ALLAN KARDEC
CAPÍTULO VII: BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO
ITENS 1 e 2: O QUE SE DEVE ENTENDER POR POBRES DE ESPÍRITO
"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. (Mateus, 5:3).
A expressão "pobres de espírito", interpretadas ainda, por muitos, como sendo pessoas sem inteligência, dentro do contexto das leis divinas, ensinadas e vivenciadas por Jesus, só podem significar os humildes, os que não buscam demonstrar o que sabem, não procuram exaltar-se ou exibir o que sabe, considerando, sinceramente, que muito têm ainda que aprender.
”É por isso que a humildade se tornou cartão de ingresso no Reino dos Céus." (1)
A humildade é, talvez, a virtude da qual menos se fala. Penso que tal acontece por ser ela a mais difícil de ser desenvolvida em um mundo, cuja humanidade, ainda se prende muito aos valores e prazeres materiais, onde a competição aguerrida, a luta pelo sucesso, pelo poder, pelo dinheiro, são ações estimuladas e aplaudidas.
”Os homens cultos e inteligentes, segundo o mundo, fazem, geralmente, tão elevada opinião de si mesmos e de sua superioridade, que consideram as coisas divinas, como indignas de sua atenção. Preocupados somente com eles mesmos, não podem elevar o pensamento a Deus."
Na Terra, o orgulho continua sendo muito estimulado, até mesmo por aqueles que aceitam a existência de Deus, mas negam a Sua ação providencial sobre todas as coisas, considerando-se capazes de tudo resolver, com sua inteligência: ' Deus lá e nós aqui. Ele cuida dos planos espirituais e nós do plano material', sem se aperceber que lá como cá, vivem os filhos de Deus, subordinados às leis morais ou espirituais, que comandam a vida, onde ela for exercida.
Afirma Kardec que eles negam o mundo invisível e um poder extra-humano, não porque não podem entendê-lo, “... mas porque o seu orgulho se revolta à idéia de alguma coisa a que não possam sobrepor-se, e que os faria descer do seu pedestal."
Assim consideram, os orgulhosos, “pobres de espírito" os que acreditam em coisas além das percebidas pelos sentidos humanos, os ignorantes, supersticiosos ou, no mínimo, ingênuos.
Daí a necessidade das dores, dos sofrimentos, das desilusões, dos fracassos, para fazer o homem erguer os olhos para o Mais Alto, reconhecer que existem outros valores, outros prazeres, para o equilíbrio e a felicidade dos homens na Terra. E que esses outros valores e prazeres devem ser buscados e desenvolvidos dentro de cada um, porque o homem, sendo um Espírito encarnado, imortal, foi criado por Deus, perfectível, para desenvolver todo o seu potencial, dentro das leis naturais ou divinas, onde não cabe o orgulho.
Ninguém consegue penetrar no Reino dos Céus, sem que tenha desenvolvido as qualificações necessárias dentro de si, qualificações essas que o levam à humildade, condição básica para o verdadeiro amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Comenta também Kardec, que sendo Deus a justiça perfeita, não pode oferecer o reino dos Céus, aos que ainda se envolvem no orgulho, desprezando suas leis, porque esse reino de paz e felicidade só pode ser apreciado por aqueles que têm em si próprio, "a simplicidade de coração e a humildade de espírito".
Jesus sempre colocou a humildade entre as virtudes que aproximam o homem de Deus e o orgulho entre os vícios que o afastam dele, porque “a humildade é uma atitude de submissão a Deus, enquanto o orgulho é a revolta contra Ele."
Bibliografia:
1 - Parábolas e Ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel, pag.132, 10ª edição, editora O Clarim, 1976
Leda de Almeida Rezende Ebner
Outubro / 2006
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