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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

CARIDADE E CÁLCULO

D. Villela

É milenar a postura que considera a religião como agência ou instância de trocas entre criatura e Criador, figurando as promessas, oferendas, votos e rituais entre os recursos a serem movimentados pelos crentes para a obtenção do favor divino, a expressar-se, invariavelmente, em benefícios materiais: saúde, prosperidade, vitória nas guerras...
Conquanto na Antigüidade já figurasse entre as recomendações religiosas a necessidade do bem e da ajuda ao próximo, estes eram habitualmente itens negligenciados pela grande maioria, preocupada com questões imediatas. Após a vinda da Boa Nova, com seu incisivo apelo à movimentação em favor do próximo, a caridade passou a figurar entre os deveres de seus seguidores, mas... Ocorreram novamente distorções, não só pela feição predominantemente material que lhe foi atribuída (esmolas, orfanatos, de valor indiscutível, na verdade) como pelo fato de passar, também ela, a ser empregada como moeda naquele equivocado mecanismo: vou dar isso ou aquilo, pois isto me assegurará vantagens na vida espiritual e mesmo na presente, o que, aliás, foi (e ainda é) reforçado por dirigentes religiosos de diferentes confissões.
Jesus fez curas e alimentou a multidão, mas realizou permanentemente a caridade moral, perdoando companheiros e inimigos e oferecendo a quantos o procuravam orientação para a felicidade verdadeira, que se baseia em condições íntimas, ligadas à nossa natureza espiritual.
A caridade é o amor que se posiciona ante as dificuldades e problemas alheios, podendo expressar-se das formas mais diversas, ostensivas (a dádiva, por exemplo) ou não, como a prece por um doente ou a compaixão pelas vítimas do vício. Compreensivelmente, a gradação desse sentimento é muito ampla, indo desde a disposição de dar (e não vender ou trocar) aquilo de que não mais precisamos até os exemplos em que a preocupação com a dor do próximo leva a preterir o interesse próprio em gestos de sublime renúncia, como ocorreu com a doação de importância mínima feita por uma viúva muito pobre ao templo de Jerusalém, que, no entanto, conforme a observação do Mestre, que assistia à cena, valia mais ante as Leis Divinas do que as vultosas quantias oferecidas na mesma ocasião.
Pessoas existem que se declaram sensibilizadas ante os quadros dolorosos da miséria e da ignorância, afirmando-se dispostas a fazer algo para atenuá-los desde que dispusessem de recursos em escala maior, chegando mesmo, algumas, a fazer tal rogativa ao Criador, o que, de alguma forma, lembra aquele aspecto negocial mencionado de início. Se não podemos criar uma instituição filantrópica, podemos e devemos ajudar as já existentes que habitualmente enfrentam problemas para manter suas atividades e para as quais as pequenas contribuições de muitos representariam valioso auxílio. Sem esquecermos as nossas disponibilidades de tempo que podem igualmente ser mobilizadas em favor do próximo.
É claro que entre dar por cálculo e não dar é sempre melhor a primeira atitude, cujos frutos pertencerão ao doador, mas devemos reconhecer que se trata ainda de exercício preliminar, pois a caridade legítima é impulso fraterno dos que se alegram com a felicidade daqueles a quem ajudam.
A essência do ensinamento sobre a dádiva da viúva pobre é que o valor de qualquer ação fraterna é relativo às circunstâncias e à intenção com que é praticada.
Doações, materiais ou não, pequenas embora mas que expressam nossa sincera preocupação com o próximo, nos aproximam, assim, daquela mulher anônima e necessitada cuja atitude foi exaltada por Jesus.
“O Evangelho segundo o Espiritismo”
(capítulo 13, itens 5 e 6).

“A estrada para cima
chama-se caridade.”
“Algo mais” Emmanuel

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