SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO 1
AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA
Estudo 21: item 56
- Funções do Perispírito
Em estudo anterior (nº 20) vimos que o perispírito devido às suas propriedades específicas dá ao Espírito, mesmo encarnado, inúmeras condições de ação. É também o responsável por funções de extrema importância nas experiências do Espírito, como podemos ver:
• “Serve de ligação, de intermediário entre o Espírito e o corpo;
• “Define a individualidade;
• “Exerce função de modelador do corpo biológico, durante o processo reencarnatório;
• “Identifica a posição evolutiva do princípio espiritual, já que o Espírito não tem forma;
• “Exerce a função reparadora nas células do corpo físico;
• “Veicula a mediunidade.
Estas funções nos mostram o papel preponderante do perispírito, e diz André Luiz em Evolução em Dois Mundos: "(o perispírito) este não é um reflexo do corpo físico, porque na realidade é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si mesmo o corpo mental que lhe preside a formação".
O próprio Espírito modela o seu envoltório, apropriando-o às suas necessidades, de modo a lhe permitir manifestar-se nos mundos material e espiritual.
A seguir alguma das importantes funções do perispírito:
a) Intermediário entre o Espírito e o corpo
Ver estudo nº 17.
b) Na definição da individualidade
Graças à sua complexidade, conserva intacta a individualidade, através das inúmeras reencarnações, e se faz responsável pela transmissão ao Espírito das sensações que o corpo experimenta como ao corpo informa das emoções procedentes do Espírito.
c) Na Reencarnação
Allan Kardec em A Gênese, cap XI, item 18: "Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio de seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior".
d) Na desencarnação
Ainda Kardec em A Gênese, cap. XI, item 18: "Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixe de atuar, em consequência da desorganização do corpo (morte). Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito".
e) Na evolução
O Espírito através dos seus sentimentos, pensamentos e vontade impregna magneticamente o seu perispírito, causando deformações, marcas, mutações, lesões mesmo. Léon Denis, no livro Depois da Morte, cap32 - Vontade e os fluidos, esclarece: "O invólucro fluídico do ser depura-se, ilumina-se, ou se obscurece, segundo a natureza elevada ou grosseira dos pensamentos em si refletidos. Qualquer ato, qualquer pensamento, repercute e grava-se no perispírito. Daí as consequências inevitáveis para a situação da própria alma, embora esta seja sempre senhora de modificar o seu estado pela ação contínua que exerce sobre seu invólucro".
Todo que aquele que doa, com empenho, disciplina e amor, também tem marcas desses teores no seu perispírito. Assim o médium doador, amoroso e abnegado tem a grande possibilidade de aquisições espirituais à medida que mais se dedica e se aprofunda no seu trabalho, tornando-se instrumento cada vez mais hábil, para a atuação dos Espíritos, em favor de alguém.
f) No trabalho do passe - Função reparadora
Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, cap.VIII, itens 129 e 131: "Podendo o Espírito (...) pela ação de sua vontade operar na matéria elementar (derivada do fluido cósmico universal) uma transformação íntima que lhe confira determinadas propriedades, já que essa faculdade é inerente a natureza do Espírito, que muitas vezes a exerce de modo intuitivo, quando necessário, e sem disso se aperceber e sabendo-se que, (...) papel capital desempenha a vontade em todos os fenômenos do magnetismo, assim se explica a faculdade de cura pelo contato e pela imposição das mãos."
Compreende-se que, sendo o perispírito o veículo da vontade do Espírito, cabe a ele o papel transformador e reativo dos fluidos, especialmente quando movimentados nos trabalhos do passe.
g) Na mediunidade
O perispírito tem participação ímpar nos fenômenos e nas manifestações mediúnicas e anímicas. O processo da comunicação mediúnica ostensiva tem início com a concentração do médium, que possibilita a expansão do seu perispírito, visando atingir o transe mediúnico. A seguir, o médium coloca-se em postura mental receptiva e atenta para captar as idéias do Espírito comunicante e, devido à expansão do seu perispírito, o médium assimila, capta as vibrações do ser que se lhe acerca, transmitindo reciprocamente os seus conteúdos de energia, permitindo ao comunicante falar, escrever, chorar, rir, emocionar-se, vivendo, por momentos, o calor da solidariedade humana.
Assim demonstrado, compreende-se que o perispírito reflete o pretérito do homem, que nas suas tendências no presente, liberta-se das fixações negativas ou as avoluma, consoante a direção que der às próprias experiências.
Toda experiência no mal o brutaliza, desequilibrando-lhe os tecidos sutis do perispírito, a atingir as células do corpo físico em desordens variadas, em forma de enfermidades insolúveis.
As ações de enobrecimento e os pensamentos superiores, quando cultivados, oferecem-lhe potencialidades elevadas, que libertam das paixões, com conseqüente sublimação do dos sentimentos que exornam o Espírito.
Não foi por outra razão que Jesus recomendou cuidado em relação aos escândalos, às agressões mentais, morais e físicas, considerando melhor o homem entrar na Vida sem o membro escandaloso, do que com ele, como a afirmar que melhor é ser vítima do que fator de qualquer desgraça.
Entendendo claramente a importância do perispírito em todos estes processos, desfaz-se em nós a idéia de "fenômenos" que derrogam Leis da Natureza.
No próximo concluiremos o estudo da Ação dos Espíritos sobre a matéria.
BIBLIOGRAFIA
• KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. I, VI, VIII
• KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos: ed. especial São Paulo: EME, 1997 - Cap. I, IV - Perispírito
• KARDEC, Allan - A Gênese: 26. ed. Brasília: FEB,1984 - cap. XI e XIV
• DENIS, Léon - Depois da Morte: 14. ed. Brasília: FEB, 1987 - cap. XXXII
• XAVIER, Francisco C./ Espírito ANDRÉ LUIZ - Evolução em Dois Mundos: 8. ed. Brasília: FEB, 1985 - cap.II
• Neves, J. Azevedo, G.; Calazans, N.; Ferraz, J. - Vivência Mediúnica - Projeto Manoel P. de Miranda: 2. ed. Salvador: LEAL, 1994, cap.6 - Passividade
• FRANCO, DIVALDO P./ Espírito JOANNA DE ÂNGELIS - Estudos Espíritas: 4 ed. Brasília:FEB, 1987, cap. 4 - Perispírito
Elisabeth Maciel / Tereza Cristina D'Alessandro
Abril / 2003
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