Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita
VII - A Ciência e o Espiritismo
1- Fatos que motivaram as reflexões contidas nesse item - Explicação da Ciência para os fenômenos espíritas
7- Esses cuidados ou melhor o uso desse método, contribui para que muitos fenômenos considerados como sobrenaturais, maravilhosos, etc. sejam esclarecidos, colocando-os na ordem natural assim como a lei da gravitação universal fez vir a tona a explicação de fenômenos sobre os quais as opiniões não só se dividiam, como eram as mais absurdas possíveis. Da mesma forma a lei das afinidades moleculares, o mundo microscópio, a eletricidade etc., cada um a sua vez resolvendo dificuldades, problemas, mistérios incompreendidos ou falsamente interpretados.
Esses raciocínios ampliam-se quando percebemos que há muito a esclarecer, novas leis e forças existentes, pontos obscuros que passo a passo o homem vai percebendo pela própria força do movimento evolutivo.
O Espiritismo, nesse aspecto, experimenta, investigava a ação do mundo invisível sobre o visível e afirma-o como lei natural. Prova através de fatos patentes irrecusáveis demonstrando que esse mundo nos envolve, é essencialmente inteligente uma vez que composto de almas dos homens que já estiveram encarnados: Representam papel ativo no mundo visível produzindo fenômenos de ordem particular.
Não sendo possíveis de serem explicados por leis conhecidas a Ciência os chama de maravilhosos, porém, dentro das leis da natureza, produzidos em todos os tempos e que de um modo mais ou menos real serviram de base à todas as religiões.
A existência e ação reguladora ou direcionadoras do fenômeno é demonstrada sob a ação de leis, que circunscreve e delimita o fato não deixando dúvida a quem se disponha estudar.
Só pede ao estudioso, ao cientista duas coisas:
- que ao se dispor a estudar o façam no sentido completo que o termo possui, indo fundo, não atribuindo características que o fato não possui;
Depois,
- creiam ou não, que experimentem, isto é, ponha a prova, comprovem o que a teoria propõe.
..."ajudados por essa alavanca, tomada como simples hipótese resolve os milhares de problemas históricos, sociológicos, arqueológicos, antropológicos, teológicos, morais, sociais etc., ante os quais têm fracassado e verão o resultado. Não se pede fé, mas sim, atitude consciente de quem realmente busca conhecer."
8- Esse o objetivo da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas... "definido em seu título e no preâmbulo do regimento atual como exclusivamente o estudo da Ciência Espírita. O que queremos antes de tudo não é convencer-nos, pois já o estamos, mas instruir-nos e aprender aquilo que não sabemos. Para tanto queremos colocar-nos nas mais favoráveis condições. Como tais estudos exigem calma e recolhimento, queremos evitar tudo quanto fosse causa de perturbações. Tal é a consideração que deve prevalecer na apreciação das medidas que adotarmos."
E o regulamento sobre o objetivo da Sociedade prossegue em itens claros, precisos, enfáticos como, por exemplo:
A Sociedade não se apresenta como propagandista de suas idéias. (Deseja sim a difusão, mas entendem que elas se propagarão decorrentes das posições morais de cada um. Se assim não cresse seria necessário ao Espiritismo estar detido em uma sociedade regularmente constituída sem a qual o Espiritismo estaria em perigo)
A SPEE não é mais preponderante do que milhares de sociedades livres ou reuniões particulares da França e do estrangeiro
Quer instruir-se: por isso, só admite pessoas sérias, animadas do mesmo desejo
Não impõe suas idéias a ninguém: os que as adotarem é que as julgam justas
Nossas reuniões não se baseiam em qualquer interesse material. Como o interesse será puramente moral ..."sem nenhuma consideração mercantil"...
A multiplicidade das sociedades que se criarem estarão unidas pelo verdadeiro espírito da doutrina livres ou ..."não acessíveis ao ignóbil sentimento de inveja" ..."é preciso que se entenda que as raízes do Espiritismo não estão em nossa sociedade, mas no mundo inteiro"... "Existe algo de mais poderoso, de mais influente que todas as sociedades":
- é a doutrina que vai ao coração
- a razão dos que a compreendem e sobretudo
- o modo de ser daqueles que a praticam.
O Codificador define a forma de ação frente aos objetivos reais, racionais, comprometidos com a busca.
Evidencia que na pesquisa os princípios da Ciência Espírita vão mais longe deduzindo aplicação nas conseqüências morais, pois aí está, na renovação do ser, sua verdadeira utilidade.
..."fiz os meus primeiros estudos sérios de Espiritismo, menos ainda por efeito de revelações que por observação. Apliquei a essa nova Ciência, como até então o tinha feito, o método da experimentação: nunca formulei teorias pré-concebidas; observava atentamente, comparava, deduzia as conseqüências; dos efeitos procurava remontar às causas pela dedução, pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo como válida uma explicação, senão quando ela podia resolver todas as dificuldades da questão... Entrevi nesses fenômenos a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro, a solução do que havia procurado toda a minha vida; era, em uma palavra, uma completa revolução nas idéias e nas crenças; preciso, portanto, se fazia agir com circunspecção e não levianamente, ser positivista e não idealista, para me não arrastar pelas ilusões".
9- Assim, como que um "a b c", a Ciência Espírita ensina na comprovação dos fatos:
O mundo invisível que nos circunda reage constantemente sobre o mundo visível
Esse mundo é uma das forças da natureza
Conhecer os efeitos dessa força é ter explicação para uma porção de fatos que passam despercebidos
Se esses efeitos podem ser funestos conhecer a causa é ter um meio de preservar-se contra ele...
Se sucumbir não poderá o homem queixar-se senão de si, porque não terá a ignorância como desculpa
Uma das táticas dos Espíritos inferiores para alcançar seus fins é a desunião, pois sabem que facilmente dominam aqueles sem apoio. Uma vez senhores do terreno, podem fascinar, subjugar, aproveitando o lado fraco que descobrem
..."eis senhores, o que nos mostram os exemplos que a cada momento se desdobram aos nossos olhos tanto no mundo dos Espíritos como no mundo corpóreo"...
Percebemos dois aspectos considerados a parte experimental e a filosófica ou teórica.
Não há precipitação. Há confiança na verdade, na superioridade dos Espíritos que trabalharam na Codificação ao lado do controle do experimentador só incorporando uma idéia quando esta preenche todos os detalhes requeridos ao racional, ao lógico, concorde fatos e observações onde nada as contrarie. Ao lado desses critérios, faz imprescindível a discussão na troca de idéias com pessoas até mais esclarecidas que o próprio experimentador.
É nesse trabalho que se buscarão sinais mínimos pelos quais se traem os menos elevados ou mais astuciosos. Não pode haver (e não houve da parte dos Espíritos comprometidos com o Espiritismo) dominação, imposição, idéias ou reflexões equívocas, contrárias à benevolência, prescrições ridículas longe disso, pensamentos grandes, nobres, sublimes, sem mesquinharias relações, exteriorizadas tanto nos maiores como nos menores aspectos, como o melhor, o mais sábio, prudente, moral e esclarecido.
Essas premissas são corroboradas pela identidade do ensino de fatos que se assentam no raciocínio sem curiosidade, frivolidade, - único meio apto a satisfazer aqueles que pensam e não se detém na superfície.
Essa é uma maneira diferente de ver?
Sim, e há aqueles que podem não simpatizar com esses princípios... "porque nada prova que estejamos certos"...
Também nada prova que eles estejam mais certos, pois que ainda duvidam e a dúvida não é uma doutrina. Pode e até é bom que haja a divergência das opiniões sobre ponto da ciência. Será justamente no uso dos métodos que se desgastarão as dúvidas abrindo ou indicando direções novas que na colaboração de todos se somam para o todo ideal. O que não deve haver, são as hostilidades - isso não é nem digno e nem científico ..."há porém, princípios sobre os quais temos a certeza de não estarmos enganados: é o amor do Bem, a abnegação, a abjuração de todo sentimento de inveja e ciúme"...
"O fim do Espiritismo é melhorar aqueles que o compreendem. Procuramos dar o exemplo e mostrar que, para nós, a Doutrina não é letra morta. Numa palavra, sejamos dignos dos bons Espíritos, se quisermos que estes nos assistam. O Bem é uma couraça contra a qual virão sempre quebrar-se as armas da malevolência".
Allan Kardec
Bibliografia
O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - Introdução XVII
Revista Espírita - Allan Kardec – Edicel
Item 1a 2:2 - junho – 1859
Item 3 ------- maio – 1859
Item 4 ------- fevereiro – 1859
Item 5 - 5:1- janeiro – 1858
Item 6 - 6:1- julho – 1859
Item 7 -------outubro - 1862
Item 8 ------ abril - 1860 - O principiante Espírita - Allan Kardec - 1ª parte
Item 9 - R. E. Julho - 1859
Leda Marques Bighetti
Março / 2003
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