ALLAN KARDEC
CAPÍTULO VI: O CRISTO CONSOLADOR
ADVENTO DO ESPÍRITO DE VERDADE: ITEM 8
Vamos estudar a última mensagem do Espírito de Verdade, das incluídas neste livro, que nos fala de duas grandes virtudes: devotamento e abnegação.
Devotamento é a ação de dedicar, tributar algo a alguém ou a alguma coisa." É dedicação, qualidade ou condição de quem se dedica a alguém ou algo, entrega, sacrifício; manifestação de amor, apreço, consideração" (dicionário Houais).
Abnegação: “ação caracterizada pelo desprendimento e altruísmo, em que a superação das tendências egoísticas da personalidade é conquistada em benefício de uma pessoa, causa, ou princípio; sacrifício voluntário dos próprios desejos, da própria vontade ou das tendências humanas naturais em nome de qualquer imperativo ético." (Idem)
O Espírito de Verdade assim inicia: “Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que o suplicam. Seu poder cobre a Terra, e por toda a parte, ao lado de cada lágrima, põe o bálsamo que consola”, confirmando o valor da oração, nos momentos difíceis.
Mas esclarece: “O devotamento e a abnegação são uma prece contínua e encerram profundo ensinamento: a sabedoria humana reside nessas duas palavras. Possam todos os Espíritos sofredores compreender estas verdades, em vez de reclamarem contra as dores, os sofrimentos morais, que são aqui na Terra o vosso quinhão. Tomai, pois, por divisa, essas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõem."
O devotamento e a abnegação, de fato, são essenciais nas ações de trabalho, nas atividades até as mais corriqueiras. São até consagrados pelo povo, na expressão "vestir a camisa", quando alguém se entrega a determinada tarefa, com dedicação, devotando-se a ela.
Nos deveres morais, que o relacionamento inter-pessoal impõe, os que são cumpridos com devotamento e abnegação, ainda que sejam apenas direcionados a pessoas, as quais se amam, ainda assim, atestam a ação dos sentimentos da caridade e da humildade, visto que há aí a renúncia à satisfação de prazeres próprios para satisfazer as necessidades de outro/s.
Nesse caso, o exercício dessas ações, que exigem continuidade e perseverança, irá desenvolver outras qualificações nobres , em quem as pratica, que terminarão por levá-la a agir da mesma forma com qualquer pessoa, em qualquer situação, ou seja , ela se exercita para amar ao próximo como a si mesma, colocando a satisfação das necessidades do outro acima da sua.
Evidentemente que esse devotamento e essa abnegação devem ser realizadas, por dever ou por amor, mesmo que haja qualquer interesse material e pessoal, como no caso de relação no trabalho profissional, no qual existem os interesses do emprego e do salário, o que não impedem que esse trabalho seja feito com devotamento e abnegação.
Em qualquer caso, porém, existe, para quem assim age, o exercício da renúncia, da paciência, da tolerância, da humildade, da caridade, que levam ao devotamento e à abnegação, em benefício de quem recebe.
Parece-me que esta mensagem mostra que, mesmo nas aflições mais difíceis, ninguém deve acomodar-se às lamentações e queixas, continuando, enquanto tentam resolvê-las, no cumprimento dos deveres para consigo, para com o próximo e para com Deus.
É muito comum ver-se pessoas, que se dedicam à atividades voluntárias, em instituições religiosas e/ou beneficentes, quando se vêem com problemas físicos ou morais, afastarem-se das atividades, alegando não se sentir em condições para...
Esquecem-se de que quanto mais se devotarem no bem, pelo bem e para o bem, no cumprimento dos deveres, mais depressa reagirão e mais facilmente encontrarão as soluções corretas, além de oferecerem aos Benfeitores Espirituais, melhores condições de ajuda, pois, a abnegação e o devotamento se constituem em uma prece contínua, ou seja, a pessoa está ligada à planos espirituais mais elevados, no exercício dessas virtudes.
"Tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados", escreveu Paulo (Hebreus:12:12). Comentando, Emmanuel, no livro Fonte Viva, lição 52, aconselha, no final: "Movimenta as mãos cansadas para o trabalho e ergue os joelhos desconjuntados, na certeza de que para a obtenção da melhor parte da vida é preciso servir e marchar, incessantemente."
Só assim, poderemos sentir o que nos diz o Espírito de Verdade: "O sentimento do dever cumprido vos dará a tranqüilidade de espírito e a resignação. O coração bate melhor, a alma se acalma, e o corpo já não sente desfalecimento, porque o corpo sofre tanto mais, quanto mais profundamente abalado estiver o Espírito."
Leda de Almeida Rezende Ebner
Setembro / 2006
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