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terça-feira, 1 de junho de 2010

80 – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

ALLAN KARDEC
CAPÍTULO IX: BEM-AVENTURADOS OS MANSOS E PACÍFICOS
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS - ITEM 7: A PACIÊNCIA
Um Espírito Amigo trouxe esta mensagem sobre a paciência, uma das qualidades que leva o homem a ser manso e pacífico.
Ele se refere à paciência em relação aos sofrimentos por que passa o homem na Terra e em relação aos outros, em todos os relacionamentos.
“A dor é uma benção que Deus envia aos seus eleitos. Não vos aflijais, portanto, quando sofrerdes, pelo contrário, bem-dizei a Deus, todo poderoso, que vos marcou com a dor neste mundo, para a glória no céu”.
Conselhos difíceis de serem entendidos, pela razão e pela lógica, sem os princípios do espiritismo.
Os eleitos de Deus são todos os Espíritos, por Ele criados, encarnados ou desencarnados, já evoluídos ou em desenvolvimento.
O autor escreve para os que, fazendo parte da humanidade terrestre, estejam encarnados na Terra, sofrendo dores físicas ou morais, dizendo que antes de angustiar-se, atormentar-se, devem agradecer a Deus, que os “marcou com a dor, neste mundo para a glória no céu”.
O espiritismo demonstra ser a Terra um mundo de expiações e de provas, morada de Espíritos rebeldes às leis divinas, orgulhosos e egoístas, para que nas lutas, nas dificuldades desse viver, se transformem em Espíritos inteligentes e bons.
Assim, as dores e os sofrimentos, fazendo parte desse viver, são instrumentos abençoados, que Deus deu a Espíritos rebeldes, para aprenderem a lei do amor e merecerem viver, em um futuro, em mundos espirituais, onde tudo é direcionado ao trabalho no bem, pelo bem e para o bem.
Se não fossem essas dificuldades materiais, físicas, biológicas, espirituais, morais, essa humanidade continuaria nos seus desmandos e maldades, porque somente, nos sofrimentos, frutos das ações dos que as sofrem, em um passado próximo ou remoto, esses Espíritos podem reformar-se, reeducar-se e merecer um mundo melhor.
Assim, nós que fazemos parte dessa humanidade, devemos ver nesse difícil viver, a Justiça divina, sábia e misericordiosa, dando novas oportunidades de ressarcimento, de reparação aos sofrimentos causados a muitos, de aprendizado de que devemos ter “... amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados” (1), e de desenvolvimento das qualificações nobres que fazem parte de nossa essência espiritual.
Para isso, há necessidade do auxílio da paciência, que é, segundo o dicionário: “a virtude que consiste em suportar os males ou os incômodos, sem queixumes e com resignação.”
Como entender? Acomodar-se? Não. Não é: “Deus quis assim.”, cruzando os braços. Não, ter paciência é procurar compreender as causas e os motivos dos males e das dificuldades para, com serenidade, tentar resolver da melhor forma possível a nova situação. É não se rebelar, não se desesperar, julgando-se vítima inocente e infeliz.
Assim, o Espiritismo, elucidando que cada um colhe o que semeia, demonstra que, de modo geral, não há vítimas inocentes nas dores e sofrimentos da Terra.
Lembra também, o autor, que a paciência com os que nos ferem, nos prejudicam, é também, caridade e que, muito mais difícil do que auxiliar monetariamente alguém, e por isso mesmo, bem mais meritória, é “perdoar os que Deus colocou em nosso caminho, para serem instrumento de nossos sofrimentos e submeterem à prova nossa paciência.”
Não entender, nessa última frase, que alguém possa nascer para ser instrumento de sofrimento a alguém. Não. Todos nascem para melhorar-se e para fazer o bem.
Todavia, pelas dificuldades da própria imperfeição, do orgulho e egoísmo desenvolvidos, dos males causados, em vidas pregressas, o próprio homem se torna instrumento de sofrimento uns para com os outros.
A lei divina o permite para que, nas conseqüências advindas e no inter-relacionamento pessoal, possa o homem aprender a dominar seus instintos, reeducando-se, no desenvolvimento do amor em si mesmo.
Para perdoar é preciso compreender o que erra, como um ser também em evolução, ter paciência com suas imperfeições e agressões, assim como se deseja que os outros tenham para consigo.
“A vida é difícil, bem o sei, constituindo-se de mil bagatelas, que são como alfinetadas que acabam por ferir. Mas é necessário olhar para os deveres que nos são impostos, e para as consolações e compensações, pois, então veremos que as bênçãos são mais numerosas que as dores. O fardo parece mais leve quando olhamos para o alto, do que quando curvamos a fronte para a terra.”
“Olhar para o alto” é colocar-se, em pensamento, no alto da mais alta montanha e abarcar com a visão, tudo o que se encontra abaixo, percebendo como ficam diminuídos, em tamanho, todos os detalhes.
Assim, olhando para o futuro, tendo na mente e no coração, a meta de chegada da nossa jornada evolutiva, na conquista da perfeição e felicidade, as dores e as dificuldades da vida se tornam muito menores, e até insignificantes diante do que se pode alcançar (2).
Ao passo que, abaixando a cabeça e olhando para baixo, para a vida presente, vê-se, apenas o pequeno espaço que a visão abarca e o que se sente - as dores e os sofrimentos - parecem, então, muito maiores, mais intensas do que , realmente, são.
Em assim fazendo, o homem não percebe a importância desse momento, no presente e para seu futuro, a oportunidade maravilhosa de estar ressarcindo dívidas, eliminando as causas que deram origem a elas, desfazendo os desequilíbrios do Espírito.
As dores e os sofrimentos da Terra têm, pois, a função benéfica de levar o homem a recuperar o equilíbrio , que foi desarticulado pelas emoções e sentimentos negativos, transformados em ações nocivas, lesivas e prejudiciais.
Lembra ainda o autor, que Jesus também nisso, deu o exemplo a ser seguido: sofreu mais do que todos, sem ter a menor culpa, sem nada de mal haver causado, ao contrário, só fez o bem , enquanto nós, mesmo se, hoje, nos esforçamos no bem, ainda erramos muito, e temos erros de vidas passadas a ressarcir.
E termina: “Sede, pois, pacientes, sede cristãos: esta palavra resume tudo.”

Bibliografia:
2 - KARDEC, Allan - " O Evangelho Segundo o Espiritismo ", capitulo II, item 5
1 - Novo Testamento, Primeira Carta de Pedro: 4: 8.

Leda de Almeida Rezende Ebner
Janeiro / 2008

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