ESQUECE O MAL
A paz depende muito mais do esquecimento do mal que do propósito de corrigi-lo.
Toda vez que buscarmos a retificação de nós mesmos, olvidando as faltas dos outros, situaremos o ensinamento silencioso da bondade, na própria exemplificação, sem alarde e sem menosprezo ao valor do próximo.
Esquece o mal e o bem aparecerá.
A própria natureza é uma lição viva nesse particular.
O solo despreocupa-se dos detritos que o temporal lhe arremessa à face e produz o milagre do pão.
O tronco robusto olvida o serrote áspero que lhe fere as entranhas e converte-se em utilidades valiosas para a vida.
O mármore ignora os golpes contundentes do martelo e converte-se em obra prima.
A pedra esquece a máquina que a tritura e abre o próprio seio em pepitas de ouro que constituem a garantia do trabalho e do reconforto no campo da civilização.
A ostra ferida desapega-se da própria dor e fabrica a pérola sublime.
A semente desconhece a solidão da cova escura a que é projetada e transubstancia-se em folhagem, perfume, flor e fruto.
Se desejas a vanguarda de luz, liberta-te das algemas da sombra.
Se te propões a ajudar, não te detenhas em demandas inúteis.
Enquanto te demoras, na contemplação do mal, perdes tempo, adiando a cultura do bem.
Da arte de esquecer as experiências inferiores, nasce a vitória da verdadeira ascensão espiritual.
Avancemos ao sol do amor e, se temos conosco a vocação de consertar pela violência ou de corrigir pela irritação, estejamos convencidos, com a sabedoria do povo, de que, em qualquer lugar ou em qualquer tempo, muito ajuda quem não atrapalha.
(De Urgência, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)
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