terça-feira, 8 de junho de 2010
85 – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
ALLAN KARDEC
CAPÍTULO X: BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS
ITENS 5 E 6: RECONCILIAR-SE COM OS ADVERSÁRIOS
“Reconcilia-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele, para que não suceda que ele te entregue ao juiz, e que o juiz te entregue ao seu ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá, enquanto não pagares o último ceitil.” (Mateus, V: 25e 26)
Adversário significa antagonista, contendor, opositor, rival, concorrente, adverso. Este último significa também, aquele que traz desgraça, que provoca infortúnio, inimigo.
Ceitil: moeda portuguesa dos anos 1385 a 1433. Por extensão, quantia insignificante.
Nas duas frases, em negrito, Jesus fala da necessidade do perdão para o bem do que se sente ofendido. Mas, como tudo se relaciona, os benefícios se estendem também ao que ofende, pois que o ofensor do momento, quase sempre, foi antes o ofendido, ou assim se sentiu.
Kardec inicia, afirmando que há dois efeitos na prática do perdão e na prática do bem em geral: um moral e o outro material.
O primeiro são os efeitos morais para quem dá e para quem recebe o perdão, efeitos no sentir, provocando sentimentos e emoções agradáveis e mais nobres. Ambos, ofensor e ofendido, se sentem mais aliviados, mais felizes.
O outro elimina as vibrações negativas do ofensor e do que se sente ofendido, que se estabelecem entre um e outro, conseqüência da ação e dos sentimentos e pensamentos, igualmente negativos.
Kardec considerou esse efeito, material, por desfazer, no ato, a ligação negativa desses fluidos venenosos, impedindo que continuem após a morte do ofensor.
O desencarne não elimina os inimigos, visto que o Espírito leva consigo todas as suas qualificações boas ou más, todos os seus sentimentos, todo o seu conhecimento, toda a sua maneira de ser. Desperta lá como é cá.
Kardec até cita o provérbio popular “morto o cão, acaba a raiva”, como não verdadeiro, quando aplicado ao homem.
Assim, o inimigo, leva seu ódio, sentindo-se até mais livre, sem as limitações do corpo físico, para agir sobre seu desafeto, tornando-se seu obsessor. A maioria das obsessões, sobretudo a subjugação e a possessão, são, quase sempre, motivadas por vingança.
Deus permite que isso aconteça pela lei de causa e efeito, no respeito ao uso do livre arbítrio de cada um, que leva o homem, pela má escolha, a fazer o mal, ou por haver faltado com a indulgência e a caridade, deixando de perdoar.
Assim, nas conseqüências do mau uso do livre arbítrio, vai o homem aprendendo que “o amor cobre multidão de pecados”, conforme escreveu o apóstolo Pedro em sua carta 1, 4:8.
Quando Jesus disse que devemos reconciliar-nos sem demora com nosso adversário, pretendia nos ensinar a evitar as discórdias na vida presente, mas também que elas continuassem no plano espiritual e nas existências futuras, neste mundo, porque dele não sairemos enquanto não pagarmos nossas dívidas até o último ceitil, ou seja, até que a justiça esteja, completamente, satisfeita.
Por isso, enquanto estamos na Terra, ignorantes do nosso passado, devemos buscar não fazer novos adversários e, na valorização do tempo presente, esforcemo-nos para tornar os relacionamentos difíceis em relacionamentos agradáveis, os adversários em amigos, na prática do perdão, sempre que houver qualquer desentendimento, “para assim se extinguirem, antes da morte, todos os motivos de desavença, toda causa profunda de animosidade posterior.”
Bibliografia:
KARDEC, Allan -“ O Evangelho Segundo o Espiritismo”
Leda de Almeida Rezende Ebner
Junho / 2008
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