáveis, para as quais não têm fórmulas alternativas a oferecer. O problema aqui está precisamente em conciliar a ânsia de liberdade individual com as responsabilidades sociais da paternidade e da maternidade, entre outras. Entendem esses mesmos especialistas que somente a qualidade do casamento (amor, compreensão, solidariedade) poderá assegurar o êxito nas tarefas atribuídas à instituição, sendo os divórcios os mais significativos promotores da instabilidade da famílias: que o casamento, como ponto de apoio da estrutura familial, funcionou com maior taxa de estabilidade enquanto o processo de seleção foi controlado pelos pais ou pela comunidade. Na medida em que esse procedimento passou a ser contestado por inevitável e natural evolução dos mecanismos de liberdade pessoal, a escolha — decidida obviamente por jovens mais inexperientes — assumiu maior componente de risco, o que resultou em prejuízo para a instituição da família. Debatendo esse aspecto com alguns amigos, lembrou uma companheira, entretanto, que a estabilidade do casamento sob o antigo regime patriarcal pode ser explicada mais facilmente pela condição de sujeição da mulher, à época.

Não apenas ela aceitava o noivo escolhido pelos “mais velhos”, como, uma vez casada, não se sentia encorajada a romper os vínculos, o que equivaleria praticamente a romper com a própria comunidade em que vivia. Alguns remédios têm sido experimentados para consolidar as frágeis estruturas do casamento moderno. No entanto, os métodos ditos científicos de escolhas dos cônjuges (por computadores, inclusive) criaram expectativas de estabilidade e segurança que não se concretizaram. Do que se concluiu que nem ciência, nem religião teriam condições de oferecer contribuições positivas ao bom encaminhamento e eventual solução do problema, visando ao fortalecimento dos vínculos matrimoniais. Teoricamente é considerado possível extinguir-se a família como instituição, uma vez que, em princípio, a sociedade poderia assumir seus encargos.

Platão chegou a propor que as crianças destinadas a formação dos quadros dirigentes políticos deveriam ser educadas fora do âmbito familial, do qual seriam segregadas ao nascer, a fim de serem criadas pelo Estado, que supervisionaria todo o processo formativo delas. A idéia ficou arquivada nos seus textos. Ao que se saiba, somente a União Soviética fez uma tentativa nesse sentido, mas recuou em tempo. A verdade pura e simples é que a estrutura da família continua insubstituível, mesmo desgastada e algo insegura como a contemporânea. Nos antigos núcleos familiares, verdadeiros clãs abrigavam varias gerações em torno de respeitados patriarcas ou matriarcas, O indivíduo tinha um senso claro de identidade, havia um local físico de residência e de estabilidade, uma base para a qual se poderia retornar, mesmo aqueles que por excesso de inquietação dela se afastassem. A parábola do filho pródigo é uma comovente ilustração dessa realidade. O jovem desejou viver a sua vida no tumulto do mundo “lá fora” e partiu. Quando voltou, exaurido e desiludido, lá estava tudo no seu lugar, até mesmo o pai que o recebe em festas, a despeito do desgosto do outro filho.

Era ali o seu lugar. Ali ele fora feliz e não sabia. É na família que a Psiquiatria e a Psicanálise têm buscado identificar as causas de distúrbios emocionais como se vê em Freud, que imaginou complexas teorias de inter-relacionamento na tentativa de explicá-los e, eventualmente, curá-los. É certo que o ambiente familial exerce considerável influência no processo de formação da personalidade do indivíduo, mas, em termos de Doutrina Espírita, tal influência tem sido supervalorizada. A teoria teria alguma substância se a criança fosse apenas um Ser biológico, uma complexa máquina de viver como querem os materialistas, ou alguém que, embora dotado de alma, não trouxesse vivências anteriores, e sim fosse produto da Criação Divina concomitante com a formação do corpo e, portanto, sem passado. Em ambas as hipóteses a teoria não resiste à análise inteligente. Se o Ser humano é um mero complexo celular consciente, então os mecanismos genéticos produziriam crianças belas, realizadas, inteligentes e fisicamente perfeitas a partir de pais igualmente dotados de tais atributos. E sabemos que essa não é a regra. Quase se poderia dizer que é a exceção. Muitas surpresas aguardam aqueles que esperam filhos geniais somente porque gerados com material genético depositado em “bancos de esperma” por alguns ganhadores do Prêmio Nobel. É até possível que algumas de tais crianças sejam intelectualmente bem dotadas, mas não estamos aqui perante uma lei química, física ou matemática, de vez que tudo vai depender do nível evolutivo do Espírito que ali se propõe a renascer e dos problemas ou conquistas que traz na sua história pregressa como Ser reencarnante. Se juntarmos dois mais cinco sabemos que teremos sete, inapelavelmente.

Quando o oxigênio reage sobre o ferro produz determinado óxido com características bem conhecidas, mas, quando dois Espíritos encarnados resolvem unir seus corpos ou seus componentes genéticos para a formação do corpo de uma criança, não se pode habitualmente determinar que tipo de Espírito virá utilizar-se daquela oportunidade que está sendo oferecida. Como dizia o Cristo, no muito citado diálogo com Nicodemos, “O que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é Espírito”. A mensagem atravessou milênios intacta. Um dia a ciência descobrirá o Evangelho e vai convencer-se de que o casal humano somente pode gerar o corpo físico da criança (o que já constitui façanha de grande porte delegada pelas leis da vida).

Mas o Espírito, não. Este já está “pronto” alhures, à espera da oportunidade. Concluída a sua tarefa, ele parte de volta à sua condição anterior de vida, ao seu “habitat” espiritual.

Também sobre isto tem o Evangelho a sua palavra: “O Espírito sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem ele, nem para onde vai”. O ambiente familiar, certamente, pode influir (e deve), não na formação da personalidade da criança, mas na sua reformulação, na sua reeducação, no seu reaprendizado, tanto quanto pode (e não deve) na sua recontaminação moral, no desvirtuamento de conquistas positivas ainda não muito bem consolidadas. Lamentavelmente, contudo, o Ser humano ainda é, na opinião predominante da ciência, matéria viva e não matéria que o Espírito vivifica por algum tempo para utilizá-la como veículo evolutivo. Ainda há pouco, em pesquisas realizadas para este estudo, li que as antigas e tradicionais famílias não apenas asseguravam um sentimento de identidade ao indivíduo, mas lhe proporcionavam “a ilusão de participar de um encadeamento imortal”.

Nem passa pela cabeça do autor dessa afirmativa que o Ser humano é imortal dentro ou fora da família, onde quer que esteja, na carne ou fora dela. E que a imortalidade não é uma ilusão, como ele pensa. Isso que aí ficou exposto é a visão tida como científica da família. E o Espiritismo, como a considera?

É o que veremos a seguir. Em lugar de propor soluções específicas e particulares aos problemas humanos, insistimos na tese — o Espiritismo expõe normas gerais de comportamento apoiadas no Evangelho, que considera, acertadamente, um código de ética universal. E neste ponto é preciso lembrar e insistir que, embora vinculada historicamente ao Cristianismo nas suas diversas manifestações, a moral evangélica transcende a qualquer estrutura eclesiástica ou teológica.


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