C B - Aula 14 - Recordação Das Existências
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ESQUECIMENTO DO PASSADO
O Espírito quando reencarna, esquece
totalmente o seu passado; porém, muitas pessoas acreditam que a lembrança de
vidas anteriores, no decorrer da vida presente, seria de grande benefício. Mas,
em cada reencarnação manifestam-se as tendências decorrentes da natureza do
Espírito, a orientar seu comportamento mais correto; as boas inclinações,
indicam o progresso já realizado e as más, as paixões a serem superadas.
Inúmeras vezes, Espíritos que foram acerbos
inimigos numa determinada vida, renascem no seio de uma mesma família, a fim de
removerem as arestas e aprenderem a se amar; se relembrassem do passado, em
muitos casos essa reconciliação se tornaria extremamente difícil. O homem nem pode
nem deve saber tudo; Deus assim o quer, na sua sabedoria. Sem o véu que lhe
encobre certas coisas, o homem ficaria ofuscado, como aquele que passa sem
transição da obscuridade para a luz. Pelo esquecimento do passado, ele é mais
ele mesmo (LE, perg. 392).
Em cada nova existência, o Espírito usufrui
do conhecimento conquistado nas vidas passadas, estando em melhores condições
de distinguir o bem do mal; ao retornar ao plano espiritual, descortina-se
diante dele sua vida pregressa. Vê as faltas que cometeu e que deram origem aos
seus sofrimentos, assim como o modo como as teria evitado; isto lhe servirá de
orientação, caso tenha o mérito de escolher por si próprio uma nova encarnação,
a fim de evitar e reparar os erros cometidos. Ele então escolhe provas semelhantes
às que não soube aproveitar, ou os embates que melhor possam contribuir pra o
seu adiantamento.
Mas, se não temos, durante a vida corpórea,
uma lembrança precisa daquilo que fomos e do que fizemos de bem ou de mal em
nossas existências anteriores, temos, entretanto, a sua intuição. E as nossas
tendências instintivas são uma reminiscência do nosso passado, às quais a nossa
consciência, - que representa o desejo por nós concebido de não mais cometer as
mesmas faltas, - adverte que devemos resistir (LE, perg. 393). Se o homem não
tem, portanto, lembranças precisas do passado, tem sempre a voz da consciência
e suas tendências instintivas, que lhe permite o conhecimento de si mesmo.
Existem mundos mais evoluídos, onde seus
habitantes guardam lembranças claras de suas existências passadas; mas isto é
resultado da condição superior por eles conquistada, e que os leva a uma melhor
compreensão e melhor aproveitamento da liberdade que Deus lhes permite
desfrutar. Nesses mundos, onde não reina senão o bem, a lembrança do passado
nada tem de penosa; é por isso que neles se recorda com frequência a existência
precedente, como nos lembramos do que fizemos na véspera.
Quanto à passagem que se possa ter tido por
mundo inferiores, a sua lembrança nada mais é, como dissemos, do que um sonho
mau (LE, perg. 394). Mesmo em mundos como a Terra, e em casos muito especiais,
existem pessoas que sabem o que foram e o que faziam; contudo, abstêm-se de
dizê-lo abertamente, pois, do contrário, fariam extraordinárias revelações sobre
o passado.
Assim, cabe ao homem suportar
resignadamente as provas e expiações que lhe são pertinentes, sem a preocupação
desnecessária de desvendar suas vidas passadas, a cada nova existência a
justiça divina dar-lhe-á a oportunidade de retomar o curso do aprendizado
interrompido, propiciando-lhe os recursos necessários para os devidos
reajustes. Observando seu próprio caráter, ele sentirá, cada vez mais, a
necessidade de superar suas imperfeições, pois basta que estude a si mesmo, e
poderá julgar o que foi, não pelo que é, mas pelas suas tendências (LE, perg.
399).
DEIXAI VIR A MIM OS PEQUENINOS
Então lhe apresentaram uns meninos para que
os tocasse; mas os discípulos ameaçavam os que lho apresentavam. O que, vendo
Jesus, levou-o muito a mal, e disse-lhes: "Deixai vir a mim os pequeninos
e não os embaraceis, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham.
Em verdade vos digo que todo aquele que não receber o Reino de Deus como uma
criança, não entrará nele." E abraçando-os, e pondos as mãos sobre eles,
os abençoava (Marcos, 10:13-16)
Jesus tomou a infância como símbolo da
pureza e da simplicidade; portanto, não havia em suas palavras a intenção de
dizer que o Reino de Deus é apenas para as crianças, mas sim para todos aqueles
que se lhes assemelham. Não poderia ser de outro modo, pois que o Espírito ao
reencarnar traz consigo não só as qualidades conquistadas em vidas passadas,
como também as imperfeições e as más tendências. A criança, no entanto, é
sempre um exemplo vivo de pureza, e não foi outro o objetivo de Jesus ao
tomá-la como paradigma para deixar à humanidade mais um ensinamento: somente os
simples e humildes terão aceso aos planos mais sublimados da Espiritualidade,
ou seja, o Reino de Deus.
A criança necessita de cuidados especiais,
de carinho e desvelo maternos, cuja ternura aumenta ainda mais diante da
fragilidade na infância. A criança representa para a mãe deixaria de ter essa
atenção e abnegação, se nela se revelassem nítidas manifestações do que foi em
vida anterior. Tal quadro se agravaria ainda mais, se a mãe se conhecesse seus
antecedentes, pois, em muitos casos, pais e filhos são Espíritos antagônicos de
vidas passadas.
O Espírito quando reencarna, entra num
estado de perturbação e, paulatinamente, perde a consciência de si mesmo,
esquecendo suas vidas passadas. Durante algum tempo ele permanece numa espécie
de sono, conservando, no entanto, todas as suas faculdades em estado latente.
Esse estágio transitório é necessário para que o Espírito tenha um novo ponto
de partida, esquecendo tudo aquilo que possa representar obstáculo na nova
existência corporal. Mas não deixa de sofrer uma reação do pretérito,
conservando uma vaga intuição de toda a experiência adquirida. Após o
nascimento, suas idéias retomam gradativamente o seu desenvolvimento,
acompanhando o crescimento do corpo.
No período inicial da nova encarnação, o
Espírito age realmente como criança, pois as idéias que marcarão seu caráter
estão adormecidas. Por isto a criança é mais dócil nesta fase, tornando-se mais
acessível às impressões que podem modificar sua condição evolutiva. Jesus tomou
como exemplo de pureza e simplicidade a condição infantil, ao dizer venha a mim
os pequeninos, não apenas nesta passagem evangélica, mas em muitas outras,
conforme o relato do Evangelho de Mateus:
-Graças te dou, ó Pai, Senhor do Céu e da
Terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos
pequeninos (Mateus, 11:25).
-Assim também não é da vontade do Pai que
estás nos Céus, que um destes pequeninos se perca (Mateus, 18:14).
-Em verdade vos digo que, quando a um
destes pequeninos não o fizestes, não o fizestes a mim (Mateus, 25:45).
Jesus cercou-se sempre de criaturas simples
e humildes, pois sabia que somente estes estavam aptos a assimilar suas
palavras e seguir seus ensinamentos. A sua mensagem imorredoura era
essencialmente endereçada aos brandos, aos pacíficos, aos humildes, aos
sofredores de todos os matizes, aos pequeninos entre os homens; por isso ele
exultou-se quando viu que os pequeninos e não os sábios e entendidos
assimilaram a revelação do Reino de Deus.
Desse modo, Jesus usou esta imagem da criança
para ilustrar a bem-aventurança dos puros de coração. A simplicidade e a
humildade são inerentes à pureza de espírito, excluindo qualquer laivo de
egoísmo e de orgulho.
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