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quinta-feira, 31 de março de 2016

ESTUDO 55 O LIVRO DOS MÉDIUNS - SEGUNDA PARTE DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS – CAPITULO XIV - Médiuns sensitivos ou impressionáveis e médiuns audientes - Itens 164 e 165

O LIVRO DOS MÉDIUNS

(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)

por
ALLAN KARDEC

Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.

SEGUNDA PARTE

DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS

CAPITULO XIV

OS MÉDIUNS

Médiuns sensitivos ou impressionáveis e médiuns audientes
Estudo 55 - Item 164 e 165

              Relembramos que são chamados médiuns os que possuem uma sensibilidade acentuada e que servem de intermediários entre os dois mundos: espiritual e material.
Sensitivos são pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão geral ou local, vaga ou material.
Médiuns sensitivos ou impressionáveis: São assim designadas as pessoas capazes de sentir a presença dos Espíritos por uma vaga impressão, uma espécie de arrepio geral que elas mesmas não sabem o que seja. Esta variedade não apresenta caráter bem definido. Todos os médiuns são necessariamente impressionáveis, de maneira que a impressionabilidade é antes uma qualidade geral do que especial: é a faculdade rudimentar indispensável ao desenvolvimento de todas as outras. Difere da impressionabilidade puramente física e nervosa, com a qual não se deve confundi-la, pois há pessoas que são neuricamente sensíveis e sentem mais ou menos a presença dos Espíritos, ao passo que outras muito suscetíveis absolutamente não os percebem.
Essa faculdade se desenvolve com o hábito e pode atingir uma tal sutileza que a pessoa dotada reconhece, pela sensação recebida, não só a natureza boa ou má do Espírito que se aproximou, mas também a sua individualidade, como o cego reconhece, por um certo não sei que, a aproximação desta ou daquela pessoa. Ela se torna, em relação aos Espíritos, um verdadeiro sensitivo. Um bom Espírito produz sempre uma impressão suave e agradável; a de um mau Espírito, pelo contrário é penosa, angustiante e desagradável; tem como que um cheiro de impureza.
Médiuns Audientes
São os que ouvem a voz dos Espíritos. Como foi explicado ao tratar da pneumatofonia, é algumas vezes uma voz interna que se faz ouvir no foro íntimo. De outras vezes é uma voz externa, clara e distinta como a de uma pessoa viva. Os médiuns audientes podem assim conversar com os Espíritos. Quando adquirem o hábito de comunicar-se com certos Espíritos, os reconhecem imediatamente pelo timbre da voz. Quando não se possui essa faculdade, pode-se também comunicar com um Espírito através de um médium audiente, que exerce o papel de intérprete.
Esta faculdade é muito agradável quando o médium só ouve Espíritos bons ou somente aqueles que ele chama. Mas não se dá o mesmo quando um Espírito mau se apega a ele, fazendo-lhe ouvir a cada minuto as coisas mais desagradáveis e algumas vezes mais inconvenientes. É necessário então tratar de desembaraçar-se, pois são sinais característicos de influência espiritual obsessiva, uma vez que os Espíritos mais elevados não se impõem em nossas vivências.
Em nosso próximo estudo abordaremos os médiuns falantes.
Bibliografia:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XIV - 2ª Parte
Tereza Cristina D'Alessandro
Março / 2006

Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto - SP 

quarta-feira, 30 de março de 2016

ESTUDO 5 - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - INTRODUÇÃO lV: SÓCRATES, PLATÃO, PRECURSORES DA DOUTRINA CRISTÃ E DO ESPIRITISMO

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – V

POR ALLAN KARDEC

INTRODUÇÃO lV: SÓCRATES, PLATÃO, PRECURSORES DA DOUTRINA CRISTÃ E DO ESPIRITISMO

Estamos estudando a introdução de Kardec a este livro. Vimos os itens I: Objetivo da obra e o II: Autoridade da doutrina espírita. Deveríamos iniciar o estudo do item III: Notícias históricas, no qual Kardec explica o significado de determinadas palavras que aparecem nos textos evangélicos: samaritanos, nazarenos, publicanos, peageiros, fariseus, escribas, sinagoga, saduceus, essênios e terapeutas.
Considerando, porém, que este estudo é feito para um site, decidimos fazer aquelas explicações quando os termos surgirem no texto a ser estudado ou relacionados com ele.
Deste modo, iniciamos o item IV, com a explicação do termo essênios, citado por Kardec no texto.
Trata-se de uma seita judaica, existente, segundo Flávio Josefo (Jerusalém, 37D.C.- Roma,100) em sua obra História dos Hebreus, desde o ano 150 A C.
A palavra essênios vem de hassidim = piedosos, que derivou para essenói em grego e esseni em latim.
Os essênios possuíam seus próprios livros sagrados e comunidades em vários pontos da Palestina, sempre longe das cidades, onde se dedicavam, principalmente, à agricultura. Usavam roupas brancas, rejeitavam o sacrifício de animais, acreditavam na ressurreição e na imortalidade da alma, com castigos e recompensas futuras. Confiavam na providência de Deus. Eram celibatários, mas cuidavam das crianças que lhes eram dadas para instruírem e educá-las na virtude.
Moravam em edifícios semelhantes a mosteiros; viviam em estreita união, usufruindo seus bens em comum, numa vida virtuosa, austera e metódica.
Flávio Josefo escreveu que a virtude dos essênios “é tão admirável que supera de muito a dos gregos e os de outras nações, porque eles fazem disso todo o seu empenho e preocupação, e a ela se aplicam continuamente." Destaca também o hábito do silêncio nas comunidades essênicas;” Jamais se ouve barulho em suas casas; nunca se vê a menor perturbação, cada qual fala por sua vez e sua posição e seu silêncio causam respeito aos estrangeiros. Tão grande moderação é efeito de sua contínua sobriedade; não comem, nem bebem mais do que é necessário para o sustento da vida." Obra citada acima vol. 5 e 7, respectivamente.
Os essênios tinham um modo de vida semelhante ao dos primeiros cristãos e seus princípios morais "fizeram algumas pessoas suporem que Jesus fizera parte dessa seita, antes do início de sua missão pública. O que é certo, é que Ele devia conhecê-la, mas nada prova que lhe fosse filiado, e tudo quanto se tem escrito a respeito é hipotético" ( Allan Kardec).
Na atualidade, os essênios têm sido citados por causa dos Manuscritos do Mar Morto, encontrados em onze cavernas entre l947 e l956, na região de Qumran, costa noroeste do Mar Morto.
Entrando agora no estudo do item IV, Kardec inicia dizendo que a suposição de que Jesus conhecia a seita dos essênios, não revela que Ele aprendera com os mesmos os ensinos que ensinou e exemplificou.
Sendo Jesus o Espírito mais perfeito que viveu na Terra e considerando que já era perfeito quando a Terra ainda não existia, não podemos aceitar alguém ensinando algo a Ele.
Kardec escreve dizendo que todas as grandes idéias novas que têm por base a verdade nunca surgem de repente. Vão aparecendo devagar, através de precursores, que vão preparando o terreno, aqui e ali, até que alguém vem com a missão de resumir, coordenar e completar os ensinos esparsos.
Assim, as idéias cristãs não sugiram todas com Jesus. Houve precursores, dos quais Kardec destaca como os maiores Sócrates e Platão.
Faz então, uma comparação entre alguns fatos das vidas de Sócrates e Jesus.
Ambos nada escreveram. Ensinaram através das palavras e dos exemplos. Seus ensinos chegaram até nós através dos seus discípulos.
Ambos foram considerados criminosos pela justiça dos poderosos da época, condenados à morte, por haverem combatido os preconceitos religiosos, por ensinarem verdades que poucos na época poderiam compreender.
Jesus foi acusado de corromper o povo com seus ensinos, Sócrates por corromper a juventude, ao proclamar a unicidade de Deus, a imortalidade da alma e a existência da vida futura.
Ressalta Kardec que essa comparação em nada diminui a grandeza da missão divina de Jesus e que se trata de fatos históricos que não podem ficar escondidos. " O homem atingiu um ponto em que a luz sai por si mesma debaixo do alqueire e o encontra maduro para a enfrentar. Tanto pior para os que temem abrir os olhos. É chegado o tempo de encarar as coisas do alto e com amplitude, e não mais do ponto de vista mesquinho e estreito dos interesses de seitas e de castas ".
Propõe-se Kardec a provar que “se Sócrates e Platão pressentiram as idéias cristãs, encontram-se, igualmente, na sua doutrina os princípios fundamentais do espiritismo.
Antes, porém, vamos transcrever algo sobre Sócrates e Platão.
O primeiro nasceu em Atenas em 470 ou 469 A C. no início da fase áurea da democracia ateniense e, filho de um escultor, Sofronisco e de uma parteira Fenareta. Beneficiou-se da atmosfera cultural da época, das mais brilhantes da cultura grega. Era o famoso “século de Péricles”.
 "Atenas é, no tempo de Sócrates, um ponto de convergência cultural e um laboratório de experiências políticas, onde se firmara, pela primeira vez na história dos povos, a tentativa de um governo democrático, exercido diretamente por todos os que usufruíam dos direitos de cidadania."
Na preparação do indivíduo para a vida pública, importantíssimo era ensiná-lo ao uso correto e hábil da palavra na arte da persuasão.
Sócrates acreditava ter uma missão, devido à declaração do oráculo de Delfos a seu amigo Querefonte, de que ele (Sócrates) era o mais sábio dos homens, que ele entendera que se assim era, seria por ele saber que nada sabia. Considerando então, que "essa consciência da ignorância sobre coisas era sinal e começo da autoconsciência, pôs-se a ensinar aos jovens a pensar por si, partindo do conhecimento de si mesmo dizia Sócrates ser orientado por seu daimon (demônio), provavelmente seu Espírito Guia e Protetor.
Seu método de ensino era conversar com alguém que poderia tornar-se seu discípulo, e através das questões propostas, levá-lo a formular suas próprias idéias. Assim, o interlocutor-discípulo era conduzido a ser ele mesmo e não aceitar o que sua consciência repelia. Sócrates procurava auxiliar as pessoas na concepção de idéias próprias, conseguindo assim, conhecer-se a si próprio, como prescrevia a inscrição do templo de Delfos e de fazer de si próprio o ponto de partida.
Condenado, por perverter a juventude, a beber cicuta, desencarnou em 399 A C. PLATÃO nasceu em Atenas em 428 A C. e morreu em 348 A C.. Viveu entre a fase áurea da democracia ateniense e o final do período helênico.
Foi discípulo de Sócrates, ao qual considerava " o mais sábio e o mais justo dos homens". Com ele aprendeu a necessidade de fundamentar qualquer atividade em conceitos claros e seguros.
No próximo estudo iniciaremos o estudo de Kardec: Resumo da Doutrina de Sócrates e Platão.
Escreveu muitas obras, iniciando seus primeiros “Diálogos" geralmente chamados " diálogos socráticos" porque o principal personagem era Sócrates. Em "Apologia de Sócrates" reproduz a defesa feita pelo mesmo, diante da Assembléia que o julgou e o condenou. Em outros Diálogos também fez defesa de Sócrates, mostrando que não era ímpio, nem pervertia os jovens.
 Em 387 A C. Platão funda em Atenas a Academia, sua escola de investigação científica e filosófica, importantíssima para a história do pensamento ocidental Platão foi assim, o primeiro dirigente de uma instituição permanente, voltada para pesquisa.
Dentre suas muitas obras, lembramos República, onde apresenta uma organização da cidade ideal, com o objetivo de que todos seus habitantes fossem felizes.
No platonismo, a construção do conhecimento “é uma conjugação de intelecto e emoção, de razão e vontade: a ciência é fruto de inteligência e de amor."
Alguns dados sobre os essênios estão no livro A Grande Espera do Espírito Eurípedes Barsanulfo, médium Corina Novelino; os dados sobre Sócrates e Platão foram tirados dos volumes Sócrates e Platão da coleção Os Pensadores da Editora Nova Cultural de São Paulo.
No próximo mês iniciaremos o estudo do Resumo da Doutrina de Sócrates e Platão, escrito por Allan Kardec, em prosseguimento ao estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Leda de Almeida Rezende Ebner
Abril/2002

Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto (SP)


O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.

ESTUDO EVANGÉLICO 39 - LIVRO PALAVRAS DE VIDA ETERNA - TEMA: "No auxílio a todos"

ESTUDO EVANGÉLICO

Livro: Palavras de Vida Eterna

Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

- ESTUDO 39


  
 "No auxílio a todos"

"Pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida justa e sossegada em toda a piedade e honestidade”
Paulo (I Timóteo, 2:2)
É comum, vermos boa parte de pessoas preocupar-se, segundo seu entendimento, com os que considera menos afortunados, menos felizes. Oram a Deus, pedindo por eles e procuram mobilizar recursos para ajudar de alguma forma objetivando que a sua situação possa melhorar. 
Nas catástrofes, vemos o sentimento de solidariedade abrindo-se, até mesmo com povos de outras nações. O êxito das campanhas para arrecadar recursos que são enviados, confirmam que não temos dificuldade em apiedarmo-nos dos que estão em desespero ou vitimados por flagelos.
É uma preocupação legítima, mas, essas não são as únicas pessoas que precisam das nossas orações, do nosso apoio moral ou material. Equivocadamente, achamos que aqueles que estão em posição de destaque, não precisam que nos preocupemos com eles, pois, devem ter uma vida sem problemas. 
O Apóstolo Paulo, na 1a. carta que escreveu a Timóteo, em suas recomendações lembra o auxílio espiritual que devemos a todos que ocupam cargos de autoridade, de comando, seja dirigindo, orientando, esclarecendo e instruindo.
São Espíritos que reencarnam com a difícil tarefa do poder, da riqueza, da administração, que carregam tentações e provas de toda espécie e que quase sempre desconhecemos.
Essas pessoas são formadoras de opinião e nem sempre sob formas desejáveis influenciam coletividades negativamente, quando não se compenetram dos deveres que lhe são próprios, quando não têm noção da extensão da sua responsabilidade sobre pessoas ou povos.
Esses companheiros, que deveriam com a sua atuação levar o progresso material e moral para as populações, criam calamidades morais e moléstias coletivas de longa duração, que atrasam a evolução.
O estudo, portanto, desperta-nos para que nas nossas preces e vibrações lembremo-nos de dirigentes, responsáveis em pequena ou grande escala, por percebermos que temos para com esses companheiros responsabilidades, não ao que se refere aos seus atos em si, mas, em relação à sustentação espiritual que podemos e devemos oferecer a eles, pois, não desconhecemos o poder do pensamento, das vibrações que emitimos.
"Não nos esqueçamos, pois, da oração pelos que dirigem, auxiliando-os com a benção da simpatia e da compaixão, não só para que se desincumbam zelosamente dos compromissos que lhes selam a rota, mas, também, para que vivamos com o sadio exemplo deles, na verdadeira caridade uns para com os outros, sob a inspiração da honestidade, que é base de segurança em nosso caminho".

Maria Aparecida Ferreira Lovo
Setembro / 2004

I TIMÓTEO 2
2 pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade.

CENTRO ESPÍRITA BATUÍRA
cebatuira@cebatuira.org.br  

Ribeirão Preto - SP

terça-feira, 29 de março de 2016

NO SERVIÇO ASSISTENCIAL

NO SERVIÇO ASSISTENCIAL
 
Desista de brandir o açoite da condenação sobre aspectos da vida alheia.

Esqueça o azedume da ingratidão em defesa da própria paz.

Não pretenda refazer radicalmente a experiência do próximo a pretexto de auxiliá-lo.

        Remova as condições de vida e os objetos de uso pessoal, capazes de ambientar a humilhação indireta.

        Evite categorizar os menos felizes à conta de proscritos à fatalidade do sofrimento.

        Não espere entendimento e ponderação do estômago vazio.

        Aceite de boa mente os pequeninos favores com que alguém procure retribuir-lhe os sinais de fraternidade e as lembranças singelas.

        Seja pródigo em atenções para com o amigo em prova maior que a sua, desfazendo aparentes barreiras que possam surgir entre ele e você.

        Conserve invariável clima de confiança e alegria aa contato dos companheiros.

        Não recuse doar afeto, comunicabilidade e doçura, na certeza de que a violência é inconciliável com a bênção da simpatia.

        Sustente pontualidade em seus compromissos e jamais demonstre impaciência ou irritação.

        Dispense intermediários nas tarefas mais simples e cumpra o que prometer.

        Mantenha uniformidade de gentileza em qualquer parte, com todas as criaturas.

        Recorde que o auxílio inclui bondade e humildade, lhaneza e solidariedade para ser não somente alegria e reconforto naquele que dá e naquele que recebe, mas também segurança e felicidade na senda de todos.

André Luiz (Waldo Vieira)
(De IDEAL ESPÍRITA, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira  Autores diversos)

NO EXAME RECÍPROCO


No exame recíproco

Livro: Ceifa de Luz  Emmanuel & Francisco Cândido Xavier

"Consideremo-nos também uns aos outros para nos estimularmos ao amor e às boas obras". - Paulo. (Hebreus, 10:24).

Algumas vezes somos constrangidos a examinar as diretrizes dos nossos companheiros de experiência, nas horas em que se mostram em atitude menos edificante.

Vimos determinados amigos em lances perigosos do caminho, até ontem. E até ontem terão eles:
entrado em negócios escusos; 
caído em lastimáveis enganos;
perpetrado delitos; 

descido a precipícios de sombra; 

causado prejuízo a outrem, lesando a si mesmos; 

fugido a deveres respeitáveis; 

desprezado valiosas oportunidades no erguimento do bem; 

renegado a fé que lhes servia de âncora; 

adotado companhias que lhes danificaram a existência; 

abraçado a irresponsabilidade por norma de ação.

Momentos existem nos quais é impossível desconhecer as nossas falhas; entretanto, tenhamos a devida prudência de situar o mal no passado.

* * *

Teremos tido comportamento menos feliz até ontem.

Hoje, porém, é novo dia.

Auxiliemo-nos reciprocamente, acendendo a luz que nos dissipe a sombra. Padronizemos o sentimento em ponto alto, pensemos com a força abençoada do otimismo, falemos para o bem e realizemos o melhor ao nosso alcance, no terreno da ação.

Recordemos o ensinamento do Apóstolo, considerando-nos uns aos outros, não em sentido negativo, e sim com a fraternidade operante, para que tenhamos o necessário estímulo à prática do amor puro, superando as nossas próprias fraquezas, em caminho para a Vida Maior.

NO DOMINIO DAS PROVAS

NO DOMÍNIO DAS PROVAS
 
Ai do mundo por causa dos escândalos, porque é necessário que venham escândalos mas ai daquele por quem o escândalo vier.  Jesus.
(Mateus, 18:7.)
 
É preciso que haja escândalo no mundo, disse Jesus, porque imperfeitos como são na Terra, os homens se mostram propensos a praticar o mal, e porque, árvores más, só maus frutos dão. Deve-se, pois, entender por essas palavras que o mal é uma consequência da imperfeição dos homens e não que haja, para estes, a obrigação de praticá-lo.
(ESE, Cap. 8, 13.)
 
Imaginemos um pai que, a pretexto de amor, decidisse furtar um filho querido de toda relação com as revezes do mundo.

Semelhante rebento de tal devoção afetiva seria mantido em sistema de exceção.

Para evitar acidentes climáticos inevitáveis, descansaria exclusivamente na estufa, durante a fase de berço e, posto a cavaleiro, de perigos e vicissitudes, mal terminada a infância, encerrar-se ia numa cidadela inexpugnável, onde somente prevalecesse a ternura paterna, a empolgá-lo de mimos.

Não frequentaria qualquer educandário, a fim de não aturar professores austeros ou sofrer a influência de colegas que não lhe respirassem o mesmo nível; alfabetizado, assim, no reduto doméstico, apreciaria unicamente os assuntos e heróis de ficção que o genitor lhe escolhesse.
Isolar-se-ia de todo o contato humano para não arrostar problemas e desconheceria todo o noticiário ambiente para não recolher informações que lhe desfigurassem a suavidade interior.

Candura inviolável e ignorância completa.

Santa inocência e inaptidão absoluta.

Chega, porém, o dia em que o genitor, naturalmente vinculado a interesses outros, se ausenta compulsoriamente do lar e, tangido pela necessidade, o moço é obrigado a entrar na corrente da vida comum.

Homem feito, sofre o conflito da readaptação, que lhe rasga a carne e a alma, para que se lhe recupere o tempo perdido, e o filho acaba, enxergando insânia e crueldade onde o pai supunha cultivar preservação e carinho.

A imagem ilustra claramente a necessidade da encarnação e da reencarnação do espírito nos mundos inumeráveis da imensidade cósmica, de maneira a que se lhe apurem as qualidades e se lhe institua a responsabilidade na consciência.

Dificuldades e lutas semelham materiais didáticos na escola ou andaimes na construção; amealhada a cultura, ou levantado o edifício, desaparecem uns e outros.

Abençoemos, pois, as disciplinas e as provas com que a Infinita Sabedoria nos acrisolam as forças, enrijando-nos o caráter.
Ingenuidade é predicado encantador na personalidade, mas se o trabalho não a transfigura em tesouro de experiência, laboriosamente adquirido, não passará de flor preciosa a confundir-se no pó da terra, ao primeiro golpe de vento.
 
Emmanuel (Espírito). Livro da Esperança. (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. Uberaba: Comunidade Espírita Cristã. Capítulo Vinte.

ESTUDO EVANGÉLICO 38 - LIVRO PALAVRAS DE VIDA ETERNA - TEMA: SALVAR-SE

ESTUDO EVANGÉLICO

Livro: Palavras de Vida Eterna

Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

- ESTUDO 38


SALVAR-SE


"Palavra fiel é esta e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores...¨ - Paulo. (I Timóteo, 1:15.)
Esta epístola a Timóteo foi escrita na Macedônia; é a primeira das chamadas Pastorais - duas a Timóteo e uma a Tito - porque se destinam a pastores de almas. Nela o apóstolo orienta Timóteo sobre suas obrigações.
Falando da própria conversão e da eficácia do Evangelho em sua vida, lembra do objetivo da vinda de Jesus ao Planeta: "Palavra fiel é esta e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores... ¨ - Paulo. (I Timóteo, 1:15.)
A afirmativa apostólica merece cuidadosa ponderação uma vez que, a inferioridade humana, de modo geral, só interpreta a palavra “salvação” por benefício, por vantagem imediata.
Assim como no versículo em estudo, outros trechos do Velho e do Novo Testamento afirmam que Jesus veio ao mundo a fim de imolar-se pelos nossos pecados.
* Porque as iniqüidades deles levará sobre si. (Isaias, 53:11)
* Cristo morreu por nossos pecados, segundo as escrituras. (I Cor. 15:3)
* O qual se deu a si mesmo por nossos pecados para nos livrar do presente século mau. (Gálatas, 1:4)
* Havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados. (Hebreus, 1:3)
* Assim também Cristo oferecendo-se uma vez para tirar o pecado de muitos (Hebreus, 9:28
* Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. (João, 1:29)
A interpretação apressada e superficial dessas assertivas tem conduzido a muitos equívocos, o que levou P. A. Godoy refletir que: “Caso tivesse Jesus sido investido da prerrogativa de salvar os homens de seus pecados, duas situações teriam ocorrido: a humanidade teria ficado livre de todos os males, uma vez que a maior parte deles é herança do pecado e as religiões não poderiam falar mais em pecado original, uma vez que o Cristo teria removido dos ombros dos homens esse tremendo fardo (...)”.
Corroborando com esses raciocínios, Hermínio C. Miranda questiona, referindo-se em especial aos textos do apóstolo Paulo, que se assim fosse porque ele insiste na prática das boas obras, no procedimento correto, na caridade, no amor ao próximo? “Se Cristo nos salvou para sempre com sua dor, nada disso faz sentido e o que seria simplesmente inaceitável, primeiro porque o inocente não é destinado a assumir a responsabilidade pela falta alheia, lavando-lhe a mancha do erro. Onde ficaria o preceito de que a cada um (é dado) segundo suas obras? Que mérito ou necessidade teriam as obras ou a fé se estivéssemos já resgatado pelo sofrimento do Cristo? E que sentido teria o próprio pecado, como falta pessoal, se alguém acaba resgatando-o por nós? ¨.
Pondera Emmanuel que “após a passagem do Mestre no mundo, a fisionomia íntima dos homens, (...) era a mesma do tempo que lhe antecedera (...)”:
* Os romanos mantinham-se na conquista do poder;
* Os judeus permaneciam algemados a racismo infeliz;
* Os egípcios desciam à decadência;
* Os gregos demoravam-se sorridentes e impassíveis, em sua filosofia recamada de dúvidas e prazeres;
* Os senhores continuavam senhores, os escravos prosseguiam escravos...
“Todavia o espírito humano sofrera profundas alterações”.
As palavras e os exemplos do Mestre “acordavam para a verdadeira fraternidade, e a redenção, (...) começava a clarear os obscuros caminhos da Terra, renovando o semblante moral dos povos...”
“Jesus Cristo não veio como Salvador”, para tomar sobre si os pecados da Humanidade. Ele veio na condição de Redentor da Humanidade. Veio ensinar o caminho da libertação espiritual, pelo conhecimento da verdade, no esforço pessoal de melhoria íntima, na vivência dos preceitos evangélicos.
Isto não se realiza de forma miraculosa mas gradativamente no curso eterno da vida, ou seja, “Deus nos concede todos os recursos para realizarmos em nós o trabalho da redenção espiritual que acabou ficando com o rótulo inadequado de salvação; não, porém, realizando-a por nós e sim conosco. Possibilidades e potencialidades são colocadas a nossa disposição, mas o trabalho é pessoal, intransferível”.
Jesus trouxe-nos a Verdade, ensinamentos que cabe a cada um dinamizar, “fazer a sua parte, entrar na posse dessa verdade, dessa luz que ilumina a mente, consolida o caráter e aperfeiçoa os sentimentos”. Cada um há que agir, lutar, realizar, sem o que a redenção não acontece. “Ninguém tem poder para salvar pecadores de forma indiscriminada”. Estes devem resgatar suas infrações às leis divinas através do conhecimento da verdade, da iluminação íntima, vivendo os ensinamentos evangélicos.
Eis porque Emmanuel, no texto em estudo, usa o termo salvar-se reconhecendo que “salvar não significa arrebatar os filhos de Deus à lama da Terra para que fulgure, de imediato, entre os anjos do Céu”.
Salvar-se é educar-se. Não é o batismo, a filiação a qualquer escola religiosa, a observância de rituais e práticas exteriores que redimem o Espírito mas, “o trabalho, longo e porfiado, de auto-educação” nas vidas físicas e fora delas.
“A sentença de Jesus: a cada um será dado segundo suas obras, (...), reflete a extensão do amor que Deus dispensa a todos (...), anulando qualquer idéia de que um Espírito possa elevar-se aos paramos sublimados da Espiritualidade, por caminhos dúbios, sem o esforço em favor do aprimoramento próprio”.

Bibliografia:
Xavier, Francisco Cândido. "Palavras de Vida Eterna: Salvar-se". Ditado pelo Espírito Emmanuel. 17a ed. Uberaba - MG - CEC. 1992.
Godoy, Paulo Alves. "Casos Controvertidos do Evangelho: Redenção ou Salvação - Pela Graça ou Pelas Obras?” SP - FEESP. 1993.
Godoy, Paulo Alves. "Crônicas Evangélicas: Salvador ou Redentor?". 3a ed. São Paulo - SP - FEESP. 1990.
Miranda, Hermínio Correa. “Cristianismo: A Mensagem Esquecida: Salvação”. Matão - SP - Casa Editora O Clarim. 1988.

Iracema Linhares Giorgini
Agosto / 2005


Citações bíblicas

I TIMÓTEO 1
15 Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal;

ISAÍAS 53
11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniqüidades deles levará sobre si.

I Corintios
3 Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras;

GÁLATAS 1
4 o qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de nosso Deus e Pai,

3 sendo ele o resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu Ser, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas,

HEBREUS 9
28 assim também Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.

JOÃO 1
29 No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.


CENTRO ESPÍRITA BATUÍRA
cebatuira@cebatuira.org.br  
Ribeirão Preto - SP


ESTUDO 54 O LIVRO DOS MÉDIUNS - SEGUNDA PARTE DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS – CAPITULO XIV - Médiuns de efeitos físicos- Itens 162 e 163

O LIVRO DOS MÉDIUNS
(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
por
ALLAN KARDEC

Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.

SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO XIV


OS MÉDIUNS

Médiuns de efeitos físicos

Estudo 54 - Itens 162 e 163

Relembrando o estudo anterior vimos que os fenômenos de efeitos físicos impressionam e servem, muitas vezes, para despertar o interesse pela Doutrina, mas o que realmente interessa é esta, com suas consequências morais e espirituais.
Considerando as condições em que acontecem e o que provocam afirma Allan Kardec que, algumas vezes, a Ciência submeteu criaturas frágeis e delicadas a torturas morais e físicas com o objetivo de evitar que praticassem fraudes, o que são sempre prejudiciais ao organismo dos sensitivos, podendo acarretar graves desordens à sua economia orgânica. A Ciência Espírita tem outro objetivo e exige outros métodos de investigação. Esses fenômenos pertencem mais à ordem moral do que à ordem física e será em vão que se buscará suas solução nas nossas Ciências exatas.
Por serem tais fenômenos mais de ordem moral, deve-se evitar, com cuidado, todos os motivos de superexcitação da imaginação. Sabe-se quantos acidentes pode produzir o medo e não desconhecemos quantos casos de loucura e neuroses são provocadas por estórias de lobisomens e bichos-papões. Que aconteceria, então, se pudessem persuadir a todos de que se trata do diabo? Os que procuram convencer os outros dessas idéias não sabem a responsabilidade que assumem: eles podem matar, e esse perigo existe não só para o paciente, mas também para os que o cercam.
Esta crença funesta é que foi causa de tantos atos de atrocidade nos tempos de ignorância. Entretanto, se houvesse um pouco mais de discernimento, teria ocorrido aos que os praticaram que não queimavam o diabo, por queimarem o corpo que supunham possesso do diabo. Desde que do diabo é que queriam livrar-se, ao diabo é que era preciso matassem. Esclarecendo-nos sobre a verdadeira causa de todos esses fenômenos, a Doutrina Espírita lhe dá o golpe de misericórdia. Longe, pois, de concorrer para que tal idéia se forme, todos devem, e este é um dever de moralidade e de humanidade, combatê-la onde exista.
O que há a fazer-se, quando uma faculdade dessa natureza se desenvolve espontaneamente num indivíduo, é deixar que o fenômeno siga o seu curso natural: a Natureza é mais prudente do que os homens. A Providência tem seus desígnios e aos maiores destes pode servir de instrumento a mais pequenina das criaturas. Porém, forçoso é convir, o fenômeno assume por vezes proporções fatigantes e importunas para toda gente, tal como é relatado por Allan Kardec na Revista Espírita de 1858, com os comentários e explicações necessárias, e que pode ser considerado um dos fatos mais extraordinários desta natureza, pela variedade e singularidade dos fenômenos. Ocorreu em 1852, no Palatinado (Baviera renana), em Bergzabern, perto de Wissemburg. É tanto mais notável, quando se percebe, reunidos no mesmo indivíduo, quase todos os gêneros de manifestações espontâneas: estrondos de abalar a casa, móveis derrubados, arremesso de objetos ao longe por mãos invisíveis, visões e aparições, sonambulismo, êxtase, catalepsia, atração elétrica, gritos e sons aéreos, instrumentos tocando sem contato, comunicações inteligentes, etc. e, o que não é de somenos importância, a comprovação destes fatos, durante quase dois anos, por inúmeras testemunhas oculares, dignas de crédito pelo saber e pelas posições sociais que ocupavam. A narração autêntica dos aludidos fenômenos foi publicada, naquela época, em muitos jornais alemães e, especialmente, numa brochura hoje esgotada e raríssima. Além do empolgante interesse que tais fenômenos despertam, eles são eminentemente instrutivos, do ponto de vista do estudo prático do Espiritismo.
Eis, então, o que em todos os casos importa fazer-se. No capítulo V - Das manifestações físicas espontâneas, encontramos orientações a este respeito, dizendo ser preciso entrar em comunicação com o Espírito, para dele saber-se o que quer. O meio seguinte também se funda na observação.
Os seres invisíveis, que revelam sua presença por efeitos sensíveis, são, em geral, Espíritos de uma ordem inferior e que podem ser dominados pelo ascendente moral. A aquisição deste ascendente é o que se deve procurar.
Para alcançá-lo, preciso é que o indivíduo passe do estado de médium natural ao de médium voluntário. Produz-se, então, efeito análogo ao que se observa no sonambulismo. Como se sabe, o sonambulismo natural cessa geralmente, quando substituído pelo sonambulismo magnético. Não se suprime a faculdade, que tem a alma, de emancipar-se; dar-se-lhe outra diretriz. O mesmo acontece com a faculdade mediúnica. Para isso, em vez de impedir as manifestações, coisa que raramente se consegue e que nem sempre deixa de ser perigosa, o que se tem de fazer é levar o médium a produzi-los à sua vontade, impondo-se ao Espírito. Por esse meio, chega o médium a sujeitá-lo e, de um dominador às vezes tirânico, faz um ser submisso e, não raro, dócil. Fato digno de nota e que a experiência confirma é que, em tal caso, uma criança tem tanta e, por vezes, mais autoridade que um adulto: mais uma prova a favor deste ponto capital da Doutrina, que o Espírito só é criança pelo corpo; que tem por si mesmo um desenvolvimento necessariamente anterior à sua encarnação atual, desenvolvimento que lhe pode dar ascendente sobre Espíritos que lhe são inferiores. A moralização de um Espírito, pelos conselhos de uma pessoa influente, do ponto de vista moral, e experiente, não estando o médium em estado de o fazer, constitui freqüentemente meio muito eficaz. É o que ocorre em reuniões mediúnicas que tem por objetivo o socorro espiritual e a desobsessão.
Concluindo esse estudo ressaltamos a importância da educação mediúnica como meio para dar ao médium o equilíbrio e a segurança que lhe são necessários, e só adquiridos através do esforço no estudo, na prática do Bem, na perseverança em direção ao caminho Maior.

Em nosso próximo estudo veremos Médiuns sensitivos ou impressionáveis.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - "O Livro dos Médiuns" - 2a Ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XIV - 2a Parte.

Tereza Cristina D'Alessandro
Fevereiro / 2006


Centro Espírita Batuira
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Ribeirão Preto - SP


A Fé Ativa construindo uma Nova Era 13 - Os Milagres do Evangelho

A Fé Ativa construindo uma Nova Era 13
Módulo/Eixo Temático: A Fé Ativa

 Os Milagres do Evangelho 
(Allan Kardec, in “A Gênese” – cap. XV)

Curas

Tempestade aplacada
45. - Certo dia, tendo tomado uma barca com seus discípulos, disse-lhes ele: Passemos à outra margem do lago.
Partiram então. Durante a travessia, ele adormeceu. - Então, um grande turbilhão de vento se abateu de súbito sobre o lago, de sorte que, enchendo-se d’água a barca, eles se viam em perigo. Aproximaram-se, pois, dele e o despertaram, dizendo-lhe: Mestre, perecemos. Jesus, levantando-se, falou, ameaçador, aos ventos e às ondas agitadas e uns e outras se aplacaram, sobrevindo grande calma. Ele então lhes disse: Onde esta a vossa fé? Eles, porém, cheios de temor e admiração, perguntavam uns aos outros: Quem é este que assim dá ordens ao vento e às ondas, e eles lhe obedecem? (São Lucas, cap. VIII, vv. 22 a 25.)
46. - Ainda não conhecemos bastante os segredos da Natureza para dizer se há ou não inteligências ocultas presidindo à ação dos elementos. Na hipótese de haver, o fenômeno em questão poderia ter resultado de um ato de autoridade sobre essas inteligências e provaria um poder que a nenhum homem é dado exercer.
Como quer que seja, o fato de estar Jesus a dormir tranquilamente, durante a tempestade, atesta de sua parte uma segurança que se pode explicar pela circunstância de que seu Espírito via não haver perigo nenhum e que a tempestade ia amainar.
Bodas de Caná
47. - Este milagre, referido unicamente no Evangelho de S. João, é apresentado como o primeiro que Jesus operou e nessas condições, devera ter sido um dos mais notados. Entretanto, bem fraca impressão parece haver produzido, pois que nenhum outro evangelista dele trata. Fato não extraordinário era para deixar espantados, no mais alto grau, os convivas e, sobretudo, o dono da casa, os quais, todavia, parece que não o perceberam.
Considerado em si mesmo, pouca importância tem o fato, em comparação com os que, verdadeiramente, atestam as qualidades espirituais de Jesus. Admitido que as coisas hajam ocorrido, conforme foram narradas, e de notar-se seja esse, de tal gênero, o único fenômeno que se tenha produzido. Jesus era de natureza extremamente elevada, para se ater a efeitos puramente materiais, próprios apenas a aguçar a curiosidade da multidão que, então, o teria nivelado a um mágico. Ele sabia que as coisas úteis lhe conquistariam mais simpatias e lhe granjeariam mais adeptos, do que as que facilmente passariam por fruto de grande habilidade e destreza (nº 27).
Se bem que, a rigor, o fato se possa explicar, até certo ponto, por uma ação fluídica que houvesse, como o magnetismo oferece muitos exemplos, mudado as propriedades da água, dando-lhe o sabor do vinho, pouco provável é se tenha verificado semelhante hipótese, dado que, em tal caso, a água, tendo do vinho unicamente o sabor, houvera conservado a sua coloração, o que não deixaria de ser notado. Mais racional é se reconheça aí unia daquelas parábolas tão frequentes nos ensinos de Jesus, como a do filho pródigo, a do festim de bodas, do mau rico, da figueira que secou e tantas outras que, todavia, se apresentam com caráter de fatos ocorridos. Provavelmente, durante o repasto, terá ele aludido ao vinho e à água, tirando de ambos um ensinamento. Justificam esta opinião as palavras que a respeito lhe dirige o mordomo: « Toda gente serve em primeiro lugar o vinho bom e, depois que todos o têm bebido muito, serve o menos fino; tu, porém, guardas até agora o bom vinho. »
Entre duas hipóteses, deve-se preferir a mais racional e os espíritas não são tão crédulos que por toda parte vejam manifestações, nem tão absolutos em suas opiniões, que pretendam explicar tudo por meio dos fluidos.
Multiplicação dos pães
48. - A multiplicação dos pães é um dos milagres que mais têm intrigado os comentadores e alimentado, ao mesmo tempo, as zombarias dos incrédulos. Sem se darem ao trabalho de lhe perscrutar o sentido alegórico, para estes últimos ele não passa de um conto pueril. Entretanto, a maioria das pessoas sérias há visto na narrativa desse fato, embora sob forma diferente da ordinária, uma parábola, em que se compara o alimento espiritual da alma ao alimento do corpo.
Pode-se, todavia, perceber nela mais do que uma simples figura e admitir, de certo ponto de vista, a realidade de um fato material, sem que, para isso, seja preciso se recorra ao prodígio. É sabido que uma grande preocupação de espírito, bem como a atenção fortemente presa a uma coisa fazem esquecer a fome. Ora, os que acompanhavam a Jesus eram criaturas ávidas de ouvi-lo; nada há, pois, de espantar em que, fascinadas pela sua palavra e também, talvez, pela poderosa ação magnética que ele exercia sobre os que o cercavam, elas não tenham experimentado a necessidade material de comer.
Prevendo esse resultado, Jesus nenhuma dificuldade teve para tranquilizar os discípulos, dizendo-lhes, na linguagem figurada que lhe era habitual e admitido que realmente houvessem trazido alguns pães, que estes bastariam para matar a fome à multidão. Simultaneamente, ministrava aos referidos discípulos um ensinamento, com o lhes dizer:
« Dai-lhes vós mesmos de comer. » Ensinava-lhes assim que também eles podiam alimentar por meio da palavra.
Desse modo, a par do sentido moral alegórico, produziu-se um efeito fisiológico, natural e muito conhecido. O prodígio, no caso, está no ascendente da palavra de Jesus, poderosa bastante para cativar a atenção de uma multidão imensa, ao ponto de fazê-la esquecer-se de comer. Esse poder moral comprova a superioridade de Jesus, muito mais do que o fato puramente material da multiplicação dos pães, que tem de ser considerada como alegoria.
Esta explicação, aliás, o próprio Jesus a confirmou nas duas passagens seguintes.
O fermento dos fariseus
49. - Ora, tendo seus discípulos passado para o outro lado do mar, esqueceram- se de levar pães. - Jesus lhes disse: Tende o cuidado de precatar-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. - Eles, porém, pensavam e diziam entre si: É porque não trouxemos pães.
Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Homens de pouca fé, por que haveis de estar cogitando de não terdes trazido pães? Ainda não compreendeis e não vos lembrais quantos cestos levastes? - Como não compreendereis que não é do pão que eu vos falava, quando disse que vos guardásseis do fermento dos fariseus e saduceus?
Eles então compreenderam que ele não lhes dissera que se preservassem do fermento que se põe no pão, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus. (S. Mateus, cap. XVI, vv. 5 a 12.)
O pão do céu
50. - No dia seguinte, o povo, que permanecera do outro lado do mar, notou que lá não chegara outra barca e que Jesus não entrara na que seus discípulos tomaram, que os discípulos haviam partido sós - e como tinham chegado depois outras barcas de Tiberíades, perto do lugar onde o Senhor, após render graças, os alimentara com cinco pães; - e como verificassem por fim que Jesus não estava lá, tampouco seus discípulos, entraram naquelas barcas e foram para Cafarnaum, em busca de Jesus. - E, tendo-o encontrado além do mar, disseram-lhe: Mestre, quando vieste para cá?
Jesus lhes respondeu: Em verdade, em verdade vos digo que me procurais, não por causa dos milagres que vistes, mas por que eu vos dei pão a comer e ficastes saciados. -Trabalhai por ter, não o alimento que perece, mas o que dura para a vida eterna e que o Filho do Homem vos dará, porque foi nele que Deus, o Pai, imprimiu seu selo e seu caráter.
Perguntaram-lhe eles: Que devemos fazer para produzir obras de Deus? - Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é que creiais no que ele enviou. Perguntaram-lhe então: Que milagre operarás que nos faça crer, vendo-o? Que farás de extraordinário? - Nossos pais comeram o maná no deserto, conforme está escrito: Ele lhes deu de comer o pão do céu.
Jesus lhes respondeu: Em verdade, em verdade vos digo que Moisés não vos deu o pão do céu; meu Pai é quem dá o verdadeiro pão do céu, - porquanto o pão de Deus é aquele que desceu do céu e que dá vida ao mundo.
Disseram eles então: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
Jesus lhes respondeu: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome e aquele que em mim crê não terá sede. - Mas, eu já vos disse: vós me tendes visto e não credes.
Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim tem a vida eterna. - Eu sou o pão da vida. – Vossos pais comeram o maná do deserto e morreram. - Aqui está o pão que desceu do céu, a fim de que quem dele comer não morra. (S. João, cap. VI, vv. 22-36 e 47-50.)
51. - Na primeira passagem, lembrando o fato precedentemente operado, Jesus dá claramente a entender que não se tratara de pães materiais, pois, a não ser assim, careceria de objeto a comparação por ele estabelecida com o fermento dos fariseus: « Ainda não compreendeis, diz ele, e não vos recordais de que cinco pães bastaram para cinco mil pessoas e que dois pães foram bastantes para quatro mil? Como não compreendestes que não era de pão que eu vos falava, quando vos dizia que vos preservásseis do fermento dos fariseus? » Esse confronto nenhuma razão de ser teria, na hipótese de uma multiplicação material. O fato fora de si mesmo muito extraordinário para ter impressionado fortemente a imaginação dos discípulos, que, entretanto, pareciam não mais lembrar-se dele.
É também o que não menos claramente ressalta, do que Jesus expendeu sobre o pão do céu, empenhado em fazer que seus ouvintes compreendessem o verdadeiro sentido do alimento espiritual. « Trabalhai, diz ele, não por conseguir o alimento que perece, mas pelo que se conserva para a vida eterna e que o Filho do Homem vos dará. » Esse alimento é a sua palavra, pão que desceu do céu e dá vida ao mundo. «Eu sou, declara ele, o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome e aquele que em mim crê nunca terá sede. »
Tais distinções, porém, eram por demais sutis para aquelas naturezas rudes, que somente compreendiam as coisas tangíveis. Para eles, o maná, que alimentara o corpo de seus antepassados, era o verdadeiro pão do céu; aí é que estava o milagre. Se, portanto, houvesse ocorrido materialmente o fato da multiplicação dos pães, como teria ele impressionado tão fracamente aqueles mesmos homens, a cujo benefício essa multiplicação se operara poucos dias antes, ao ponto de perguntarem a Jesus: « Que milagre farás para que, vendo-o, te creiamos? Que farás de extraordinário? » Eles entendiam por milagres os prodígios que os fariseus pediam, isto é, sinais que aparecessem no céu por ordem de Jesus, como pela varinha de um mágico. Ora, o que Jesus fazia era extremamente simples e não se afastava das leis da Natureza; as próprias curas não revelavam caráter muito singular, nem muito extraordinário. Para eles, os milagres espirituais não apresentavam grande vulto.
Tentação de Jesus
52. - Jesus, transportado pelo diabo ao pináculo do Templo, depois ao cume de uma montanha e por ele tentado, constitui uma daquelas parábolas que lhe eram familiares e que a credulidade pública transformou em fatos materiais 9.
9 A explicação que se segue é reprodução textual do ensino que a esse respeito de um Espírito.
53. - «Jesus não foi arrebatado. Ele apenas quis fazer que os homens compreendessem que a Humanidade se acha sujeita a falir e que deve estar sempre em guarda contra as más inspirações a que, pela sua natureza fraca, é impelida a ceder. A tentação de Jesus é, pois, uma figura e fora preciso ser cego para tomá-la ao pé da letra. Como pretenderíeis que o Messias, o Verbo de Deus encarnado, tenha estado submetido, por algum tempo, embora muito curto fosse este, às sugestões do demônio e que, como o diz o Evangelho de Lucas, o demônio o houvesse deixado por algum tempo, o que daria a supor que o Cristo continuou submetido ao poder daquela entidade? Não; compreendei melhor os ensinos que vos foram dados. O Espírito do mal nada poderia sobre a essência do bem. Ninguém diz ter visto Jesus no cume da montanha, nem no pináculo do Templo. Certamente, tal fato teria sido de natureza a se espalhar por todos os povos. A tentação, portanto, não constituiu um ato material e físico. Quanto ao ato moral, admitiríeis que o Espírito das trevas pudesse dizer àquele que conhecia sua própria origem e o seu poder: « Adora-me, que te darei todos os remos da Terra? » Desconheceria então o demônio aquele a quem fazia tais oferecimentos? Não é provável. Ora, se o conhecia, suas propostas eram uma insensatez, pois ele não ignorava que seria repelido por aquele que viera destruir-lhe o império sobre os homens.
« Compreendei, portanto, o sentido dessa parábola, que outra coisa aí não tendes, do mesmo modo que nos casos do Filho Pródigo e do Bom Samaritano. Aquela mostra os perigos que correm os homens, se não resistem à voz íntima que lhes clama sem cessar: «Podes ser mais do que és; podes possuir mais do que possuis; podes engrandecer-te, adquirir muito; cede à voz da ambição e todos os teus desejos serão satisfeitos. » Ela vos mostra o perigo e o meio de o evitardes, dizendo às más inspirações: Retira-te, Satanás ou, por outras palavras: Vai-te, tentação!
« As duas outras parábolas que lembrei mostram o que ainda pode esperar aquele que, por muito fraco para expulsar o demônio, lhe sucumbiu às tentações. Mostram a misericórdia do pai de família, pousando a mão sobre a fronte do filho arrependido e concedendo-lhe, com amor, o perdão implorado. Mostram o culpado, o cismático, o homem repelido por seus irmãos, valendo mais, aos olhos do Juiz Supremo, do que os que o desprezam, por praticar ele as virtudes que a lei de amor ensina.

« Pesai bem os ensinamentos que os Evangelhos contêm; sabei distinguir o que ali está em sentido próprio, ou em sentido figurado, e os erros que vos hão cegado durante tanto tempo se apagarão pouco a pouco, cedendo lugar à brilhante luz da Verdade. » - João Evangelista, Bordéus, 1862.