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terça-feira, 14 de julho de 2015

XXII COMEERJ
Pólo IV Cafarnaum
8º CRE Nova Friburgo

O LIVRO DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO X

DA LEI DE LIBERDADE

1. Liberdade natural. 2. Escravidão. 3. Liberdade de pensar. 4. Liberdade de consciência. 5. Livre-arbítrio. 6. Fatalidade. 7. Conhecimento do futuro. 8. Resumo teórico do móvel das ações do homem.

Liberdade natural

825. Haverá no mundo posições em que o homem possa jactar-se de gozar de absoluta liberdade?

 Não, porque todos precisais uns dos outros, assim os pequenos como os grandes.

826. Em que condições poderia o homem gozar de absoluta liberdade?

 Nas do eremita no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta.

827. A obrigação de respeitar os direitos alheios tira ao homem o de pertencer-se a si mesmo?

 De modo algum, porquanto este é um direito que lhe vem da natureza.

828. Como se podem conciliar as opiniões liberais de certos homens com o despotismo que costumam exercer no seu lar e sobre os seus subordinados?

 Eles têm a compreensão da lei natural, mas contrabalançada pelo orgulho e pelo egoísmo. Quando não representam calculadamente uma comédia, sustentando princípios liberais, compreendem como as coisas devem ser, mas não as fazem assim. a) Ser-lhes-ão, na outra vida, levados em conta os princípios que professaram neste mundo?

 Quanto mais inteligência tem o homem para compreender um princípio, tanto menos escusável é de o não aplicar a si mesmo. Em verdade vos digo que o homem simples, porém sincero, está mais adiantado no caminho de Deus, do que um que pretenda parecer o que não é. Escravidão

829. Haverá homens que estejam, por natureza, destinados a ser propriedades de outros homens?

 É contrária à lei de Deus toda sujeição absoluta de um homem a outro homem. A escravidão é um abuso da força.

Desaparece com o progresso, como gradativamente desaparecerão todos os abusos. É contrária à Natureza a lei humana que consagra a escravidão, pois que assemelha o homem ao irracional e o degrada física e moralmente.

830. Quando a escravidão faz parte dos costumes de um povo, são censuráveis os que dela aproveitam, embora só o façam conformando-se com um uso que lhes parece natural?

 O mal é sempre o mal e não há sofisma que faça se torne boa uma ação má. A responsabilidade, porém, do mal é relativa aos meios de que o homem disponha para compreendê-lo. Aquele que tira proveito da lei da escravidão é sempre culpado de violação da lei da Natureza. Mas, aí, como em tudo, a culpabilidade é relativa. Tendo-se a escravidão introduzido nos costumes de certos povos, possível se tornou que, de boa-fé, o homem se aproveitasse dela como de uma coisa que lhe parecia natural. Entretanto, desde que, mais desenvolvida e, sobretudo, esclarecida pelas luzes do Cristianismo, sua razão lhe mostrou que o escravo era um seu igual perante Deus, nenhuma desculpa mais ele tem.

831. A desigualdade natural das aptidões não coloca certas raças humanas sob a dependência das raças mais inteligentes?

 Sim, mas para que estas as elevem, não para embrutecê-las ainda mais pela escravização. Durante longo tempo, os homens consideram certas raças humanas como animais de trabalho, munidos de braços e mãos, e se julgaram com o direito de vender os dessas raças como bestas de carga.

Consideram-se de sangue mais puro os que assim procedem.

Insensatos! nada vêem senão a matéria. Mais ou menos puro não é o sangue, porém o Espírito.

832. Há, no entanto, homens que tratam seus escravos com humanidade; que não deixam lhes falte nada e acreditam que a liberdade os exporia a maiores privações. Que dizeis disso?

 Digo que esses compreendem melhor os seus interesses. Igual cuidado dispensam aos seus bois e cavalos, para que obtenham bom preço no mercado. Não são tão culpados como os que maltratam os escravos, mas, nem por isso deixam de dispor deles como de uma mercadoria, privando-os do direito de se pertencerem a si mesmos. Liberdade de pensar

833. Haverá no homem alguma coisa que escape a todo constrangimento e pela qual goze ele de absoluta liberdade?

 No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. Pode-se-lhe deter o vôo, porém, não aniquilá-lo.

834. É responsável o homem pelo seu pensamento?

 Perante Deus, é. Somente a Deus sendo possível conhecê-lo, ele o condena ou absolve, segundo a sua justiça. Liberdade de consciência

835. Será a liberdade de consciência uma conseqüência da de pensar?

 A consciência é um pensamento íntimo, que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos.

836. Tem o homem direito de pôr embaraços à liberdade de consciência?

 Falece-lhe tanto esse direito, quanto com referência à liberdade de pensar, por isso que só a Deus cabe o de julgar a consciência. Assim como os homens, pelas suas leis, regulam as relações de homem para homem, Deus, pelas leis da natureza, regula as relações entre ele e o homem.

837. Que é o que resulta dos embaraços que se oponham à liberdade de consciência?

 Constranger os homens a procederem em desacordo com o seu modo de pensar, fazê-los hipócritas. A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e do progresso.

838. Será respeitável toda e qualquer crença, ainda quando notoriamente falsa?

 Toda crença é respeitável, quando sincera e conducente à prática do bem. Condenáveis são as crenças que conduzam ao mal.

839. Será repreensível aquele que escandalize com a sua crença um outro que não pensa como ele?

 Isso é faltar com a caridade e atentar contra a liberdade de pensamento.

840. Será atentar contra a liberdade de consciência pôr óbices a crenças capazes de causar perturbações à sociedade?

 Podem reprimir-se os atos, mas a crença intima é inacessível. Reprimir os atos exteriores de uma crença, quando acarretam qualquer prejuízo a terceiros, não é atentar contra a liberdade de consciência, pois que essa repressão em nada tira à crença a liberdade, que ela conserva integral.

841. Para respeitar a liberdade de consciência, dever-se-á deixar que se propaguem doutrinas perniciosas, ou poder-se-á, sem atentar contra aquela liberdade, procurar trazer ao caminho da verdade os que se transviaram obedecendo a falsos princípios?

 Certamente que podeis e até deveis; mas, ensinar, a exemplo de Jesus, servindo-vos da brandura e da persuasão e não da força, o que seria pior do que a crença daquele a quem desejaríeis convencer. Se alguma coisa se pode impor, é o bem e a fraternidade. Mas não cremos que o melhor meio de fazê-los admitidos seja obrar com violência. A convicção não se impõe.

842. Por que indícios se poderá reconhecer, entre todas as doutrinas que alimentam a pretensão de ser a expressão única da verdade, a que tem o direito de se apresentar como tal?

 Será aquela que mais homens de bem e menos hipócritas fizer, isto é, pela prática da lei de amor na sua maior pureza e na sua mais ampla aplicação. Esse o sinal por que reconhecereis que uma doutrina é boa, visto que toda doutrina que tiver por efeito semear a desunião e estabelecer uma linha de separação entre os filhos de Deus não pode deixar de ser falsa e perniciosa. Livre-arbítrio

843. Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?

 Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina.

844. Do livre-arbítrio goza o homem desde o seu nascimento?

Há liberdade de agir, desde que haja vontade de fazê-lo. Nas primeiras fases da vida, quase nula é a liberdade, que se desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento das faculdades. Estando seus pensamentos em concordância com o que a sua idade reclama, a criança aplica o seu livre-arbítrio aquilo que lhe é necessário.

845. Não constituem obstáculos ao exercício do livre-arbítrio as predisposições instintivas que o homem já traz consigo ao nascer?

 As predisposições instintivas são as do Espírito antes de encarnar. Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas podem arrastá-lo à prática de atos repreensíveis, no que será secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas disposições.

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