SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA
Estudo 22: itens 52 a 59
- Ação dos Espíritos sobre a matéria
A ignorância sobre a natureza dos Espíritos e dos meios pelos quais podem manifestar-se, torna a princípio incompreensível o fenômeno das manifestações, as quais não podem ocorrer sem a ação dos Espíritos sobre a matéria. Os que consideram o Espírito totalmente desprovido de matéria perguntam, com aparente razão, como ele pode agir materialmente.
A natureza íntima do Espírito propriamente dito, ou seja, do ser pensante, é para nós inteiramente desconhecida. Ele se revela a nós pelos seus atos, e esses atos só podem tocar os nossos sentidos por um intermediário material. O Espírito precisa, pois, de matéria para agir sobre a matéria, e seu instrumento direto é o perispírito, como o do homem é o corpo físico.
O perispírito, como vimos em nossos estudos anteriores (nº 17 a 21), constitui-se de matéria sutil, flexível e expansível, isto é, sem a rigidez e tenacidade da matéria do corpo físico.
Explica Allan Kardec, nos itens 58 e 59 de O Livro dos Médiuns que, para agir sobre a matéria, o Espírito utiliza seu perispírito, e também atua sobre o fluido cósmico universal, agente intermediário, espécie de veículo sobre o qual ele age como nós agimos sobre o ar para obter certos efeitos, através da dilatação, da compressão, da propulsão ou das vibrações.
Assim considerada, a ação do Espírito sobre a matéria é fácil de admitir-se. Compreende-se que todos os efeitos que daí resultam cabem na ordem dos fatos naturais e nada têm de maravilhosos. Só pareciam sobrenaturais porque sua causa era desconhecida. Conhecida esta, desaparece o maravilhoso, pois a causa se encontra inteiramente nas propriedades semimateriais do perispírito. Trata-se de uma nova ordem de coisas, fatos, que novas leis vêm explicar.
Talvez se pergunte como pode o Espírito, com a ajuda de uma matéria tão sutil quanto a do perispírito, agir sobre corpos pesados e compactos, erguer mesas e etc.. Certamente não será um estudioso que fará essa objeção, porque sem falar das propriedades desconhecidas que esse novo agente pode ter, não vimos com os próprios olhos exemplos semelhantes? Não é nos gases mais rarefeitos, nos fluidos imponderáveis, que a indústria encontra as mais poderosas forças motrizes? Quando vemos o ar derrubar edifícios, o vapor arrastar massas enormes, a descarga elétrica lascar árvores e perfurar muralhas, que há de estranho em admitir que o Espírito, servindo-se do perispírito, possa erguer uma mesa, sobretudo quando se sabe que esse perispírito pode tornar-se visível, tangível e comportar-se como um corpo sólido?
Entendendo claramente a importância do perispírito em todos estes processos, desfaz-se em nós a idéia de "fenômenos" impossíveis ou que derrogam Leis da Natureza.
Crer no milagre, no maravilhoso, no sobrenatural, ou simplesmente não crer porque ainda não conhecemos, nada mais é que estreiteza de conhecimento, raciocínio e percepção de nossa parte.
No próximo estudo, iniciaremos o estudo do Capítulo II que trata das manifestações físicas e mesas girantes.
BIBLIOGRAFIA
• KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. I, II e IV
• KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos: ed. especial São Paulo: EME, 1997 - Cap. I, IV - Perispírito
• KARDEC, Allan - A Gênese: 26.ed.Brasília: FEB,1984 - cap. XIV
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Elisabeth Maciel / Tereza Cristina D'Alessandro
Maio / 2003
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