JOSÉ ARGEMIRO DA SILVEIRA
de Ribeirão Preto, SP
"Perguntou-lhe Pilatos: Sois o rei dos Judeus? Jesus lhe respondeu: Meu reino não é deste mundo" – João – 28,33.
No capítulo 2.º de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec comenta a passagem evangélica em que Jesus é interrogado por Pilatos, e mostra que ao responder-lhe – "Meu reino não é deste Mundo" – Jesus se refere claramente à vida futura, ou seja, à vida do Espírito, após a morte do corpo físico. Considera, ainda, o Codificador que, sem a vida futura, a maior parte dos ensinos de Jesus não teria sentido. Conseqüentemente, os que não crêem na imortalidade da alma não compreendem os ensinos do Mestre, ou os qualificam como pueris.
De fato, se levarmos em conta só a vida no mundo físico, os ensinos de Jesus ficam sem significado. Por exemplo. No sermão da montanha, ele promete bem-aventuranças, isto é, felicidades, aos sofredores em geral. Porém, na vida material, a promessa não se cumpre. A grande maioria desses sofredores termina suas existências materiais nas mesmas condições em que sempre viveram, ou seja, sofrendo. Sem dúvida, Jesus, no Evangelho, destaca sempre a importância do Espírito, mostrando que a vida fora da matéria é a principal. "Que adianta ao homem ganhar o mundo todo e perder sua alma?"
Lembra Allan Kardec: "Jesus veio revelar que há um outro mundo, onde a Justiça de Deus segue seu curso". Podemos compreender um pouco mais sobre a Justiça Divina, se entendermos que a vida continua depois da morte do corpo, e que a morte física não interrompe o resultado de nossas ações. Na vida espiritual o Espírito continua o processo evolutivo, experimentando o resultado de suas ações, boas ou más. Jesus nos deu o exemplo da imortalidade, voltando, em Espírito, para o convívio dos companheiros. Durante cerca de 40 dias apareceu a diversos, primeiro à Madalena, depois aos dois discípulos na estrada de Emaús: aos apóstolos reunidos em recinto fechado apareceu várias vezes, de modo a não deixar dúvidas quanto a vida na outra dimensão. É bom notar que a convivência de Jesus, após a crucificação, com os apóstolos, era diferente do que ocorria anteriormente. Após a crucificação, sua presença era por pequenos períodos, pois que se apresentava não mais com seu corpo físico, mas, agora, com seu corpo perispiritual.
Os cristãos dos primeiros tempos tinham plena convicção da vida espiritual. A fé, a força que demonstravam para enfrentar as perseguições e dificuldades de toda sorte, vinha exatamente da plena convicção da vida no mundo espiritual Entretanto, a Terra é um planeta ainda pouco evoluído espiritualmente. A matéria predomina sobre o Espírito. Assim, ao longo do tempo, foi se perdendo o conhecimento sobre a vida no mundo espiritual. O materialismo avançou, inclusive nos meios religiosos. Embora o homem afirme acreditar em Deus e diz crer na existência da alma, não vive como se fosse imortal. O Espírito é relegado a segundo plano, quando não totalmente negligenciado.
Mas o progresso segue o seu curso. Chegou a época de os ensinos de Jesus serem restaurados. Surgiu o Espiritismo como conseqüência da manifestação dos próprios Espíritos. Houve como que uma invasão organizada dos Espíritos desencarnados no plano físico. Em vários pontos do Planeta ocorreram as manifestações dos Espíritos, levando os homens a refletirem sobre o assunto. Ao trabalho missionário de Allan Kardec seguiram outros estudiosos, cientistas, pesquisadores, todos contribuindo valorosamente para que a verdade fosse restabelecida. Informam os instrutores espirituais: "Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, o Espiritismo faz os homens compreenderem onde está o seu verdadeiro interesse. A vida futura, não estando mais velada pela dúvida, o homem compreenderá melhor que pode assegurar o seu futuro através do presente (…)" (1).
Para aquele que se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, a vida corporal não é mais que uma passagem. As vicissitudes e as tribulações da vida são incidentes que o homem recebe com paciência
(1) – KARDEC, Allan –"O Livro dos Espíritos, questão 799.
Setembro de 2005, edição n°. 236
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