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domingo, 18 de dezembro de 2016

CARTESIANISMO E ESPIRITISMO*

CARTESIANISMO E ESPIRITISMO*

A invenção da imprensa no Século XVI propiciou a veiculação de uma grande quantidade de conhecimentos que até então estava adormecida. Vem à luz os escritos dos pensadores Antigos e os da Idade Média. Esse volume de informações torna o mundo incerto e confuso. Nesta fase crítica em que o Ser, o Mundo e o Cosmo se desagregam, a Filosofia volta-se para o homem. P. Chacon apoia-se na fé para salvá-lo; Francis Bacon no empirismo; Montaigne no desespero; a Escolástica no silogismo aristotélico.

René Descartes (1596-1650) surge dentro desse contexto histórico. O termo cartesianismo vem dele e significa não só o método pelo qual buscava os conhecimentos, como também os seus seguidores. As soluções propostas pelos pensadores da Escolástica, por francis Bacon e por Montaigne não resolviam o problema íntimo do indivíduo. Descartes rompe esse quadro, faz tábua rasa e propõe o seu método.

As regras do seu método são publicados no livro intitulado Discurso do Método, em 1637, considerado pelos críticos como uma autobiografia espiritual do autor. O tiítulo original era: O Discurso do Método para bem conduzir a razão e procurar a verdade nas ciências, mais a Dióptrica, os Meteoros e a Geometria que são os Ensaios deste método. Suas quatro célebres regras explicitam-nos a maneira de se adquirir a certeza da verdade. Parte da dúvida metódica e dos princípios incondicionados da matemática. Suas teses influenciaram a maioria dos pensadores filosóficos posteriores.

Allan Kardec no livro A Gênese afirma que se o Espiritismo tivesse vindo antes do desenvolvimento das Ciências, ele teria abortado. Francis Bacon enfatiza o empirismo e descartes a razão. Os cientistas associam experimentação e razão e constroem o método teórico-experimental. O Espiritismo procede da mesma forma que as ciências naturais, isto é, utiliza-se do método teórico-experimental, porém substitui a percepção sensorial pela percepção extra-sensorial - a mediunidade.

O método cartesiano pode ser vislumbrado nas entrelinhas da Doutrina Espírita. Allan Kardec, em várias passagens da Codificação, fala-nos que devemos colocar tudo sobre o crivo da razão; que é preferível rejeitar nove verdades a aceitar uma única verdade como falsidade; que a fé inabalável somente é aquela que consegue enfrentar a razão face a face em todas as épocas da humanidade.

Esse estudo do cartesianismo serve não só para nos chamar a atenção sobre o tema, como também o de sugerir o desenvolvimento e aprofundamento do mesmo. Se assim o fizermos, vamos encontrando o verdadeiro encadeamento das idéias e uma explicação racional da síntese filosófica elaborada por Allan Kardec.
           
Fonte de Consulta
KOYRE, A. Considerações sobre Descartes. São Paulo, Editora Presença, 1980.
PIRES, J. H. O Espírito e o Tempo - Introdução Antropológica do Espiritismo. 3. Ed., São Paulo, Edicel, 1979.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. São Paulo, FEESP, 1972.
Janeiro/1993

* Publicado no “Jornal Espírita”, maio 95, pág. 7


ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO



* Publicado no “Jornal Espírita”, maio 95, pág. 7

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