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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

As obras básicas da Codificação Espírita

As obras básicas da Codificação Espírita preparadas por Allan Kardec, também chamadas de Pentateuco Kardequiano, são as seguintes por ordem de publicação: O Livro dos Espíritos (18 de abril de 1857). O Livro dos Médiuns (1861). O Evangelho segundo o Espiritismo (1864). O Céu e o Inferno (1865) e  A Gênese (1868). Em tais livros, encontramos os fundamentos para a formação da consciência cristã, uma vez que não basta apenas freqüentar casas espíritas, é preciso conhecer a Doutrina dos Espíritos nos seus detalhes para que ela se transforme em elemento educador da criatura humana, preparando-a para viver no mundo de regeneração. Não existe, efetivamente, espírita verdadeiro sem que estude e medite a respeito dos ensinamentos revelados pelos Espíritos Superiores.

1. O Livro dos Espíritos
Com este livro, a 18 e abril de 1857, raiou para o mundo a era espírita. Nele se cumpria a promessa evangélica do Consolador, do Paracleto ou Espírito da Verdade. Dizer isso equivale a afirmar que «O Livro dos Espíritos» é o código de uma nova fase da evolução humana. E é exatamente essa a sua posição na história do pensamento. Este não é um livro comum, que se pode ler de um dia para o outro e depois esquecer num canto da estante. Nosso dever é estudá-lo e meditá-lo, lendo-o e relendo-o constantemente. Sobre este livro se ergue todo um edifício: o da doutrina espírita. Ele é a pedra fundamental do Espiritismo, o seu marco inicial. O Espiritismo surgiu com ele e com ele se propagou., com ele se impôs e consolidou no mundo. Antes deste livro não havia Espiritismo, e nem mesmo esta palavra existia. Falava-se em Espiritualismo e Neo-Espiritualismo, de maneira geral, vaga e nebulosa. Os fatos espíritas, que sempre existiram, eram interpretados das mais diversas maneiras. Mas, depois que Kardec o lançou à publicidade, «contendo os princípios da doutrina espírita», uma nova luz brilhou nos horizontes mentais do mundo. Contém as bases fundamentais do Espiritismo, revelado em tríplice aspecto: o científico, o filosófico e o religioso. (10)
Kardec inseriu na folha de rosto deste livro a seguinte frase: Filosofia Espiritualista. Demonstrou, assim, qual é  o caráter  geral do Espiritismo. Encontramos também na folha de rosto do livro os princípios da Doutrina Espírita: Sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade  segundo os ensinos dados por Espíritos superiores com o concurso de diversos médiuns  recebidos e coordenados por Allan Kardec. A primeira edição, com 501 questões, contém o ensino dado pelos Espíritos, liderados pelo Espírito de Verdade. Receberam as mensagens as jovens médiuns Caroline e Julie Boudin, a senhora Japhet e outros médiuns. Na segunda edição, a obra foi ampliada para 1019 questões (na verdade, são 1018 questões, pois a numeração pula de 1017 para 1019), acrescida de notas e comentários.
É interessante conhecer algumas impressões provocadas pela primeira edição de O Livro dos Espíritos (lembramos que esta edição continha 501 questões) e que foram registradas pelo jornal francês Courrier de Paris, em 11 de junho de 1857 (12):
Em seguida, o articulista faz comentários a respeito das partes constituintes do livro. Destacamos alguns desses comentários:
Kardec já sabia que a  primeira edição de  O Livro dos Espíritos estava incompleta, como atesta o seguinte dialogado ocorrido entre o Codificador e o    Espírito de Verdade:
Pergunta (à Verdade)  Uma parte da obra foi revista, quererás ter a bondade de dizer o que dela pensas?
Resposta  O que foi revisto está bem; mas, quando a obra estiver acabada, deverás tornar a revê-la, a fim de ampliá-la em certos pontos e abreviá-la noutros.
P.  Entendes que deva ser publicada antes que os acontecimentos preditos se tenham realizado?
R.  Uma parte, sim; tudo não, pois, afirmo-te, vamos ter capítulos muito espinhosos. Por muito importante que seja esse primeiro trabalho, ele não é, de certo modo, mais do que uma introdução. Assumirá proporções que longe estás agora de suspeitar. Tu mesmo compreenderás que certas partes só muito mais tarde e gradualmente poderão ser dadas a lume, à medida que as novas idéias se desenvolverem e enraizarem. Dar tudo de uma vez fora imprudente. Importa dar tempo a que a opinião se forme. Toparás com alguns impacientes que procurarão empurrar-te para diante: não lhes dês ouvidos. Vê, observa, sonda o terreno, dispõe-te a esperar e faze como o general cauteloso que não ataca, senão quando chega o momento favorável. (1)
Dez anos após a primeira edição de O Livro dos Espíritos, em 1867, Kardec se lembra dessas observações do Espírito de Verdade, escrevendo:  Na época em que essa comunicação foi dada, eu apenas tinha em vista O Livro dos Espíritos e longe estava, como disse o Espírito, de imaginar as proporções que tomaria o conjunto do trabalho. Os acontecimentos preditos só decorridos muitos anos teriam de verificar-se, tanto que neste momento ainda não se deram. As obras que até agora apareceram foram publicadas sucessivamente e eu fui induzido a elaborá-las, à medida que as novas idéias se desenvolveram. Das que restam por fazer, a mais importante, a que se poderá considerar a cúpula do edifício e que, com efeito, encerra os capítulos mais espinhosos, não poderia ser publicada, sem prejuízo, antes do período dos desastres. Eu, então, um único livro via e não compreendia que esse pudesse cindir-se, enquanto que o Espírito aludia aos que teriam de seguir-se e cuja publicação prematura apresentaria inconvenientes. Dispõe-te a esperar, disse o Espírito; não dês ouvidos aos impacientes que procurem empurrar-te para diante. Os impacientes não faltaram e, se eu os escutara, teria atirado o navio em cheio nos arrecifes. Coisa estranha! ao passo que uns me incitavam a andar mais depressa, outros me acusavam de não ir tão devagar quanto devia. Não dei ouvidos nem a uns, nem a outros, tomando sempre por bússola a marcha das idéias. De que confiança no futuro não me enchia eu, à proporção que via realizar-se o que fora predito e que comprovava a profundeza e a sabedoria das instruções dos meus protetores invisíveis! (2)
Importa considerar que O Livro dos Espíritos, antes da publicação, foi cuidadosamente analisado e revisto tanto por Kardec quanto pelos Espíritos: Depois de haver eu procedido à leitura de alguns capítulos de O Livro dos Espíritos, concernentes às leis morais, o médium espontaneamente escreveu: Compreendeste bem o objetivo do teu trabalho. O plano está bem concebido. Estamos satisfeitos contigo. Continua; mas, lembra-te, sobretudo quando a obra se achar concluída, de que te recomendamos que a mandes imprimir e propagar. É de utilidade geral. Estamos satisfeitos e nunca te abandonaremos. Crê em Deus e avante. (3)

Kardec faz questão de explicar, na introdução do livro, que o Espiritismo apresenta características e metodologias próprias, não devendo, portanto, ser confundido com outras interpretações espiritualistas. As palavras espiritualismo e espiritualista têm uma acepção muito geral: qualquer um que acredite ter em si outra coisa além da matéria é espiritualista. Ao contrário, os termos ESPIRITISMO e ESPÍRITA são neologismos, isto é, palavras inventadas por seu codificador, Allan Kardec, que definiu o Espiritismo como "uma ciência que trata da natureza, da origem e do destino dos Espíritos, e de suas relações com o mundo corporal. O Espiritismo é então bem definido como uma ciência. Mas se distingue das disciplinas científicas já estabelecidas e estudadas nas academias pelo objeto de seus estudos: o elemento espiritual.  (8)  Um espírita é então um espiritualista, pois tem a certeza experimental da existência dos Espíritos, que são as almas dos homens em transição entre o túmulo e o berço. São  estas as bases das convicções espiritualistas do espírita, mas as conseqüências do Espiritismo se refletem no  plano da ética. (9)

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