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sábado, 13 de dezembro de 2008

65 - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

ALLAN KARDEC

CAPÍTULO VII: BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO

QUEM SE ELEVAR SERÁ REBAIXADO - ITENS 3, 5 e 6

"Naquela hora, chegaram-se a Jesus os seus discípulos, dizendo: Quem é o maior no Reino dos Céus? E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles, e disse: Na verdade vos digo que, se não vos fizerdes como meninos, não entrareis no Reino dos Céus. Todo aquele, pois, que se humilhar e se fizer pequeno como este menino, esse será o maior no Reino dos Céus. E o que receber em meu nome um menino como este, a mim me recebe. (Mateus, XVIII: 1-5)".

Ao colocar um menino como modelo a ser seguido, Jesus exaltou a simplicidade e a humildade das crianças em geral, na facilidade com que elas brigam e se reconciliam, não guardando rancor, na confiança e na fé que demonstram aos outros, principalmente, aos adultos, no seu anseio e entusiasmo de aprender.

A criança não conhece o sentimento do ódio e, se diz: "Eu odeio você" é porque ouviu-a de adultos. Entende ela que assim falando, expressa sua raiva do momento, pois, pode, logo em seguida, abraçar e beijar a pessoa a quem disse tais palavras.

O espiritismo nos ensina que todo recém-nascido, na Terra, traz todo um cabedal de experiências e aprendizados, de inúmeras encarnações já vividas.

Todavia, ensina-nos também, que no processo reencarnatório, esse Espírito passa por diversas ações, tais como redução do períspirito, liberação dos fluidos espirituais do ambiente espiritual onde viveu, no intervalo das reencarnações, esquecimento do seu passado...

Enquanto seu corpo físico está em desenvolvimento, o Espírito não pode expressar suas qualificações, como realmente são. Encarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, a infância “é um tempo de repouso para o Espírito1”, pela sua incapacidade de integrar-se, pelo entendimento, ao novo plano em que acaba de chegar.

Este conhecimento é importantíssimo para os pais e professores, porque “o Espírito é mais acessível, durante esse tempo, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação1.”

"E aconteceu que, entrando Jesus, num Sábado, em casa de um dos principais fariseus, a tomar a sua refeição, ainda eles o estavam observando. E notando como os convidados escolhiam os primeiros assentos à mesa, propôs-lhes esta parábola: Quando fores convidado a alguma boda, não te assentes no primeiro lugar, porque pode ser que esteja ali outra pessoa, mais autorizada que tu, convidada pelo dono da casa, e que, vindo este, que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o teu lugar a este; e tu, envergonhado, irás ocupar o último lugar. Mas quando fores convidado, irás ou vais tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Servir-te-á isto, então, de glória, na presença dos que estiverem, juntamente, sentados à mesa. Porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado." ( Mateus, XIV:1, 7-11)

Nesses dois ensinos informais, exaltou Jesus a necessidade do desenvolvimento da virtude da humildade pelo homem, "o cartão de ingresso no Reino dos Céus2.”

Somente a humildade leva o homem a não se sentir, nunca, em circunstância alguma, superior a quem quer que seja, porque reconhece sua pequenez diante do Pai e sabe que muito tem ainda que aprender.

Somente a humildade leva o homem a submete-se às leis divinas, mesmo quando não as compreende bem, porque reconhece nelas o Amor e a Justiça de Deus.

Somente a humildade pode levar o homem a amar ao próximo como a si mesmo, de forma plena e incondicional, porque, somente com ela, ele não tem a pretensão à superioridade e à infabilidade. Vê o outro, qualquer outro, como um irmão num processo evolutivo, igual a ele mesmo, também sujeito a erros e equívocos.

Como sabemos, Jesus nada escreveu, e seu método de ensino era informal, aproveitando às situações, as conversas, as perguntas do momento para explicar as leis divinas. Suas parábolas são histórias simples, tiradas do cotidiano, dos usos e costumes da época, porque sabia Jesus, o Mestre Maior, que seus ensinos deveriam ser guardados na memória de seus discípulos, para permanecerem e serem divulgados, quando ele já não estivesse aqui.

E nessa sua maneira de ensinar, ele nos deixou a norma mais perfeita do ensino, ou seja, vivenciar o que se quer ensinar. O ensino que mais toca as pessoas de qualquer idade é o exemplo sincero e natural.

Muitos de seus ensinos nem foram bem entendidos, mas puderam ser vivenciados e divulgados, pela lembrança das situações vividas e pelas parábolas simples que contava.

Nesta, que estamos estudando, percebemos que Jesus não estava ensinando regras de etiqueta aos convidados a uma festa ou a um jantar, nem exaltando a vaidade ou a humildade fingida dos convidados.

Quis ele ressaltar, uma vez mais, o valor e a necessidade da humildade para alcançar-se o reino dos Céus. O ponto principal deste ensino está na última frase: "Porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado."
Quem se exalta, quem se põe em evidência, quem se julga melhor, ou superior a outros, quem se vangloria, será humilhado, ou seja, desacreditado, menosprezado, rebaixado.
Onde e quando? No seu viver em mundos inferiores, como a Terra, sofrendo as constrições desses mundos, enquanto não desenvolver as qualificações nobres que abrirão as portas do reino dos Céus.

Por quem? Pelo funcionamento das leis divinas - lei das reencarnações e lei de causa e efeito - que dão a cada um segundo suas obras - porquanto seu desenvolvimento espiritual é a finalidade maior do viver em mundo materiais.

Não há tribunais, julgamentos fora da consciência de cada um, que coloca o ser no lugar exato da sua condição espiritual.

Bibliografia:

1 - Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, questões 379 a 385.

2 - Cairbar Schutel, Parábolas E Ensinos De Jesus, cap. "Pobres de Espírito e Espíritos Pobres", Ed. O Clarim.

Leda de Almeida Rezende Ebner
Novembro / 2006

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