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domingo, 31 de agosto de 2008


BEZERRA, O ABOLICIONISTA DO IMPÉRIO

Antes mesmo de se tornar figura conhecida no meio espírita, por sua dedicação ao bem, o Dr. Bezerra de Menezes já oferecia, a quantos dele se aproximassem, mostras do seu espírito humanitário.


Tudo isso pode ser comprovado também por sua vida política, na qual sempre se mostrou preocupado com os problemas que afligiam os menos favorecidos.


Foi, inclusive, um dos que combateram a escravidão, por ele denominada “lepra social”. Tal indignação e vontade de mudar aquela triste realidade, levou o médico-político a escrever o livro “A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a nação”, publicado em 1869, ou seja, 19 antes da abolição da escravatura no Brasil. O conteúdo desta obra histórica estava, até bem poucos meses, guardado nos arquivos da Fundação Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro, e permaneceria assim não fosse o trabalho do pesquisador Paulo Roberto Viola, que, numa das suas incursões àquela centenária casa de cultura, “descobriu” esse precioso fragmento de história, que traz agora novamente a lume em parceria com a Associação Editora Espírita F. V. Lorenz.


“O legado abolicionista do Dr. Bezerra de Menezes transcende as fronteiras da grande e heróica luta escravocrata, que teve à frente o comando espiritual do Mentor do Brasil, o Anjo Ismael. A obra daquele que viria a ser o Apóstolo do Espiritismo no Brasil, após a sua conversão à Doutrina Espírita, faz saltar aos olhos o fato de que o autor já detinha uma familiarização íntima e antiga com o Evangelho de Jesus, evidenciando que a conversão ao Espiritismo, em 1875, foi apenas um ajuste de percurso na trajetória espiritual do ilustre médico espírita” – diz Viola, nas páginas iniciais do livro, que tem prefácio do médico psiquiatra Jorge Andréa dos Santos, que enaltece a publicação, nas suas palavras, digna de “fazer parte dos alicerces da dignidade humana”.


No primeiro capítulo do livro, o Dr. Bezerra de Menezes chama a atenção para vários aspectos que demonstravam que a escravidão era um equívoco e uma grande incoerência. No que diz respeito à religião, por exemplo, ressaltou que tal prática havia sido condenada pelo próprio Cristo, que pregou a liberdade; e mais: pela civilização do século XIX, que firmou o grande princípio de igualdade de todos os homens perante a lei; e pela economia política, que demonstra que o braço livre produz mais e é mais eficaz do que o braço escravo.


“Essa lamentável aberração do espírito humano ainda é condenada pela moral, cujas leis não se compadecem com os sentimentos depravados de uma raça embrutecida; e reclamam em nome da família e da sociedade a sua reabilitação pela pureza dos costumes e pela prática do bem” – frisou o Dr. Bezerra, que, como registra o livro, elaborou um projeto através do qual se conseguiria garantir a dignidade dos negros após a sua libertação, projeto este do qual consta, dentre outras sugestões, a criação de um imposto especial. Por meio dele, se conseguiria cobrir os gastos que o país viesse a ter com a emancipação. Bezerra chega, ainda, a falar na utilização de estabelecimentos agrícolas e industriais, de oficinas e fábricas mantidos pelo Governo, como escolas para os educandos libertos, as quais gerariam renda para o Governo, evidenciando, desta forma, que, além de humanamente correta, a abolição da escravidão, pelos moldes propostos, traria mais sustentabilidade à economia nacional.


Com formato de 14x21cm, o livro tem 94 páginas e divide-se em oito capítulos, onde se encontram ainda fotos e ilustrações, assim como uma breve biografia do Médico dos Pobres.

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