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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Entre a Terra e o Céu_23_Apelo maternal

Entre a Terra e o Céu_23_Apelo maternal

“A paisagem doméstica, na residência de Amaro, não mostrava qualquer alteração.
Zulmira, atormentada por Odila, que realmente lhe vampirizava as forças,  fazia  no  leito,  apática  e  desolada,  como estátua viva de angústia e medo, escutando o vento que zunia, lá fora...
Mais magra e mais abatida, exibia comovedoramente a própria exaustão.
Irmã clara, depois de expressivo entendimento com o nosso orientador, solicitou que nos mantivéssemos a pequena distância, e, abeirando-se da genitora de Evelina, que tanto quanto a enferma não nos percebia a presença, alongou os braços em prece.
Sob forte emoção, acompanhei o formoso quadro que se desdobrou, divino, ao nosso olhar.
Gradativamente, o recinto foi invadido por vasto círculo de luz, do qual se fizera a instrutora o núcleo irradiante.
Assemelhava-se nossa amiga a uma estrela repentinamente trazida à 'terra, com os dois braços distendidos em forma de assas, prestes a desferir excelso vôo...
“- Irmã Clara - informou o Ministro, igualmente enlevado - já atingiu o total equilíbrio dos centros de força que irradiam ondulações luminosas distintas. Em oração, ao influxo da mente enaltecida, emite as vibrações do seu sentimento purificado, que constituem projeções de harmonia e beleza a lhe fluírem do ser. Se partilhássemos com ela a mesma posição evolutiva, entraríamos agora em relação imediata com o elevado plano de consciência em que se exterioriza  e, então, em vez de somente observarmos este deslumbramento de luz e cor, perceberíamos a mensagem glorificada  que lhe nasce do coração, de vez que as irradiações sob nossos olhos  são  música  e  linguagem,  sabedoria  e  amor  do pensamento a expressar-se maravilhoso e vivo... A sintonia espiritual perfeita, porém, só é possível  entre  aqueles que se confundem na afinidade completa...
"Indicando timidamente a triste companheira que jazia acorrentada ao leito, Odila tentou conservar a atitude que lhe era característica, exclamando cruel:
- Devo alijar a intrusa que me assaltou a casa! Esta miserável mulher tomou-me o marido e assassinou-me o filhinho...
Quem ama faz justiça pelas próprias mãos!...
- Pobre filha! - revelou Clara, abraçando-a. - Quem ama semeia a vida e a alegria, combatendo o sofrimento e a morte...
Quando nosso culto afetivo se converte em flagelação para os que  seguem  ao  nosso  lado,  não  abrigamos  outro sentimento que não seja aquele do desvairado apego a nós mesmos, na centralização do egoísmo  aviltante.  Achamo-nos à frente de infortunada irmã, arrojada a dolorosa prova. Não te dói vê-la derrotada e infeliz?
"E, acariciando-lhe a cabeça agora trêmula, a instrutora aduziu:
- Odila, o ciúme que não destruímos, enquanto dispomos da oportunidade de trabalhar no corpo denso, transforma-se em aflitiva fogueira a calcinar-nos o coração, depois da morte. ... Temos um só Pai que é o Senhor da Bondade Infinita, que nos centraliza as esperanças... Somos, assim, todos irmãos, partes integrantes de uma família só. ...  Entretanto, o homem amado permanece no cárcere de escuros padecimentos íntimos a debater-se com enigmas inquietantes, sem que te disponhas a socorrê-lo....
- Não me fales assim! -... Odeio a infame que nos roubou a felicidade...
“- Sei que sofres igualmente como mãe atormentada... Recorda, contudo, que nossos filhos pertencem a Deus... E se a morte colheu a criança que estremeces, separando-a dos braços paternais, é que a Vontade Divina determinou o afastamento...
- Por que te dispões a clarear o próprio caminho, a fim de reencontrares o teu anjo e embalá-lo de novo, em teus braços, ao invés de te consagrares inutilmente à vingança que te cega os olhos e enregela o coração?
Clara, certo, alcançara o ponto sensível daquela alma atribulada, porque a infortunada genitora de Evelina, qual se arrojasse para fora de si mesma todos os pesares que lhe senhoreavam os sentimentos, gritou, como fera jugulada pela dor:
- Meu filho!... Meu filho!...
"Rejubila-te, irmã querida! Grande é a tua felicidade! Podes ajudar e isso representa a ventura maior!... Há vinte e dois séculos espero por um minuto igual a este para o meu saudoso e agoniado coração, de vez que os meus amados ainda não se inclinaram para mim!...
A voz de Clara parecia mesclada de lágrimas que não chegavam a surgir.
Dominada pelas vibrações da mensageira celeste, Odila agarrou-se a ela, prosseguindo em choro convulso, enquanto a instrutora repetia com desvelos de mãe:
- Vamos, filha! Vamos à procura de nossa renovação com Jesus!...
Amparando-a, Clara conduziu-a para fora, colada ao próprio peito.
Junto de nós, Clarêncio informou:
- Agora, Zulmira poderá recuperar-se. A adversária retirou-se sem a violência que lhe prejudicaria o campo mental.
E, acompanhado o nosso orientador, afastamo-nos por nossa vez, embora conservando a atenção presa à continuação de nossa edificante aventura."

QUESTÕES PARA ESTUDO

1.- É fácil entender que Odila, a obsessora, não conseguia ver os benfeitores espirituais devido ao  seu  baixo  padrão vibratório, pois ainda nutria fortemente sentimentos negativos, como o de vingança. Mas, e Zulmira, que  era  a  vítima?
Por que também não conseguia ver os benfeitores?

2.- Como explicar o fato de Clarêncio, André Luiz e Hilário, embora espíritos também elevados, notadamente o Ministro, não conseguirem se sintonizar com as vibrações emanadas do sentimento purificado de Clara?

3.-  Em que ponto Clara conseguiu sensibilizar Odila, levando-a a se transformar e  que  lição  podemos  extrair  desse episódio?

4.- Clara revela que, há vinte e dois séculos, aguarda por um momento igual àquele que estava vivenciando, com relação aos seus entes queridos. Como explicar o fato de ter conseguido operar a transformação de Odila e não conseguir fazer o mesmo com os seus?

5.- " ... o ciúme que não destruímos, enquanto dispomos da oportunidade de trabalho no corpo  denso, transforma-se em aflitiva fogueira a calcinar-nos o coração, depois da morte." O que pretendeu a benfeitora ensinar com essas palavras?

Conclusão:

Com a chegada de Clara à residência de Amaro, os benfeitores deram início ao trabalho visando alcançar a transformação de Odila. Através da pregação amorosa da benfeitora, Odila entendeu que, persistindo na perseguição à desafeta, estaria tornando cada vez mais longínquo o dia do ansiado reencontro com Júlio, o filho desencarnada que tanto amava. O amor materno foi o grande instrumento utilizado por Clara para convencer a obsessora a se desvencilhar de Zulmira.

QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1.- É fácil entender que Odila, a obsessora, não conseguia ver os benfeitores espirituais devido ao  seu  baixo  padrão vibratório, pois ainda nutria fortemente sentimentos negativos, como o de vingança. Mas, e Zulmira, que  era  a  vítima?
Por que também não conseguia ver os benfeitores?
Como temos visto em nossos estudos, o processo obsessivo não se instala sem que o obsediado o permita, através de uma identidade de sintonia com o obsessor. Odila e Zulmira encontravam-se imantadas uma à outra, pela identidade de sentimentos. Mesmo nos momentos de liberação do corpo físico, a vítima, até o presente momento da história, ainda não conseguiu perceber a presença dos benfeitores por estar com sua mente inteiramente à mercê da obsessora.
Dominada dessa maneira, somente conseguia se sintonizar no mesmo padrão vibratório da algoz.

2.- Como explicar o fato de Clarêncio, André Luiz e Hilário, embora espíritos também elevados, notadamente o Ministro, não conseguirem se sintonizar com as vibrações emanadas do sentimento purificado de Clara?
Vemos nesta passagem narrada por André Luiz que, mesmo entre os espíritos elevados, há faixas vibratórias diferentes.
Clara é um espírito que já conseguiu sublimar seus sentimentos, voltando-se totalmente para a lei do amor. Os benfeitores que realizavam o trabalho de desobsessão, embora também de alta elevação moral, ainda não haviam conseguido purificar seus sentimentos, ao ponto de poderem se sintonizar com o amor que emanava de Clara. Por essa razão, Clarêncio solicitou a sua colaboração, pois percebeu que através do envolvimento da obsessora pelas vibrações amorosas de Clara poder-se-ia obter a sua transformação.

3.-  Em que ponto Clara conseguiu sensibilizar Odila, levando-a a se transformar e  que  lição  podemos  extrair  desse episódio?
A transformação de Odila operou-se no momento em que Clara a exortou a vivenciar o amor maternal em toda a sua plenitude. Através dele, acenou-lhe com a possibilidade de se encontrar com Júlio, o filho querido que desencarnara em acidente para o qual Zulmira contribuíra.

4.- Clara revela que, há vinte e dois séculos, aguarda por um momento igual àquele que estava vivenciando, com relação aos seus entes queridos. Como explicar o fato de ter conseguido operar a transformação de Odila e não conseguir fazer o mesmo com os seus?

Não só apenas da vontade e da ajuda de Espíritos já mais evoluídos pode-se levar à transformação de outros Espíritos; necessário é, principalmente, esses espíritos tenham vontade de se transformarem. Assim, provavelmente (uma vez que Clara não faz maiores comentários), os Espíritos amados de seu coração devem se encontrar enraizados na rebeldia, sem, pois, poderem proporcionar a si mesmos uma brecha que seja para se verem e se sentirem envolvidos no Amor encorajador das grandes transformações e assim serem tocados pela verdade Eterna e Divina.

5.- " ... o ciúme que não destruímos, enquanto dispomos da oportunidade de trabalho no corpo  denso, transforma-se em aflitiva fogueira a calcinar-nos o coração, depois da morte." O que pretendeu a benfeitora ensinar com essas palavras?

Assim como todos os demais defeitos(egoísmo, orgulho, vaidade, soberba, etc.) o ciúme tem a sua oportunidade de ser trabalhado enquanto caminhamos com a roupagem carnal, uma vez que quando dela nos desvestirmos iremos nos encontrar frente à frente conosco mesmo: sem máscaras, sem personagens, simplesmente nós mesmos apenas levando conosco as nossas verdadeiras conquistas espirituais. Assim, podemos e devemos vencer nossas más tendências, no caso citado o ciúmes, as fim de que possamos ao retornar à Pátria Espiritual sem que as dores morais sejam mais cruciantes.

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