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sexta-feira, 27 de março de 2015

3 ---  Família e Educação






















Nanci A. R. Martins
A educação, compreendendo o homem no seu sentido integral, isto é, tanto no aspecto intelectual como no que tange aos sentimentos e atitudes, tem a função de auxiliar a evolução do Espírito.
Walter O. Alves, em Educação do Espírito, refere que a verdadeira educação é a que olha o homem como Espírito eterno, criado para a perfeição, constituindo-se assim esse processo, na Educação do Espírito.
Segundo Kardec (O Livro dos Espíritos, q. 776) o homem traz em si o germe de seu aperfeiçoamento e se desenvolve à medida que compreende melhor e pratica a lei natural (leis da matéria e da alma), por meio das várias existências.
A educação é o caminho que conduz o homem ao conhecimento de si mesmo, de suas potencialidades, possibilidades e metas. Consiste em um processo (ocorre gradativamente, aos poucos) de desenvolvimento da capacidade física, intelectual, moral e religiosa. É um conjunto de hábitos adquiridos, que levam ao desenvolvimento da disciplina, postura fundamental para que se dê a aprendizagem sistemática nos diversos aspectos.
Na pergunta 634 de “O Livro dos Espíritos” encontramos que o Espírito aprende pela experiência, onde é citado o exemplo: “Se não houvesse montanhas, o homem não poderia compreender que se pode subir e descer...”. Assim, o processo educativo ocorre no dia a dia, nas vivências, nas relações de troca com as pessoas, no diálogo honesto. Ambos aprendem, educandos e educadores. Somos todos Espíritos necessitados de auto-educação, do trabalho com nossos sentimentos e pensamentos. Antes de educar temos que nos entender como educando. Auto-analisando, descobrindo acertos e enganos, poderemos arrancar dos nossos corações o joio e cultivar a boa semente que todos possuímos.
O meio familiar, principalmente, é o campo mais propício para esse aprendizado. É onde somos impulsionados a rever nossas crenças, desejos, sentimentos, conceitos. Na tentativa de compreender as situações cotidianas e as pessoas com quem convivemos, identificamos em nós mesmos limitações e conquistas, sempre com o ensejo de sermos felizes em interrelacionamentos prazeirosos.
Nessa busca da relação harmoniosa, descobrimos que cabe a cada um construir a vida que deseja, aceitando e enfrentando limitações, modificando ações e sentimentos, experimentando sensações gratificantes ao perceber conquistas e renovações.
Quando tentamos compreender o outro, saber como pensa, sente e percebe as situações, estamos revendo e ampliando a percepção que temos de nós mesmos, nos autodescobrindo.
Nessa proposta, convivendo em família somos impulsionados a desenvolver a afetividade, a solidariedade, o desejo de ajudar pessoas. Identificamos o valor do compartilhar, do encorajamento, do incentivo, do ouvir, da troca de carinho, do gesto terno, da voz mais calma, do olhar amigo.
Aliás, o afeto necessita estar presente em toda relação. Na família, o vínculo entre os membros leva a trocas de experiências individuais já conquistadas através das reencarnações, ajudando cada um a desenvolver em si mesmos, aspectos ainda não adquiridos. Nas relações as influências são mútuas, e cabe a cada um cultivar os aspectos positivos e trabalhar os negativos, que sem esse enfrentamento, poderiam nos prejudicar. Portanto, melhorando, renovando-nos pela educação de nós mesmos podemos melhorar o outro, no despertamento de um trato muito mais fraterno que, sem dúvida, acontecerá.
Nanci A. R. Martins
 Junho/2001
1ª. Parte

              Sendo o objetivo maior das sucessivas existências, a prática da lei natural, na conquista do aperfeiçoamento espiritual, busquemos compreendê-la. Kardec, em "O Livro dos Espíritos", refere que a lei natural é a única verdadeira para conduzir o homem à felicidade, pois lhe indica o que deve e o que não deve ser feito. Essa lei compreende tanto as leis físicas (Ciência) como as leis morais (o homem renovado moralmente em relação ao semelhante e por decorrência, amando a Deus), sendo necessário o desenvolvimento de ambos os aspectos, para que o Espírito evolua.
              Os parâmetros que nos permitem agir conforme a lei natural encontram-se em nossa própria consciência. O termo consciência, define-se como "um atributo pelo qual o homem pode conhecer e julgar sua própria realidade; faculdade de estabelecer julgamentos morais dos atos realizados; senso de responsabilidade".
              Essa concepção leva a compreender que, o conhecimento da lei natural, possibilita evitar enganos, diminuir sofrimentos e se dá à medida que nos desenvolvemos, que adquirimos conhecimentos que, trabalhados pelo indivíduo, levarão a posicionamentos, opções melhores, diferentes, ajudam-no a discernir entre o bem e o mal, julgar-se, avaliar atos, assumir posições que pouco a pouco se incorporam renovadas nas atitudes habituais do dia-a-dia.
              Esse processo ocorre através dessa ação educadora do Espírito, o que se faz urgente no momento, para que o desenvolvimento intelectual, tão acelerado nos últimos tempos, seja acompanhado pelo desenvolvimento moral, ou dos sentimentos.
              O período mais propício para a efetividade desse processo educativo do Espírito é o da Infância. É importante compreendermos melhor esta fase da vida física, onde as seguintes funções se evidenciam:
1- É um período de adaptação do Espírito ao novo corpo e à nova vida material.
É um período de plasticidade  condição de ser maleável, conduzido, moldado, plasmado. É como jogar sementes em terra que continuamente se revolve, aduba, rega, significando estas providências os cuidados dos pais e educadores no sentido de trabalhar o sentimento, os hábitos morais. Nesse período o Espírito é mais receptivo às impressões que recebe do plano físico, capazes de lhe auxiliar o desenvolvimento; é a oportunidade de ser orientado, trabalhado, entrando em contato com novas realidades para que no futuro suplante suas tendências inferiores.
              O Espírito é maleável à ação educativa dos pais. É quando se pode reformar seu caráter e educar suas más inclinações; tal é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual deverão responder.
              A ação educativa dos pais, compreenda-se, é de reformar, não formar. Recorde-se que esse Espírito traz todo um passado, que se exterioriza hoje, sob variados aspectos. Daí a importância de, os pais estando atentos, trabalhar essas evidências. Esse o sentido do termo reformar: trabalhar algo já existente dando-lhe melhor forma.
              Na infância o Espírito adapta-se ao mundo material, adquire novas idéias, reforça bases para mais tarde, quando estiver em condições de agir por si mesmo, usar a vida não mais para delinqüir mas para crescer, caminhar e progredir. A fonte de atratividade, nessa fase, será o Amor onde se reconstruirá toda uma estrutura que necessita do desvelo e ternura dos pais.
              A infância é, portanto, necessária, imprescindível, um período para reformar. Ao lado do Amor e Respeito, mesmo sendo filho, irmão, neto, aluno, etc., sobretudo é um Espírito Imortal com uma bagagem, já muito vivido, com qualidades e defeitos  um irmão nosso. Nessa visão, eles não nos pertencem; têm características próprias (precisam ser aceitos como são; os problemas que trazem precisam ser exteriorizados para serem trabalhados).
              É importante que os responsáveis, atentos, percebam para onde dirigir toda uma série de cuidados, incentivos, diálogos, enfim, situações a serem trabalhadas, para que não se fixem, reforcem ou aprofundem pontos ainda em conflito, não trabalhados por esse Espírito, em tempos de passado, e trabalhar sua individualidade. A orientação deve ser moral e através da reflexão.
              Recordar que, tal qual cada um de nós, estão em processo evolutivo. Nesta fase, justamente por não terem discernimento para os processos da auto-educação, precisam, necessitam, requerem dos pais ou responsáveis, atenção para perceber pontos, atitudes negativas, a serem trabalhados. Perspicácia, para que a educação seja prazerosa, não impositiva coercitiva ou repressora. Será nesse clima do Amor responsável, que essa individualidade imortal, através, por meio e intermédio da reflexão, orientação moral, unida à vivência dos pais, desabrochará como indivíduo, na plenitude da sua potencialidade.
Nanci de A. R. Martins
 Julho / 2001

Parte II
A educação moral, formação de hábitos bons, é imprescindível para a reforma espiritual (ordem, aceitação de regras, honestidade, sinceridade, valorização do trabalho, etc.) e consiste no conjunto de hábitos adquiridos.
              No "Livro dos Espíritos", Kardec refere que quando se pensa na massa de indivíduos sem princípios, sem freios e entregues aos próprios instintos, compreende-se as conseqüências desastrosas que resultam de suas ações. Quando ocorrer a educação moral, quando for praticada, o homem terá hábitos de ordem, de previdência para si e para com os outros, e de respeito por tudo. A desordem e a imprevidência são duas chagas que uma educação bem entendida pode curar.
              Educação é um processo, que ocorre gradativamente (uma série de acontecimentos, uma somatória) de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano.
Não se pode omitir aqui o aspecto religioso. Sabendo ser nossos filhos, Espíritos imortais, necessitam dessa experiência humana para aperfeiçoar-se.
              Os conhecimentos da imortalidade da alma, reencarnação, lei de causa e efeito, pluralidade dos mundos, etc., são elementos preciosos e vêm completar, reexplicar as lições de Jesus, trazendo conhecimentos que auxiliarão o homem a perceber que o Reino de Deus, será o desenvolvimento das qualidades que existem em si.
              A criança deve ser incentivada a freqüentar a Evangelização. Os pais podem demonstrar interesse pelo conteúdo das aulas, conversando com a criança já na volta para casa, por exemplo: "Como foi o estudo hoje? Sobre o que conversaram? Você gostou? Por quê? Como poderemos usar tal proposta? Ou: Por que não usá-la?". Durante a semana, sem cobrar, ou reforçar com palavras, os pais devem ter atitudes coerentes com essa conversa.
              Estar em contato com os Evangelizadores é outra excelente forma de participar, principalmente no caso de ser a criança mais fechada, não muito comunicativa.
              Notando ainda, qualquer procedimento diferente, conversar com o Evangelizador. Montará ele, em discussão com o grupo, aula, atividades, situações em que aquela determinada situação será trazida à discussão.
              Citamos o exemplo de determinado preconceito, surgido ou notado em uma classe e que, pela profundidade e abrangência, motivou toda uma Campanha estendendo esta para estudo em todos os trabalhos do Centro Espírita, abrindo-se em detalhes tão intensos e pessoais, que à primeira vista, ou sem essa sensibilização não teríamos percebido.
              Relacionar os estudos, associando-os com diálogos, aos acontecimentos, programas de TV, filmes, livros infantis é outra excelente forma participativa. Sem ser impositiva, cobrativa ou "moralizadora" (no sentido de: Viu? Não falei? Faça sempre assim. Não faça nunca assim.) essa forma leva a criança a perceber a Vida como extensa oferta onde terá que fazer opções e ser responsável em cada escolha feita (responsável no sentido em que: 1- a escolha infringe o direito do outro; 2- as respostas serão proporcionais, imediatas ou não).
              Todo aquele que trabalha com criança, sejam pais, educadores, avós, tios, etc., necessitam promover o desenvolvimento desses Espíritos. Esse desenvolvimento vai se dar através de um processo de aprendizagem ministrado principalmente através de exemplos de vida. O ditado popular faça o que falo, mas não o que eu faço não funciona, não tem efeito, pois o modelo é fundamental para a aquisição do comportamento.
              Os pais devem se preparar continuamente para a função de educadores. Como já colocado anteriormente, a participação, o estar junto é imprescindível. É preciso, porém, cuidado para que esses aspectos não sejam invasores do espaço necessário à própria criança. Sem isso, os pais podem, por excesso, imiscuir-se de tal modo, que a criança fica sem ação de decisão, uma vez que esperará que os pais lhe digam o que fazer.
              A "Escola de Pais", nos Centros Espíritas, geralmente se constitui em excelente espaço onde essas e tantas outras necessidades são discutidas.
              No processo de aprendizagem, recorde-se, é importante a presença e participação dos pais. O aprendizado da criança começa já no ventre da mãe, o que pressupõe a postura harmônica de ambos, pai e mãe.
              A criança necessita ser preparada para ser responsável pelo seu próprio desenvolvimento. Deve participar ativamente da aprendizagem. Atingir a maturidade significa ser responsável (cumpridor dos deveres) e assumir os desafios da vida. Para isso a criança deverá assumir pequenas responsabilidades em casa desde pequena e ao mesmo tempo devemos ajudá-la e encorajá-la a vencer as dificuldades que surgem.
              Ao educar uma criança os pais estão retomando seu próprio processo educativo. De maneira geral, esse processo tem ocorrido pela imposição do cumprimento de ordens e normas, e não através da reflexão, análise das condutas e dos sentimentos.

Bibliografia:
Kardec, A. O Livro dos Espíritos, perg. 685.
Maldonado, M. T. Comunicação entre Pais e Filhos. São Paulo: Saraiva, 1994.

Nanci A. R. Martins
Agosto 2001
 Importância e necessidades da Infância

              Visando ainda o estudo das necessidades do Espírito na passagem pelo período da infância, busquemos compreender a importância da organização e da rotina como aspectos básicos essenciais no aproveitamento das experiências na vida física.
               Segundo Pereira e Marturano (1999), organização e rotina no lar são importantes para o desenvolvimento psicológico da criança, da capacidade de organização do pensamento, das idéias, possibilitando ao indivíduo melhor desempenho nas tarefas que se propõe realizar.

              Para as autoras, ao administrar a organização em nossa casa, precisamos estabelecer prioridades entre as tarefas diárias e a atenção dada aos filhos, iniciando pelo que é mais necessário, importante no momento. A rotina, isto é, a prática de fazer as mesmas coisas nos mesmos horários, favorece essa organização. Portanto, os horários para as atividades essenciais dormir, levantar, refeições, assistir televisão, fazer as tarefas escolares etc., devem ser respeitados. Além disso, informar a criança sobre os horários das atividades diárias auxilia a aquisição das noções de tempo ( " agora " , " antes " , " depois " ) pela mesma.
               Aprender organizar melhor nossa vida e atividades do dia-a-dia, possibilita-nos poder fazer maior número de atividades gastando menos tempo e assim realizar também aquilo que nos dá prazer e nos relacionarmos melhor com nossos familiares. Quanto melhor nos organizarmos nas tarefas rotineiras, melhor lidamos com a casa, crianças e trabalho. Procurar deixar no lugar: roupas, alimentos, utensílios domésticos, material escolar das crianças...., torna as coisas mais fáceis, ganhar tempo, para fazer o que é necessário. Muitas vezes, deixamos de realizar certas atividades que consideramos importantes, devido ao tempo excasso que muitas vezes foi disperso em providências decorrentes da inabilidade em administrá-lo.
               Não é suficiente os pais serem organizados. É preciso que a criança tambem seja ensinada, o que será importante para o seu desenvolvimento psicológico. Participando da organização doméstica, internamente irá organizando seus pensamentos e idéias, pois tal organização opera-se de fora para dentro, nesse primeiro momento. Assim ela vai encontar menos dificuldade no aprendizado escolar e na realização de outras tarefas mentais pois essas atividades exigem organização, sistematização, elaboração mental de sua execução.
               É necessário que, em casa , haja lugares determinados onde se possa guardar separadamente, roupas, objetos e assim manter-se relativa ordem. Podemos pedir, explicando rapidamente, à criança, a importância de se guardar no lugar certo a roupa que foi lavada e passada ou seus brinquedos, depois da brincadeira. Perceberá no decorrer do tempo que mantendo as coisas nos devidos lugares, terá mais facilidade de encontrá-los quando precisar.
               Segundo as autoras, estudos mostram que a organização influi até no humor, na forma de se expressar: pessoas que vivem em ambientes onde há ordem são mais bem-humoradas, pois ocorrem menos atritos entre familiares. É importante que a criança participe dessa organização, sendo na medida de suas possibilidades, responsável pela ordem de suas coisas. Para isso, dar-lhes a responsabilidade por alguma tarefa doméstica, como; arrumar a própria cama, suas gavetas, cuidar do animal da casa, material escolar, lavar seus calçados ou seu prato após as refeições, conforme essas atribuições a idade, de forma regular e não ocasionalmente.
               Como toda atividade educativa, essa prática não é fácil de ser estabelecida.  Pressuporá antes muito diálogo, reflexões, avaliações, comentários abertos sobre o assunto, discutindo e estabelecendo junto, as providências, mudanças e implantações a serem observadas. Todo começo é difícil, principalmente quando a criança não tem o hábito. Esse hábito deve ser criado aos poucos, fazendo junto com a criança, ensinando com paciência demonstrando como se faz. No início, a criança resiste, mas com persistência, sem desânimo, retornando diariamente, o hábito da responsabilidade irá se formando.
Bibliografia:
Parreira, V. L. C e Marturano, E. M. ( 1999 ). Como ajudar seu filho na escola. São Paulo Editora Ave Maria.
Nanci A. R. Martins
 Setembro / 2001
 A atitude dos pais
O relacionamento familiar exerce grande influência sobre o desenvolvimento da criança.
Aprender o respeito às pessoas, às regras e as normas sociais é fundamental para a adaptação do indivíduo nos diferentes ambientes que freqüenta, compartilhando atividades e obrigações.
            Esse respeito às pessoas e normas que faz parte da educação, é aprendido dentro de casa, através dos exemplos dos pais, referem Parreira e Marturano (1999). Para os autores, em um lar onde um acata a opinião do outro, onde as pessoas conversam sem gritar umas com as outras, onde se leva em conta aquilo que os outros dizem, onde há regras claras para serem seguidas, onde um não pega objeto do outro sem pedir, pode-se dizer que há respeito." Dessa maneira, a criança vai aprendendo a respeitar as pessoas e os objetos que pertencem aos outros, através de suas próprias vivências junto à família.
            Ainda em um lar onde não há regras claras, onde as pessoas conversam censurando, brigando, xingando, sem consideração entre o casal, ou onde os pais não se empenham em dar bons exemplos, os filhos terão muita dificuldade para respeitar as pessoas e as regras sociais.
            O comportamento da criança fora de casa, esta muito associado ao modo como os pais se relacionam e tratam seu filho dentro de casa. São os pais que oferecem à criança os primeiros ensinamentos acerca do modo como ela deverá se comportar. Em um lar onde os pais mentem, por exemplo, onde falam mal das pessoas, tratam a criança de modo grosseiro, é muito provável que fora de casa a criança também não vá respeitar os outros ", referem os autores citados. Os pais funcionam como espelho.
            Para que a criança aprenda a respeitar, ela deve também ser respeitada pelos adultos, continuam os autores. Considerar sem importância o que ela diz, não lhe dando atenção, quando mães mexem em seus pertences sem avisar, sem pedir permissão, zomba quando ela chora ou mostra uma emoção negativa, como medo, raiva são atitudes de desrespeito à criança. Às vezes, os objetos da casa são mais valorizados do que os filhos, por exemplo quando ao quebrar um objeto acidentalmente a criança apanha ou é criticada severamente. Por outro lado, alguns pais ficam indiferentes quando seu filho trapaceia no jogo ou mesmo pega algum objeto em lojas ou supermercados, sem ser vista.
            Parreira e Marturano (1999) ressaltam a importância de os pais estabelecerem exigências claras de conduta para que as crianças possam se desenvolverem plenamente em um ambiente familiar harmonioso, baseado no respeito de um para com o outro. Desse modo, é necessário que os pais conversem com os filhos, orientem sobre aquilo que é certo e o que é errado, sobre as conseqüências de agir dessa ou daquela maneira, sobre a melhor forma de se comportar. Mas é mais importante ainda que os pais forneçam exemplos daquilo que ensinam, porque os filhos observam os pais com muita atenção e, se os pais agem em desacordo com aquilo que ensinam, caem no descrédito. As crianças sempre acabam imitando o comportamento dos pais.
            Muitas vezes, os pais não colocam regras claras para serem seguidas pela criança no dia a dia e esperam que ela se comporte bem quando recebem uma visita ou quando saem para dar um passeio. Como conseqüência, a criança não corresponde às expectativas, provocando irritação e as vezes até mesmo castigos.
            Para um relacionamento harmonioso é preciso identificar atitudes positivas da criança, demonstrar que seu comportamento está correto, que os pais estão satisfeitos com ela. Desse modo, a criança é valorizada e seu comportamento correto será estimulado para que ocorra outras vezes. Segundo os autores, essa forma de interação aproxima a criança dos pais. Não se pode exigir perfeição nos tarefas que a criança realiza, desde o início. Seu esforço deve ser encorajado e a criança deve ser ajudada a conseguir melhores resultados, tanto em suas atividades quanto em seus comportamentos e relacionamentos.
            Atitude positiva dos pais, incentivo, encorajamento e valorização das ações adequadas proporcionam aprendizagem de condutas socialmente aceitas, fazendo com que a criança se sinta mais segura e autoconfiante (Parreira e Marturano, 1999).
Bibliografia:  Parreira, V. L. C. e Marturano, E. M. (1999). Como ajudar seu filho na escola. São Paulo: Editora Ave Maria.
Nanci A. R. Martins
Dezembro / 2001
 A Disciplina *


Neste estudo vamos nos  referir à importância da disciplina no desenvolvimento da criança.
            Parreira e Marturano (1999) definem disciplina como " um processo educacional, no qual a criança aprende a deixar de lado as satisfações imediatas, ou seja, deixa de querer tudo na hora" (p.81). É necessário que, através da educação, a criança tenha liberdade e seja encorajada a se expressar, de um lado, e receba o treino para aceitar os limites do outro.
            Para os autores citados, desde cedo a criança precisa de alguns limites para aprender a controlar-se, seguir regras e normas. O autocontrole é uma condição básica para adaptação às responsabilidades da vida adulta.
            Os autores ainda referem na "na maioria das vezes, um 'não' é uma forma de querer bem à criança, de demonstrar preocupação com ela, de mostrar proteção (p. 82). Muitos jovens referem que não são amados por seus pais porque permitem que eles façam tudo o que querem.
            Os limites vão fazes com que a criança seja disciplinada. Ela aprende a respeitar as pessoas, as regras sociais, além de ser respeitada.
            A disciplina, enquanto recurso formador de bons hábitos e atitudes, deveria começar desde o nascimento, com medidas simples, como, por exemplo, a regularidade nos cuidados diários e nas rotinas do lar.
            Para que se consiga manter a disciplina no lar, é importante que os pais coloquem regras claras de forma clara, para que os filhos saibam o que podem e o que não podem fazer, bem o porque de cada regra. Essas regras devem ser passadas às crianças com postura firme, nunca em forma de brincadeira. Os pais devem manter constância em relação ao que é permitido e ao que não é permitido fazer: é incoerente um dia permitir uma coisa e no outro dia proibir exatamente a mesma coisa. Essa atitude deixa a criança confusa , sem saber como deve se comportar, pensando muitas vezes, que não é para levar a sério aquilo que os pais dizem.
            Os autores afirmam ainda que, quando somente tais condutas não forem suficientes, os pais terão que tomar atitudes mais firmes, colocando conseqüências para o comportamento da criança: podem repreender, retirar privilégios, isolar a criança ou ate mesmo aplicar um corretivo para os comportamentos mais graves. Nesses casos, a medida deve ser anunciada com antecedência, para que a criança tenha a oportunidade de evitá-la, não apresentando aquele comportamento.
            A regra e o corretivo devem fazer parte de cotidiano para que a criança possa ter controle sobre o que vai acontecer. A mãe deve usar como corretivo, por exemplo, não fazer festa de aniversário ou não permitir ir a um passeio especial, pois a criança pode ficar ressentida.
            Quando a criança tem alguma atitude que precisa ser corrigida, a correção deve ser imediata ao comportamento. O corretivo não deve Ter longa duração, como por exemplo privar a criança de brincadeiras por mais de uma semana; um ou dois dias são suficientes.
            Antes de corrigir a criança é importante verificar se o problema é proveniente do comportamento ou se lhe falta competência para o comprimento de determinada ordem. Exemplo: uma criança pode deixar de fazer a tarefa porque não quer parar de brincar ou simplesmente porque não sabe. No caso de falta de competência, não cabe aos pais aplicar o corretivo à criança e sim ajudá-la na dificuldade.
            É importante citar também aqui, que a afetividade tem um papel fundamental no processo da disciplina. Estabelecer com a criança uma relação verdadeiramente afetuosa, amorosa, prazerosa, facilitará o seu cumprimento às regras, pois ela vai desejar corresponder às atitudes positivas dos pais.
Bibliografia:
 Parreira, V.L .C. e Marturano, E.M. (1999). Como ajudar seu filho na escola. São Paulo: Editora Ave Maria.
*Nanci A. R. Martins
Janeiro / 2002

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