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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Conflitos de Culpa

Atualmente percebe-se um grande número de pessoas, principalmente de jovens, que carregam consigo o sentimento de culpa e os seus conflitos. Muitas podem ser as causas de tal questão:
• Registros no inconsciente profundo, resultantes de comportamentos inadequados ou destrutivo em outras existências ou na atual;
• " Ignorância medieval " nele ainda remanescente, que a tudo quanto ignorava, por parecer aético ou imoral, transformava em pecado, culpa imundice, propiciando sentimentos ultrajantes e vergonhosos àqueles que passavam pelas experiências dignas de punição;
• Convivência doentia com pais neuróticos e irritados, que gritam e acusam, que maltratam e agridem a criança que, se sentindo impossibilitada de tolerá-los ,foge-lhes da presença, refugiando-se no seu quarto ou no mundo particular da imaginação
Quando se trata dos registros no inconsciente profundo, inadvertidamente o paciente experimenta a desagradável sensação de haver escamoteado a verdade ou agido erradamente, sem que ninguém tivesse idéia ou conhecimento dos seus atos reprocháveis. Porque os dissimulou com vigor ou conseguiu nega-los com veemência, permanece-lhe a crença subjacente de que, num ou noutro momento pode ser chamado à prestação de contas ou ser desmascarado, tombando em descrédito ou sofrendo a zombaria de quem hoje lhe oferece confiança e amizade.

Acoimado pela culpa, foge dos relacionamentos de qualquer natureza, cultiva o mau humor, processa erradamente o que houve, sempre considerando que todas as queixas e reprimendas, advertências e observações que o alcançam têm por meta censurá-lo, humilhá-lo, estigmatizá-lo...

No que diz respeito à "ignorância medieval" ocorre a vergonha de si mesmo assomando ainda hoje como sinal de permanência emocional nos dias sombrios da intolerância, considerando ignóbil ou vulgar, promíscuo ou sujo, todo e qualquer comportamento menos adequado ou mais primitivo, e assim se eximindo de culpa. Devido a esse comportamento emocional, tem dificuldade em assumir a responsabilidade pelos seus erros, enganos e equívocos, tendo ainda sempre desculpas para justificar o que considera reprovável.

Muitos pais acusam os filhos de ser um peso nas suas vidas ou responsável pelos problemas e transtornos que experimentam, passa a sentir culpa, de que não consegue liberar-se, prosseguindo numa adolescência incompleta, na qual surge a vergonha da própria sexualidade, por parecer-lhe algo impuro.

Quando a culpa aparecer no indivíduo deve-se assumi-la e trabalhar com naturalidade, o sentimento de perdão e compreensão aos pais e aos fatores que trabalharam para a sua instalação facultam-lhe o desaparecimento paulatino até a total desintegração.

O hábito saudável de aceitar-se como se encontra libera da autocrítica recriminatória, portanto, autopunitiva.
Bibliografia:
O Despertar Do Espírito – Divaldo P. Franco / Joanna de Ângelis

Hérin Andréas

O LIVRO DOS MÉDIUNS Estudo nr. 07*

(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
Estudo nr. 07
Capitulo II - O maravilhoso e o sobrenatural.
Por todas as considerações já feitas, fica cada vez mais evidente a importância do conhecimento para bem compreender a atuação das leis divinas e naturais no universo.

O Espiritismo não aceita todos os fatos considerados maravilhosos.

Longe disso, demonstra a impossibilidade de muitos deles e o ridículo de algumas crenças que constitui, propriamente falando, a superstição.

Os adversários do Espiritismo o acusam de despertar idéias supersticiosas.

Mas, o que é que há de comum entre a doutrina que ensina a existência do mundo invisível, comunicando-se com o visível, e fatos da natureza do que relatamos, que são os verdadeiros tipos de superstição?

Se os que o atacam a esse respeito tivessem dado ao trabalho de estuda-lo, antes de julga-lo levianamente, saberiam que não só condena as práticas divinatórias, como lhes demonstra a nulidade.

O estudo sério do Espiritismo, tende a destruir as crenças realmente supersticiosas.

Na maioria das crenças populares há, quase sempre, um fundo de verdade, desnaturado e ampliado. São os acessórios, as falsas aplicações, que a bem dizer, constituem a superstição.

Assim é que os contos de fadas e de gênios repousam sobre a existência dos espíritos bons e maus, protetores ou malévolos.

Todas as estórias de aparição têm sua fonte no fenômeno muito real das manifestações espíritas visíveis e mesmo tangíveis.

Tal fenômeno, hoje perfeitamente verificado e explicado, entra na categoria dos fenômenos naturais, que são uma conseqüência das leis eternas da criação.

Mas o homem raramente se contenta com a verdade que lhe parece muito simples, ele a reveste com as quimeras criadas pela imaginação e é então que cai no absurdo. Ocorre ainda, os que têm interesse em explorar essas mesmas crenças, às quais se juntam um prestígio fantástico, próprio a servir os seus objetivos.

Daí a turba de adivinhos e de ledores de sorte contra os quais a lei se ergue com justiça.

O Espiritismo verdadeiro, racional, não é pois, mais responsável pelo abuso que dele possam fazer, nem mesmo a medicina pelas formulas ridículas e praticas empregadas por charlatães ou ignorantes.

Ainda uma vez, antes de julga-lo dai-vos o trabalho de estudá-lo.

Concebe-se o fundo de verdade de certas crenças, mas talvez se pergunte sobre o que pode repousar tais crenças?

Parece-nos que tem origem no sentimento intuitivo dos seres invisíveis, aos quais se é levado atribuir um poder, que por vezes não têm.

A existência de espíritos enganadores, que pululam a nossa volta, por força da inferioridade do nosso globo, como insetos daninhos num pântano, e que se divertem à custa dos crédulos, predizendo-lhes um futuro quimérico, sempre próprio a adular seus gostos e desejos; é um fato do qual temos provas diárias pelos médiuns atuais.

O que se passa aos nossos olhos aconteceu em todas as épocas, pelos meios de comunicação em uso conforme o tempo e o lugar.

Eis a realidade.

Com o auxílio do charlatanismo e da cupidez a realidade passou para o estado de crença supersticiosa.

Criticar o que o próprio Espiritismo refuta, é demonstrar ignorância do assunto e argumentação inócua. Daí a pergunta até onde vai a crença do Espiritismo? Lede e observai que o sabereis.

A aquisição de qualquer ciência exige tempo e estudo.

Quando não se tem tempo para aprender uma coisa, não se pode falar dela, e, menos ainda julgá-la, se não se quiser ser acusado de leviandade.
Resumo das proposições já vistas:
1. Todos os fenômenos espíritas têm como princípio a existência da alma, sua sobrevivência e manifestações.
2. Decorrendo de uma lei da natureza, esses fenômenos nada têm de maravilhoso e sobrenatural.
3. Muitos fatos são considerados sobrenaturais porque a sua causa não é conhecida.
4. Entre os fatos qualificados de sobrenaturais, o Espiritismo demonstra a impossibilidade de muitos e os coloca entre as crenças supersticiosas.
5. Embora o Espiritismo reconheça um fundo de verdade em muitas crenças populares, eles não aceita que todas as estórias fantásticas criadas pela imaginação sejam da mesma natureza.
6. Julgar o Espiritismo pelos fatos que ele não admite é dar prova de ignorância e desvalorizar por completo a própria opinião.
7. A explicação dos fatos admitidos pelo Espiritismo, de suas causas suas conseqüências morais, constitui toda uma ciência e uma filosofia que exigem estudo sério, perseverante e aprofundado.
8. O Espiritismo só pode considerar como crítico sério aquele que tudo viu, tudo estudou, em tudo se aprofundando com paciência e perseverança de um observador consciencioso em sentido pleno, fazendo constatações e averiguações lógicas.
Conforme O Livro dos Médiuns esse crítico (altamente qualificado) ainda está para aparecer.
Bibliografia:
• Kardec, Allan – O Livro dos Médiuns,
• Kardec, Allan – O que é o Espiritismo.
• Kardec, Allan – Revista Espírita 1860

Elisabeth Maciel

O HOMEM SER PREDESTINADO À EVOLUÇÃO - Estudo 10*

Estudos anteriores:
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho Estudo 1 - Reflexões para entender o tema
Estudo 2 - O papel das civilizações
Estudo 3 - Evolução
Estudo 4 - As instituições
Estudo 5 - As Civilizações e a cultura
Estudo 6 - A Revolução Industrial dos Séculos XIX e XX
Estudo 7 - A Vinda de Jesus ao Planeta Terra
Estudo 8 - O Espirit.como prop.para se entender a pres.do ser humano na Terra
Estudo 9 - As guerras são as Catástrofes na Terra

Estudo 10 - A Educação para a Humanização
Educação: Frize-se e recorde-se que ao usar o termo "Educação", não se fala aqui em intelectualização, em saber coisas. Mas no ato ou efeito de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser, visando sua melhor integração e atuação individual e social. Constituiu-se como o aperfeiçoamento integral de todas as faculdades humanas, usadas pelo próprio ser, que se renovando sempre, atua no meio que cresce com ele.
Considerando o homem primitivo em seu desenvolvimento avalia-se que ele se desenvolveu através das funções do "sentir", do "pensar" e do "fazer".
São funções que se conjugam e se completam para propiciar desenvolvimento ao ser humano.
Ele sente, deseja, anseia, pensa, imagina, faz, refaz e cria novos modos de fazer. É a causa e o preparo para desenvolver as práticas da tecnologia. Ao "fazer" no sentido de realizar o sentir e o pensar, o homem cria a instrumentalização para o trabalho e para o seu conforto material, cresce no aspecto intelectual. A corrente do "saber" se faz pela relação: a cada "prática" corresponde uma "teoria" e, também, a cada "teoria" correspondem novas "práticas".
A inteligência é a propulsora do fazer e pensar. O acúmulo do conhecimento dá condições ao ser humano de conquistar sua autonomia e acentuar a responsabilidade na sua formação cultural e moral.
O Espírito sente, é sensível e amoroso por natureza. As emoções, as aspirações e o amor são os sentimentos que o fazem revelar a espiritualidade.
O homem sente os impulsos de doar-se ao mundo. Ele modela a própria formação cultural, moral e social conjuntamente com o que a sociedade lhe oferece; resultando, de todas essas relações, as propostas de ideais que, espiritualmente estabelece para si.
A consciência do individual e do social vêm de uma prática que envolve estes procedimentos: sentir, pensar e repensar, fazer e refazer, criar e recriar, discernir, julgar, optar, decidir, refletir e construir sua filosofia de vida.
Humanizar-se (decorrerá desse trabalho que o homem, ao educar-se realiza consigo; tornando-se realmente humano – menos fera – benévolo, afável, tratável, civilizado, bondoso, benfeitor, que ama seus semelhantes, que age, deseja e trabalha visando o bem da Humanidade) é o efeito da conscientização dos valores humanos e é incorporação desses valores na conduta humana. Essa consciência de comportamento e de conduta faz com que o cidadão ofereça certa qualidade ao social.
Como ser histórico, que é o homem, tem a responsabilidade de estar presente e atuante nos meios sociais para transferir à sociedade o sentido da qualidade de vida.
Concluirmos – o homem pelo seu modo de sentir, pensar e agir influi no processo cultural a exteriorizar-se no campo social.
Deveria agir só após a reflexão da conseqüência de suas ações (naturalmente o faz por impulsos). A reflexão é, ou deveria ser o pensar no que se sente, para depois agir, ou não, conforme o maior ou menor número de Bem que suas atitudes gerarão a si e principalmente aos outros.
Ninguém, ao sentir, pensar e agir o faz só por si e para si. O campo envolve produtos das relações:
• Eu e eu
• Eu e o outro
• Eu e a sociedade
• Eu e o mundo.
Na função social e histórica em que o ser humano se coloca, não há como negar, que o homem é um ser inacabado, a completar-se continuamente como a fazer a própria história. É a característica de não estar pronto, dominando todo o saber e o fazer, portanto, o evoluir eternamente é a predestinação do Espírito. Ele tem a perspectiva do futuro no seu presente.
A educação, como um processo de vida, direciona esse homem para fins futuros.
Permeia ela as tendências e as conduz para as aspirações da vida moral e ética.
Entretanto, tudo isso tem relação com os tipos do processo educativo.
A educação deve ser o recurso para conduzir o homem a ser ético e consciente da sua responsabilidade na construção de uma realidade social.
A sociedade terá as características que resultam das relações dos seres humanos que, por sua vez, passa a expressar uma cultura, a qual, determinará os valores para a conduta desse homem. É uma interdependência a resultar a realidade a que o ser humano fica relativamente sujeito.
A educação deve dar os meios para fazer homens livres, conscientes, criativos e responsáveis pelos seus destinos, opções e realizações.
O homem criativo é o ser que à base da curiosidade em objetivos e ideais desvenda novo saber como metas de vida. E, homens responsáveis são aqueles que têm a consciência de que o futuro é obra de suas opções e do seu trabalho realizado agora.
Desta forma, consciência da realidade e a ação sobre o social são ocorrências que se relacionam; são inseparáveis constituintes do ato transformador dos sistemas sociais.
Assim entendido, a orientação no mundo porá a questão das finalidades da "ação" ao nível da percepção crítica da realidade.
O caráter político (sistema respeitante aos direitos de todos com habilidade no trato das relações humanas, visando o melhor para todos, tendo em vista os objetivos almejados. Política é o processo que se usa para resolver os problemas sociais que afetam o indivíduo) da educação é a marca que torna libertadora ou não.
Cada sociedade cria o seu sistema de educação de acordo com os valores que a norteiam. Se a sociedade é quem estrutura a educação ela o faz em função dos interesses políticos de quem detém o poder.
Mais que nunca faz-se ela imprescindível uma vez que passa a ser um fator fundamental para preservação de sistemas políticos, formando seres conscientes e livres.
Por isso, é que a transformação radical e profunda dos ideais da educação, como sistema libertador do ser humano, só se dará quando a sociedade estiver num processo de transformação consciente onde cada qual se entenda como elo básico, fundindo-se aí os ideais maiores do próprio existir.
Considerando-se a família como célula principal da sociedade percebe-se que há muito o que se realizar no campo da educação. É ela o grupo social que chega diretamente ao indivíduo no período da formação da personalidade.
A criança, o adolescente e o jovem são trabalhados individualmente e em grupo sob as diretrizes da família. Mas a família não educa sozinha; a convivência das crianças com outras crianças, dos adolescentes e jovens com outros adolescentes e jovens é fator de mistura do modo de ser desses elementos. É assim que a sociedade interfere no processo de educação dos indivíduos na família, que se estiver atenta, retornará esses elementos e através do diálogo, onde todos se enriquecem.
A educação em família, deve ter por objetivo o aperfeiçoamento de cada um de seus elementos nos sentidos da moral e da espiritualidade. É na família que o ser processa o dia a dia de seu viver. Portanto, é a família que propõe diretamente, aos seus membros, as regras, os valores morais e espirituais a cada um dos participantes que, frize-se não são estanques e fechados, mas abertos ao dinamismo das análises e retomadas.
Aí está a grande responsabilidade dos pais na escolha do seu sistema de educar os filhos.
Será que os pais entre si, individual e reciprocamente "se educam”?
Será que os filhos estão sendo educados para viverem com dignidade e para serem responsáveis pela sua própria liberdade? É, ela discutida, questionada, avaliada ?
Ao lado desses fatores há a escola, a religião, o trabalho, o companheirismo, os clubes recreativos e toda forma de sociabilidade que dividem, entre si, a responsabilidade de indicar as melhores normas de ação visando o bem estar de todos.
À família entretanto, é que caberá oferecer aos jovens maior lucidez da razão e o maior poder de discernimento para efetuar as suas opções de comportamento e de futuro.
A família ativa e atuante, contribui, assim, para o processo de burilamento dos Espíritos encarnados na Terra.
Na família está o embrião da Evolução Espiritual do Ser Humano.

*Luiza de Campos Freire Favareto

LIVRO: “PALAVRAS DE VIDA ETERNA” (estudo n.9)

Francisco C. Xavier/Emmanuel

(estudo n.9)
TEMA: “SOCORRO E CONCURSO”
"Quantos pães tendes? "- Jesus (Marcos, 8:5)
Havia grande multidão, Jesus sentia compaixão por todos aqueles que há tanto tempo ali estavam acompanhando-o sem ter o que comer. Se os deixasse ir em jejum poderiam desfalecer no caminho, porque alguns moravam longe.
Os discípulos, falam-lhe que não dispunham de alimentos. Como satisfazê-los de pão.
É quando Jesus faz a pergunta: quantos pães tendes?
Jesus não perguntou, de quantos pães necessitavam, mas, "quantos pães tendes? ", demonstrando a precaução em alertar para a necessidade de se apresentar algo como base para o auxílio que suplicamos.
Quando solicitamos amparo, socorro para alguém, pensemos primeiro na cooperação que podemos ofertar.
Invigilantes, quase sempre, fazemos rogativas e relacionamos diversas situações, onde poderíamos exercitar nossas próprias forças, no entanto, transferimos responsabilidades nossas para os Benfeitores Espirituais, esquecidos de que os trabalhadores da Espiritualidade , estão sempre se movimentando, ajudando, prontos para nos fortalecer tão logo ofereçamos nossas disposições firmes no Bem.
Quanto auxílio, quanto socorro poderiam ser prestados se fossemos mais atentos, despertos para essa realidade de que acontecerá ou não esse auxílio, dependente do campo mental aberto, receptivo.
Esta lição fala a Espíritos mais amadurecidos, que já conseguiram substituir o peditório pelo ofertório.
Quem se oferece em trabalho, em nome de Jesus, tem muito a fazer, qualquer que seja o meio em que lhe foi ofertado viver.
Quem se interessa pelo trabalho, se encanta com ele, e faz dele a oração em essência. É feliz com o que aprende e quer repartir, precisa mesmo distribuir.
"Quantos pães tendes?" pergunta Jesus.
"O ensinamento é precioso para a nossa experiência de oração", esclarece Emmanuel.
Oração pobre é a do acomodado que só quer receber, pedindo sempre carente, "alongando mãos vazias".
Oração rica é a daquele que busca em si recursos para ofertar, que quer ser grande para ser mais gente e que, desenvolvendo-se promove o meio em que está. Este oferece o que pode e vai ser sempre mais. Agradece muito e recebe em abundância, cento por um, segundo Jesus.
Em síntese, as respostas às nossas rogativas dependerão sempre de condições, embora mínimas, que ofereçamos. Em essência, não é o Senhor que precisa de nossas orações, mas cada qual que precisa aproveitar a essa oportunidade, através da qual, acima de tudo, nos fortalecemos na direção à renovação espiritual.
Assim, antes de orar - se erramos sob qualquer aspecto - retifiquemo-nos antes. Se ofendemos alguém, se nos desviamos do melhor caminho, se abrigamos a revolta ou qualquer outra posição de desequilíbrio, temos antes que tomar a iniciativa do reequilíbrio, uma vez que a súplica da ajuda, por não mais atender a convencionalismos e palavras bonitas, deve nascer nas condições íntimas de retorno ao Bem.

Idalina Magro / Maria Ap. Ferreira Lovo

MEDIUNIDADE - ESTUDO 9*

ESTUDO 9: Mediunidade e Animismo - O Espírito do médium se comunicando
Em nosso estudo de número 8 - O Papel do Médium nas Comunicações, percebemos que ao médium cabe o papel de "intérprete" do pensamento do Espírito. Se não compreender o alcance desse pensamento, não o poderá fazer com fidelidade. Se compreender o pensamento mas, por falta de simpatia ou outro motivo, não for passivo (isto é, se misturar suas idéias próprias com as do Espírito comunicante), deformará o pensamento comunicado, o que evidencia a grande participação do Espírito do médium na comunicação que ocorre.
O processo de comunicação dá-se somente através da identificação do Espírito com o médium, perispírito a perispírito, cujas propriedades de expansibilidade e sensibilidade, entre outras, permitem a captação do pensamento, das sensações e das emoções, que se transmitem de uma para outra mente através do veículo sutil.
O médium é sempre um instrumento passivo, cuja educação moral e psíquica lhe concede recursos hábeis para um intercâmbio correto. Porém, inúmeros impedimentos se apresentam durante o fenômeno, os quais, somente o exercício prolongado e bem dirigido consegue eliminar. Podemos citar as fixações mentais, os conflitos e os hábitos psicológicos do médium que vertem do inconsciente e, durante o transe, assumem com vigor os controles da faculdade mediúnica, dando origem às ocorrências anímicas.
O problema das interferências do médium na comunicação não passou despercebido a Kardec que, ao questionar os Espíritos orientadores da Codificação, deles obteve a confirmação do fato (O Livro dos Médiuns, Cap. XIX O Papel dos Médiuns nas Comunicações, Influência do Espírito do Médium item 223):
Item 223. 2 - As comunicações escritas ou verbais podem ser também do próprio Espírito do médium?
- A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outro. Se ela goza de um certo grau de liberdade, recobra, então suas qualidades de Espírito.
Item 223. 2a - Esta explicação não parece confirmar a opinião dos que acreditam que todas as comunicações são do Espírito do médium e não de outro Espírito?
- Eles só estão errados por entenderem que tudo é assim. Porque é certo que o Espírito do médium pode agir por si, mas isso não é razão para que outros Espíritos não possam agir, também, por seu intermédio.
Estudando esse capítulo, observamos que não foi dado nenhum caráter de anormalidade à manifestação do Espírito do próprio médium, chegando mesmo a afirmar que o conteúdo de certas comunicações produzidas por médiuns, sem o concurso dos Espíritos, pode ser superior ao de outras, obtidas com a participação deles, a depender do grau de evolução de uns e de outros. Nem sempre porém, o fato anímico revela qualidades adormecidas ou simples ocorrências do quotidiano da vida atual ou passada do médium. Muitas vezes, o que se projeta são o trauma, as manifestações fóbicas, além de outras expressões de desajuste que aguardam regularização.
Assim, no exercício mediúnico, o animismo se revela sob dois aspectos distintos:
1. O Espírito do médium se comunicando - animismo clássico pesquisado por Aksakof, Bozzano e outros;
2. Espírito do médium introduzindo suas ideias nas mensagens de que se faz instrumento.
Estudando o aspecto do Espírito do médium se comunicando - buscamos André Luiz, no livro Nos Domínios da Mediunidade (cap. 22 - Emersão do Passado) quando narra interessante fato ocorrido numa reunião mediúnica, em que uma sensitiva em transe sonambúlico, libera episódio traumático de outra encarnação, como se fosse uma autêntica comunicação mediúnica. Assistia a cena um Espírito desencarnado que funcionava como catalisador a liberar da memória da sensitiva, pelo mecanismo dos reflexos condicionados, os lances ali fixados desde o passado remoto .
O fato relatado reflete uma situação anímica marcada pelo desajuste psicológico, passível, no entanto, de uma solução futura após o esvaziamento daquelas aflições e o retorno à normalidade mediúnica. Com base nessa certeza, André Luiz enfatiza a necessidade de conduzir o atendimento com todo respeito e interesse, procedendo-se ao diálogo esclarecedor da mesma forma como se atendem os Espíritos sofredores nas reuniões de socorro espiritual.
Para se compreender corretamente o problema do animismo, relembremos o papel dos médiuns nas comunicações. Sabemos que ele é o intérprete da mensagem que chega. Ora, quem interpreta, vivencia, e não apenas repete, absorvendo em seu mundo íntimo a ideia, devolvendo-a com a vestimenta representada por seu estilo, vocabulário, emoções e acervo cultural.
É comum, no início da educação mediúnica, quando os médiuns ainda não estão familiarizados com o processo das comunicações, que eles façam o conflito sem saberem determinar corretamente a fronteira entre o pensamento próprio e o dos comunicantes. Nesse início é muito provável que preponderem os estados arquivados no inconsciente. É por isso que, acertadamente, afirma-se que para alcançar o estado mediúnico transita-se necessariamente pelo anímico.
Ao mesmo tempo em que exercita a faculdade, deve o médium educar-se moralmente, a fim de que os seus fatores de desajuste sejam superados antes que se convertam em viciações alienantes e caminhos de acesso para as obsessões.
Pessoas excessivamente mórbidas, afeitas a queixas, repetitivas e egoístas, quando na prática mediúnica apresentam tendência para o animismo, desajustes, porque seu comportamento já traduz esse estado anímico de tristeza e desencanto, decorrente do aflorar do passado nas experiências que ora vivenciam. Podemos citar outros fatores desencadeantes do animismo: encontros e desencontros que sensibilizem o médium, discussões e desentendimentos, festas sociais excitantes, jogos e entretenimentos similares, que atuam como fortes desequilibrantes emocionais. O cultivo de idéias desordenadas, as aspirações mal contidas, desequilibram, promovendo falsas informações. Os desbordos da imaginação geram impressões, produzem idéias que fazem supor procederem de intercâmbio mediúnico. Além desses, a inspiração de Entidades levianas coopera com eficiência para os exageros, as distonias.
Uma mudança salutar de hábitos e comprometimento com a caridade cristã podem desfazer certos condicionamentos renitentes e perturbadores.
Espera-se que os médiuns atuantes compreendam sem demora esse processo de transitar do anímico para o mediúnico, desemperrando as engrenagens medianímicas pelo exercício disciplinado e constante, desobstruindo os canais por onde fluem as ideias através do trabalho no Bem, absorção de conhecimentos e cultura, oração e meditação continuadas.
Compreende-se que é necessário ao médium um exame contínuo de seus problemas íntimos e acentuado zelo pelo estudo, a fim de discernir com acerto e segurança. Nem tudo que ocorre na esfera mental significa fenômeno mediúnico.
Recomenda o Espírito Joanna de Ângelis, no livro Celeiro de Bênçãos:
"Estuda e estuda-te.
Evita a frivolidade e arma-te de siso, no mister relevante da mediunidade.
Cada ser vincula-se a um programa redentor, graças às causas a que se imana pelo impositivo da reencarnação. Interferências espirituais sucedem, sim, mas, não amiúde como pretendem a leviandade e a insensatez dos que se comprazem em transferir responsabilidades.
Revisa opiniões, conotações, exames e resguarda-te na discrição.
Mediunidade é patrimônio inestimável, faculdade delicada pela qual ocorrem fenômenos sutis expressivos e vigorosos e só procedem do Alto quando em clima de alta responsabilidade.
Nesse sentido, não descuides das ocorrências provindas de interferências anímicas, dos desejos fortemente acalentados, das impressões indesejáveis e desconexas que ressumam, engendrando comunicações inexatas.
Acalma a mente e harmoniza o "mundo interior"
(Celeiro de Bênçãos, Cap. 6, Joanna de Ângelis/Divaldo P.Franco - LEAL)
Bibliografia
• Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Cap. XIX, q. 223, de 1 a 8, FEESP . 2ª ed. São Paulo, 1989
• Neves, J.; Azevedo, G.; Calazans, N.; Ferraz, J. - "Vivência Mediúnica - Projeto Manoel P. de Miranda", Cap. 1 - Fenômenos, Cap. 11- Do Anímico ao Mediúnico, LEAL. 1ª edição. Salvador/BA, 1994
• Neves, J.; Azevedo, G.; Calazans, N.; Ferraz, J. - "Qualidade na prática Mediúnica- Projeto Manoel P. de Miranda", 1ª Parte, Animismo, LEAL. 1ª edição. Salvador/BA, 2000
• Xavier, Francisco C. pelo Espírito André Luiz, Nos Domínios da Mediunidade. Cap. XXII Emersão do Passado, FEB, 14ª Ed. 1985

*Tereza Cristina D'Alessandro

A fé e seu poder

LEDA MARQUES BIGHETTI
de Ribeirão Preto, SP
Analisando a trajetória evolutiva identificamos o homem a caminhar dentro de horizontes e arrastando-os na seqüência existencial através das raízes em heranças. O que vai contribuir para que se liberte desses atavismos, será o conhecimento, permitindo este que cada um se analise, escolha e trace os caminhos da própria libertação.
Sob essa reflexões, teve o homem sempre a oportunidade de escolher caminhos?
Após a instalação do Cristianismo como religião oficial, com o predomínio da vida religiosa sobre as demais formas sociais, e, sobretudo, com a concentração do campo espiritual nos conventos e seminários, durante a Idade Média principalmente, o comum nas questões da fé, é a imposição dos pontos considerados de fundamental interesse ao pensamento humano e que devem ser aceitos como dogma de fé, incontestáveis, proibidos de serem discutidos, não se admitindo não só refutações como também simples trocas de idéias sobre os mesmos. A autoridade de quem dita o dogma é absoluta, infalível, definitiva e todo cristão deve acatá-la como expressão autêntica da verdade revelada.
Fé é chamada de virtude teologal, isto é, qualidade essencial para salvação e como tal deve-se aceitá-la, não importando o modo como se viva. Basta ter fé.
A vigência de tal estado, vem desaguar mais ou menos no século XVIII e se afirma em dois grandes movimentos: o materialismo, anterior ao Cristianismo, mas que se acentua por rejeitar a salvação pela fé. Na outra opção, firma-se a fé cega, que nada examina, tudo aceita, sectária, fanática e passiva.
Esse panorama no início do século XIX mescla-se ao lado das contestações nascentes, dos raciocínios que acirravam discussões em verdadeira oposição ao dogma. Lógica, razão, observação e experimentação vão caracterizar o pensamento da época. Questionam, buscam, refutam. Nesse clima, em face à tantas controvérsias, principalmente frente aos efeitos físicos que imperam, uma mente lúcida, personificada pelo professor Rivail procura a Verdade. Não o faz, nem dentro do materialismo, em nem na fé cega. Busca estudar através do campo científico. Aplica o método da experimentação: sem teorias pré concebidas observa, compara, deduz. Dos efeitos procura causas. Encadeia os fatos e só admite uma explicação como válida quando resolve ela todas as dificuldades de uma questão.
O conteúdo espírita, advindo dessa busca "(...) não pretende forçar convicção alguma, mas tão somente oferecer uma base racional de crença espiritual dos que não podem tê-la por não aceitarem as formas existentes (...)" 1
Tal afirmação é lógica, uma vez que a evolução vai fazendo com que as criaturas superem propostas ingênuas na procura de princípios mais claros na fé que esclarece satisfazendo a razão.
Como então, fé é entendida?
O vocábulo possui várias significações: pode ser entendido como crença, confiança, crédito, preceitos desta ou daquela religião ou fé pura, isto é, aquela que não diz respeito a nenhuma forma de crença ou seita em especial, mas que se traduz por segurança absoluta quanto ao que diz respeito à existência de um ser superior, Deus, sua justiça e misericórdia.
Seria esta a mais sublime como também a mais difícil de ser encontrada, pois se estabelece sob bagagem que fala de aprimoramento passado.
Ter fé nesse sentido, é ter convicções, certezas que ultrapassam o âmbito de uma sigla religiosa e que leva a que se vençam barreiras, porque não se sente sozinha, sabe por onde, porque e para onde caminha, repousada a sensibilidade em alegria íntima. Traduz certeza na Providência, confiança que leva a posicionar-se diante das lutas e conflitos com tranqüilidade e luz no coração.
Crer e ter fé, nesse caso, são a mesma coisa?
Não. Acreditar é expressão de crença, dentro da qual os legítimos valores da fé se encontram embrionários. O indivíduo admite sem exame, afirmações absurdas ou não, propostas estranhas ou dogmas. Age só pelo sentimento, no qual aceita sem verificação tanto o verdadeiro como o falso. Levada ao excesso, conduz ao fanatismo. No oposto, pode abolir o sentimento e só usar a razão. Encontrará fantasmas impiedosos que podem levar à negação, à obstinação e ao crime.
Na realidade, desenvolver fé, é alcançar a possibilidade de não mais dizer eu creio, mas afirmar eu sei, com todos os valores da razão e do sentimento.
Essa fé – eu sei – não caminha sozinha e ao exercer-se, desenvolve outros aspectos, considerados estes como virtudes uma vez que essa fé não existe sem a paciência, esperança, humildade, persistência, sem o entendimento racional, daquele que crendo, sabe.
Como efeito, teremos um homem desperto nos sentimentos nobres; torna-se empolgante; traduz certezas, exprime confiança na disposição sadia daquele que entendendo, confia, trabalha e aguarda.
Fé – razão e sentimento, tríade inseparável em que um vivifica o outro e a união dos três abre ao pensamento campo de certezas no qual a vida se harmoniza.
Quais os efeitos dessa forma de fé?
Diante dos perigos e turbulências, o homem assim convicto, age, faz a sua parte, permanece em equilíbrio e aguarda respostas atento para identificá-las, não no sentido do que quer que se realize, mas conforme a necessidade que atenderá. Torna-se robusto e forte nas atitudes. O conhecimento do mundo invisível, a confiança numa lei superior de Justiça e progresso, propiciam calma e segurança.
"(...) Efetivamente, que poderemos temer, quando sabemos que a vida é imortal e quando, após os cuidados e consumições da vida, além da noite sombria em que tudo parece afundar-se, vemos despontar a suave claridade dos dias infindáveis? (...)" 2
Para que tal estágio seja alcançado a base tem que ser sólida amparada no livre exame e liberdade de pensamento, na observação direta das leis naturais, reguladoras estas de todos os fenômenos. Este é o caráter da fé espírita: decorre do exame racional dos fatos em perfeita consonância com as leis que regem a Vida.
Como adquirir essa forma de fé?
Não é conquista que se estabelece de uma hora para outra. É ação individual no tempo, nas experiências vivenciadas em reflexões lógicas das causas, oração, meditação para discernir e acertar. Em gérmen, está presente em todos os seres; é inata a aguardar o esforço de cada um para crescer e fazer sentir sua ação.
No Espiritismo, é entendida como uma faculdade natural da alma. A semelhança do Amor, também contido em gérmen, cultivado à luz da razão, desenvolve-se da mesma forma que as outras faculdades. Naqueles em que já se apresenta espontânea, atestam sinais de progresso anterior, no qual já creram compreendendo, trazendo ao renascer a intuição do conhecido.
Os que sentem dificuldades, que estão na luta da busca, no conflito, na dualidade do passado detido na fé cega que não mais satisfaz e abrindo-se a um futuro ainda não claro, buscar, pesquisar, raciocinar, comparar, compreender para que a inteligência lhe aponte a lógica de uma proposta.
A fé que não se assentar sob essas bases, impõem-se sobre uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio.
Fé raciocinada se apóia em fatos, na lógica que não deixa dúvida. Leva o homem a melhoria íntima em certezas que o direcionam para agir livremente sem medo de castigos, sem promessas, trocas ou dependências na fé raciocinada que "(...) pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade (...)" 3
Qual passagem evangélica é um exemplo do poder da fé?
Um certo pai procura Jesus para que lhe cure o filho obsedado, já que os discípulos não haviam conseguido faze-lo. Jesus pergunta:
"(...) — Há quanto tempo isto lhe sucede?
Desde a infância; mas se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós, e ajuda-nos.
Ao que lhe respondeu Jesus:
— Se podes! Tudo é possível ao que crê.
E imediatamente o pai do menino exclamou (com lágrimas): — Eu creio, ajuda-me na minha falta de fé (...)" 4
O texto passa esperança ao mesmo tempo que ensina que no campo íntimo, no sentimento, na estrutura moral, impossível é termo sem significação, aceito apenas por aqueles que desconhecem a força dos que tendo fé, crêem porque sabem.
Quando a crença, a fé nos pareça pouca, insuficiente, titubeante, surge a exclamação do Pai: "— (...) Creio Senhor! Ajuda-me na minha pouca fé (...)" 4
Exterioriza-se ainda nessa passagem as características da fé verdadeira: o filho sofria desde a infância e não há desânimo; há persistência, humildade, pois leva primeiro aos discípulos e só depois procura Jesus; não perde a esperança, não desanima, não se entrega. Mantém a atitude de certeza na busca do bem para o outro, atitudes enfim, corajosas, que no seu todo davam-lhe forças para prosseguir buscando sem desequilíbrios ou descontrole.
"(...) A fé é o maior tesouro da alma (...)." 5 Sem ela nenhum sentimento generoso, caridade ou amor poderá habitar, crescer e florescer na alma humana, uma vez que não há a certeza que gera a esperança para alcançar. Analisando, o valente pai da parábola não sente dificuldade, procura, busca, entende, tem objetivos, desvincula-se de si, busca o melhor reflete, aceita, recomeça e encaminha-se para Deus.
"(...) Eu repito: a fé humana e divina, se todos os encarnados estivessem bem persuadidos da força que têm em si, se quisessem colocar sua vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o que, até o presente, chamou-se de prodígios, e que não é senão, o desenvolvimento das faculdades humanas (...)" 3
Conclui-se que sendo inata, aguarda pelo trabalho de cada um consigo, para que crescendo, clareie e fortaleça a alma como mensagem de Deus libertando as criaturas.
Bibliografia:
1. KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1968, 14. ed., primeiro diálogo, p. 10.
2. DENIS, Léon. Depois da Morte. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1983, 12. ed., Parte Quinta, XLIV, p. 260.
3. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Araras, SP: IDE, 34. ed., cap. XIX– 7, p. 247, 12 e 250.
4. BÍBLIA, Novo Testamento. Rio de Janeiro, RJ: Sociedade Bíblica do Brasil, 1973, in: Mc 9 : 21-24, p. 57.
5. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. Matão, SP: Casa Editora O Clarim, 1976, 10. ed., p. 260.

A Chave

JOSÉ ARGEMIRO DA SILVEIRA
De Ribeirão Preto, SP
“Jesus nada disse de absurdo para todo aquele que apreende o sentido alegórico e profundo de suas palavras; mas muitas coisas não podem ser compreendidas sem a chave que delas nos dá o Espiritismo”. (Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 8, item 17).
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 8, item 11, Allan Kardec transcreve a passagem em que Jesus fala sobre o escândalo (S. Mateus, cap. XVIII, v. de 6 a 11) “Ai do mundo por causa dos escândalos; porque é necessário que venham escândalos; mas ai do homem por quem o escândalo venha”. Parece uma contradição “(…) é necessário que venham escândalos, mas ai do homem por quem o escândalo venha”. Inicialmente a explicação sobre o que é considerado escândalo: “Diz-se de toda ação que choca com a moral ou a decência de um modo ostensivo. No sentido evangélico, a acepção da palavra escândalo, tão freqüentemente empregada, é sempre mais geral e, por isso, não se lhe compreende a acepção em certos casos. Não é mais somente o que ofende a consciência de outrem, é tudo o que resulta dos vícios e das imperfeições dos homens, toda reação má de indivíduo para indivíduo, com ou sem repercussão”.
É necessário que venham escândalos porque os seres humanos são pouco evoluídos. Sabem, ainda, pouco sobre as leis divinas, e praticam menos do que sabem. Conseqüentemente fazem muitas coisas em desacordo com as referidas leis. É preciso entender por estas palavras que o mal é uma conseqüência da imperfeição dos homens, e não que haja para eles obrigatoriedade de praticá-lo. Com outras palavras, o agir em desacordo com as leis divinas é uma conseqüência natural da imperfeição humana, no atual estágio evolutivo. Mas se ele não tentar, não experimentar, não exercitar o seu livre-arbítrio, não se desenvolve, não evolui. Escolhendo mal, sofre as conseqüências do mal praticado e aprende. Escolhendo bem, agindo corretamente, evolui mais depressa. Mas sempre evolui. Sem liberdade para fazer escolhas não há crescimento, não há responsabilidade. Se agir mal, pune a si mesmo pelo contato com seus vícios, dos quais é a primeira vítima, acabando por compreender seus inconvenientes. Quando estiver cansado de sofrer no mal, procurará o remédio no bem - esclarece o codificador.
Mas ai daquele por quem o escândalo venha, porque aquele que mesmo inconscientemente serviu de instrumento para a justiça divina, cujos maus instintos foram utilizados, não deixou de fazer o mal e deverá sofrer-lhe as conseqüências. Esta e várias outras passagens dos ensinos de Jesus só podem ser bem compreendidas à luz da Doutrina Espírita. Conforme bem disse Allan Kardec, “muitas coisas não podem ser compreendidas sem a chave que delas nos dá o Espiritismo. Qual é essa chave? – A reencarnação (pré e pós existência do Espírito), o livre-arbítrio, a lei do progresso, a lei de causa e efeito. Com esses ensinamentos, entendemos que o ser humano é, ainda, pouco evoluído e que, mesmo inconscientemente, age em desacordo com as leis divinas, porque não é um ser pronto, acabado. É um ser em evolução, a medida que for desenvolvendo as qualidades que foram nele colocadas por Deus, desde o início, vai compreendendo as leis divinas, e harmonizando seu proceder com essas leis vai deixando de errar, conseqüentemente vai deixando de sofrer as conseqüências dos erros.

A morte

Muitas vezes quando perdemos um ente querido, a vida perde o sentido...
Sentimos-nos derrotados, sem expectativas... Sem esperanças!
Em casos mais graves partimos para o consumo exagerado do álcool, nos entregamos às drogas e num ato mais extremo, tiramos a própria vida.
Quando agimos desta forma, que exemplo estamos dando ao nosso ente querido que partiu?
Que exemplo estamos dando aos nossos familiares que ficaram tão órfãos quanto nós?
Onde nosso Amor? Onde nossa Fé?
Onde nossa confiança em Deus?
Todos nós, indistintamente já passamos ou passaremos pelo momento de dor que é a perda de um ente querido.
Todos nós, vivenciaremos este fato, ora como mero expectador e por fim como participante ativo.
Todos nós, indistintamente faremos esta passagem!
Uns irão mais novos, na flor da juventude.
Outros, na velhice. Alguns, sem mais nem menos.
Outros através de acidentes ou problemas de saúde.
Que egoísmo o nosso querer manter um ser amado sofrendo com dores terríveis, jogado numa cama ou leito de hospital.
Mas, no momento, isto não importa!
O que importa realmente são os sentimentos que nutrimos pelo ser que partiu.
O que importa são os exemplos que ele nos deu em vida e que influenciaram de alguma forma em nossa caminhada.
Eu poderia falar mil coisas a respeito... Narrar fatos vividos...
E tenho certeza que sempre faltaria algo.
Deus, em sua bondade infinita, nos acolhe a todos e mesmo na separação demonstra o seu imenso amor.
A morte nada mais é do que a porta de entrada para um novo mundo.
A morte nada mais é do que a libertação de males e oportunidade bendita para novos recomeços.
Eu sei que nossos familiares e amigos foram muito importantes pra nós.
Eu sei que não iremos esquecê-los e que seus exemplos ficarão marcados.
E o principal... Um dia, temos certeza disto, Nosso Pai Celestial permitirá nosso reencontro na pátria maior.
Como é confortadora esta idéia!
E é assim que chegamos a suave conclusão: A morte não existe!
A perda não existe!
Tudo é vida na natureza!
Confiemos ao Pai nossas dores e saudades!
E aos nossos entes queridos a certeza de que não estarão sozinhos e nem serão esquecidos...
Pois nossos pensamentos e sentimentos estarão sempre ao seu lado nesta nova jornada!

Léia Conceição Aparecida Pantoni
Ribeirão Preto - SP

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A INVEJA NO ESPELHO

A INVEJA NO ESPELHO
LEILA BRANDÃO
“... Inveja e ciúme! Felizes aqueles que não conhecem esses dois vermes vorazes. Com a inveja e o ciúme não há calma, não há repouso possível...
O invejoso e o ciumento vivem em estado febril...
A inveja é o ciúme aliado à mediocridade...”
(Q.933 – L. dos Espíritos – Kardec)
Segundo o dicionário do Aurélio: a inveja é o desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outrem. Desejo violento de possuir o bem alheio. Definição muito próxima à de Descartes no seu livro “As paixões da Alma”: “A inveja é um desgosto ( mescla de tristeza e ódio) com o bem que se vê acontecer a outros.”
Mas, por que a felicidade de alguém poderia causar sofrimento em quem quer que seja? Não faz sentido sofrer-se com as conquistas alheias. Ao contrário, deveria ser um estimulo à esperança perceber que alguém foi capaz de conquistar um bem desejado por muitos... No entanto, faz sentido se entendermos que esse sentimento acontece na zona do inconsciente. O sentimento de insuficiência (eu não sei se mereço ou se sou capaz), que se desenvolve através da educação ética deficiente torna-se tão fortemente incorporado ao psiquismo do invejoso que ele sente a sua alma arder ao julgar-se incapaz de realizar os feitos de outrem. Assim, ameniza o seu “estado febril” projetando sobre o invejado o veneno produzido por esse tormento íntimo.
Diz Jung que a consciência é como uma rolha boiando em um oceano1.O oceano representa o inconsciente. O que pensamos que somos está muito distante do que realmente somos... Essa analogia é perfeita porque existe mesmo um oceano misterioso a ser explorado no íntimo de cada ser. Podemos comprovar isso frente aos desafios do cotidiano... Quantas e quantas vezes cada um de nós se surpreende com as próprias ações e se pergunta: - Por que agi assim? A inveja tem muitas máscaras! A inveja entre irmãos, entre marido e mulher, entre profissionais, mascaradas em zelo, prudência ou outro artifício qualquer. Essa frase “ falo isso porque quero o seu bem” nem sempre é bem assim...
Portanto, poderíamos acrescentar que a inveja é, entre tantas, uma das muitas dores transitórias (Kardec chamou, também, de “tortura da alma”) daqueles que ainda não tomaram consciência das próprias emoções.
Ela se apresenta como uma herança atávica nos seres humanos. Faz parte do seu mecanismo de defesa porque, ao construirmos um mundo competitivo, exacerbamos o instinto de sobrevivência, que é irracional e muitas vezes cruel. Sob o império dessa paixão, o ser não percebe o quanto pode agir insensatamente. Se conseguíssemos identificá-la e olhá-la sob a ótica do aprendizado, a inveja poderia até se tornar auto-estimulante, impulsionando o indivíduo às conquistas que valorize no outro. Encará-la frente a frente sob essa ótica faz com que compreendamos melhor as limitações que nos caracterizam. Fingir que não a possui é permanecer na ignorância de si mesmo.
No velho testamento está escrito que a inveja tem origem no orgulho. Mas o que é o orgulho senão a ignorância de si mesmo e do seu destino? Concordamos com os ensinamentos bíblicos e estamos certas de que um bom caminho seria desenvolver projetos que desmascarasse o orgulho e diminuísse o egoísmo, enfraquecendo, assim, as raízes de todos os males desse mundo.
O afastamento, ainda que inconsciente, do sentido verdadeiro da vida, tem trazido pesados ônus ao progresso individual.
“O reino de Deus está dentro de vós” asseverou o Mestre. Afirmativa inquietante, uma vez que nos remete ao oceano (Inconsciente) de Jung e nos leva a perguntar: Como navegar nesse oceano desconhecido, povoado de monstros e sombrios labirintos?
Como não se deixar afogar nas ondas desse mar bravio? Como conseguir sair dos abismos escuros e frios dos desafetos (os traumas sofridos)? Como olhar para o retrato que se vê no espelho de si mesmo e gostar do que se vê? Diz sabiamente Amélia Rodrigues que o caminho do Reino é uma longa subida2, sim, porque após descer à profundidade do próprio psiquismo, é preciso fazer o caminho de volta e trabalhar no “Ego” (Personalidade) as crises da mudança.
Qual brasileiro que ainda não ouviu falar do “olho gordo”, do uso da “figa”, do “galho de arruda”, da “espada de S. Jorge” para proteger-se do famoso “mau olhado” e até do “fechar os olhos dos mortos” para que não invejem a vida dos que ficaram vivos?
A sabedoria popular fala, de forma simbólica, dessa energia destruidora que consome o íntimo do invejoso e prejudica o invejado, que nem sempre se encontra atento às forças negativas da alma.
Precisamos urgentemente aprender a pensar, a valorizar a energia que estamos exteriorizando e recebendo! “Orai e Vigiai”.
Eis a advertência do Mestre Jesus mais atual que nunca!
1 Psicologia do Inconsciente – C. G. Jung
2 Primicias do Reino – Amélia Rodrigues (Psicografia Divaldo Franco)

Leia este artigo na íntegra no site www.cema.org.br

A BOA NOVA DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

(Uma análise de sua estrutura e intencionalidade)
O grupo de palestrantes da USE-Ribeirão Preto termina, neste mês, o programa de estudo sistematizado da estrutura e organização de conteúdos d’O Evangelho segundo o Espiritismo em busca da intenção e motivações que estimularam Kardec e a Falange do Espírito da Verdade a escrevê-lo.
Surpreendentemente, para muitos de então, Kardec e os Espíritos da Codificação adotaram explicitamente, n’O Evangelho segundo o Espiritismo, uma moral já estabelecida e milenar – o Cristianismo – em um momento em que a Doutrina Espírita ainda estava em fase de consolidação de suas próprias bases doutrinárias.
Por isso, este livro é um divisor de águas no movimento espírita nascente, provocando dissensões e críticas a Kardec, considerado místico e precipitado por vários companheiros.
O título O Evangelho segundo o Espiritismo é uma referência ao Cristianismo Primitivo, quando surgiram os Evangelhos segundo a tradição atribuída a apóstolos ou discípulos eminentes. Segundo o Espiritismo estabelece que este livro não é conseqüência de um ensino particular, mas de uma coletividade (os espíritos manifestantes através da mediunidade).
Para explicar como o livro pode afirmar-se possuidor da opinião de uma coletividade, Kardec descreve, na Introdução, o método de investigação espírita, correlacionando, inclusive, a AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPIRITA com o respeito ao princípio científico de CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINO DOS ESPÍRITOS.
Ao apresentar o Espiritismo, nítido movimento da espiritualidade no mundo ocidental, (como herdeiro do Cristianismo originado dos ensinos de um mestre oriental – Jesus), Kardec estabelece previamente os vínculos destas duas doutrinas com os primórdios da cultura greco-romana (fonte hegemônica de todas as culturas européias), demonstrando as coincidências doutrinárias entre Espiritismo, Cristianismo e os ensinos de dois filósofos fundamentais do mundo ocidental: SÓCRATES E PLATÃO, PRECURSORES DA DOUTRINA CRISTÃ E DO ESPIRITISMO.
O livro inicia-se com uma proposição corajosa: o Espiritismo é o consolador prometido por Jesus e está relacionada à doutrina do Cristo, assim como esta esteve em relação ao Judaísmo – veio cumprir suas promessas, dar-lhe seguimento e (o ponto mais polêmico) desenvolver seus princípios e idéias. NÃO VEIO DESTRUIR A LEI, mas responder a um desafio essencial da modernidade: aliar ciência e religião.
Nos três capítulos seguintes, demonstrando o quanto o Espiritismo é cristão, são destacadas passagens dos Evangelhos que ratificam três princípios básicos da Doutrina Espírita vistos como “corpos estranhos” pelo movimento cristão atual:
1) A eternidade ou sobrevivência do Espírito em MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO;
2) A pluralidade e diversidade dos mundos habitados e da erraticidadeem HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI; 3) A pluralidade das existências ou reencarnações sucessivas em NINGUÉM PODE VER O REINO DE DEUS, SE NÃO NASCER DE NOVO.
Após a exposição destas premissas básicas, Kardec e a Falange de espíritos comunicantes utilizam o Sermão da Montanha como ponto de partida para um diagnóstico franco do estado moral atual da Terra. No capítulo mais longo do livro, detalham a natureza deste mundo de provas e expiações, identificam as causas imediatas e as transcendentes dos sofrimentos; trazendo alento aos que experimentam ideações suicidas, loucura ou a melancolia – crises existenciais da contemporaneidade. Mas lembram, também, que só serão AFLITOS BEM-AVENTURADOS aqueles que souberem sofrer com resignação, para, em seguida, dar-se voz ao CRISTO CONSOLADOR, personificado na figura espiritual do Espírito da Verdade, que assina todas as mensagens daquele que é o mais importante capítulo do livro no aspecto autoral. Com uma postura cativante de intimidade e compaixão, o Espírito da Verdade diz aos “pobres deserdados” que “chorem, porque a dor estava presente no Jardim das Oliveiras”, mas “que elevem sua resignação ao nível de suas provas”, mostrando aos necessitados e aflitos que o jugo pedido por Jesus é leve.
Retomando o Sermão da Montanha, é proposto um programa de desenvolvimento das faculdades morais do Ser com destino à perfeição e à felicidade, cuja seqüência de capítulos sugere a ordem progressiva de virtudes - das mais básicas às mais complexas: HUMILDADE; PUREZA DE CORAÇÃO, como conduta de tolerância e simplicidade (conseqüências naturais da humildade) que curarão o Espírito das suscetibilidades à mágoa, ao rancor e à maledicência; MANSUETUDE E PACIFICIDADE – a afabilidade, a doçura e a paciência; MISERICÓRDIA – a indulgência, a busca ativa da reconciliação com o inimigo como o sacrifício mais agradável a Deus. Para chegar, por fim, à CARIDADE, como exercício pleno do amor e das demais virtudes, descrita como experiência individual (AMAR AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO); radical ou limítrofe (AMAR OS VOSSOS INIMIGOS); familiar (HONRA A TEU PAI E A TUA MÃE); social (beneficência, piedade, promoção social e cultural, ascendência dos princípios morais sobre os princípios econômicos nos capítulos QUE A MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE FAZ A DIREITA e SERVIR A DEUS E A MAMON); salvacionista e igualitário perante Deus (FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO).
Encerrando a proposta de auto-educação, Kardec e a Falange da Verdade convidam o leitor à perfeição (SEDE PERFEITOS (!)), como uma meta viável e próxima, estabelecendo as características do homem de bem, pormenorizando o comportamento dos bons espíritas; e reconciliando a busca da perfeição com uma atitude alegre e sociável do homem no mundo.
Após a explanação deste projeto para a felicidade, as dificuldades são explicitadas:
A) dificuldades pessoais dentro do contexto terreno, falando de nós como TRABALHADORES DE ÚLTIMA HORA – sendo urgente a tomada de postura devido às mudanças pelas quais o planeta passa, reconhecendo A porta estreita que teremos que atravessar por estarmos ainda em um mundo de provas e expiações – o que exige perseverança e faz com que serão MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS;
B) dificuldades sociais, onde FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS, incluindo espíritos fascinadores, poderão confundir nossa vontade, sendo necessário o exercício da crítica e do discernimento, mas também da compreensão perante as dificuldades afetivas no mundo, para NÃO SEPARAR(mos) O QUE DEUS JUNTOU, respeitando a felicidade do próximo e suas escolhas:
C) dificuldades pessoais e sociaisdiante da doutrina revolucionária e dialética (complexa em sua simplicidade) de Jesus, que exige de nós um salto qualitativo de consciência para entendermos a essência de ensinamentos que nos soem como MORAL ESTRANHA.
Em meio a esta muralha de obstáculos, os autores não se esquecem de nossas potencialidades: somos possuidores de uma FÉ (humana ou divina) QUE TRANSPORTA MONTANHAS; a fé – mãe da caridade.
Em NÃO POR A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE, o leitor é lembrado que, apesar das dificuldades, será bem-aventurado aquele que carregar sua cruz sem esmorecer, cumprindo sua missão simultaneamente.
Nos capítulos finais, procura-se livrar o homem de toda dependência anteriormente estabelecida quanto à ligação com Deus, mostrando que este Pai Amoroso não exige intermediação para atender aos nossos pedidos. BUSCAI E ACHAREIS mostra a providência divina para com nossas necessidades, pedindo para que “não nos cansemos pelo ouro” e salientando que a prática do bem e o esforço pessoal pela sublimação também são formas de prece. DAÍ DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBER é um manifesto espírita em defesa do exercício gratuito da mediunidade. PEDI E OBTEREIS fala da prece como algo simples, uma sintonia de amor em pensamento, uma experiência mística para todos. Orar em espírito.
O livro termina em prece e oração por todos que necessitam e sofrem: COLETÂNEA DE PRECES ESPÍRITAS.
Gustavo Marcelo R. Daré
gmadea@ig.com.br

Abril de 2006, edição n°. 243
Jornal Eletrônico Verdade e Luz
USE de Ribeirão Preto
Intermunicipal de Ribeirão Preto - Caixa Postal, 827 - 14001-970 - Ribeirão Preto, SP

14 - RESUMO NO MUNDO MAIOR

RESUMO DO CAPÍTULO 13: PSICOSE AFETIVA

1 – CENÁRIO ENCONTRADO: (180)
• ATENDIMENTO À INFORTUNADA IRMÃ QUASE SUICIDA.
• RESIDÊNCIA CONFORTÁVEL, MODESTA, COM A PRESENÇA DE VÁRIAS ENTIDADES INFELIZES.
• JOVEM MULHER EM CONVULSIVO PRANTO, DOMINADA POR DESESPERO INCOERCÍVEL.
• A MENTE ACUSAVA EXTREMO DESEQUILÍBRIO, QUE SE ESTENDIA A TODOS OS CENTROS VITAIS DO CAMPO FISIOLÓGICO.
• COMENTÁRIO DE CALDERARO: NÃO LHE FALTARÁ A DIVINA BONDADE. TUDO PREPAROU DE MODO A FUGIR PELO SUICÍDIO ESTA NOITE; ENTRETANTO, AS FORÇAS DIVINAS NOS AUXILIARÃO A INTERVIR...

2 – ESCLARECIMENTOS DE CALDERARO SOBRE ANTONINA: (180/181/182)
• ABNEGADA COMPANHEIRA DE LUTA.
• ÓRFÃ DE PAI, DESDE MUITO CEDO, INICIOU-SE NO TRABALHO REMUNERADO AOS OITO ANOS, PARA SUSTENTAR A GENITORA E A IRMÃZINHA.
• PASSOU A INFÂNCIA E A PRIMEIRA JUVENTUDE EM SACRIFÍCIOS ENORMES, IGNORANDO AS ALEGRIAS DA FASE RISONHA DE MENINA E MOÇA.
• AOS VINTE ANOS PERDEU A MÃEZINHA, ENTÃO ARREBATADA PELA MORTE, SENDO OBRIGADA A SACRIFICAR-SE PELA IRMÃ EM VÉSPERAS DE CASAMENTO.
• VERIFICOU QUE O ESPOSO DA IRMÃZINHA SE CARACTERIZAVA POR NEFANDA VICIOSIDADE. PERDIDO NOS PRAZERES INFERIORES ENTREGAVA-SE AO HÁBITO DA EMBRIAGUEZ, DIARIAMENTE, RETORNANDO AO LAR, EM HORA TARDIA, A DISTRIBUIR PANCADAS, A VOMITAR INSULTOS.
• SENSIBILIZADA ANTE O DESTINO DA IRMÃ, ANTONINA PERMANECEU EM CASA, A SERVIÇO DA RENÚNCIA SILENCIOSA, ALIVIANDO-LHE OS PESARES E AUXILIANDO-A A CRIAR OS SOBRINHOS E A ASSISTI-LOS.
• APÓS ANOS, ANTONINA CONHECEU CERTO RAPAZ NECESSITADO DE ARRIMO, A SUSTENTAR PESADO ESFORÇO POR MANTER-SE NOS ESTUDOS. IDENTIFICAVAM-SE PELA IDADE E PELA COMUNHÃO DE IDÉIAS E DE SENTIMENTOS. DEVOTADA E NOBRE, CORRESPONDEU-LHE À SIMPATIA, CONVERTENDO-SE EM ABNEGADA IRMÃ DO JOVEM.
• IDEALIZAVA TAMBÉM OBTER, UM DIA, A COROA DA MATERNIDADE, NUM LAR SINGELO E POBRE, MAS SUFICIENTE PARA CABER A FELICIDADE DE DOIS CORAÇÕES PARA SEMPRE UNIDOS DIANTE DE DEUS.
• GUSTAVO, O RAPAZ QUE SE VALEU DE SUA AMOROSA COLABORAÇÃO DURANTE SETE ANOS CONSECUTIVOS, APÓS A JORNADA UNIVERSITÁRIA, SENTIU-SE DEMASIADO IMPORTANTE PARA LIGAR SEU DESTINO AO DA MODESTA MOÇA.
• INDEPENDENTE E TITULADO, AGORA, PASSOU A NOTAR QUE ANTONINA NÃO ERA, FISICAMENTE, A COMPANHEIRA QUE SEUS PROPÓSITOS RECLAMAVAM. EXIBINDO UM DIPLOMA DE MÉDICO E SENTINDO URGENTE NECESSIDADE DE CONSTITUIR UM LAR, COM GRANDIOSO PROGRAMA NA VIDA SOCIAL, DESPOSOU JOVEM POSSUIDORA DE VULTOSA FORTUNA, MENOSPREZANDO O CORAÇÃO LEAL QUE O AJUDARA NOS INSTANTES INCERTOS.
• GUSTAVO, COM PRESUNÇÃO REPULSIVA, TRANSMITIU-LHE A NOVIDADE ASPERAMENTE: NECESSITAVA POR EM ORDEM OS NEGÓCIOS MATERIAIS QUE LHE DIZIAM RESPEITO, E, POR ISTO, ESCOLHERA MELHOR PARTIDO.
• ANTONINA TUDO OUVIU DEBULHADA EM LÁGRIMAS, SEM REAÇÃO, E TORNOU À RESIDÊNCIA, ONTEM, MINADA PELO ANSEIO DE MORRER, FOSSE COMO FOSSE. SENTIA AS ESPERANÇAS SE LHE ESVANECEREM, ESFACELADAS PELO GOLPE INOPINADO. CONSEGUIU CERTA DOSE DE SUBSTÂNCIA MORTÍFERA, QUE PRETENDE INGERIR AINDA HOJE.

3 – RESULTADO DO EXAME DE ANDRÉ LUIZ EM ANTONINA: (182)
• DA CÂMARA CEREBRAL PARTIAM RAIOS PURPÚREOS, QUE INVADIAM O TÓRAX E ENVOLVIAM PARTICULARMENTE O CORAÇÃO. TORTURANTES PENSAMENTOS BARALHAVAM-LHE A MENTE.
• REGISTRANDO-LHE OS SECRETOS APELOS, COMPUNGIA OUVIR-LHE OS GRITOS DE DESESPERO E AS SÚPLICAS ARDENTES.

4 – APELOS E SÚPLICAS DE ANTONINA: (182/183)
• SERIA CRIME – PENSAVA – AMAR ALGUÉM COM TAL EXCESSO DE TERNURA? ONDE JAZIA A JUSTIÇA DE CÉU, QUE NÃO LHE PREMIAVA OS SACRIFÍCIOS DE MULHER DEDICADA À PAZ DOMÉSTICA?
• ANELAVA A TRANQÜILIDADE DO MATRIMÔNIO DIGNO, COM A EXPECTATIVA DE RECEBER ALGUNS FILHINHOS, CONCEDIDOS PELA BONDADE INFINITA DE DEUS! SERIA CONDENÁVEL SONHAR COM A EDIFICAÇÃO DE MODESTO LAR?
• NÃO TRABALHARA SEMPRE PELA FELICIDADE DOS OUTROS?
• POR QUE DESCONHECIDAS RAZÕES A RELEGARA GUSTAVO AO ABANDONO?
• OS CALOS DAS MÃOS E OS SINAIS DO ROSTO NÃO LHE ROBORAVAM A DEDICAÇÃO AO SERVIÇO HONESTO?
• TERIA VALIDO A PENA SOFRER TANTOS ANOS, PERSEGUINDO UMA REALIZAÇÃO QUE SE LHE AFIGURAVA, AGORA, IMPOSSÍVEL?
• NÃO PRETENDIA DEMORAR-SE NUM MUNDO ONDE O VÍCIO TRIUNFAVA TÃO FACILMENTE, ESPEZINHANDO A VIRTUDE!
• PREFERIA MORRER, ENFRENTAR O DESCONHECIDO... SENTIA-SE DESAJUSTADA, SEM RUMO, QUASE LOUCA.
• NÃO SERIA RAZOÁVEL BUSCAR AS TREVAS DO SEPULCRO DO QUE APODRECER NUM CATRE DE HOSPÍCIO?

5 – REENCONTRO DE ANTONINA, DESDOBRADA PELO SONO INDUZIDO POR CALDERARO, COM DUAS ENTIDADES AUREOLADAS DE INTENSA LUZ: (184)
• MARIANA, QUE FORA DEDICADA GENITORA DE ANTONINA, E MÁRCIO, ILUMINADO ESPÍRITO LIGADO A ELA, DESDE SÉCULOS REMOTOS.
• MARIANA INCLINOU-SE SOBRE A FILHA E CHAMOU-A DOCEMENTE, COMO O FAZIA NA TERRA. ANTONINA ERGUEU-SE, EM SEU ORGANISMO PERISPIRÍTICO, ENCANTADA, FELIZ... : - MAMÃE! MAMÃE! – GRITOU.
• - MÃEZINHA, AJUDE-ME! NÃO QUERO MAIS VIVER NA TERRA! NÃO ME DEIXE VOLTAR AO CORPO PESADO... TUDO ME É ADVERSO... ARREBATE-ME DAQUI PARA SEMPRE!
• A NOBRE MATRONA CONTEMPLAVA-A, TRISTE, QUANDO MÁRCIO SE APROXIMOU, FAZENDO-SE VISTO PELA ESTIMADA ENFERMA.

6 – COLOCAÇÕES DE MÁRCIO PARA ANTONINA: (185/186/187)
• ANTONINA, PORQUE ESSE DESÂNIMO, QUANDO A LUTA REDENTORA APENAS RECOMEÇA? OLVIDASTE, ACASO, QUE NÃO SOMOS ÓRFÃOS?
• ACIMA DE TODOS OS OBSTÁCULOS PAIRA A INFINITA BONDADE. RECUSAS A “PORTA ESTREITA”, QUE NOS PROPORCIONARÁ O VENTUROSO ACESSO AO REENCONTRO?
• VALE-TE DAS HORAS PARA RECONDUZIR TUAS ASPIRAÇÕES A ESFERAS SUPERIORES. QUE MOTIVOS TE SUGEREM ESSE CRIME, QUE É O PROVOCAR A MORTE? QUE RAZÕES TE CONDUZEM OS PASSOS NA DIREÇÃO DO PRECIPÍCIO TENEBROSO?
• TUA MÃE E EU SENTIMOS, DE LONGE, O PERIGO, E AQUI ESTAMOS PARA AJUDAR-TE... COMO ABRISTE ASSIM O CORAÇÃO AOS MONSTROS DO DESESPERO?
• JAMAIS FOSTE ESQUECIDA. IGNORAS, QUERIDA, A FELICIDADE DO SACRIFÍCIO, RENEGAS A POSSIBILIDADE DE AMAR? NÃO PERMITAS QUE A SOMBRA DE ALGUMAS HORAS TE EMPANE A LUZ DOS SÉCULOS PORVINDOUROS.
• É POSSÍVEL QUE TE SINTAS TÃO LAMENTAVELMENTE SÓ, QUANDO O SUPREMO SENHOR TE CONCEDEU O SUBLIME LAR NO MUNDO INTEIRO? A HUMANIDADE É NOSSA FAMÍLIA, OS FILHINHOS DA DOR NOS PERTENCEM.
• É DA VONTADE DO SUPERIOR QUE RECEBAS, POR ENQUANTO, AS VANTAGENS QUE PODEM SER ENCONTRADAS NA SOLIDÃO. EXISTÊNCIAS SE VERIFICAM APARENTEMENTE ISOLADAS E DESDITOSAS, NAS CULMINÂNCIAS DA MEDITAÇÃO E DA RENÚNCIA, A CUJA LUZ NOS PREPARAMOS PARA NOVAS JORNADAS SANTIFICADORAS.
• NÃO SUPONHAS QUE A FATAL PASSAGEM DO SEPULCRO NOS ABRA PORTAS À LIBERDADE: SEGUE-NOS A LEI, A TODA PARTE.
• PORQUE TAMANHO EXCLUSIVISMO PARA OS REBENTOS CONSANGÜÍNEOS? NÃO ENXERGASTE, ATÉ HOJE, AS CRIANÇAS ABANDONADAS, NUNCA VISTE OS FILHINHOS DA MISÉRIA E DA PRIVAÇÃO?
• SE NÃO PODES SER MÃE DE FLORES DA PRÓPRIA CARNE, POR QUE MOTIVO NÃO TE FAZES TUTORA ESPIRITUAL DOS PEQUENOS NECESSITADOS E SOFREDORES? ACREDITAS QUE POSSAMOS SER ABSOLUTAMENTE FELIZES, ESCUTANDO GEMIDOS À NOSSA PORTA? HAVERÁ PERFEITA ALEGRIA NUM CORAÇÃO QUE PULSA AO LADO DE UM CORO DE LÁGRIMAS?

7 – CONTINUAÇÃO DAS COLOCAÇÕES DE MÁRCIO: (187/188)
• É VERDADEIRA INFELICIDADE ACREDITAR-SE ALGUÉM FAVORITO DOS CÉUS, COMO SE O PAI NÃO PASSASSE DE FRÁGIL E PARCIAL DITADOR! PESAM-NOS INALIENÁVEIS DEVERES DE TRABALHO, EXERCITANDO OS PRECIOSOS RECURSOS QUE NOS CONCEDEU, A FIM DE ALCANÇARMOS, UM DIA, A PERFEIÇÃO DA SABEDORIA E DO AMOR.
• AS INQUIETAÇÕES DO SEXO TOMARAM VULTO NA INTIMIDADE DO TEU SANTUÁRIO E PADECES LONGO ASSÉDIO DE TRIBULAÇÕES. DAR-SE-Á QUE PRESUMAS NO SEXO A FONTE EXCLUSIVA DO AMOR? O AMOR É SOL DIVINO A IRRADIAR-SE ATRAVÉS DE TODAS AS MAGNIFICÊNCIAS DA ALMA.
• POR VEZES, SOMOS PRIVADOS DE SENSAÇÕES QUE ANSIÁRAMOS INIBIDOS DE USAR ENERGIAS CRIADORAS DAS FORMAS FÍSICAS, A FIM DE BUSCARMOS PATRIMÔNIOS MAIS ALTOS DO SER.
• O QUE TORTURA A MENTE EM TAIS OCASIÕES É O CLIMA DO CÁRCERE ORGANIZADO POR NÓS MESMOS. NÃO SABEMOS PERDER ALGUNS DIAS, PARA GANHAR NA ETERNIDADE, NEM CEDER VALORES TRANSITÓRIOS, PARA CONQUISTAR OS DONS DEFINITIVOS DA VIDA.
• SE O AMAS DE VERDADE, PORQUE TORTURÁ-LO COM O SARCASMO DO SUICÍDIO, AO INVÉS DE COBRAR FORÇAS PARA ESPERÁ-LO, AO FIM DO DIA DA EXISTÊNCIA MORTAL?
• COMO CHEGASTE A SENTIR TÃO CLAMOROSO DESAMPARO, SE TAMBÉM TE AGUARDAMOS ÁVIDOS AQUI DE TUA AFEIÇÃO E DE TEU CARINHO?
• POR QUE RAZÃO ESPERAR OS REBENTOS DA CARNE PARA EXEMPLIFICAR O VERDADEIRO AMOR?
• PROMETES MODIFICAR AS DISPOSIÇÕES MENTAIS DORAVANTE? A MULHER DIGNA E GENEROSA, EXCELSA E CRISTÃ, OLVIDA O MAL E AMA SEMPRE...: - COMPROMETO-ME A MODIFICAR MINHA ATITUDE, EM NOME DE DEUS.

8 – ÚLTIMAS PROVIDÊNCIAS DE CALDERARO: (190/191)
• INCUMBIU-SE CALDERARO DE AUXILIÁ-LA A RETORNAR O VEÍCULO PESADO NAS PRIMEIRAS HORAS DA MANHÃ CLARA.
• NESTA OCASIÃO, CERCOU-LHE O CÉREBRO DE EMANAÇÕES FLUÍDICAS ANESTESIANTES, PARA QUE LHE NÃO FOSSE PERMITIDO O JÚBILO DE RECORDAR, EM TODAS AS SUAS PARTICULARIDADES, A EXPERIÊNCIA DA NOITE.
• SE GUARDASSE A LEMBRANÇA INTEGRAL, PROVAVELMENTE ENLOUQUECERIA DE VENTURA. APESAR DISSO, AS ALEGRIAS POR ELA INTENSAMENTE VIVIDAS SERIAM ARQUIVADAS EM SEU ORGANISMO SOB A FORMA DE FORÇAS NOVAS, ESTÍMULOS DESCONHECIDOS, CORAGEM E SATISFAÇÃO DE PROCEDÊNCIA IGNORADA.
• DESPERTADA POR UM DOS SOBRINHOS, ANTONINA SENTIA-SE INEXPLICAVELMENTE REANIMADA, QUASE FELIZ.
• PENSAMENTOS DE ANTONINA FACE AO ACONTECIDO: - QUE IMPORTA INSIGNIFICANTE MALOGRO DO CORAÇÃO DIANTE DOS TRABALHOS SUBLIMES QUE PODERIA EXECUTAR NA SUA POSIÇÃO DE MULHER SADIA E JOVEM? OS FILHINHOS DA IRMÃ NÃO LHE PERTENCIAM IGUALMENTE? NÃO SERIA MAIS NOBRE VIVER PARA SER ÚTIL?

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70- O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO VII; BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: ITEM 13
MISSÃO DO HOMEM INTELIGENTE NA TERRA
O autor dessa mensagem assinou Fernando, Espírito protetor e ela foi psicografada em Bordeaux, em 1862.
O princípio espiritual, imortal, criado simples e ignorante, com um imenso potencial de qualificações, tem de fazer sua evolução intelectual e moral, em mundos materiais, em um longo período, nos reinos chamados inferiores, guiados pelo determinismo divino de desenvolver-se sempre.
Quando nada mais tem a desenvolver no reino animal, torna-se um Espírito, que vai pouco a pouco, tomando consciência de si mesmo, de suas possibilidades, nas lutas pela sobrevivência.
Assim, sua inteligência vai se desenvolvendo, gradativamente, através das experiências do viver.
Evidentemente, que esse desenvolvimento se faz para que o homem evolua, aperfeiçoando-se e sendo feliz.
Todavia, como tal não aconteceu para a humanidade, como um todo, até hoje, visto que com todo o desenvolvimento espiritual, o sofrimento faz parte da vida dessa humanidade, que não conseguiu ser feliz, essa mensagem é muito atual e é dirigida, pelo seu autor ao homem inteligente da Terra.
Inicia, conclamando-o a não orgulhar-se do que sabe, considerando que o desenvolvimento da inteligência trouxe-lhe um imenso conhecimento sobre as leis que regem tanto o mundo físico como o mundo espiritual, mas ainda, conhecimento limitado pela própria condição de imperfeição pessoal e do mundo no qual vive.
E é essa própria inteligência que lhe mostra o quanto ainda não sabe em relação a ele próprio, à Terra e ao Universo.
Não deve, pois, o homem inteligente orgulhar-se do que já sabe, porque há muito mais coisas desconhecidas do que conhecidas; e esse orgulho que o faz sentir-se superior aos demais, sendo estimulado constantemente, o tem levado a entrar por atalhos, que retardam seu processo evolutivo, pelos erros e omissões, trazendo-lhe existências de grandes e atrozes sofrimentos.
A inteligência é um dom de Deus, inerente ao Espírito, desde sua criação. O fato de ser desenvolvido por ele, na sua trajetória evolutiva, não é motivo de orgulho, visto que todos os homens a estão desenvolvendo, e todos eles têm a possibilidade de continuar desenvolvendo-a, através das reencarnações.
Se nada do que se tem, ou se possui, deve ser motivo de orgulho, ser mais inteligente ou ter mais conhecimentos ou habilidades também não deve propiciar orgulho, pois a inteligência é patrimônio de todos.
Aquele que se apresenta com menos inteligência, em uma existência, pode estar em uma prova expiatória, para aprender, nas dificuldades desse viver, humildade, simplicidade e discernimento, sentindo o sofrimento que causou a outros com sua capacidade intelectual sem a moral, e retornar, numa nova, inteligente como antes, mas, mais moralizado, direcionado-a para o benefício de outros.
Pode também não tê-la bem desenvolvida, por ser um Espírito mais novo, com menos tempo de vivência na raça humana. Isso não é desdouro, pois, todos passam por isso e sempre há os que sabem mais, os mais experientes, com os quais os mais novos podem e devem aprender.
Deve sim, levar o homem inteligente a reflexões, como: - Se Deus me fez nascer ou me deu condições de viver em um meio que favoreceu meu desenvolvimento intelectual, o que Ele espera de mim? O que Ele quer que eu faça?
O Espírito Protetor Fernando responde a essas perguntas, em sua mensagem: “... é uma missão que Ele vos dá, pondo em vossas mãos o instrumento com o qual podeis desenvolver, ao vosso redor, as inteligências retardatárias e conduzi-las a Deus.”
Afirma o autor que a natureza do instrumento indica sempre o uso que dele se deve fazer. Faz uma belíssima comparação com a enxada do jardineiro, que serve para cavar, mas que ele pode usar para atacar seu patrão ou alguém, contrariando a finalidade do instrumento.
Assim também, o homem inteligente age contrariando a finalidade da inteligência, que é construtora, reformadora, criadora, dada por Deus a seus filhos para ser usada no seu aperfeiçoamento, e no aperfeiçoamento dos que lhe estão ao seu redor, quando é usada para destruir, provocar sofrimentos nos outros e em si mesmo.
O mundo já estaria muito melhor se a inteligência humana já estivesse aliada à moralidade - o que acontecerá, por ser um determinismo divino - se ela fosse usada sempre no bem e não no mal, para construir e não para destruir, para exaltar e não para humilhar.

Leda de Almeida Rezende Ebner

5 - O CÉU E O INFERNO

Século Vinte e Um: construindo a tolerância...
“14. - (...) A unificação feita relativamente à sorte futura das almas será o primeiro passo de contato dos diversos cultos, um passo imenso para a tolerância religiosa em primeiro lugar e, mais tarde, para a completa fusão.”

Mencionávamos no artigo passado sobre a variedade das expressões da verdade, propostas pelo pensamento do homem, adequadas às visões de mundo e de si mesmo que ele já logrou atingir. À primeira vista essa observação pode parecer incoerente com a afirmação de Kardec acima, acerca da tolerância religiosa. Pois, se a verdade é relativa ao grau de amadurecimento do senso moral, então, como ficamos em relação às diferentes interpretações sobre o que comumente chamamos verdade? Nesse presente artigo, vamos, pois, explorar um pouco mais essa questão, i.e., tratemos da verdade. segundo as idéias que podemos colher na doutrina espírita. Antes, porém, façamos uma incursão sobre os significados que pode assumir a palavra verdade.
Três concepções da verdade [1]
Quando escutamos alguém mencionar a palavra verdade não nos ocorre que ela possa ter vários significados conforme o contexto. Em português a palavra verdade possui algumas variações quanto à significação, mas podemos agrupá-las em três grandes grupos.
Nossa idéia da verdade foi construída a partir de três concepções vindas do grego, do latim e do hebraico.
Aletheia, do grego, quer dizer não-oculto, não dissimulado. Verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito; a verdade é a manifestação daquilo que é ou existe tal como é. O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível para a razão. As coisas, os fatos ou são reais ou imaginários. Surge aqui a dimensão das nossas experiências objetivas.
Veritas, do latim, refere-se á precisão, à exatidão de um relato, no qual se diz com detalhes e fidelidade o que aconteceu. O enunciado corresponde aos fatos acontecidos. Os relatos e enunciados sobre as coisas e os fatos são verdadeiros ou falsos. Trata-se aqui da coerência lógica das idéias e das cadeias de idéias que formam um raciocínio. A marca do verdadeiro é a validade lógica de seus argumentos. Surge, então, a dimensão do pensamento, uma vez que a linguagem é sempre a expressão do pensamento para o Espírito.
Emunah, do hebraico, significa confiança. Um Deus verdadeiro ou um amigo verdadeiro são aqueles que cumprem o que prometem, são fiéis à palavra dada, ou seja, não traem a confiança. Aqui a verdade é uma crença fundada na esperança e na confiança, referidas ao futuro. Aqui percebemos surgir o outro no contexto de nossas experiências. A dimensão ética toma vulto no campo da compreensão mútua, da imparcialidade necessária para tal compreensão.
Assim, a verdade estará ligada ao ver, ao perceber; ao falar, às palavras (e, por conseqüência, ao pensar); por último, ao crer, ao acreditar. Teríamos, então:
• ver-perceber
• falar-dizer
• crer-confiar
Por fim, a nossa concepção da verdade é uma síntese dessas três fontes, referindo-se, portanto, à realidade, à linguagem e à confiança-esperança.
Agora surge, então, uma questão interessante. Quando podemos saber se o que conhecemos é verdadeiro? Tomemos três casos a título de exemplo. Um cientista, um juiz e uma mãe cuidadosa na relação com seu filho. Para um cientista, por exemplo, a marca do conhecimento verdadeiro é a evidência, isto é. a visão intelectual e racional da realidade tal como é em si mesma e alcançada pela nossa razão (uma idéia é verdadeira quando corresponde à coisa que é seu seu conteúdo). Para um juiz, ela vai depender da precisão e do rigor na criação e no uso de regras que devem exprimir o nosso pensamento ou nossas idéias, como também os fatos exteriores a nós e que nossas idéias relatam (coerência interna ou lógica). Finalmente, para uma mãe, a verdade depende de um consenso ou de um pacto deconfiança entre ela e o filho, definindo um conjunto de convenções universais sobre o que é verdadeiro e que deve ser respeitado por ambos.
Qual das três concepções deveríamos adotar, então, em relação às nossas experiências? Pode parecer elas são independentes entre si, mas é justamente aqui que devemos examinar com mais cuidado essa questão. Qualquer que seja a concepção que tomemos como critério de validade para o que conhecemos, ela estará sempre incompleta. Vejamos. Há coisas que existem e nem sempre são percebidas diretamente, como a influênciação espiritual, entre outros. Por outro lado, por mais completa que seja uma linguagem, por melhor que procure descrever, simbolizar alguma coisa, há sempre o fato de que o exemplo vale por mil palavras, recurso sobejamente conhecido na educação. Por fim, a própria história mostra que nem sempre consensos levaram à verdade dos fatos, como no julgamento do Cristolevando-o à crucificação inocente.
Como ficamos, então, em relação ao tipo de verdade com que lidamos na Doutrina Espírita? Ela se caracteriza pela multidimensionalidade acima: é precisoperceber os fatos, dentro de um contexto lógico, racional, onde somos levados a "pensar por nós mesmos", animado de espírito de confiança-esperança, sem prevenções. Ou seja, trata-se de um amadurecimento espiritual acontecendo, propiciando-nos maior abertura, receptividade à Vida. Diante de cada experiência, somos convidados a dilatar a capacidade de ver o essencial (somos Espíritos em manifestações humanas), enquadrando essa experiência dentro da razoabilidade que conseguimos desenvolver (a nossa vida tem um propósito dentro de um planejamento realizado por nós), sem perdermos de vista o sentimento de compreensão cada vez maior a vitalizar a nossa própria manifestação (conseguido através do relacionamento de qualidade com o próximo pela segurança que a compreensão do Evangelho do Cristo nos dá).
Repensemos, então, a título de exercício do entendimento, no sentido que damos a colocações como:
• a verdade das comunicações mediúnicas;
• a verdade da vida após a morte;
• a verdade da lei de progresso, da lei de ação e reação;
• etc.

É interessante destacar que ocorre com o Espiritismo o mesmo que se dá com as concepções de caráter integral, holístico: não é possível classificar em um único critério ou grupo suas concepções básicas. Pelo menos com os instrumentos de percepção de que dispomos no momento (capacidade intelecto-moral), pois, sempre

“Cada um vive nas dimensões do entendimento e na altura da visão espiritual que já conquistou.” [2]

Que grande apelo ao espírito de tolerância! Onde vemos que somente pela educação do caráter, das tendências passionais da animalidade ancestral, será possível dilatar as dimensões do entendimento e a própria visão espiritual. Eis aí a nossa grande contribuição aos dias do novo século. Somos chamados a educar educando-nos dentro das três dimensões da verdade:
• viver o fato de sermos Espíritos, e não apenas dele falar,
• explicando a vida com racionalidade, como a "prova buscada" [3] , por nós mesmos, sem as muletas das aparências e fantasias, dos mitos e das místicas,
• tudo dentro de um clima emocional fraterno, de solidariedade, construtivo, no respeito à liberdade de pensar, e de gratidão e otimismo – numa "reverência à Vida", no dizer de Albert Schweitzer.
Os dias de hoje pedem-nos, então, visão integral para a validação daquilo que conhecemos acerca do espírito humano, como afirma Ken Wilber, num dos seus inúmeros livros [4] . Em outras palavras, uma coalizão multicolor ou uma visão de muitos níveis, integrando diversos aspectos do espírito humano: arte, moral e ciência; eu, ética e meio-ambiente; o belo, o bem e o verdadeiro. E é segundo essa visão de ampla perspectiva (vision-logic) que encontraremos no Espiritismo os três aspectos mencionados integrados numa sinergia, numa coerência proposital por haver uma finalidade em tudo isso: o progresso espiritual, percebido como quota de maior felicidade para o Espírito.
Assim, a verdade na Doutrina Espirita pode ser compreendida pelas palavras de Kardec no nosso livro de estudo (capítulo I, item 13 – grifos nossos),
“O espiritismo dá coisa melhor (pois, apresenta um futuro condicionalmente lógico, digno em tudo da grandeza, da justiça da infinita bondade de Deus); eis porque é acolhido pressurosamente por todos os atormentados da dúvida...O Espiritismo tem por si a lógica do raciocínio e a sanção dos fatos...“
O que vemos aqui? Aletheia (“fatos materias que se desdobram à nossa vista” sobre o futuro), veritas (coerência lógica na composição do seu corpo de princípios – não há contradição interna) e emunah (esperança-confiança na crença sobre o futuro condicionado à nossa capacidade de amar ao nosso irmão como a nós mesmos). Três raízes a sustentar a nossa experiência na Terra durante a encarnação e além dela! Mas há que fixá-las no solo das experiências reais, vividas, para que possam ser sorvidos os nutrientes adequados ao nosso amadurecimento espiritual, firmando-nos no campo das nossas realizações. Em outras palavras, três nutrientes são necessários para validar nosso aprendizado no campo das verdades do espírito: o da ação no bem, o da reflexão em torno do que é o bem e o do sentimento de caridade que será sempre o nosso próprio bem em marcha triunfante. Nas palavras de João Lustosa, para nossa reflexão final,

“Por isso mesmo, se nos afeiçoamos ao trato com a verdade, é muito fácil reconhecer que há acontecimentos de fundo espírita, conversas de feição espírita, referências de caráter espírita, e realizações de inspiração espírita, mas o de que necessitamos, sobretudo, é de orientação espírita no sentimento e na experiência individual, de conformidade com o Espiritismo, porque o espírita que aceitou a supervisão do Cristo já não pode agir como quer e, sim, agir como deve querer.” [5]
________________________________________
[1] CHAUÍ, Marilena, “Convite à Filosofia”, Unidade 3 – A Verdade, Cap. 3 – As concepções da verdade. Editora Ática. 5ª ed. São Paulo. 1995.
[2] BATUÍRA (Espírito), Lourdes Catherine (Espírito),[psicografado por] Francisco do Espírito Santo Neto. “Conviver e Melhorar”, Boa Nova Editora, 1ª ed. Catanduva, SP,1999.
[3] KARDEC, Allan – "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capitulo VI – O Cristo Consolador. FEB
[4] WILBER, Ken. “O Olho do Espírito”, Introdução A Visão Integral. Editora Cultrix., 10ª ed. São Paulo. 2001.
[5] VIEIRA, Waldo, [psicografia de]. “Seareiros de Volta”, Estados da Consciência. FEB. 4ª ed. Rio, RJ. 1987.

Vanderlei Luiz Daneluz Miranda

Educar-se dançando – Segunda Parte*

MOCIDADE ESPÍRITA BATUIRA
Integração do Jovem ao Centro Espírita “Educar-se dançando”
Fases
Prosseguindo nosso tema “Educar-se dançando” estudaremos" Fases " - 2.
Cada estágio de desenvolvimento pode ser visto (didaticamente) como tendo três fases: Receptividade, Tentativa - e - Erro e Competência.
Receptividade (tendência para receber impressões ou influências de determinado agente) – a fase inicial do estágio de desenvolvimento quando o jovem está completamente receptivo e aberto àqueles ao seu redor no sentido de se informar sobre como usar sua nova percepção.
Ela diz: " Eu me fecho para o mundo na medida que tento estabelecer a minha identidade individual. Estou totalmente receptivo, por mais paradoxal que possa parecer, às possibilidades da minha própria liberdade e do meu " eu ". Essa receptividade começa pelos treze anos. Ela não inclui você. Por que deveria ? Trata-se de algo sobre meu próprio "eu"."
Tentativa - e - Erro - é a fase intermediária quando o jovem tenta usar o que recebeu. Mantém comportamentos que funcionam e elimina aqueles que não sirvam à necessidade do estágio em que se encontra.
Ela diz: " Na força intensa do meu Querer, para que todos vejam, eu experimento todos os Eus que posso. De cabelos verdes com pontas roxas a dançarino de balet, de solitário a enturmado, de amante da liberdade a disciplinador, afirmo meu eu sempre em mudança. Como os colegas me são importantes, experimento algumas das mesmas máscaras que eles experimentam. "
Competência (qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos ou fazer determinada coisa) – é a terceira e última fase desse estágio de desenvolvimento. É quando o jovem se sente capaz e confiante para empregar o que aprendeu no estágio corrente.
Ele diz: " Tenho um ' EU ' que me é adequado. Sou forte e capaz e conheço o caminho correto para mim .Ainda não estou muito interessado na sua perspectiva a menos que, de algum modo, ela afete a minha liberdade. Posso fazer o que quiser fazer ,desde que tenha competência para tal ,assumindo as responsabilidades decorrentes. "
Hesitações do estágio...
Uma hesitação - indecisão / dúvida - é uma pausa natural no processo de crescimento. É uma época em que o jovem recua de sua situação. É algo saudável. Supri-la com a segurança de que necessita é importante para o crescimento saudável.
O jovem não "sabe" porque ele está fazendo o que está fazendo, mas há uma sabedoria agindo aqui que lhe permite fazer essa pausa, reagrupar e sentir-se segura antes de se lançar a novas explorações.
Elas podem ocorrer entre as fases dentro do estágio de desenvolvimento, ou entre estágios de desenvolvimento na medida que a criança ou o jovem os atravessa.
Alguns sintomas da hesitação podem parecer dramáticos, não devem ser confundidos com disfunções – função ou ato que se efetua de maneira irregular ,anormal . Podem durar no máximo 4 ou 5 semanas. Se perduram por mais de oito semanas é importante buscar as razões para o seu comportamento. Segundo a psicóloga Margaret Mahler, as hesitações são importantes para um futuro saudável. Por isso devem ser aceitas com naturalidade. Significam exatamente o trabalho intimo na procura de uma situação que plenifique.
Hesitações aparecem durante toda a vida. Quando parecer que o jovem está passando por uma hesitação, devemos entender suas necessidades de desenvolvimento e verificar se estão sendo supridas de uma forma balanceada ,situações que fortalecendo-o , dar-lhe-ão equilíbrio para vencê-las.
São mais facilmente percebidas aos 13, 15 anos e, aos 17 anos e meio ou mais. Fazem-se acompanhar por aparente confusão em áreas que, antes, eram confiantes. Sintomas comuns são, por exemplo, cinismo, fixação em algumas atitudes emocionais típicas de idades anteriores, quando mostram receio incomum de estranhos, receio do sexo oposto, dominante ou tímido, ou acompanha “cegamente” a turma.

Qualidades especiais
• Começa com a afirmação " Eu sou um indivíduo ".
• É acompanhada por certa insegurança. A insegurança leva-o avançar na tarefa de encontrar identidades saudáveis ( máscaras ).
• Explora a autonomia ( muitas vezes afirmando e desafiando ).
• "Veste " muitas identidades e as experimenta uma substituindo a outra. Orgulha-se apenas daquela com a qual se identifica no momento.
• Faz declarações individuais longe dos pais (o que é natural).
• Freqüentemente se identifica com os companheiros.
• Sua Linguagem são os ideais, é o campo fora do real.
• Está muito atenta à liberdade, no sentido de que tudo lhe é permitido ou devido.
• Está procurando por alguém para co-criar limites num ambiente seguro.
• O Espaço Pessoal é imprescindível ( como nunca antes ).
• As afirmações dele “queimam” os resíduos da infância com muito "fogo".
• Experimenta e afirma sobre qualquer coisa – Não há terreno “sagrado”.
• É uma idade de romantismo, particularmente sobre seus próprios ideais.
• Está muito fascinado com a Sombra, o Lado Negro das coisas (filmes, livros, por exemplo)
• Freqüentemente tímido sobre o próprio corpo, independentemente dos costumes da família.
• Sente-se inseguro, não é capaz de tolerar imperfeições pessoais que lhe são apontadas.
• Importante não rotulá-lo a uma identidade (máscara).
• Permita a intensidade, da origem à concentração e possibilite o desenvolvimento da auto-suficiência.
• Não pressione para “formatá-lo" a algum modelo.
• Dê-lhe um espaço seguro e apoio para explorar.
• Estar presente para ampará-lo quando cair. Alegrar-se com ele quando tiver sucesso.
• Nunca ridicularizar.
• Nossas inconsistências e hipocrisias se tornam pontos de conflito com ele.
• Espere o inesperado dele.
• Lembre-se da oportunidade para dançar aqui. Há muita oportunidade para os pais/educadores crescerem e se expandirem, tanto quanto para o jovem. Nossos apegos são "pistas" . O jovem vai procurar com curiosidade nossos pontos sensíveis.
• Sempre dar amor mesmo na situação dele fazer afirmações irracionais em conflito conosco, na tentativa de declarar-se um indivíduo.
• A principal função da Vontade é solidificar uma identidade, assim, a razão pode surgir com questões do tipo “Quem sou eu"?
• O jovem nesse estágio acabará numa erupção de dúvida e confusão do tipo: "Minhas investidas não me levaram à realização dos meus ideais como eu esperava ".
Transição
À medida que o Espírito muda ( transita ) de um estágio de desenvolvimento para outro, há alguns pontos a serem observados:
Primeiro : todas as idades possuem um ritmo próprio e diferente. A mudança de estágio é motivada pôr necessidades internas. Ninguém pode dizer exatamente quando isso vai ocorrer. Pôr exemplo, a passagem do primeiro estágio para o segundo pode ocorrer entre 7 anos e meio e 9 anos. Do segundo para o terceiro, entre 12 anos e 13 anos e meio. Do terceiro para o quarto, entre 15 anos e meio e 18anos. Finalmente o último terminando lá por volta de 21 e 23 anos .Isso é a tese ,podendo haver uma variação em cada uma delas de dois a três anos para mais ou para menos ,caracterizando o amadurecimento acontecendo mais cedo ou a imaturidade avançando pela idade adulta.
Segundo: leva tempo " atravessar a ponte ", geralmente entre nove e dezoito meses. Durante esse período é importante notar que o Espírito nunca está em dois estágios ao mesmo tempo. Estará ou em um, ou em outro, mesmo que possa mudar dia após dia até finalizar a transição. As mudanças de fase não se dão abruptamente passando-se totalmente de uma para outra. Há em toda transição as interfases onde o Espírito estagia em uma mas guarda fortes resquícios da que está deixando ao mesmo tempo em que vai se apropriando dos valores da fase em que está adentrando.
Lembrar que na fase de transição, deve-se manter-se ligado ao novo estágio (mesmo que pareçam estar recuando no momento ).
Quando as necessidades de desenvolvimento do Espírito não foram atingidas, isso pode resultar num atraso na mudança de estágio ou mesmo numa necessidade de um " crescimento rápido " para seguir adiante. Sempre a depender da estrutura interna dele – ambas as situações são possíveis ,mas exigirão nesse caso auxílio que o leve a prosseguir.
A observação será sempre a melhor ferramenta.
Durante tais transições Espíritos necessitam de paciência, amor e entendimento por parte dos pais, professores e adultos em geral.
O que é único na transição para esse estágio:
Quando o Espírito entra nesse estágio, ele vai mostrar sinais de estar em torno de si e em defesa do seu espaço pessoal. Também pode ser percebido sinais de forte orgulho em relação aos seus amigos. Lembrar que o desabrochar desse estágio não coincide necessariamente com o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. Os sinais de amadurecimento psico emocionais irão aparecer independentemente das mudanças físicas da puberdade.
O que é único na transição desse estágio para o outro:
A competência desse estágio termina em dúvida e confusão Isto é natural. Suas asserções não lhe trouxeram a confiança na vida que esperavam e, então, surgem os questões do tipo " Quem sou eu ? ", " Por que ? ", " Qual o propósito da vida afinal ? " Está dúvida e confusão marcam o início da entrada no próximo estágio, em que a Razão tem um papel predominante .Consequentemente, a dúvida dá origem a um novo questionamento na vida... Começa o período da filosofia, ou o amor pela realidade. Mais tarde, quando tiver as principais questões (re)formuladas, melhor instrumentalizado, poderá iniciar a nova etapa de construção ou realização do seu planejamento reencarnatório.

*Hérin Andréas

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O LIVRO DOS MÉDIUNS - Estudo nr. 06*

Estudo nr. 06
Capitulo II - O maravilhoso e o sobrenatural.
Sendo o pensamento um atributo do Espírito, a possibilidade de impressionar os nossos sentidos, agir sobre a matéria e de transmitir o pensamento do próprio Espírito, não é um fato sobrenatural; não há nisto nada de maravilhoso.

Se um homem comprovadamente morto ressuscitasse, isso sim seria maravilhoso, sobrenatural e fantástico.

Isso sim seria uma verdadeira derrogação da lei de Deus – um milagre – mas, não há nada semelhante a isto na Doutrina Espírita.

Uma outra hipótese, que podemos considerar, seria um Espírito levantar uma mesa e sustentá-la sem um pouco de apoio.

Isso também seria uma derrogação da lei da gravidade, pois um nenhum objeto de peso considerado apresentaria condições de flutuar. Como resultado teríamos sua queda imediata.

Se aceitarmos que esse fato está provado; quem pode provar que há neste caso a intervenção dos Espíritos?

Estaria aí o sobrenatural?

Teoricamente, podemos dizer que esse fato se funda no princípio:
 " todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente ".
Praticamente, podemos dizer que esse fato se funda na observação de que os fenômenos espíritas, tendo dado provas de inteligência:
 não podem ter a sua causa na matéria, e que, se essa inteligência não é a dos assistentes, o que resultou das experiências – desde que não se via o ser que a produzia, devia tratar-se de um ser invisível ao qual se deu o nome de Espírito.
Quem é esse Espírito?
Não é mais do que a alma dos que viveram corporalmente e aos quais a morte despojou o seu corpo físico, deixando apenas um envoltório etéreo, invisível no seu estado normal.
Teremos, então, o maravilhoso e o sobrenatural reduzidos a uma simples expressão.
Constatada a existência de seres invisíveis, sua ação sobre a matéria resulta da natureza do seu envoltório fluídico.
Essa ação é inteligente, porque ao morrer, eles perderam apenas o corpo físico, conservando a inteligência que constitui a sua própria existência.
Esta é a chave dos fenômenos considerados erroneamente sobrenaturais.
A existência dos Espíritos não origina, pois, de um sistema pré-concebido, de uma hipótese imaginada para explicar fatos, mas é o resultado de observações e a conseqüência natural da existência da alma.
A negação dessa causa é a negação da alma e seus atributos.
Para aqueles que vêem na matéria a única potência da natureza, tudo que não pode ser explicado pelas leis materiais é maravilhoso e sobrenatural e, para eles, maravilhoso é sinônimo de sobrenatural.
Assim sendo, assentar exclusivamente as verdades do Cristianismo sobre a base do maravilhoso é dar-lhe fraco alicerce, cujas pedras facilmente se soltam.
A religião que se funda na existência de um princípio material, é um tecido de superstições.
Eles não ousam dizê-lo em voz alta, mas o dizem baixinho.
Pensam salvar as aparências ao conceber que é necessário uma religião para o povo e para tornar as crianças acomodadas. Ora, ou o princípio religioso é verdadeiro, ou é falso.
Se é verdadeiro, o é para todos; se é falso não é melhor para os ignorantes do que para os esclarecidos.
Os que atacam o Espiritismo em nome do maravilhoso se apóiam, portanto, em geral no princípio materialista, desde que negando todo o efeito de origem extramaterial, negam consequentemente a existência da alma.

O Espiritismo considera de um ponto de vista mais elevado a religião cristã, dá-lhe base mais sólida do que a dos milagres: as leis imutáveis de Deus, a que obedecem assim o princípio espiritual, como o princípio material.
Essa base desafia o tempo e a ciência, pois que o tempo e a ciência virão sancioná-lo.
Deus não se torna menos digno de nossa admiração, do nosso reconhecimento, do nosso respeito por não haver derrogado suas leis grandiosas, sobretudo pela imutabilidade que as caracteriza.
Não se faz mister o sobrenatural para que se preste a Deus o culto que lhe é devido.

Bibliografia:
Kardec, Allan – O Livro dos Médiuns,
Kardec, Allan - A Gênese.

*Elisabeth Maciel

* O HOMEM SER PREDESTINADO À EVOLUÇÃO - Estudo 8

Estudos anteriores:
Estudo 1 - Reflexões para entender o tema
Estudo 2 - O papel das civilizações
Estudo 3 - Evolução
Estudo 4 - As instituições
Estudo 5 - As Civilizações e a cultura
Estudo 6 - A Revolução Industrial dos Séculos XIX e XX
Estudo 7 - A Vinda de Jesus ao Planeta Terra
Estudo 8 O Espiritismo, como proposta para se entender a presença do ser humano na Terra
O Espiritismo é filosofia, ciência e religião de vida para a eternidade. A força do raciocínio despertado pelas injunções filosóficas vem a Ciência comprovar a realidade sobre a gênese do Espírito e dos mundos. Junta-se a sanção dos fatos para obter a prova da existência do ser espiritual, da sua sobrevivência, imortalidade e individualidade. A vida espiritual é inerente ao Espírito, mas auxiliada pela matéria, que é o corpo, quando o espírito está encarnado na Terra.
O mundo material lhe oferece elementos para as atividades do desenvolvimento da inteligência, do Espírito enfim.
Antes que existisse a Terra, mundos e mundos já haviam se sucedidos. Quando o globo terrestre foi criado, o espaço estava povoado de Espíritos em todos os graus de desenvolvimento - desde os que surgiam para a vida neste planeta até os que se incluíam entre os Espíritos Puros, entre os quais Jesus era um deles.
Portanto, desde a sua criação, a Terra hospeda Espíritos com níveis diferentes de progresso espiritual. Isso assim se dá para que o nosso planeta não esteja sujeito só sob a ação de Espíritos atrasados na marcha do seu desenvolvimento.
É importante considerar que os Espíritos que a habitam são os mesmos que quantificam a soma do progresso deste planeta. Não sendo uniforme esse progresso entre todos os seres humanos, caracterizam-se as diversidades onde, no convívio todos crescem.
Pudemos analisar, neste trabalho, o processo do progresso na evolução dos homens e do planeta Terra nos milênios dos anos.
Como era natural, umas raças se fizeram mais inteligentes que outras pelo emprenho havido ao próprio desenvolvimento. Adiantavam-se a outras. Embora muitos Espíritos recém-nascidos para a vida espiritual, tenham vindo encarnar na Terra juntamente com os primeiros aqui chegados e mais adiantados. A diferença em matéria de progresso tornou-se mais sensível.
Os chineses e os povos civilizados da Europa colocavam em evidência culturas mais avançadas que as dos selvagens.
Entretanto, aos Espíritos mais atrasados também são dadas as oportunidades e a certeza de graduais progressos culturais que se processam no convívio de uns com os outros. Todos os Espíritos já tiveram em tempos distantes do passado, o grau de bárbaros como os que ainda existem nos mundos primitivos. Essa oportunidade acontece pelo processo das reencarnações em que o Espírito realiza, por seu trabalho, o progresso da sua evolução espiritual. Para cada nova encarnação traz o que adquiriu nas existências precedentes. Assim, as almas nos tempos civilizados não são criadas mais perfeitas que as outras; aperfeiçoaram-se por si mesmas, ao passarem pelas infinitas reencarnações, nos trabalhos pessoais realizados.
Na Terra cultivam-se a inteligência e a moralidade em todos os graus, chegando até a mais adiantada civilização. Este mundo se constituiu num vasto campo de progresso, experiências e trabalho.
Lado a lado: ignorância e saber, barbárie e civilização, o bem e o mal são contrastes que existem como opções para o homem. A escolha correta fará a oportunidade do avanço para o Espírito na caminhada evolutiva, buscando juntamente com o desenvolvimento intelectual e progresso moral e espiritual.
Cada Espírito permanece no mesmo mundo, por muitas encarnações, até que haja adquirido a soma de conhecimentos e o grau de aperfeiçoamento que esse mundo lhe oferece.
Tudo na criação tem uma finalidade. Se a Terra se destinasse a ser uma única etapa de progresso, que utilidade haveria para os Espíritos das crianças que morrem em tenra idade, passar aqui alguns anos, alguns meses, algumas horas, em cujo tempo nada poderiam haurir dele? O mesmo se dá com referência aos idiotas e aos cretinos. E como considerar a situação das pessoas que passam pelas dificuldades, por problemas, em situações, às vezes complicadas, por necessidades pessoais a serem trabalhadas para, gerar hoje, situações de futuro, mais equilibradas e plenas? Tudo fica perdido? As sucessivas reencarnações prometem e asseguram a perfeição ao Espírito.
As reencarnações ainda podem se dar para o cumprimento de missões ou simplesmente para dar continuidade ao objetivo do progresso espiritual de cada um.
Como os Espíritos nunca perdem o que adquiriram, trazem em intuição os conhecimentos que possuem, o que faz com que imprimam o caráter que lhes é peculiar à sociedade a que vai pertencer. Assim se dão as mudanças no conjunto das populações. É o progresso das culturas e das civilizações, alcançado com o trabalho dos Espíritos encarnados neste planeta.
Ressalte-se, a importância do trabalho pessoal, pelo qual cada um realiza em si e o transforma em ele de renovação a esta morada Terra, que nos acolhe e abriga.

* Luiza de Campos Freire Favareto

Próximo estudo: “As guerras são as catástrofes na Terra”